História Fuja comigo - Capítulo Único

Baekhyun era frágil.

Seus braços não suportavam seu próprio peso, aquele que lhe era imposto a cada dia. E suas pernas não eram resistentes o suficiente para lidar com todos os problemas que deveriam ser acatados em silêncio.

Seu psicológico era fraco demais, não conseguiria lidar com ofensas e críticas como os outros. 

Fingir que estava tudo bem não era uma opção.

Por isso precisava de Sehun, para ser seu porto seguro todas às vezes em que precisava se esconder de seu pai, que o procurava furioso por uma ação qualquer do Byun.

Porque Baekhyun era alguém puro, que não merecia sofrer nas mãos já manchadas do sangue de sua progenitora. Ele quem viu tudo acontecer, seu pai bêbado, os gritos de sua mãe, o desmaio de seu irmão mais velho e o fim.

Ele era apenas um criança assustada, que pouco sabia da vida e que era como uma brinquedo para esta: vivia a usá-lo para depois o jogar à escória. Ele só gostaria de ser acolhido e abraçado enquanto, aos sussurros, fechava os olhos para dormir.

Sehun se apaixonou por aquele menino frágil assim que o vira tão cabisbaixo e sozinho. Seus cabelos dançavam contra o vento naquele dia, abraçava as próprias pernas e tinha as bochechas coladas ao joelho, permitindo assim que Oh visse as poucas lágrimas que lhe escorriam na face. Ele parecia tão indefeso, tão necessitado de seus cuidados. Sehun não negou essa “indicação” do destino. Baekhyun parecia acanhado no começo, tinha medo que Sehun o ferisse, tanto fisicamente quanto com palavras rudes.

Mas Sehun mostrou-se diferente de tudo aquilo que poderia imaginar.

Ele quem o recebia de madrugada, quando o Byun mais velho chegava em casa tendo sua consciência não sendo a mais plena, procurando a si e pronto para fazer Deus sabe o que. Nessas horas, Baekhyun vestia seu casaco e fugia pela porta dos fundos, deixando um bilhete sob os lençóis; avisando a Beom que estava vivo.

Sehun parecia se declarar a cada vez que o via ferido, o implorando para que viesse consigo. Em algumas vezes, Baekhyun não era capaz de fugir a tempo, sendo então alvo daquele que sequer poderia ser chamado de pai. Isso o feria.

Baekhyun estava cansado de lutar contra a maré, de ver que a cada vez que conseguia deitar a cabeça em seu travesseiro era uma conquista. Ele só queria viver tranquilamente junto de quem amava, sem se preocupar com o outro dia e o que o aguardava. Então ele aceitou a proposta de seu namorado.

Sehun estava deitado ao seu lado, no colchão desgastado pelo tempo que aquele flat possuía. Seu braço servia como travesseiro para o pequeno Byun que, ao contrário do mais velho, pensava e concluía que aquela era uma oportunidade única de sair vivo.

“Hunnie, eu aceito. Eu quero fugir com você.”

Afirmou com convicção. E apesar de sonolento, Sehun dera um enorme sorriso, deixando o rostinho de seu amante colado ao seu peito, beijando o topo de sua cabeça.

“Você não irá se arrepender, eu prometo.”

Fora algo realmente difícil sair de casa, não pelo fato de ser apegado a algo, ou porque seu pai tentaria o impedir. Pelo contrário, ele estava feliz e seu pai pareceu não se importar quando passou pela sala de malas prontas, dando um último abraço em Beom, pronto para ter enfim sua liberdade. E quando o mais velho naquele cômodo levantou-se para, talvez, tentar impedí-lo de ir e então perder seu saco de pancadas, um Sehun determinado apareceu na porta, acertando um soco certeiro naquele que um dia fizera seu pequeno chorar.

E Baekhyun sentiu que deveria ter feito isso antes, porque era a melhor sensação do mundo estar liberto da corrente imaginária que lhe puxava contra aquela casa.

Mas, agora, ele era livre para viver como bem quisesse.