Jiyong.
Desde o dia em que o vi pela primeira vez dentro daquele banheiro imundo do bar, não pude esquecê-lo. Embora eu não o conhecesse, algo nele me pareceu tão familiar que fiquei com receio de ser um dos amigos do meu pai, já que ele conhece quase todos da cidade em que moramos. E esse é uma das piores partes de ser filho de um pastor, pois todos sabem o meu nome e vivem de olho em mim, e qualquer erro que eu cometer, já me condenam como se fossem Deus.
Aish. Não sei o que fiz de errado na outra vida para merecer isso.
Confesso que foi um pouco constrangedor ajudá-lo da forma como eu fiz, mas, como tenho um bom coração, graças aos meus tempos de devoção, decidi não maltratá-lo e nem chamar meus amigos pra zoar com a cara dele. Afinal, se fosse eu em seu lugar, com certeza eu ia querer que fossem legais comigo independente de quem fosse.
Eu não podia acreditar que logo eu iria estar sozinho com ele, em Seul, longe de tudo e todos. Apenas nós dois, claro, e sua ex.
- Já arrumou suas coisas? - Seung, o meu deus grego coreano, apareceu no quarto puxando a mala de dentro do closet. Demorei para responder, pois meus pensamentos estavam me fazendo lembrar de quando dei de cara com ele em meu quarto, seminu. - Jiyong?
- Ah, sim. - Respondi, olhando para ele, mordendo os meus lábios. Rapidamente engatiei pela cama tentando me aproximar um pouquinho dele. - Tudo pronto. Quer ajuda?
Ele me olhou por um breve tempo sem dizer nada, parecia pensativo.
- Falando em ajuda… - começou ele. - Já falou com o tal Hacker? uhu? - Seu olhar era de preocupação agora.
Balancei a cabeça fazendo que sim, embora eu não tivesse ideia de quem chamar para me ajudar. Na verdade, tem um alguém, mas não sei se ele me ajudaria por gostar de mim do jeito que eu não queria. Aish.
- Não se preocupe. - Desci da cama e me aproximei dele, abracei seu pescoço. - Tenho tudo sob controle… - Falei com firmeza, para não deixá-lo mais preocupado. Logo o beijei delicadamente.
- Por um minuto eu pensei que você diria que não, meu coração quase parou. - ele riu. - Bom, vou levar as malas para o carro. Lembre-se que vamos amanhã cedo, então não enrole para dormir.
- Vou tentar. - Sussurrei, mordi o lóbulo de sua orelha na mesma hora, ele soltou um suspiro.
- Jiyong…- Seung me afastou, seus olhos se fixaram nos meus. - Antes de qualquer coisa… Precisamos nos livrar das imagens. - Ele ficou sério.
- Aigo. Tá, bom.
Seung Hyun saiu do quarto com as bagagens, papai o ajudou. Enquanto isso, mandei mensagem para Seungri e ele não demorou nenhum segundo para visualizar e me responder. Fiquei receoso em chamá-lo para fazer isso para mim, porém eu confiava nele. Meu melhor amigo, na verdade o segundo, pois o primeiro era o Jay Park. Ele era o primeiro antes de se apaixonar por mim e viver no meu pé para que eu ficasse com ele. Aish.
“Estou indo aí.” Avisou ele.
“Ok.”
Suspirei, vesti uma camisa. Se Seungri já me comia com roupas imagina sem, eu evitava dar qualquer motivo para ele vir para cima de mim. Eu só não terminava a amizade com ele porque ele sabia demais sobre mim, principalmente a parte de ser gay, mesmo que eu tentasse contar algo sobre ele, eram impossível alguém acreditar. Lee Seungri era mestre em mentiras, a maioria das vezes ele me ajudava com as minhas, seus pais acreditavam em tudo que ele dizia. Exatamente tudo, ainda mais que ele era o único filho homem entre cinco mulheres, toda a atenção de seu pai era para ele. Seungri namorava com uma garota do acampamento da igreja, a virgenzinha Im Yoona. Embora namorasse com ela e planejava se casar, ele vivia ficando escondido com outros meninos, mas era sempre garotos de outras cidade que vinha para os eventos e depois de não sei quantos anos apareciam novamente.
Suspirei mais uma vez.
“Hyung, tire o meu pai de casa. Já consegui um hacker.” Mandei uma mensagem para Seung-Hyun.
“É pra já.”
Quando Seungri chegou o levei para o escritório de papai, alegando que ele queria um livro emprestado para estudar. Papai não negava, adorava quando alguém lia um de seus milhões de livros, assim eles não pareciam abandonados. Seung-Hyun me olhou feio, depois disfarçou chamando meu pai para sair, dizendo que precisava conversar com ele e tal. Senti uma sensação estranha em meu estômago no momento em que ele disse aquilo, era como se ele fosse me entregar ou algo do tipo.
“Tinha que ser ele?” Seung-Hyun perguntou minutos depois que saiu de casa.
“Ele é o único amigo que sabe mexer com informática e suas porcarias.”
“Por que não chamou um técnico?”
Suspirei, já irritado. Pois Seungri estava me enchendo de perguntas e eu não podia mandá-lo calar por causa da sua ajuda.
“Meus pais iria desconfiar…”
“Tá, certo.”
Peguei um livro na prateleira enquanto esperava Seungri terminar. Depois de muito tempo consegui ler um livro e me interessar por ele, era: Há quem prefira urtigas. Nunca fiquei tão conectado com livro como estava naquele momento, até tinha me esquecido que Seungri estava por ali.
- Terminei. - Avisou ele, jogando uma bola de papel em mim. - Quer ver as imagens antes que eu exclua?
Pensei, mas fiquei com receio.
- Melhor. Pode excluir. - Falei, sentindo um fio de arrependimento, pois eu queria ver.
- Tem certeza?
- Uhum.
Voltei a atenção para o livro, até comecei a falar com os personagens como se eles pudessem me ouvir.
- Pronto! - Levei um susto quando Seungri se aproximou de mim e sussurrou em meu ouvido.
- Oh. Obrigado, Panda. - Sorri, fechando o livro.
- Só isso?
- Quê?
- Só vai me agradecer?
- Bom… Se quiser pago comida de porco para você.
- Aish. Posso comprar quando quiser. - Sua cara se fechou. - Estou me referindo outra coisa.
- Pode ficar com o meu CD do MINO. - Sugeri, torcendo para ele não querer.- É original e autografado. - Me arrependi de ter dito aquilo.
- Não. - ele negou. - Não gosto dele. você sabe…
- Então, O que você quer?
- Ah… o que eu quero… hum… - repetiu ele, coçando a cabeça. - Um beijo seu, pelo menos.
- Beijo? - Perguntei estupefato. - Você quer um beijo meu?
Era óbvio que sim. Ninguém faz nada de graça, Jiyong. Lembre-se disso. Aish.
- Sim, um beijo. Eu te livrei de uma nuvem negra.
- Aish. - resmunguei, mas ele tinha razão. Se não fosse por ele, meu pai iria ver aquelas imagens e minha vida estava toda planejada em um caixão. - Tá, bem! Mas só, um. Entendeu? Só um e nada mais.
Ele assentiu. Lentamente nos aproximamos, tive que fechar os olhos e imaginar Seung-Hyun ali para poder beijá-lo. Nossos lábios se encostaram, demorei para permitir que sua língua invadisse a minha boca, quando cedi, iniciamos um beijo calmo e lento. Não foi tão ruim quanto pensei que seria. Por um triz quase me deixei levar, suas mãos apertaram minha bunda com certa força. Que atrevido, cara.
meu Choi Seung-Hyun me veio a mente, de súbito afastei-o de mim. Seungri me olhou confuso, porém se conteve com esse beijo, que a propósito foi longo e ainda teve aperto de bunda. Fiquei com um pressentimento ruim depois do beijo, não era sentimento de culpa por ter “traído” o Hyung, mas era outra coisa.
- Satisfeito? - Perguntei sério com vontade de escovar os dentes.
- Melhor forma de ser pagado. - Ele piscou. - Vou nessa, Yoona está me esperando.
E ele saiu. Não me senti tão aliviado quanto queria, ainda mais quando Seung-Hyun chegou e me olhava com doçura, como se eu fosse tão puro quanto um bebê.
“Me prometa que ninguém saberá desse beijo, ok?” Mandei para Seungri, imediatamente, com medo dele publicar no jornal ou mandar fazer banner na rua principal da cidade.
“Não confia em mim, G-Dragon?” Ele perguntou.
“Confio, é claro.” Mandei de volta, embora meu peito dizia que não. “Somos melhores amigos, não é?”
“É”.
Naquela noite, Seung-Hyun e eu decidimos dormir juntinhos, mesmo sem fazer nada. Não conseguimos ficar quietos, é claro. Acabamos fazendo alguma coisa para dormirmos bem tranquilos e acordar no dia seguinte cedo. Por um breve momento consegui esquecer o beijo e me aventurar em pensamento, já que em algumas horas eu estaria em Seul junto com o Hyung e ninguém mais.
Eu estava ansioso por essa nova aventura.
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