História Fucking Sway - The universe

POV. Lauren

Era uma noite de outono, onde a cidade estava iluminada apenas pelas luzes dos grandes edifícios de Miami. Meus pais haviam saído pra jantar com Chris e Taylor, o garoto finalmente tinha começado a namorar e iria num jantar entre família onde meus pais iriam conhecer os pais da sua namoradinha, era bom saber que meu irmãozinho estava apaixonado a esse ponto, o amor é algo lindo, não?!

E por que fiquei em casa? Bom, estava muito ansiosa em relação a uma audição que iria fazer em alguns dias, então preferi ficar ensaiando e fazendo alguns exercícios pra garganta, porque não era qualquer audição, era o The X Factor, aquele talent show da TV onde pessoas iam mostrar seu talento e eu já me tremia dos pés à cabeça só de me imaginar pisando naquele palco.

Então ensaiar foi uma boa opção, e também curiar o tumblr, onde tinha um mundo totalmente paralelo no qual eu podia ser a pessoa que eu realmente era; um unicórnio. Bom, certa vez postei um vídeo sobre isso, falando do quanto esse mundo humano é estranho, e eu realmente não queria ser um deles. Quem viu esse meu vídeo sabe que tem um certo dragão que solta umas chamas contra mim. Mas prefiro não pensar, sabe?! É aquela coisa, quanto mais você pensa em coisa ruim, mas você atrai, então melhor pensar em algo bom pra fazer antes que esses pensamentos consumam minha mente em chamas.
Puxei o celular do bolso do shorts, onde eu sentia minhas pernas frias, pois só usava um moletom do AltJ e à noite estava com uma corrente gelada que vinha das árvores próximas e invadiam meu quarto, onde eu estava próxima da janela olhando as estrelas e ouvindo música de uma das pessoas que eu mais admirava nesse mundo, a divissima Lana Del Rey. 
Fui na agenda telefônica, e liguei pra primeira pessoa que veio na minha mente pra poder me distrair um pouco, ou eu iria perder minha sanidade antes de realizar um dos maiores sonhos da minha vida. 

: - Vero, preciso de você. Falei rapidamente logo após a mesma atender a ligação com uma voz sonolenta.

: - Oi, Laurenzo. Sorri imaginando que havia acordado a garota, que provavelmente estaria me odiando por isso. 

: - O que houve? - Perguntou confusa.

: - Você pode dormir aqui hoje? Vamos fazer umas panquecas com morango, muita banana e chantilly, porque esse nervosismo ta me dando algum tipo de ansiedade e não quero surtar sozinha, acho que você podia me fazer companhia, já que combinando com comida forma uma ótima distração. 

: - Lauren, você parece uma criança, nem parece que acabou de fazer 16 anos, inútil. - Dei uma risadinha nasal e podia sentir o tom de falsa indignação na voz de Vero.

:- Tudo bem, Jauragay, vou levar a nutella e uma garrafa de tequila que tenho aqui, vamos comemorar. Daqui 5 minutos apareço na sua janela tacando pedra.

: - Como você é engraçada com esse seu apelidinho horroroso, não sei de onde você tirou essas idéias. Você e sua namoradinha Lucia.

Podia estar do outro lado da linha, mas sabia que Veronica estaria vermelha como um pimentão só por provoca-lá em relação a Lucy.

:- E outra coisa, não entendo a referência a tequila e a comemoração. 

: - Para de ser infantil, você sabe que não gosto dessa palhaçadas. 
Soltei uma gargalhada, quando percebi que já estava falando sozinha, sim, ela havia desligado o celular na minha cara. 

: - Vou encher essa garota de porrada - Pensei dando um sorrisinho de canto. - Aposto que quer me embebedar pra eu esquecer a pressão que venho sofrendo nessa ultima semana.

Passamos o resto da noite fazendo bagunça na cozinha, meus pais e as "crianças" chegaram e estávamos nos lambuzando de nutella, e rindo um pouco alterada pela tequila que Veronica insistiu em beber, era a melhor sensação ter minha melhor amiga me distraindo, com o fato de que em breve enfrentaria minha timidez e minha fobia com centenas de pessoas ao meu redor, me vendo expandir os pulmões e colocando pra fora uma das coisas que meu pai achava mais preciosa no mundo; minha voz.

                   POV. Camila

Vocês já pararam pra observar a imensidão do céu? De como ele é maravilhoso, as estrelas, o sol e principalmente a lua. A obra mais perfeita e detalhada do universo.

Vocês já viram algo tão perfeito quanto a lua? Porque eu, particularmente, nunca vi e nem sei se seria possível uma obra do criador tão imensa e profunda como essa. 

: - Eu poderia passar horas olhando pra essa lua incrível.

Pensei um pouco mais alto do que deveria quando tomei um cutucão na cintura sendo surpreendida por uma mão pequenina e suave. 

: - Por que ta com essa cara de boba, Kaki? 
Sorri surpresa com a pergunta.

Como uma garotinha era tão observadora dessa forma? Acho que sei bem quem puxou.

: - Nada, meu anjinho. Só estava olhando o céu, olha só como ele é lindo.

Quando ia começar falar da imensidão do universo, fui interrompida por uma voz chamando na área de casa. Era meu pai chamando Sofi e eu para o jantar, um momento que ele prezava muito a presença da família.

Irônico, depois de tudo que descobri sobre seu passado que insistíamos em deixar pra trás, mas que sempre me atormentava de alguma forma. 

Jantamos, trocamos algumas risadas e elogios referente à comida da minha mãe, as coisas maravilhosas que ela preparava eram as melhores, pelo fato de que eram feitas com o maior amor do mundo, e ela sempre ficava muito contente com elogios.

Logo após o jantar fui para meu quarto. Peguei o violão que tava encostado na cama e comecei tocar uma música de uma das minhas bandas preferidas.

  (Play)

Como aquela música me trazia calma na alma e em toda minha mente. 
Era uma das melodias mais suaves que já havia sido feita. 
Eu dedilhava as cordas do violão com a maior sintonia e tranquilidade, esquecendo toda tensão daquela semana atribulada. E eu realmente precisava relaxar, estava praticamente surtando nessa noite.

Me levantei e enquanto retirava meu vestido estampado com alguns veados, continuava cantarolando aquela música maravilhosa. 

: - And if you're still breathing, you're the lucky ones
'Cause most of us are heaving through corrupted lungs..."

Ah, a música. É a arte mais bela que existe, pelo menos pra mim. Apesar de ser uma pessoa muito tímida, fui influenciada por Sandra e Marielle, na verdade a palavra correta seria: encorajada.

São minhas únicas amigas, desde que me conheço por gente, sempre me apoiaram e eu sempre as escutava, mas dessa vez foi difícil colocar na minha cabeça, porém fiz um esforço. Fiz um vídeo cantando Skyscraper da Demi, sempre a admirei muito. Joguei até o vídeo no YouTube rendendo alguns comentários sobre minha voz. Coisa que surpreendeu muitas pessoas, sendo que sempre fui uma garota acanhada, que escondia algo que era muito preciso pra mim: 
      Minha voz.
Cantar sempre me deixou mais leve, eu sempre fazia isso quando me sentia triste ou chateada no colégio, o que acontecia com frequência.

Eu achava aquele lugar um inferno, costumava sofrer um tipo de bullying, graças a Deus que essa fase de adolescentes me perseguindo passou. 

Eu me sentia uma pessoa com aquele tipo de esquizofrenia, onde a mesma tem a famosa síndrome persecutória, onde acha que todos estão implicando com ela ou como se tudo que fizesse, fosse completamente contraditório aos outros.

A noite ia caindo, pensava em todas essas coisas enquanto tomava meu banho e aquela água quente marcava minha clavícula com pequenas manchas vermelhas. Eu só queria afundar a cabeça no travesseiro com todos aqueles pensamentos e descansar, já que não era possível desligar uma mente que parecia tão silenciosa exteriormente, mas que era uma explosão maior que a bomba de Hiroshima, travada em uma batalha constante entre a realidade e um mundo paralelo que eu mesma criava todos os dias pra fugir daquela realidade sem graça.

Como eu queria fugir pra lua, será que um dia isso será possível? Que mágico seria me fundir ao universo, assim meus dias seriam mais iluminados.

Quem sabe um dia a lua não me acompanhe.