História From the Universe - Desentendimentos de juventude

 O som do teclado ecoava pelo pequeno apartamento, os olhos fechados de quem lhe tocava denotavam o quão imerso ele se encontrava naquele ritmo. Era a primeira música que compunha e gostara, de modo que tocá-la se tornara rotina.

Não demorou para que o som fosse interrompido pelo barulho da porta abrindo. Era claro que Chanyeol poderia continuar a tocar, mas se desconcentrara ao saber quem chegara. Levantou-se de seu banquinho junto à janela e seguiu pela casa, encontrando Kris terminando de tirar os sapatos na porta.

“Por que parou? Dava para ouvir do corredor e estava lindo.”

O Park sorriu e esperou que ele terminasse de vestir as pantufas e se aproximasse para que pudesse enlaçar seu pescoço, selando seus lábios rapidamente.

“Como foi na entrevista?”

Kris contornou-lhe a cintura e, com a mão livre, desfez o nó da gravata.

“Sobre isso… eu preciso falar com você.” Sorriu daquele jeito simpático que Chanyeol pôde ver que não vinha boa coisa.

Piscou.

“Tudo bem.”

Eles seguiram para o pequeno sofá da sala e Kris segurou as mãos grandes do outro. Aquilo já estava ficando estranho demais.

“Eu não fiz a entrevista.”

“Certo. Você vai me dizer o por quê?”

“Eu recebi uma mensagem antes de entrar no prédio.”

Chanyeol desfez aquele enlaçar de mãos, olhando torto para o amigo.

“Não fica enrolando, cara.”

O Wu respirou fundo e prendeu o ar, soltando-o durante sua fala.

“Eu vou para os Estados Unidos.”

Chanyeol o encarou por alguns segundos, rindo em seguida. Será que Kris estava usando drogas?

“Tá bom. E o que você faria lá, idiota?”

“Eu fui admitido na faculdade. As aulas começam em três meses.”

O Park piscou, deixando o sorriso morrer em seu rosto. Kris estava sério demais e aquilo não parecia um assunto sobre o qual brincaria.

“Do que você está falando? Você nunca me disse que tinha feito prova nenhuma.”

“Eu não contei para ninguém. Nunca achei que seria realmente aceito, então nem os meus pais sabem.”

“Não brinca comigo, Kris. Isso é sério.” Pediu, olhando fundo nos olhos do outro.

O loiro se aproximou e acariciou a coxa do melhor amigo, tentando lhe tranquilizar. Estava claro que Chanyeol quase entrava em colapso.

“Eu sei, Chany. Nós ainda podemos nos falar por videoconferência e eu estarei sempre vindo te visitar.”

O orelhudo arregalou os olhos, sentindo a realidade deferir-lhe tapas na cara. Desvencilhou-se do toque do outro, sentindo os olhos marejarem.

“Você está me abandonando.”

“Não é b-”

“Você está!” Elevou a voz, levantando-se em um rompante. Kris ficou em silêncio ao lhe encarar e ele bagunçou os cabelos, sentindo as primeiras lágrimas rolarem por seu rosto. Tentou dizer mais alguma coisa, mas nada saía. Ele estava profundamente magoado e só queria se esconder em qualquer lugar. “Você me prometeu, Kris!”

“Amor, me escuta…” Levantou-se também, estendendo uma mão para lhe acariciar. Chanyeol desviou novamente. Quando falou, foi possível sentir toda a dor naquele timbre.

“Amor é o caralho! Você mentiu pra mim.” Praticamente cuspiu na cara dele antes de dar as costas e desaparecer no único quarto disponível, batendo a porta com força.

Pelo resto do dia Kris tentou entrar e falar com ele, batendo na porta e chamando-o de todas as formas possíveis. Mas de forma alguma foi atendido.