História Fuckboy (GTOP) - Capítulo 7

Por um momento desejei desaparecer, eu não fazia parte da família e nem tinha como fazer, pois eu era apenas um amigo. Um amigo que não  deveria estar presente, pelo menos em minha mente não. Siwon não parou um minuto sequer de se queixar sobre seu único filho,  enquanto isso,  Bom ficava quieta apenas jantanto e mantendo sua postura. Quando resolvia falar alguma coisa era para dar razão ao marido, deixando o garoto com muita raiva, aliás ele deixava seus sentimentos transparecer de uma forma que me deixou com pena,  porém ele merecia as broncas de seu pai. 

E eu, fingia que não estava ali,  mas a cada segundo tudo ficava mais constrangedor para mim. 

- Me diga como você conseguiu sair do acampamento?- perguntou Siwon,  seu rosto estava vermelho e não era de vergonha,  e sim de raiva. Ele estava tão furioso com as atitudes do filho que sua esposa dizia para manter a calma pois tinha visitas. - Me responda!  

Siwon mirava diretamente nos olhos do garoto, senti um pouco de pena,  sabe aquela vontade de pegar a pessoa e guardar em um potinho para que nada de ruim aconteça? Então,  se ele fosse pequeno,  eu dava um jeitinho,  mas não existe um pote do tamanho de Jiyong. 

- À noite... - respondeu baixo,  pelo visto estava com medo. - Quando todos estavam dormindo...

- Você sabe que, quando escurece os demônios adoram vagar pelas ruas... - Ele começou a fazer um pequeno discurso religioso,  ou sei lá  o que. Sinceramente, me segurei para não rir, Jiyong me olhou na mesma hora e também segurou um riso. Desviei o olhar dele antes que acabasse rindo. - E eles podem te induzir a fazer coisas ruins... - Siwon suspirou,  olhou para a esposa pedindo apoio. 

- Jiyong,  querido... - Bom disse com serenidade,  passou a mão na cabeça do filho e olhava com tanto amor que deu vontade de correr para seus braços. - Tenha mais cuidado ao fazer as coisas por impulso,  por mais que... 

- Esta vendo,  você vive passando a mão na cabeça  dele... - Siwon interrompeu indignado. - Por isso ele nunca aprende!!! 

- Ai,  pai... - Jiyong levantou-se rapidamente. - Sempre faço o que você quer,  por que nunca posso fazer o que quero? 

- O que quer? - Ele soltou um risinho. - Você ainda é uma criança, não sabe o que quer!!! Jiyong, para de se comportar como um adolescente... 

- Me desculpe, mas eu não posso ser perfeito... 

- Não pode? Acha que não pode?-Foi a vez de Siwon se levantar e apoiar as mãos na mesa. - Você nunca tentou, sempre faz tudo errado!!! - Ele suspirou, se afastou da mesa e ficou frente a frente com o garoto.  - Você  tem que ser o exemplo!!! - Disse,  apontando o dedo. 

- Exemplo pra quem? Huh? 

- Por favor, parem vocês dois... - Bom quase gritou,  mas foi ignorada.  Percebendo,  ela deu uma olhada para mim e coçou a cabeça sem saber o que fazer.- ai,  meu deus. 

- Aqueles jovens se espelham em você e você age como um marginal, um gângster! 

Jiyong começou a rir. 

- Qual é a graça? 

- Pai,  você acha que os jovens da igreja são tudo santo? Não passou pela sua cabeça que eles podem me influenciar também? - Jiyong cruzou os braços, olhando com esperteza,  enquanto Siwon continuava com a cara fechada. 

- Acha que agindo assim você vai pro céu? 

- E você  acha que você é deus? - Jiyong perguntou, olhando para o pai com as mãos na cintura. 

Foi em questão de segundos que tudo aconteceu, claro que nos assutamos quando Jiyong abriu a boca e começou a desafiar seu pai,  mas não pensei que isso fosse acontecer,  pois ele tem uma cara de ser tão mimado quanto uma patricinha de Beverly hills, e de repente ouvimos um estalo. Siwon deu um tapa com força no rosto do garoto,  não demorou muito para o lado atacado ficar vermelho com a marca da mão. Jiyong ficou parado, em seguida passou a mão na bochecha e murmurou alguma coisa, porém consegui ouvir. 

- Eu odeio você. 

Jiyong afaste-se rapidamente, correu direito para o seu quarto, bateu a porta do quarto com força, fazendo Siwon suspirar. 

- Tinha que passar doa limites? - Perguntou Bom,  ela levantou-se indignada. - Bater nele é uma forma de educar? 

- Vai ficar do lado dele agora? 

- Siwon, não é assim que as coisas funcionam... jiyong esta passando por uma fase... 

- Fase...- Suspirou novamente, logo voltou a se sentar. - ele tem que aprender desde agora para depois não fazer merdas e se arrepender... 

- Seung hyun,  me desculpe por isso. - Bom disse com serenidade. - Não pense que isso acontece sempre... 

- Jiyong esta cada vez mais rebelde... UFF. - Siwon pegou a taça com suco e bebeu um pouco. - Desculpe por isso. 

Apenas fiz um sinal com a cabeça,  eu não sabia como agir e nem o que dizer,  só queria que o jantar terminasse logo. Depois de vários minutos incômodos, o jantar chegou ao fim, fiquei mais aliviado em poder sair da presença deles. Demorei um tempo para criar coragem de bater na porta do quarto de Jiyong, mas eu não podia mais demorar,  eu queria usar o banheiro,  tomar um banho e me deitar um pouco. Então, acabei fechando os olhos e batendo. 

- Sou eu. - fale baix para ele não pensar que fosse seus pais e acabasse não permitindo a minha entrada. - Seung hyun. 

- Pode entrar. 

Toquei na maçaneta e abri a porta. Entrei vagarosamente, tendo cuidado para não fazer barulho, Fechei a porta atrás de mim.  Jiyong estava deitado em sua cama, tão quieto que parecia estar dormindo,  quando me aproximei, vi claramente a mão tatuada de seu pai, sua olhos também estavam vermelhos. Não pude negar, senti um aperto no coração ao vê-lo daquele jeito. 

- Jiyong. -sussurrei, me agachei no chão ao lado da cama. - Se quiser conversar,  estou aqui... 

- Não venha me encher o saco. - Jiyong falou com certa grosseria. Revirei os olhos e me afastei. 

- Desculpe. 

Deixei ele sozinho, preferi não me intrometer não assuntos que não eram da minha conta, se ele queria fizer isolado que ficasse, pois não tenho paciência com garotinhos iguais à ele. Entrei no banheiro, retirei minhas roupas e decidi não pensar em nada enquanto tomasse um delicioso banho quente. Senti a água cair sobre mim, descendo pelo meu corpo nú, levando toda a energia negativa que pudesse ir embora junto com a sujeira, mas parecia que apenas a sujeira ia embora. 

Meus dias estavam estranhos e ruins. Não dava para esquecer tudo, mesmo em outro lugar, meus pensamentos iam ao encontro de minha ex esposa, quando boas imagens dela me vinha a mente, elas acabavam se quebrando e a imagem da traição repetia mais e mais.  Eu poderia ligar para os meus pais e pedir ajuda, mas teria que contar tudo, desde a traição até a minha vinda para a casa de Siwon. Já posso imaginar a reação de mamãe, querendo ir atrás de Taeyeon, falaria um monte e começaria um discurso sobre ter netos, minha idade e logo após seu drama, marcaria um encontro as cegas. 

Foi ao pensar em minha mãe que me lembrei de algo. Sai de baixo do chuveiro as pressas,  me enrolei em uma toalha e corri para o closet. Ignorei a presença de Jiyong no quarto ao passar por ele, peguei minha mala e abri. Vasculhei tudo,  jogando as roupas no chão, até que encontrei o que estava procurando,  passagens.  Sim,  passagens. Eu havia comprado duas passagens de ida para Cancún no México, seria um presente para Taeyeon e eu comemoração do osso casamento. Bati meus olhos em cima da data, meus olhos quase saíram para fora, faltavam apenas cinco dias para a viagem. E agora não íamos mais. 

- Merda... - Murmurei. Fiquei alguns minutos sentado,  olhando para a passagem, logo guardei de volta,  vesti minhas roupas e voltei para o quarto. 

Jiyong já estava dormindo,  ou fingia. Cuidadosamente me deitei ao seu lado,  me sentindo mais estranho ainda,  porém não dava aquela sensação de estar sozinho, pois dava para ver um pouco de seus cabelos, dava a impressão de ser a Taeyeon. 

Não me lembro, mas acabei adormecendo e sonhei com ela. 

No dia seguinte acordei tarde demais, foi estranho abrir os olhos e dar de cara com um homem. Fiquei olhando-o por um tempo, seu rosto ainda estava marcado, senti uma vontade súbita de tocá-lo e cuidar. Fechei os olhos e respirei fundo,  quando os abri novamente, Jiyong estava olhando para mim. 

Meu rosto ardeu. 

Não disse nada, levantei-me e corri para o banheiro. Fiz minha higiene matinal, dei de cara com Jiyong ao sair do banheiro, não sei porque me senti esquisito. 

-Bom dia.  - Falei ao entrar na cozinha.  Bom estava encostada na bancada da cozinha,  ela sorriu ao me ver. 

- Seung hyun,  Bom dia!  - Ela me entregou uma xícara. - O café esta uma delícia! Foi eu que fiz.  - ela riu. 

Experimentei. 

- Esta mesmo! - Continuei bebendo. Quando Jiyong apareceu, falou com a mãe, ela comentou algo sobre seu rosto e beijou ele. 

Siwon entrou na cozinha, seu filho nem olhou direito em sua cara pensei qque teria mais uma pequena discussão, felizmente não teve. 

-Ah... Vocês tem planos para o final de semana? -Perguntei depois de um tempo. 

- Não. - Bom respondeu. 

- Apenas igreja. 

- Como sempre. - Jiyong disse entre dentes. 

- Bom,  tenho um presentinho para vocês. - Antes que perguntassem, retirei as passagem do bolso da calça e entreguei. - Duas passagem para cancún México. - Sorri. 

- Quê? - Bom pegou de minhas mãos. - Cancún? 

- Seung hyun,  você só pode... 

- Não estou brincando. -sorri - não aceito não como resposta, por favor,  aceitem. 

- Já que insiste. -Bom disse animada. - Muito obrigadaaa!! Seung hyun,  você é demais! 

- Não podemos ir. - Siwon interveio todo sério. - Obrigado pela gentileza. 

- Você não pode estar falando sério! Siwon... 

- Bom,  temos igreja. 

- Você  não vai morrer se passar um final de semana comigo... Caramba,  faz tanto tempo que não temos um tempo para nós dois. 

- Siwon, aproveita,  é seu casamento... Depois você volta a sua rotina... Sabe... 

Siwon pensou,  soltou um suspiro e acabou concordandoo.  Em seguida ele saiu correndo para ir ao trabalho, Bom ficou super feliz e saiu também. 

- Obrigada,  Seung hyun. - Jiyong sussurrou. 

- Eu não fiz por você. - Respondi seco,  pois me lembrei do jeito que ele me tratou ontem. 

Uma parte de mim estava arrependido por ter dado as passagens,  outra parte estava feliz por ter me livrado,  pois eu não poderia ir sozinho.  Também fiquei feliz por causa de Jiyong, eu não queria ser tão frio com ele, ele parecia ser um adolescente tão carente. 

- Talvez eu tenha feito.  - murmurei depois que ele se afastou. - só um pouquinho por você.