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História Fucking Girls - Past - part. II


Escrita por: Sagiriana e CandyBP

Notas do Autor


Oi oi gente!!!
Mil perdões pela demora, eu realmente achei que esse cap fosse sair mais rápido mas acabou que eu tive uns problemas na hora de escrever e ainda tive que viajar várias vezes. me desculpe mesmo quem estava esperando o novo cap, prometo (dessa vez é serio!) que o próximo não vai demorar tanto!
Boa leitura!
~Candy

Capítulo 7 - Past - part. II


     Meu avô não durara muito mais de quatro meses e nesse meio tempo eu passara na chácara com os dois, ajudando no que fosse necessário.

     Antes de irmos para enterro, minha avó pediu que eu deixasse minhas malas prontas, pois ela não queria que eu a visse num período tão difícil e um tanto depressivo de sua vida. Em suas palavras, não faria bem para mim.

     Malas feitas, partimos para o velório. Passei a madrugada caindo de sono, até adormecer no colo de minha avó. Estava num sono pesado e só acordei quando senti seu corpo estremecer e sua voz soar grave, um pouco acima de mim:

     -Como você tem a cara de pau de aparecer depois de todos esses anos?

    -Ele era meu pai, tenho tanto direito quanto você, mamãe. –uma voz desconhecida por mim respondeu, o “mamãe” pronunciado com tanto desprezo que quase me fez querer levantar e enfrentar quem quer que você.

     Mas espere um pouco... Mãe? Minha avó só havia tido uma filha em toda sua vida, então não restavam duvidas de quem fosse. Mas o que ela faria ali e depois de todos esses anos? Era isso que eu mais me perguntava e contive com todas as forças a vontade de virar-me e encara-la. Mesmo depois de tudo, eu precisava tanto vê-la, saber se éramos idênticas com meu pai dizia.

     -Elena, vá embora. –dizia minha avó, entre suspiros e parecendo cansada. -Você nunca gostou de nós e deixou isso bem claro ao abandonar a própria filha.

     -Nunca tive filha nenhuma... –retrucou ela. E continuou, mas não tive coragem para repetir o tanto de coisas ruins sobre mim ditos pela aquela mulher, não tendo sequer noção de que eu estava bem á sua frente. –E quem é essa menina aí, outra lixenta que pegaram pra criar?

     -Não, Elena, essa é a menina que você se recusou a criar.

     Ao abaixar o olhar e me ver de olhos abertos e atentos, minha avó empalideceu e uma lágrima desceu de seus olhos tristes. Tomei coragem e virei-me para a mulher, tentando gravar suas feições com o máximo de ódio possível.

     Aquela mulher não poderia ser chamada de mãe, era um monstro sem coração que julgou a própria filha sem sequer conhece-la. Eu era só uma criança e isso não a dava nenhum direito de ter um horror tão grande quanto o que estava estampado em seu rosto ao me ver.

     De olhos arregalados e claramente abalada, ela ignorou totalmente a minha presença e voltou a falar com a minha avó.

     -Então mamãe, aposto que o papai pôs meu nome no testamento, certo? –o desprezo em sua voz ao pronunciar “mamãe” se fez presente mais uma vez. Ela sorriu com frieza. –Não que eu precise, mas quanto mais melhor, claro.

     -É claro. –minha avó riu sem emoção e abraçou-me um pouco mais forte. –Você só veio por isso não é, sua víbora maldita? Saia daqui se tem um mísero respeito pelo seu pai!

     Vi a mulher bater os saltos contra o piso de forma irritada e abrir outro sorriso irônico.

     -Eu não tenho, e é por isso que vou ficar até lermos o testamento.

     -Sobre isso, pode ficar tranquila. –disse minha avó. –Seu nome não está nele, ao contrário do da sua filha, que ganhará tudo aquilo que você ganharia e mais um pouco. –antes que minha mãe pudesse retrucar, minha avó continuou. –Já que não preza nem pela alma do seu pai, preze pela sua e saia antes que eu mesma te mate.

     Elena deu as costas para nós com os olhos queimando em chamas de fúria e passou pelas portas que levavam á rua. Os estalos de seus saltos contra o chão da calçada a acompanharam até ela entrar num carro pela porta traseira e deixar o lugar cantando pneu.

     Logo minha avó não estava mais tão aflita e pediu ao velho motorista da família que me levasse em casa antes do fim do enterro. Fui levada aos prantos, observando a pequena casa aonde fora o enterro pelo vidro de trás do carro.

     Em casa, uma estranha maleta me esperava em meu quarto. Haviam cartas e cartas de meu avô, as que ele havia escrito para minha avó em seus anos de juventude. Uma em especifico parecia ter sido colocada apouco tempo, por sobre as outras, e foi esta a primeira a ser aberta.

 

“Minha amada Melita,

         Seu avô tinha dito que cuidaria de seu futuro, mas seu tempo não foi o bastante e me senti na obrigação de terminar o serviço.

         Foram deixadas para você duas fazendas pequenas, porém inexploradas. Também criamos uma conta no banco, onde só você poderá acessar, já que acredito que seu pai tem usufruído mais do que o necessário de sua mesada.

         Saiba que te amamos, Melita, e temos muito orgulho de você.

                                                                           Sua avó.”

 

     Na mesma maleta, haviam cartas enumeradas do 12 ao 15. Ao completar 12 anos, abri a carta com o número correspondente.

 

“Querida Melita,

         Se estiver lendo esta carta, quer dizer que não estou mais ao seu lado. Convenci sua avó a não ler as cartas, e ceder toda a herança a você. Sei que pode parecer muita responsabilidade para uma garotinha com seus 12 anos, mas sua avó ainda a guiará por bastante tempo, não se preocupe.

         Em breve acredito que chegará outra maleta, esta com dinheiro. Será seu e poderá usar com o que quiser, mas – cá entre nós – sabemos que uma reforma cairia bem a esta velha chácara, não é?

         Tire sua avó daí, não fara bem para ela continuar presa nesta mesma casa onde passou a vida, seriam lembranças demais para qualquer pessoa, seja ela forte ou não.

         Amo você, meu pequeno oceano, estarei sempre a orar por você.

                                                                           Vovô A. Reis.”

 

     A chácara era uma enorme casa e não se assemelhava em nada com a que eu havia morado anos antes. Era branca com grandes janelas e rodeada por altos portões tecnológicos travados por uma senha, além de possuir um extenso jardim frontal e varandas em todos os quartos. Os móveis antigos que pertenceram ás gerações anteriores da família ainda mobilhavam a casa.

     Voltei minha atenção para o momento presente ao ver Lua correr para o portão e digitar a senha rapidamente. Além de mim, somente ela sabia qual era e seria melhor se continuasse aqui.

     -Chegamos! –cantarolou Lua, com uma animação fora do normal. Devia ser uma das suas primeiras manhãs realmente sóbria do mês.

     Com um bocejo, Verônica perguntou:

     -Mel, você por acaso é rica e nunca nos contou?

     -Basicamente. –respondi com um balançar de ombros e ri ao ver as expressões assustadas estampadas no rosto de cada um. Minha risada os fez entender que era apenas uma brincadeira. –Na verdade, minha família é. Mais especificamente, meus avós.

     -Nunca fiquei tão feliz em ser da sua família, baixinha. –disse Matt, dispensando o taxista.

     Revirei os olhos.

     -Quer ajuda? –perguntei á Matt.

     -Pra quê?

     -Pra abaixar essa bola aí. –lancei-lhe uma piscadela. –É a família da minha mãe, o papai é pobre.

     -O quê?? –gritou Matt. –Ah, não! Também quero ser rico!

     Todos rimos do jeito como sua voz se afinou ao dizer as ultimas frases.

     -A conversa tá maravilhosa, mas dá pra entrarmos logo? Quero descansar, então me deem a chave ou eu arrombo. –resmungou Bea, mal humorada.

     Bea vinha nos tratando daquela forma desde aquela manhã, porque nós meio que a obrigamos a vir com a gente.

     -Tenta–desafiei-a, tendo consciência de que a mesma não conseguiria.

     A casa havia sido projetada para transmitir segurança a quem estivesse lá, as possibilidades de poder ser invadida eram nulas. Nulas pelo simples fato da porta de entrada possuir um sistema de reconhecimento, onde as únicas digitais capazes de abri-la eram a minha e, vergonhosamente, a de Rafael.

     Lua puxou meu braço em direção á porta ao tempo em que falava coisas sem sentido que mal me dei o trabalho de entender.

 

     Abri delicadamente a porta do ultimo quarto no corredor, um dos maiores da casa.

    Particularmente, eu o amava. Lembrava-me do meu quarto na casa de meu pai pela decoração ser parecida, exceto pelos moveis antigos, que o deixavam com um ar mais sofisticado. A cama estava coberta com lençóis brancos e ficava de frente para uma TV de tamanho médio. A porta do banheiro ficava á esquerda da TV e uma estante recheada de livros de capas brilhantes e títulos chamativos se estendia á direita.

     Um leve desnível na continuidade da estante indicava a existência de outro quarto de porta amadeirada escura, era a única parte da casa que eu havia mantido exatamente como a original. Costumava ser o antigo escritório de meu avô, onde ele passava boa parte do tempo. Com moveis gastos pelo tempo e uma mesa de pés metálicos.

     Sorri ao ver as minhas velhas marcações de altura no batente da porta, meu avô sempre fazia uma nova cada vez que eu os visitava.

     Fui á passos lentos até a mesa e abri uma das gavetas.

     A velha caixa de charutos de meu avô, aquela que ele se recusava a abrir comigo por perto, permanecia intocada ao lado das mesmas cartas que recebi com 12 anos.

     Revirei a pilha e puxei a de número 15, que havia guardado para o maior momento de desespero, por ser a última.

     Senti lágrima se formarem nos cantos de meus olhos conforme lia os parágrafos, absorvia cada palavra com um aperto no peito por serem as ultimas. Era intrigante e ao mesmo tempo confortante ver que, mesmo não estando comigo, meu avô conseguia me entender como qualquer pessoa jamais conseguiu.

     “Aposto que está mias bela que nunca e garanto meus últimos fios de cabelo como guardou esta carta para ler com 15 anos, e somente no maior momento de desespero. Estou certo, não é? Então tentarei conforta-la...”
      

 Ao fim da carta, abaixo da assinatura com o seu nome, havia um número de quatro dígitos, que logo soube do que se tratava.

     Retirei a pintura á óleo da parede de frente para a mesa e vi a porta metálica do antigo cofre de meus avós. Encarei esperançosa os quatro número são pé da folha e digitei-os hesitante.

     Com o som agudo de um apito, a porte do cofre destravou e pendeu para a frente, me dando uma visão que fez outro sorriso rasgar meus lábios. Havia uma nova pilha de cartas e, bem ao fundo, notas de dinheiro esverdeadas.

     Ah, vovô, realmente não precisava.

    Senti meus batimentos se acelerarem só com o pensamento de que teria meu avô por mais um tempo. Estendi a mão para pegar a carta de número 16, mas parei ao sentir o cheiro de fumaça invadir minhas narinas.

     Fechei o cofre na mesma hora e corri para fora do quarto, trancando tudo ao passar.

     Desci as escadas aos tropeços e logo minha preocupação se desfez em uma alta gargalhada ao ver Bea e Verônica rindo com o rosto coberto do que acreditei ser farinha. Elas faziam a famosa panqueca da nona de Bea. Mas no que a velha italiana era excelente no que fazia, Bea era um fracasso.

     Gritei para que elas parassem de sujar minha cozinha e fui eu mesma terminar as panquecas.

     -Vocês estão a menos de um dia na minha casa e já estão tentando provocar um incêndio?

     -Só se for com o fogo do seu rabo, né querida. –debochou Lua, dando um gole numa garrafa de suco recém aberta.

     -Que milagre, a Lua sóbria em pleno domingo. –riu Matt, quando as meninas pularam em seu colo. Vi seus olhos brilharem rapidamente ao olhar de relance para Bea, que ria de olhos fechados.

     Semicerrei os olhos para Matt sem que ele visse e contive uma risada.

     -Shippo! –gritei diretamente para o meu irmão. Vi suas bochechas ganharem cor pela vergonha, que só pareceu aumentar ainda mais quando Lua subiu desastrosamente em cima da ilha da cozinha e gritou:

     -Shippamos!

     -Mas você shippa o quê, sua doida? –virei-me para ela, cruzando os braços com certo divertimento.

     -Não sei, se você shippa eu também shippo. –respondeu. Ela riu exageradamente de si própria ao tropeçar, ainda em cima da mesa, e derrubar suco em toda a sua blusa.

     -Isso é suco mesmo? –questionou Matt, as bochechas ainda um tanto vermelhas pela vergonha.

     -Tá pronto! –cantarolei enquanto equilibrava uma bandeja de panquecas em meus braços no caminho até a mesa de jantar. Esperei que todos vissem para poder coloca-la sobre a mesa.

     Ouvi exclamações em comemoração e rapidamente meus amigos já estavam ao redor da bandeja, servindo-se como se nunca tivessem visto comido na vida. Lua havia me esperado e não demorou para que nos juntássemos á eles.

 

     Recostei-me á ilha junto de Lua, com um copo de bebida cheio pela metade. Por incrível que pareça, o de Lua não estava muito diferente. Mantinha meus olhos atentos em meus amigos, que bebiam sem dó. Estavam tão fora de si que eu poderia dizer até mesmo que o céu estava vermelho que concordariam comigo.

     Lancei á Lua um olhar significativo, e a mesma me respondeu com um aceno de cabeça em concordância.

     Inclinei-me sobre o balcão e pegueis alguns papeis que tinha separado. Futuramente, ele seriam o selo que garantiriam a lealdade de meus amigos. Chamei Lua, acenando com uma das mãos, e a vi chamando a atenção do pessoal ao gritar seus nomes. Ela olhou para mim, incentivando-me a continuar.

     Respirei fundo.

    -Então, gente, precisamos conversar...


Notas Finais


Não esqueçam de favoritar e comentar, porque isso ajuda bastante! Enfim, vejo vcs no próximo capitulo, bjss


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