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História Fugitivo - Os meus pais não o aprovam


Escrita por: lavegass

Capítulo 6 - Os meus pais não o aprovam


- Já terminou? – Perguntei batendo na porta do banheiro.

- Sim! – Respondeu Fernando a destrancando logo em seguida. O olhei de cima abaixo. – O que foi? Alguma coisa errada?

- Não... É só que está um pouco frio lá fora...

- Você quer que eu vista algo que cubra as tatuagens. Não é?

- Sim, desculpa! Mas você conhece o meu pai...

- Tudo bem. – Respondeu puxando-me para um abraço. – Mas cedo ou tarde ele vai acabar descobrindo.

- Eu sei, vamos só tentar causar um primeira boa impressão.

- O que vai ser difícil, já que o seu pai me conhece a uma década e nunca gostou de mim.

- Não é bem assim...

- É exatamente assim, ele já me disse claramente “Eu não gosto de você, Fernando”.

- Mas a filha gosta... Espero que isso signifique algo. – Falei entrelaçando meus abraços em seu pescoço.

- Acredite, significa muito. – Respondeu beijando-me.

...

Estávamos estacionados em frente à casa dos meus pais na tentativa de tomar coragem para entrar. Ao contrario de alguns minutos atrás, Fernando não estava mais tranquilo e descontraído, mas sim tenso e nervoso. Era como se finalmente tivesse caído a fixa que ele enfrentaria o Senhor Erasmo. Eu amo o meu pai, mas sei reconhecer que ele é uma pessoa muito difícil de lidar e esse é um dos principais motivos que me fez sair de casa.

Depois que me formei e alcancei a minha independência, nossa convivência se tornou mais difícil. Eu nunca fui de sair, mas quando saia era um inferno, porque ele continuava falando disso pelo resto do ano. Não queria manter aquelas discussões frequentes e a única solução que encontrei para isso foi me mudar.

Eu ainda os via todo final de semana e a convivência estava boa, já que não usávamos mais aquele tempo juntos para discutir, mas sim para matar a saudade. 

- Vamos repassar o que não deve ser dito lá dentro. – Pedi.

-Ok. - Falou Fernando ficando de frente para mim. – Nada de falar do roubo do banco, nem dá apocalista, não arregaçar as mangas da blusa, e principalmente não mencionar que estamos morando juntos.

- Exatamente! – Sorri dando a ele um selinho.

Toquei a campainha e assim que Fernando ouviu o barulho da porta se abrindo ele soltou a minha mão rapidamente. Segurei o riso ao notar o seu desespero. Quem atendeu foi a minha mãe.

- Lety! – Falou animada, puxando-me para um abraço. – Que saudade! – Em seguida ele se virou para Fernando e o encarou surpresa. – Esse é o...

- Sim é o Fernando!

- Meu Deus! Há quanto tempo. – Falou abraçando-o também. – Que saudades de você! Está ainda mais lindo do que eu me lembrava.

- Digo o mesmo para a senhora. – Respondeu galanteador beijando a mão da minha mãe.  As bochechas dela coraram e ela deu um tapa no ombro dele.

- Venha, entre. – Chamou dando espaço para que passássemos.

Minha mão nos guiou em direção à sala, nos sentamos no sofá e logo avistamos o meu pai descendo as escadas. Ele sorriu a me ver, mas logo esse sorriso se desfez ao ver Fernando.

- Não sabia que esse rapaz tinha voltou. – Falou desgostoso enquanto se aproximava de onde estávamos.

- Olá para você também papai! – Respondi levantando-me para cumprimenta-lo, Fernando fez o mesmo.

- Bom dia senhor Erasmo! – Disse estendendo a mão. Meu pai a encarou por um bom tempo e eu cheguei a pensar que ele não corresponderia ao cumprimento, mas para o meu alivio ele apertou a mão de Fernando de volta.

- O que esta fazendo aqui? – Perguntou. – Pensei que tinha ido embora.

- Eu fui, mas voltei.

Meu pai o olhou desconfiado e se sentou no sofá no meio de nos dois. Entrando em uma longa conversa comigo. Sempre que Fernando tentava se enturmar, ele o ignorava. O que estava começando a me irritar.

- Eu preciso comprar uma Carlota nova, mas nenhuma me agradou.

- Acho que sei um lugar onde você pode encontrar. – Falou Fernando.

- Julieta o que vai ter para o almoço? – Perguntou ignorando-o, fazendo com que eu chegasse ao meu limite.

- Já chega! – Falei em um tom alto voltando à atenção de todos para mim. – Por que você não gosta do Fernando?

- Eu nunca disse que eu não gosto.

- Mas é exatamente isso que suas atitudes mostram. Você ignora ou retruca tudo o que ele fala sem nenhum motivo aparente.

- Eu confesso, esse cara me irrita. Tudo o que ele representa me irrita. Esse jeito dele de não se importar com nada, de ser agradável e amado por todo mundo. Não me parece alguém real. Não consigo leva-lo a serio.

- Ok, deixa eu ver se eu entendi. Você não gosta dele porque ele tem todas essas qualidades? As quais você claramente não tem.

- O que você quer dizer com isso? – Perguntou meu pai irritado levantando-se do sofá.

- Escuta aqui... – Comecei.

- Esta tudo bem... – Disse Fernando tentando me acalmar.

- Não, não esta! – Falei interrompendo-o. – Você pode até não gostar dele pai, mas terá que se acostumar. Porque estamos juntos agora.

- O que? Vocês dois estão... Não... Não pode ser. Eu não vou permitir.

- Sim estamos namorando. E a escolha não é sua. Já sou maior de idade. Viemos até aqui porque eu os respeito e gostaria do seu consentimento para esse relacionamento. Mas agora eu percebi que eu não me importo.  Eu gosto do Fernando e nada nem ninguém vai me impedir de estar com ele.

- Ele não é homem para você Letícia...

- Sim ele é. E eu sou uma idiota por ter pedido que ele agisse como outra pessoa para agradar você. Quer saber de uma coisa pai? O Fernando acha que o mundo vai acabar e dezembro e fez um monte de tatuagens. Mostra ele suas tatuagens. – Pedi. Fernando me olhou confuso, mas subiu as magas da blusa. – Então é isso pai, você pode odia-lo, mas isso não atrapalhará o nosso relacionamento. E enquanto você não aprender a aceitá-lo eu não irei voltar aqui.

- Vamos conversar. – Pediu meu pai.

- Talvez depois, acho que por hoje já chega. – Falei segurando não de Fernando. – Desculpe por isso mamãe. – A dei um beijo no rosto.

- Tudo bem. – Sussurrou. – Te ligo mais tarde.

- Ok. – Respondi triste caminhando em direção à porta. Não olhei para trás. Não estava disposta a enfrentar o meu pai novamente.

...

- Você não precisava ter feito aquilo. – Disse Fernando assim que entramos no carro. – Eu sei o quanto a aprovação de seus pais é importante para você e estava disposto a consegui-la.

- Sim, eu precisava. Sabe por quê? – Perguntei virando-me para ele. – Porque você é mais importante do que qualquer aprovação. Eu quero que isso dê certo e por isso precisamos ser totalmente honestos em tudo. - Fernando apenas assentiu em meio a um sorriso triste. – E não precisa ficar assim. Conheço meu pai muito bem. Ele não consegue ficar brigado. Eu sou a garotinha dele.

- É estranho eu achar sexy ouvir você dizer?

- Não, porque você acha tudo sexy. Até mesmo uma banana sendo descascada.

- Mas isso é muito sexy e muito visto nos filmes...

- Que filmes?

- Esquece.

O olhei desconfiada e ele caiu na gargalhada enquanto eu acelerava o carro.

...

- Você precisa fazer as pazes com o seu pai logo. – Disse Fernando enquanto almoçávamos em um dos meus restaurantes preferidos. – Porque seu aniversario é depois de amanhã e se ele ainda estiver chateado vai ser menos um presente.

- Eu não me importo com presentes.

- Sim você se importa. Eu lembro que você chorou no seu aniversario de 20 anos porque ganhou poucos.

- Eu não chorei por isso, eu chorei porque estava triste. – Falei tentando me defender.

- Triste porque ganhou poucos presentes. – Implicou. Aproximando seu rosto do meu.

- Não foi por isso.

- Foi sim. – Falou aproximando-se mais.

- Não. – Respondi encarou sua boca.

- Sim. – Falou sem me dar a oportunidade de responder iniciando um beijo. – Ganhei. – Completou afastando-se de mim.

- Primeiramente isso não foi justo e segundo compra uma balinha porque essas cebolas não fizeram bem para o seu halito.

...

- Eu não quero ir para casa. É sábado, precisamos aproveitar!

- Mas eu estou exausta! – Falei enquanto me sentava em um dos bancos da praça.

- De que? Hoje você só discutiu com o seu pai e comeu muito no almoço. Por favor, Lety! Vamos fazer algo.

- Como o que?

- Trouxe a sua lista? – Perguntou levantando as sobrancelhas.

- Talvez...

- Sim você trouxe! Deixe-me ver. – Pediu pegando a minha bolsa. Fernando foliou a lista por um tempo enquanto a lia rapidamente. – Esse é interessante. – Falou apontando para um dos itens. Assim que o li arregalei os olhos.

- Não, não, não. Eu não vou fazer isso.

- Mas esta na sua lista.

- Eu coloquei só por colocar, nunca vou ter coragem de fazer isso.

- Por que não? Aproveita que está vazio.

- Mas e se a policia chegar? Podemos ser presos por isso e você tem todo aquele rolo com o...

- Não vai chegar. – Falou interrompendo-me. – E se chegar à gente sai correndo.

- Não sei...

- Vamos Lety! Vai ser divertido. Eu prometo. – O encarei e encarei aquela fonte por um tempo. Era um sonho de infância entrar dentro dela, principalmente em dias de calor como aquele. Mas é claro que a minha sanidade nunca me permitiu. No entanto hoje é diferente, estava dispostas a correr riscos, a fazer coisas que eu jamais fui capaz de fazer, queria aproveitar ao máximo tudo, e ter Fernando ao meu lado fazia com que essa coragem aumentasse.

- Tudo bem. Mas vai ser rápido.

- Ótimo. – Respondeu ele se levantando e tirando a camisa.

- Pode colocar isso de volta. A gente vai entrar vestido.

- Mas vai molhar o seu carro depois.

- Não tem problema. Antes meu carro molhado do que essa mulherada aqui vendo você desse jeito.

- Esta com ciúmes senhorita Letícia?

- Não, mas se você tirar a sua blusa eu tiro a minha também. – Fernando se apressou em vestir a roupa novamente e me olhou com seriedade.

- Satisfeita?

- Sim. – Respondi com um sorriso vitorioso.

- Então vamos?

Respirei fundo, eu já havia concordado com aquela loucura e precisava fazê-la logo antes que eu desistisse. Apenas assenti e ele segurou minha mão enquanto caminhávamos até a fonte. Fernando me puxou com força fazendo com que eu fosse obrigada a correr e dentro de alguns segundo já estava sendo molhada pela água da fonte, a qual era bem mais gelada do que eu imaginei. Fernando caiu na gargalhada ao notar minhas caretas e jogou ainda mais água em mim. Revidei fazendo ao mesmo, mas quando me virei senti minhas bochechas corarem ao notar que todas as pessoas presentes na praça nos encaravam. Os adultos com um olhar de reprovação enquanto as crianças pediam para fazer o mesmo. Estava prestes a sair correndo de tanta vergonha quando Fernando me puxou. Ele olhou nos meus olhos e sorriu me beijando logo em seguida. Nesse momento eu não me importei mais com as pessoas que nos assistiam e muito menos com a água gelada que batia no meu corpo. Estava feliz, estava com ele de uma forma com a qual eu sonhava há anos.

- Acho melhor irmos. – Falou enquanto terminava o beijo com selinhos.

- Tudo bem. – Respondi ainda anestesiada.

...

Estava deitada no sofá escolhendo um filme enquanto esperava Fernando sair do banho e que as pizzas que pedimos chegassem. Minha mãe já havia me ligado uma porção de vezes, mas ao invés de atendê-la preferi manda uma mensagem. Ela me pedia para que tentasse conversar com o meu pai e queria de toda forma que nos entendêssemos o mais rápido possível. Eu sabia que para ela deveria ser perturbador saber que não estávamos bem um com o outro, mas eu não poderia permitir que a minha família tratasse mal o Fernando, afinal eu pretendia fazer dele a minha família também.

- Oi. – Disse ele aproximando-se do sofá enquanto enxugava os cabelos com a toalha. Estava usando uma blusa branca e uma calça de moletom cinza. Como conseguia ficar tão lindo vestido com algo de dormir?

- Oi. – Respondi. Arredando-me do sofá e dando espaço para que ele se sentasse.

- Já escolheu o filme? – Perguntou seguido de um espirro.

- Começou a gripar?

- Acho que sim. – Respondeu com a voz anasalada.

- Eu disse que não era uma boa ideia entrar na fonte.

- Mas foi divertido. – Falou deitando-se no meu colo.

- Quer que eu faça um chá para você? – Perguntei enquanto acariciava seus cabelos molhados.

- Mais tarde. Agora eu só quero ficar assim com você. – Falou fungando o nariz enquanto se aconchegava no meu colo.

- Não vai levantar nem mesmo para a pizza?

- Ai é diferente Lety. – Falou tombando a cabeça para trás no intuito de me olhar. – Hoje foi muito divertido.

- Foi sim. Tirando é claro a parte da casa dos mais pais...

- Esquece disso, ok?

- Estou tentando. – Respondi em meio a um suspiro. Encostei a mão na testa de Fernando para tirar alguns fios que estavam lá e acabei me surpreendendo com a sua temperatura. – Você esta um pouco quente. Vou fazer um chá.

- Não precisa, logo melhora.

- É claro que precisa. – Respondi levantando-me delicadamente. Fernando saiu do meu colo e se recolheu no canto do sofá. – Já volto, fica quieto aqui.

Ele apenas assentiu e eu fui em direção à cozinha preparar o chá. Era uma antiga receita de família que a minha mãe havia me passado. Confesso que o gosto não era nada agradável, mas o resultado rápido sempre o compensava.

Assim que terminei levei até a sala onde Fernando permanecia concentrado na televisão, mas dessa vez com um cobertor embrulhando o seu corpo.

- Esta com frio?

- Um pouco. – Respondeu. Sentei-me ao seu lado e o entreguei a xícara de chá. Ele bebeu e fez não uma, mas sim várias caretas. – Jesus Lety! O que você colocou nisso? O gosto é horrível!

- Não seja exagerado Fernando!

- Não estou exagerando, isso é provavelmente a pior coisa que eu já bebi.

- Mas vai te fazer bem, então trate de beber tudo!

- Eu não consigo.

- Fernando! É claro que você consegue porque você não tem mais dez aninhos. Então engole isso logo.

Ele me olhou de cara amarrada e eu fiz o mesmo. Depois de um tempo ainda hesitante Fernando acabou tomando o chá de uma só vez. Ele me devolveu a xícara e eu a segurei enquanto o assistia tossir e fazer careta. Fernando era provavelmente uma das pessoas mais dramáticas a pisar nesse planeta. Levei a xícara para cozinha e me deitei novamente no sofá, enquanto fingia prestar atenção em um filme horrível de ação que ele havia escolhido para a gente assistir.

Logo a pizza chegou e com isso pude notar que uma gripe não era capaz de fazer com que o apetite de Fernando diminuísse. Eu sorria ao observa-lo comer, mas ao notar que ele estava ficando constrangido resolvi me conter.

- Esta se sentido melhor? – Perguntei alinhando-me em seus braços. Ainda estávamos no sofá, prontos para assistir ao terceiro filme do dia, o qual dessa vez seria um romance escolhido por mim.

- Sim. – Respondeu dando-me um beijo na testa. Acariciei os seus braços enquanto sentia o calor de nossos corpos ao estarem tão perto. O cheiro de Fernando me embriagava e eu estava prestando mais atenção nos traços do seu rosto do que no próprio filme. Logo percebi que seus olhos lutavam para não se fecharem, mas depois de um tempo ele cedeu e acabou dormindo.

- Não acredito. – Sussurrei. Pensei em acorda-lo, mas não tive coragem. Fernando tinha uma expressão tranquila e serena. Deveria estar cansado e junto com a chegada da gripe acabou desmontando. Sai dos seus braços e o cobri, mudando-me para o sofá ao lado. Agora sim eu não tinha alternativa a não ser ver o filme.  Estava começando a entender o que se passava na tela daquela televisão quando senti o meu telefone vibrar. Era uma ligação de Márcia.

- Alô. – Falei baixinho enquanto caminhava até o meu quarto para poder conversar sem acordar o Fernando.

- Oi! Liguei só para saber como foi na casa dos seus pais.

Suspirei contrariada sentando-me na cama.

- Foi um desastre. – Respondi.

- Sério?

- Sim! Meu pai deixou claro que odeia o Fernando. Ele agia como se ele não estivesse lá. Isso me irritou tanto que acabamos discutindo.

- E a sua mãe?

- Minha mãe fica calada, mas ela provavelmente deve concordar com o meu pai. Mesmo não sendo capaz de admitir isso.

- Que horrível Lety! Sei o quanto a aprovação deles é importante para você.

- Na verdade não é mais. Eu gosto do Fernando e quero ficar com ele. Ninguém conseguirá fazer com que eu mude de ideia. – Respondi com convicção enquanto brincava com uma caneta em cima do criado mudo.

- É assim que se fala. – Disse Márcia animada. – Você melhor do que ninguém sabe o que quer e o que precisa. Uma hora ou outra eles vão acabar aceitando esse relacionamento.

- E se não aceitarem, eu também não me importo.

- Quem é você e o que fez com a Letícia? – Brincou.

- É só que você e a Carol tinham razão. Eu preciso parar de tentar agradar a todo mundo e me preocupar com o que eles pensam de mim. A partir de hoje os meus focos principais serão as minhas vontades e a minha felicidade. E é por isso que eu tomei uma decisão.

- Qual?

- Vou dar o próximo passo com o Fernando.

- Você vai pedir ele em casamento?

- O que? Não Márcia! É claro que não! Você sabe o que eu quis dizer.

- Na verdade eu não sei não.

- Fazer aquilo.

- Aquilo o que Lety? – Perguntou ela realmente parecia não estar entendendo. – Oh! Agora entendi. Aleluia! – Comemorou. – Já sabe quando e como?

- O que você quer dizer com isso?

- Você esta esperando por isso a mais de seis anos Lety! Precisa ser épico.

- Épico? Mas o que eu faço para ser épico?

- Bom, eu tenho uma ideia. Consegue arrumar alguma desculpa para ele para a gente se encontrar agora?

- Não vai ser necessário. O Fernando esta dormindo.

- Dormindo? Mas não são nem oito horas da noite.

- Ele pegou um resfriado por causa da água gelada da fonte... Longa história.

- Tudo bem. Encontre-me em meia hora no shopping. Vou ligar para a Carolina ir também.

- O que vocês vão aprontar? – Perguntei preocupada.

- Não se preocupe. Você vai gostar das ideias. Eu prometo.

Duvidava muito, mas não quis contraria-la por isso apenas concordei e comecei a me arrumar para encontra-las.

...

- Vocês estão brincando não é? Qual o intuito de usar isso se não cobre nada? É da finura de uma fita. Serve só para amarrar o cabelo. – Falei enquanto segurava uma calcinha, ou melhor, um pedaço de pano que Márcia e Carolina insistiam para que comprasse.

- Então qual lingerie você quer usar? – Perguntou Márcia impaciente.

- Não sei! Uma normal de preferência.

- Essas não são anormais Lety, só são diferentes. – Disse Carolina.

- Eu não sei... O Fernando provavelmente vai rir se eu colocar uma dessas.

- Ele não rir. Ele vai amar! – Garantiu Márcia.

- Ainda assim, não faz meu estilo.

- Que tal essa? – Perguntou a vendedora que nos atendia. Dessa vez ela mostrou uma lingerie com um tamanho consideravelmente normal, porém bastante transparente.

- Esta menos mal que as outras. – Respondi sincera e pude ver Márcia e Carolina revirarem os olhos ao mesmo tempo.

- Você precisa levar algo!

- Tudo bem, tudo bem. Eu levo essa. – Falei pegando a peça das mãos da vendedora. Eu não tinha odiado, mas também não tinha amado. O real motivo de pegá-la é que eu queria sair daquele lugar e sabia muito bem que não conseguiria se não comprasse nada.

Carolina e Márcia sorriram satisfeitas e me acompanharam até o caixa dando dicas e falando coisas extremamente constrangedoras. A minha vontade era de enterrar a minha cara em um buraco ou sair correndo e fingir que não as conhecia.

Já estávamos no estacionamento do shopping e elas continuavam com as “dicas”.

- Eles amam isso. Você definitivamente deveria tentar. – Disse Márcia.

Eu apenas concordei enquanto entrava no meu carro, queria me livrar delas o mais rápido possível.

- Quando você chegar lá, você o acorda e parte para cima. – Falou Carolina. – Segunda você conta como foi.

- Só não pedimos para você falar amanhã porque você provavelmente vai ficar ocupada o dia todo. Tenta compensar esse seis anos, ok? – Márcia me deu um tapinha no ombro enquanto me olhava sorridente.

- Claro! – Respondi ironicamente, algo o qual as duas aparentemente não notaram.

- Agora vai logo e aproveita a noite menina! – Gritou. E eu, me apressei em acelerar o carro. Precisava sair o mais rápido possível.

...

Quando cheguei a minha casa Fernando ainda estava dormindo. Aproveitei a deixa e fui em direção ao banheiro colocar aquela lingerie estúpida. Coloquei a camisola mais “adulta” que eu tinha e fui acorda-lo. Mas travei ao perceber que eu não tinha ideia de como iniciaria aquilo.

O encarei nervosa e fui aproximando-me aos poucos. Parei ao seu lado e me abaixei sussurrando em seu ouvido.

- Fernando. – Chamei. E ele continuou imóvel. – Fernando. – Falei novamente o que o fez resmungar algo inaudível. – Fernando. – Tentei mais uma vez e prometi que aquela seria a ultima, se eu não obtivesse resposta adiaria aquele evento para amanhã.

- Oi. – Falou sonolento tentando abrir os olhos. Só então notei que ele não estava bem. Coloquei a mão na sua testa e percebi que ele ardia em febre. Estava muito mais gente do que antes.

- Como você se sente? – Perguntei apreensiva.

- Franco. – Respondeu.

Fui em direção ao meu quarto procurar pelo termômetro e assim que o encontrei o entreguei a Fernando. Quando apitou eu o puxei com certa brutalidade ansiosa para ver o “resultado”.

- Precisamos ir para o hospital agora. – Falei já desesperada. – Você esta com quase quarenta graus de febre.

Dessa vez Fernando não hesitou e apenas assentiu levantando-se com certa dificuldade daquele sofá.

 



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