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História Fugitivo - Algo novo


Escrita por: lavegass

Capítulo 10 - Algo novo


LETÍCIA

Apesar de estar um pouco enjoada acordei com uma enorme disposição e bem mais cedo do que o normal. Fiz uma caminhada, tomei um café da manhã reforçado, tomei um banho e segui em direção à escola. Dessa vez decidi ir sozinha, porque sabia que Fernando pegaria carona com Carolina e Márcia e eu não queria que ele fosse uma das primeiras pessoas que eu veria logo pela manhã. Já que teria que aguentar aquela cara linda e aparentemente despreocupada pelo resto do dia.

Por algum motivo, ou melhor, por um motivo especifico eu quis ir mais arrumada do que de costume. Coloquei um vestido que eu já havia comprado há muito tempo, mas ainda não havia tido a oportunidade de usa-lo. Fiz uma maquiagem leve o que já era uma grande coisa já que para ir trabalhar eu só lavava a cara. Aposentei os meus óculos e resolvi colocar as lentes.

Eu tinha certeza de que aquele seria um grande dia, mas acredite, foi ainda maior do que eu imaginei.

...

FERNANDO

- Estou dizendo, ela me disse que quer voltar, mas antes quer que você se desculpe. – Afirmou Márcia.

- Mas eu não entendo, eu já fiz isso várias vezes! E ela insiste em dizer que já não acredita em mim.

- Não se preocupe, eu tenho certeza que vocês dois resolveram isso logo. – Disse Carolina sem nos olhar, ela estava dirigindo e dedicava sua total atenção no transito. Que por sinal, estava horrível. – Ela não vai poder te evitar se estão trabalhando no mesmo lugar.

- Vocês conhecem a Lety, ela é dramática e cabeça dura. Você se lembra de quando ela brigou com a prima dela e elas ficaram um ano sem se falar?

- O problema da Lety é que ela é honesta demais com tudo e com todos, e espera que o resto do planeta também seja assim. – Observou Márcia.

- Só espero que hoje não seja um desastre.

Márcia segurou na minha mão e sacudiu a cabeça.

- Vai ficar tudo bem, não se preocupe.

...

Minha primeira aula do dia foi com uma turma da primeira série e por isso foi extremamente tranquila. Eles faziam exatamente tudo o que eu mandava, de forma animada e sem questionar. Trabalhar com crianças daquela idade era bem mais fácil do que com qualquer outra, mas para o meu azar à turma do segundo horário eram adolescentes de 16 anos. Entrei na quadra já fazendo o sinal da cruz, eu não tinha uma boa experiência em dar aulas para o ensino médio e mesmo Omar afirmando que eles eram fáceis de lidar, isso não me tranquilizou, nenhum pouco.

- Bom dia! – Falei assim que entrei. Era uma turma pequena e a maior parte dos alunos eram meninas. – Como vocês já devem saber o Omar sofreu um acidente. E eu irei substituí-lo até que ele se recupere. Meu nome é Fernando Mendiola. Já lecionei nessa escola há alguns anos atrás, mas não tive a oportunidade de trabalhar com vocês antes. Espero que não tenhamos problemas e que as aulas sejam proveitosas.

Todos apenas assentiram e eu sorri ao perceber que Omar estava certo. A turma era tranquila e não fazia muita algazarra. Pensei que teria mais trabalho com eles, principalmente com as meninas nessa idade, pois elas normalmente fazem de tudo para matar aulas de educação física, mas para a minha surpresa elas se demonstraram bastante interessadas e participativas, até mesmo mais que os garotos. Aparentemente elas não entendiam muito de nenhum esporte porque sempre me pediam para repetir a explicação. Isso não me irritava, muito pelo contrario, estava feliz em saber que se interessavam pelo que eu dizia e queriam aprender.

...

Na hora do intervalo eu fui o primeiro a chegar à sala dos professores. Lola veio até mim e disse que os alunos haviam falado bem das minhas aulas e pediu para que eu continuasse com aquele ritmo. Sorri agradecido e prometi que não iria decepcioná-la. 

Lola deixou a sala e logo em seguida foi à vez de Márcia e Carolina entrarem.

- Como foi o seu primeiro dia? – Perguntou Márcia.

- Foi ótimo! Principalmente com a turma do ensino médio.

- Até com as meninas? – Questionou Carolina surpresa.

- Principalmente com as meninas. Aparentemente elas amam esporte, até as convenci de montar um time de futebol. – Falei, mas meu raciocínio foi interrompido ao ver Letícia entrar na sala. Ela estava com um vestido que eu nunca havia visto antes, mas que havia caído perfeitamente bem. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo. Ela não usava óculos e com isso era visível sua maquiagem, mesmo estando bem leve e simples.

- Fernando! – Disse Carolina estralando os dedos próximos aos meus olhos.

- O que?

- Ela estava dizendo que as meninas daquela turma sempre tiveram o costume de matar aula. – Repetiu Márcia.

- Sério? Talvez eu seja um professor melhor do que o Omar.

- Tenho certeza de que não é isso. – Disse Carol de forma brincalhona. Letícia aproximou da mesa com o seu copo de café, ela estava distraída mexendo no celular e quase se sentou ao meu lado, mas ao notar a minha presença deu a volta e sentou-se com Márcia. – O que você tanto meche nesse celular, ein?

Finalmente Letícia desviou os olhos do telefone e sorriu.

- É um aplicativo novo que eu baixei.

- O que ele faz? – Perguntou Márcia, mordendo uma de minhas rosquinhas.

- É de curtir fotos assim como no instagram, mas a diferença é que você não precisa seguir ninguém e aparecem apenas fotos de homens que vivem na cidade.

- Eu nunca ouvi falar nesse aplicativo. – Estranhou Carolina. – Qual é o nome?

- Tinder. – Falou. Nós três nos entreolhamos e caímos na gargalhada. – O que foi? – Perguntou Letícia aparentemente nervosa.

- Esse aplicativo definitivamente não tem nada a ver com o instagram querida. É um aplicativo de relacionamento. – Explicou Márcia.

- Oh meu Deus, então é por isso que esse cara quer marcar um encontro? – Perguntou e no mesmo instante eu não pude evitar em me mexer desconfortavelmente na cadeira.

- Deixa eu ver. – Pediu Carol tomando o telefone das mãos de Letícia. – Lety! Ele é uma gracinha! – Márcia também pegou o telefone e olhou para a tela boquiaberta.

- Ual! Eu usei o Tinder durante uns três meses e nunca apareceu um desses para mim.

- Vocês acha que eu vou? – Perguntou Lety. E as duas se entreolharam e olharam para mim logo em seguida.

- Você esta de brincadeira não é? – Falei levantando-me da cadeira.

- Não estou não. Até onde eu sei eu sou uma mulher solteira. – Letícia se levantou também, aproximando-se de mim.

- Ah, quer dizer que você esta solteira? – Meu tom de voz saiu alterado, já estava ficando nervoso.

- Sim, terminei com o meu namorado há dois dias.

- Então você segue em frente rápido. – Impliquei.

- Definitivamente sim. – Letícia tomou o celular das mãos de Márcia e começou a digitar, me inclinei para ver o que ela escrevia, mas ao notar ela se afastou de mim. – Pronto. Eu tenho um encontro hoje ás 20h no Gril. – Disse olhando para mim com uma cara de satisfação.

Não respondi apenas sentei-me na cadeira tentando ao máximo segurar o meu sorriso, afinal, Letícia havia acabado de me passar à hora e o local do seu “encontro” e eu é claro, estava disposto a arruiná-lo.

...

LETÍCIA

- Tem certeza de que quer fazer isso? – Perguntou Márcia enquanto vasculhava o meu guarda-roupa.

- Na verdade não. – Falei sentando-me em minha cama. – Eu só fiz aquilo para causar ciúmes no Fernando, mas aparentemente não funcionou. Ele nem se quer tentou me fazer desistir desse encontro. Você viu a cara dele? Parecia estar feliz!

- Eu não sei não Lety. – Disse Carol. – Se eu bem conheço o Fernando aposto que ele esta aprontando algo. Ele tem o endereço e a hora do seu encontro. Não duvido nada que apreça por lá.

- Quem contou para ele? – Questionei.

- VOCÊ! – Responderam ao mesmo tempo.

- Eu? Quando?

- Na sala dos professores. Pensei até que anunciaria na radio.

- Não exagera Márcia! – Pedi. Mas logo um sorriso se formou nos meus lábios. – Acha mesmo que tem alguma chance de que ele apreça por lá?

- Sim. – Respondeu Carol.

- Então é melhor eu não me atrasar. – Falei pegando o vestido escolhido para usar e caminhando animada em direção ao banheiro.

...

Estava começando a me arrepender daquela ideia maluca de ter marcado um encontro por um aplicativo. E se o cara fosse um psicopata? Márcia e Carolina tentaram me tranquilizar dizendo que eu estava em um lugar publico onde a maioria dos empregados me conhecia por nome já que eu já havia ido muitas vezes lá, no entanto meu medo continuava imenso.

Sentei-me em uma mesa não muito afastada, afinal, se eu estivesse muito longe e começasse a gritar corria o risco da musica abafar os meus gritos e eu ser morta ou sequestrada antes que a ajuda chegasse. Avistei o homem das fotos caminhando em minha direção. Ele era mais bonito ainda pessoalmente, mas nem se quer comparava-se a Fernando. Sacudi a cabeça após ter esse pensamento. Por que eu o compararia a Fernando? Por que estava em um encontro se tudo o que eu conseguia fazer era pensar nele? Levantei-me da mesa e ajeitei o meu vestido cumprimentando aquele homem desconhecido com dois beijos no rosto.

- É um prazer conhecê-la Letícia. – Disse beijando minha mão.

- O prazer é todo meu. – Respondi sentando-me novamente logo em seguida. Estava cansada e um pouco enjoada desde a manhã.

- Eu nunca tinha vindo a esse lugar antes. – Falou na tentativa de puxar assunto.

- É um bom lugar, a comida é boa e a musica também. – Falei, estava me esforçando em ser simpática com ele assim como ele estava sendo comigo.

Logo o garçom se aproximou perguntando o que iríamos querer.

- Para mim uma cerveja, e para você Letícia?

- Um suco.

- Suco? – Questionou erguendo as sobrancelhas. – Você não bebe?

- Sim, mas não estou me sentindo muito bem. Então é melhor não arriscar.

- Ok. Então um suco e uma cerveja. – Disse ao garçom o qual assentiu retirando-se logo em seguida. – O que você tem?

- Na verdade eu não sei. Acho que apenas eu mal estar.

- Já foi ao médico?

- Não vai ser necessário. Logo passa. Deve ser por causa dessa mudança repentina de tempo.

- Maldito aquecimento global. – Brincou e eu apenas sorri concordando.

Matheus, sim esse era o nome do dele. Começou a falar sobre sua vida e trabalho. Ele era advogado, havia se divorciado recentemente de um casamento de três anos e não tinha filhos. Mesmo a conversa não estando muito interessante eu me esforcei para prestar atenção. No entanto assim que vi Fernando entrando no bar tudo mudou. Não consegui evitar e o acompanhei com o olhar. Ele se sentou em um dos bancos de frente ao balcão e pediu uma dose de algo para o garçom. Assim que a terminou ele se virou para mim e deu um sorriso sínico.

- Você o conhece? – Perguntou Matheus ao notar que eu não parava de encarar Fernando.

- É o meu ex. – Respondi fazendo pouco caso, para que Matheus pensasse que eu não me importava.

- Oh, entendo. Se quiser a gente sai daqui e vai para outro lugar. – Sugeriu. E eu arregalei os olhos. Matheus parecia ser um cara legal, mas a minha experiência com series deixava claro que todos os psicopatas eram assim, afinal, existe algum personagem mais simpático que Dexter Morgan?

- Não, eu estou bem. – Respondi em meio a um sorriso para tranquiliza-lo.

- Ótimo. Como eu ia dizendo esse meu cliente é... – Matheus começou a falar e o meu celebro se desligou, a todo momento eu olhava para Fernando e ele sempre estava me encarando descaradamente. Resolvi provoca-lo.

- Isso é muito engraçado. – Disse forçando uma gargalhada. Com isso Matheus ficou ainda mais animado em contar o caso sem graça sobre o quão incrível a afilhada de dois anos era por fazer exatamente as mesmas coisas que todas as crianças dessa idade faziam.

Notei que Fernando ainda me olhava, mas dessa vez parecia estar com raiva. Já estava no seu quinto copo. Resolvi provocar ainda mais e coloquei a minha mão por cima da de Matheus, que nem se quer pareceu notar. Quando fui olhar para a reação de Fernando dessa vez quem ficou com raiva fui eu. Uma mulher estava conversando no ouvido dele e ele sorria enquanto mordia os lábios. Meu sangue ferveu e meu estomago ficou ainda pior. Percebi que teria que tomar uma atitude naquele momento.

- Quer dançar? – Perguntei a Matheus assim que me recordei da crise de ciúmes que Fernando teve quando dancei com Felipe.

- Claro! – Respondeu animado. A animação excessiva dele já estava começando a me irritar.  Ele se levantou e estendeu sua mão para mim, a peguei e fiz o mesmo. Caminhamos até a pista de dança e assim que olhei para Fernando notei que a mulher já não estava mais lá e ele me encarava com o seu copo na mão. A musica era agitada e comecei a dança-la da forma mais sensual possível. Matheus apenas se movia de forma estranha na tentativa de acompanhar os meus movimentos. Até que ele teve a brilhante ideia de me rodar diversas vezes, meu estomago que já não estava muito bom ficou ainda pior e o resultado de tudo isso foi que eu vomitei todo o meu suco de laranja no sapato dele.

- Desculpa! – Pedi enquanto ele me olhava perplexo.

- Acho melhor a gente terminar esse encontro por aqui. – Falou e eu apenas assenti envergonhada.

Fernando logo se aproximou parecendo preocupado.

- Você esta bem? – Questionou colocando suas duas mãos no meu rosto. Senti meus pelos se arrepiarem, tinha apenas dois dias e eu já sentia falta de um simples toque dele.

- Sim. – Respondi com a voz fraca.

- Você não parece nada bem. Ela bebeu alguma coisa? – Perguntou a Matheus.

- Só um suco de laranja. Mas ela parece muito fraca.

- Quer que eu te leve para um hospital?

- Não, eu só quero ir para casa. – Pedi.

- Tudo bem. – Disse Fernando segurando-me pela cintura.

- Sinto muito isso. – Falei olhando para Matheus.

- Tudo bem. – Ele respondeu em meio a um sorriso. – Melhoras!

- Obrigada! – Fernando me puxou caminhando em direção à mesa e pegando a minha bolsa.

- Onde esta o seu carro?

- Na rua debaixo.

Caminhamos em silencio até o carro e o caminho para casa não foi diferente. Fernando me olhava diversas vezes, mas sempre que percebia que eu sabia que ele estava me olhando voltava a prestar atenção no transito. Eu queria dizer alguma coisa, mas não sabia o que. A noite toda já havia sido constrangedora demais para correr o risco de deixar tudo ainda pior.

- Tem certeza que não precisa de nada? – Perguntou pela décima vez quando já estávamos no meu apartamento.

- Tenho. – Respondi simplesmente. – Obrigada por me trazer. – Completei.

- Por nada, eu não sou aquele monstro que você pensa. – Falou aproximando-se novamente de mim. Eu por minha vez estava deitada no sofá com um copo de soro em minhas mãos.

- Eu não acho que você seja um monstro. Eu só estou brava porque você mentiu para mim.

- E está se vingando saindo com outros caras?

- Se você não tivesse mentindo nós ainda estaríamos juntos. – Falei.

- Isso não é verdade, se eu não tivesse mentido não teríamos passado todo esse tempo juntos e nem eu e nem você teria tomado coragem para revelar nossos sentimentos e continuaríamos sendo amigos.

- Nunca saberemos isso. – Respondi desviando o meu olhar dele. No fundo concordava com Fernando, mas não queria dar o braço a torcer.

- Ah, e eu a filha do Felipe e o marido dele também. Vejo que eu não sou o único mentiroso por aqui. – Soltou.

- Isso é completamente diferente!

- Até onde eu sei mentiras são mentiras.

- Argh! – Falei nervosa. Estava prestes a me levantar, mas fiquei tonta e por isso resolvi continuar sentada.

- Tem certeza que esta bem? – Perguntou preocupado. Apenas assenti. – Quer que eu passe a noite aqui com você? – O olhei, ou ele era uma anta ou se fazia de anta para viver.

- NÃO! – Gritei. Fernando apenas sorriu inclinando-se para me dar um beijo na testa e caminhou em direção a porta.

- Boa noite.

- Boa noite. – Respondi.

...

- Ali esta a garota que vomitou no sapato do cara do Tinder. – Falou Márcia caindo na gargalhada assim que entrei na sala dos professores.

- Então o fofoqueiro já contou? – Perguntei enquanto me servia de café.

- É claro que sim. É uma boa história. – Disse Fernando aproximando-se de mim. – Melhorou?

- Sim. – Menti, os enjoos haviam dado uma estabilizada, mas eu continuava cansada.

- Que bom. – Respondeu enchendo seu copo novamente de café. – Lola já chegou? Preciso conversar com ela.

- Acho que não. Algum problema? – Questionou Carolina.

- Talvez. – Respondeu ele parecendo envergonhado. Nós três o olhamos curiosas e debruçamos em cima da mesa esperando que ele se explicasse. Fernando respirou fundo e cerrou os dentes. – Uma das meninas do segundo ano deu em cima de mim.

- Sério? – Perguntou Márcia e ele apenas confirmou com a cabeça. – O que ela fez?

- Ela perguntou se eu dava aula a domicilio, me entregou um papel com o numero do celular dela e passou a mão no meu abdômen.

Eu não sabia o que dizer, estava boquiaberta e irritada. Fernando parecia estar extremamente desconfortável com aquilo.

- Você pode nos dizer o nome da Garota? – Pediu Carolina como se lesse os meus pensamentos.

- Beatriz.

- Tinha que ser. – Falei de imediato. E Fernando me olhou assustado.

- Ela fez o mesmo com o Omar no ano passado. – Explicou Márcia.

- Não se preocupe. A Lola já esta planejando conversar com ela. – Disse Carolina. Fernando sorriu tranquilizando-se.

- Os pais dela são divorciados e o pai mora em outro país, ela deve dar em cima de homens mais velhos para compensar a ausência dele.

- Credo Márcia! – Falamos ao mesmo tempo. Márcia apenas deu de ombros voltando a se concentrar no seu café. Notei que o meu copo estava vazio e resolvi enche-lo, mas no momento em que me levantei tudo começou a girar. Tentei me apoiar na mesa, mas senti as minhas pernas bambeares e tudo se escurecer.

...

FERNANDO

- Por que ela desmaiou? – Perguntei desesperado enquanto pegava Letícia em meus braços.

- Nós não sabemos Fernando! – Disse Márcia. – Ela provavelmente mentiu e esta se sentindo mal desde ontem.

- Vamos leva-la logo para o hospital. – Sugeriu Carolina e eu apenas assenti. Entramos em seu carro e seguimos em direção ao hospital. Nunca havia visto Carolina dirigir tão rápido já que raramente ela se ousava em passar dos 30km/h.

Assim que chegamos fomos atendidos, afinal, além de desacordada Letícia estava pálida e parecia fraca.

- Ela está se alimentando bem? – Perguntou o Médico. Eu não sabia o que responder, há dois dias sim, ela estava comendo perfeitamente bem, mas agora eu não tinha ideia. Olhei para Márcia e Carolina e as duas assentiram.

- Por favor, Fernando. É a Lety, ela é que nem você, come o tempo todo! – Disse Márcia. O médico nos olhou por cima do óculos e continuou anotando coisas em seu papel.

- Vamos fazer um exame de sangue nela e esperar que ela acorde.

- Podemos entrar? – Perguntou Carol.

- Apenas um de vocês.

- Eu fico. – Falei apressadamente. – Vocês podem voltar para a escola, de qualquer forma eu não tenho mais nenhuma aula hoje.

- Tudo bem, mas nos mantenha informadas ok? – Pediu Márcia.

- Ok. – Respondi despedindo-me delas.

- Vamos? – Chamou o médico e eu o segui.

...

LETÍCIA

Minha cabeça estava explodindo, e eu não conseguia abrir os olhos. Esforcei-me um pouco mais e finalmente consegui. Minhas vistas estavam embaçadas e por isso tive dificuldade em desvendar qual era o lugar onde eu estava. Tudo o que conseguia enxergar era que suas paredes e teto eram extremamente brancos. Logo notei um rosto familiar sentado próximo ao local onde eu estava deitada. Era Fernando.

- Você finalmente acordou! – Disse animado.

- Onde eu estou?

- No hospital. – Assim que me virei notei que havia um soro injetado em meu braço.

- O que aconteceu? A ultima coisa que eu me lembro é de estar na sala dos professores tomando café.

- Você desmaiou e te trouxemos imediatamente até aqui.

- Já sabem o que eu tenho? – Perguntei ajeitando-me na cama para ficar sentada. Fernando rapidamente se levantou e colocou o travesseiro atrás das minhas costas. – Obrigada!

- Ainda não. – Disse respondendo meu questionamento anterior. – Fizeram o exame de sangue em você, o médico disse que o resultado saía dentro de uma hora. – Ele desviou o olhar para o seu relógio analisando-o. – Agora faltam apenas vinte minutos.

- Isso vai parecer uma eternidade. – Resmunguei. – Nós deveríamos ir, eu provavelmente só estou com algum tipo de virose, basta me dar alguns antibióticos que fica tudo bem. – Sugeri.

- Nada disso mocinha. Você já esta se sentindo assim há três dias. Precisamos descobrir o que é.

- E se for grave? Eu ouvi falar que a maioria das doenças quando descobertas matam mais rápido.

- Não fala besteira Lety! – Disse irritado. – Nada de ruim vai acontecer com você, tenho certeza que isso é algo simples. E talvez psicológico.

- Psicológico?

- Sim, afinal tudo começou depois que você me expulsou da sua casa. Isso deve ser saudade de mim. – Revirei os olhos ao ouvir aquilo e Fernando sorriu de forma divertida. Logo sem seguida ele segurou a minha mão e me olhou com ternura. – Não se preocupe, tenho certeza que você esta bem. – Garantiu. Eu apenas assenti apertando sua mão.

...

Ao contrario do que eu imaginei aqueles vinte minutos passaram voando, Fernando me explicou melhor a história de Beatriz e acabou confessando que ela não era a única a ter dado em cima dele, mas que foi definitivamente a mais ousada.

Com essa conversa acabei percebendo que não podia culpa-las eu já havia tido uma queda por vários professores e nenhum deles era tão atraente e simpático como Fernando.

Tê-lo ali naquele momento só me fez questionar se eu não estava exagerando sobre tudo, é claro que eu havia ficado magoada por sua mentira, mas valia mesmo a pena me afastar de alguém que me faz tão bem por algo que nem se quer chegou a me prejudicar? Eu estava confusa, mas no fundo já tinha certeza que não aguentaria por muito tempo. Eu perdoaria Fernando em breve, pelo simples fato de que eu sentia falta dele e não conseguiria suportar essa distância.

O médico adentrou o quarto com vários papeis na mão e sorriu assim que me viu acordada. Fernando rapidamente se levantou de onde estava sentado e eu me ajeitei novamente na cama.

- Como se sente senhorita Letícia? – Perguntou aproximando-se de mim.

- Bem melhor doutor. – Respondi. – Ele apenas me olhou sorrindo e um silêncio perturbador tomou conta do quarto.

- Os resultados do exame já saíram. – Falou por fim sacudindo os papeis em sua mão.

- O que eu tenho doutor? – Perguntei apreensiva. – Eu estou muito doente? Eu estou morrendo?

- Letícia! – Reprendeu Fernando. O médico riu do nosso comportamento e sacudiu a cabeça como forma de negação.

- Não, não. Na verdade você esta mais viva do que nunca. – O olhei desconfiada assim como Fernando. – Você esta grávida. – Completou sorridente.

Eu não sabia o que dizer, estava boquiaberta, corria o meu olhar entre o médico e o Fernando, cujo o qual, havia tido exatamente a mesma reação que eu.

- Mas isso é impossível. – Falei com a voz tremula.

- Por quê? Por acaso você é virgem? – Perguntou o médico não de forma irônica, mas sim eufórica.

- Não. Mas eu me previno.

- Bom. Nenhum desses métodos é 100% confiável, se é para acontecer, simplesmente acontece. Eu sei que no momento isso pode parecer assustador, mas eu tenho certeza que em breve você verá isso como a melhor coisa que já te aconteceu. – Disse sorridente. – Você já tem a sua alta. Basta se alimentar direito e procurar um médico especializado no seu caso. Tenham uma boa tarde! – Falou despedindo-se de nós e saindo do quarto logo em seguida.

Olhei para o teto respirando fundo. É claro que ser mãe algum dia estava em meus planos, mas não naquele momento. Minha relação com Fernando estava em crise e apesar de já ter o meu próprio apartamento ele não tinha espaço o suficiente para a chegada de um bebê. Fernando permanecia calado ao meu lado, parecia estar tentando digerir tudo aquilo.

- Desculpe-me por isso. Eu juro que estava tomando a pílula direito...

Fernando me olhou e segurou em minha mão.

- Por que você esta se desculpando?

- Porque não estávamos esperando por isso...

- Lety, por favor! Vamos ser pais. Não importa se foi planejado ou não isso incrível.

- Sério?

- Sim! Você melhor do que ninguém sabe o quanto eu sou louco com crianças e ter um filho com você. – Fernando sorriu tocando em meu rosto. – Esta definitivamente na minha lista.

Sorri triste e logo notei que algumas lágrimas já desciam pelo meu rosto. Fernando rapidamente as limpou olhando-me preocupado.

- O que foi?

- Eu estou muito assustada.

- Eu também, mas vai dar tudo certo. Tenho certeza.

- E se eu não for boa nisso?

- Tenho certeza que você será incrível e que esse bebê terá muita sorte de ter você como mãe.

- Não tenho tanta certeza disso...

- Mas eu sim. – Disse interrompendo-me e aproximando-se de mim. – Não precisa ficar com medo. Estamos juntos nessa.

Apenas assenti puxando-o para um abraço. Eu já estava ciente de que minha vida mudaria completamente, mas sabia que ter Fernando ao meu lado facilitaria muito às coisas. Ele terminou o nosso abraço e segurou em minhas mãos novamente.

- Eu preciso ter certeza que estamos realmente bem, depois de tudo. – Perguntou com os olhos marejados.

- Sim, nós estamos. – Falei tranquilizando-o enquanto passava a mão no seu rosto.

- Isso significa que você não vai usar o Tinder mais? – Brincou.

- Nunca mais! – Garanti em meio a uma risada.

Fernando me olhou com ternura e se inclinou para beijar a minha testa.

- Eu te amo, Lety. – Falou. E naquele momento eu senti que o meu peito explodiria de tanta felicidade, essa era a primeira vez que ele me dizia isso e eu tinha a certeza que muitas outras viriam.

- Eu também te amo. – Respondi.

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado o próximo capítulo só será postado na terça-feira, mas domingo tem um novinho de All Too Well e se você ainda não tiver começado ela corre lá porque vai estar bem revelador!


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