História From the Universe - Sonhos de adulto

 Chanyeol andava com cuidado por aquele corredor. Sentia os pés formigarem e o corpo estava cansado da agitação que manteve no palco por mais de duas horas. Ele adorava improvisar seus raps naquele pequeno bar, mas era como se com o tempo a sensação boa após o término dos shows não demorasse muito em seu corpo e o cansaço prevalecesse.

Abriu a porta do pequeno apartamento, passou por ela e a fechou: um ciclo que costumava se repetir toda madrugada. Suas chaves foram parar numa mesinha que havia logo ao lado e seu corpo foi lançado no sofá, onde ficou por um tempo.

Mesmo após tantos anos vivendo ali ele não tinha uma televisão. Sua casa era praticamente aquela sala com as paredes descascadas, o sofá virado na direção da janela e um teclado logo ao lado. Só havia um quarto e um banheiro, que junto da pequena cozinha pareciam compôr um quadro cômico para seu grande corpo se mover ali dentro.

Estendeu a mão para o bolso e sacou o telefone, observando que recebera uma mensagem no Facebook algumas horas atrás. Seu coração gelou daquele jeito amargo e novamente houve aquela relutância de clicar no aplicativo da rede social, esta que parecia se estender por longos anos.

A mensagem não parecia muito diferente das outras. Desde que fora embora Kris se acostumara a enviar aquelas mensagens de vez em quando. No começo ele ainda esperava uma resposta, mas após alguns meses ele apenas continuou a mandar sem perspectiva nenhuma. Porque era isso que Chanyeol fazia: relutava, lia, bloqueava o celular e ficava um tempo refletindo sobre aquilo antes de deixar tudo pra lá.

A primeira mensagem fora enviada um mês após a chegada do loiro no outro país, e foi apenas um “Chany?” seguido de um “Amor?” que nunca foram respondidos.

Mas, bem… o Wu tentava.

Dois meses depois ele viera com algo mais longo: “Você não está brabo comigo ainda, está? Eu sinto a sua falta, mas… Chany, eu estou amando o curso. É o que eu sempre quis fazer. Eu espero que um dia você me perdoe e me entenda. Eu te amo.” Para aquela o Park quase quebrara o telefone. Como Kris ousava brincar com seus sentimentos quando o abandonava ali? Como ousava dizer que lhe amava?

Depois daquilo as mensagens foram ficando maiores e mais informativas. Kris perguntava, quase que retoricamente, como ele estava, e então começava a contar sobre seus problemas ou seus momentos felizes. Era como se o mais alto visse aquilo como a oportunidade para desabafo, mesmo que soubesse que nunca seria confortado.

Naquele dia, apesar de parecer mais uma daquelas mensagens que relatava os dias felizes do outro no novo país, bastou que o Park descesse os olhos pelas palavras para entender que era muito mais que isso.

“Oi amor, tudo bem? Eu sinto saudades de você, de verdade. Eu sei que sempre disse isso, mas você nunca me permitiu saná-la, né? Talvez eu tenha feito realmente um estrago. Me desculpe.

Eu soube que você terminou com seu namorado… não vou dizer as fontes, mas você já deve desconfiar. Eu me senti culpado te tratando como se ainda fosse meu durante aquele tempo, espero que isso não tenha te trago problemas. Espero também que seu coração não esteja ferido por ele. Pode não parecer mas eu me importo, Chany.

Eu fui escalado pela NASA. Talvez por isso eu esteja falando essas coisas estranhas aqui. Eu finalmente vou realizar o meu sonho, Chany. Eu poderei ir ao espaço, poderei ver de perto o que eu sempre quis, ter a experiência que desejei… eu me sinto muito sortudo por isso. Eu sei que você não se interessa e eu continuo te perturbando com isso… mas eu queria que fosse o primeiro a saber. Eu não te deixei em vão, Chany.

Eu não sei o que será de mim depois, ou até mesmo se algo não vai dar errado. Não importa o que aconteça, eu sempre te amarei. Nunca cheguei a te explicar a imensidão disso, mas você sempre foi o meu Sol. E você sabe a importância do Sol, não é? Ele nos mantêm vivos com seu calor e proporciona luz para quem não consegue brilhar sozinho. Obrigado por ser minha luz, Chany. Eu farei tudo isso valer à pena.”

Mais uma vez não houve resposta e ele bloqueou o celular, encarando a janela que transparecia a noite. E do modo mais silencioso possível, permitiu-se chorar.