História Full Moon - Bem vinda a China

-Mãe eu vou ficar bem- Disse pela milionésima vez enquanto minha mãe me abraçava de cinco em cinco minutos, até parecia que eu estava indo pra China pra sempre. Era minha primeira viagem internacional sozinha, e minha mãe estava muito mais nervosa do que eu, na verdade eu estava bem tranquila, eu provavelmente iria dormir o voo todo antes de chegar em Shanghai. Na verdade eu sabia que o motivo na minha mãe estar tão preocupada comigo, não era só porque eu iria pra China sozinha, mas sim preocupada de como eu iria ser tratada por lá. Meus pais se separam faz quatro anos, e por causa do trabalho do meu pai na embaixada Chinesa, ele acabou se mudando pra lá e estava prestes a se casar novamente. Eu não via ele já iria fazer um ano, conversávamos pelo Line toda semana, mas ele andava tão cheio de trabalho que eu fiquei com medo de atrapalhar e acabar sendo um fardo pra ele, isso fez a gente conversa bem menos. Mas no mês passado ele me fez o convite para mim ir nas minhas férias do colégio para China, que ele iria se casar novamente e que gostaria muito de ter sua única filha presente. Eu achei bacana, e nunca tive tanta vontade de ir pra China depois desse convite, era como se tivéssemos reforçando os nossos laços de pai e filha novamente.

Peguei o avião de madrugada no Brasil, e como planejado dormir a viagem toda, afinal, eram 30 horas de voo. O bom que eu conseguiria me adaptar ao horário dormindo de dia, acordei apenas na hora das refeições e aproveitava para escutava um pouco de música nos fones de ouvido, eu me sentia sortuda por não ter ninguém sentado do meu lado. 
Você sai do seu país em um dia frio e chega na China com um calor de quase 40 graus. Já saí do avião tirando meu moletom e amarrando na cintura, meu Deus até parece que eu estava no Rio de Janeiro, mas era o aeroporto de Shanghai, o imenso aeroporto de Shanghai.
Provavelmente ao sair do avião eu já imaginava que iria me perder. Segui para aérea de desembarque vendo minhas últimas mensagens do meu celular, era meu pai se desculpando por não poder ir me buscar no aeroporto, e que estava mandando alguém. Isso me deu um pouco de chateação, e até medo, como se foi previsto pela minha mãe, meu pai era bem possível me deixar de lado nesse mês programado para minha férias em Shanghai. Agora quem estava insegura era eu.

Olhei ao redor na área de desembarque quando eu encontro alguém com um nome familiar escrito em um pedaço de folha, era o meu. Camila.
Um garoto chinês muito alto usava boné mal dando pra ver o rosto dele mas aparentemente ele estava entediado de ter que me esperar, acho que ele nem percebeu que era meu voo que tinha chegado. Me aproximei dele, afinal no papel que ele levava estava escrito o meu nome. Depois eu fiquei pensando como se fala Oi em Chinês, mas acabei falando em português mesmo.
-Oi...
O garoto me olhou intrigado depois pegou seu celular pra verificar uma imagem, e depois virou o celular pra mim mostrando uma foto horrorosa minha de 4 anos atrás.
-Aii minha nossa, onde você arrumou essa foto minha? Perguntei morrendo de vergonha.
-Acho que seu pai não faz ideia que você já cresceu um pouco.
Meus Deus, essa cara era bonito e falava português muito bem, mas com um leve sotaque. Eu já fazia ideia que eu já estava vermelha, me abanei pra pra disfarçar que era por causa do calor.
-Sim um pouco...
-Seu pai pediu pra mim vir te buscar.- Respondeu ele normalmente guardando seu celular em seu bolso do Jeans.
-Sim ele disse que alguém viria...
-Sou Tao, seu futuro irmão.

[Irmão? Ok isso me pegou de surpresa]

Irmão? Ok isso me pegou de surpresa. Olhei pra ele tentando entender essa historia de irmão. Ele sorriu sem olhar pra mim ao perceber que eu fiquei confusa.
-Sim, sou filho da noiva do seu pai, me ofereci pra vir te buscar, eles estão montando o casamento pro fim de semana na mansão e eu precisava sair um pouco.
Ele fez um gesto se poderia carregar minha mala, não menti, ela estava pesada deixei ele levar.
-Você fala português muito bem Tao- Tive que reconhecer.
-Morei alguns anos no Brasil, não esqueci a língua, e também falo português com seu pai, ele também sente falta do seu país.
-Ah isso é legal...
Pra falar com Tao eu tinha muito que olhar pra cima, e olha que eu já me achava meio alta, mas ele era enorme e gostava de falar comigo olhando nos olhos, isso era meio intimidador, eu realmente achava que os asiáticos eram mais na deles, mas Tao era diferente...
Descemos no estacionamento onde eu olhava para todos os lados, a China era bem estruturada, pelo menos onde nós estavamos, muita gente, carros por todo lado e lindas construções me peguei sorrindo igual idiota ate perceber que eu estava fazendo isso, porque Tao ficou me olhando.

[Descemos no estacionamento onde eu olhava para todos os lados, a China era bem estruturada, pelo menos onde nós estavamos, muita gente, carros por todo lado e lindas construções me peguei sorrindo igual idiota ate perceber que eu estava fazendo is...]

-Aqui é bonito...
-Espera ate chegar na mansão.
Mansão? Eu espero muito que ele estava confundindo mansão com casa grande.
Durante o caminho eu fiquei maravilhada por causa da cidade bem construída e linda, parecia mesmo que estava em outro mundo. Tao se divertia em me ver maravilhada, perdi a conta toda vez que eu dizia UAU! Eu não tinha a menor ideia de quantos anos Tao tinha pra já poder dirigir, mas eu jurava que ele poderia ter a minha idade.
Quando chegamos em um condomínio fechado na parte superior da cidade onde eu podia ver quase a cidade toda de lá de cima, percebi que quando Tao falou de mansão, era porque realmente estava falando de uma mansão. Eu tinha uma ideia que meu pai tinha um bom emprego, sempre me mandava uma boa mesada, eu só não imaginei que era tanto. Eu não precisei dizer nada quando sai do carro e fixei meus olhos na mansão, Tao começou a me explicar.
-Seu pai é bem importante aqui no pais, ele comanda toda a embaixada brasileira da China, como tem muitas imigrações pro Brasil... ele faz uma bom trabalho.
-To vendo.

[Tao tirou minhas malas do porta malas e as carregou até pra dentro da mansão, o lugar era muito bonito, mas exageradamente grande, dai Tao me explicou que a casa deveria ser grande mesmo, por causa do cargo do meu pai, ele tinha que ter uma resis...]

Tao tirou minhas malas do porta malas e as carregou até pra dentro da mansão, o lugar era muito bonito, mas exageradamente grande, dai Tao me explicou que a casa deveria ser grande mesmo, por causa do cargo do meu pai, ele tinha que ter uma resistência grande para reuniões do concelho, e ate festas de arrecadações que os ricos da ilha faziam e jantares particular para ate 100 pessoas.
-Onde meu pai esta agora?
-Provavelmente ainda na sala de reunião, quer ir lá?
-Não quero atrapalhar.
-Você é filha dele,vamos lá, deixe sua malas no hall que alguém vai levar pro seu quarto.
Quando percebi Tao estava pegando na minha mão pra me direcionar onde eu tinha que ir, isso foi esquisito, Tao me deixava tímida pra caramba.

Paramos em frente a sala de reuniões, Tao abriu sem bater, esse menino era louco. Tao entrou sozinho, eu dei um passo pra trás quando vi que a sala estava cheia de homens bem vestidos em reunião. Eu estava nervosa, fiquei torcendo de repente pra tudo isso ser um engano. ate meu pai sair pela porta, a voz dele me confortou.
-Mila...
Não pude me conter, meu nervosismo quase virou lágrimas, quando meu pai veio me abraçar, era ele mesmo, um pouco mais grisalho do que da última vez, mas era ele.
-Me desculpe filha por não ter ido te buscar.
-Tudo bem eu já estou aqui...
-Você fez uma boa viagem?
-Sim, foi tudo bem.
Ele me soltou para me olhar melhor.
-Estou muito feliz que você veio filha, sua mãe esta bem?
-Sim esta tudo bem.
Saímos do corredor conversando ele me abraçando pelos ombros, era muito bom ver ele depois de tanto tempo. A China agora não parecia mais assustadora.