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História FullHeart - No calor dos meus braços


Escrita por: ksnrs

Notas do Autor


Fairy Tail não me pertence e seus personagens também não.
O intuito dessa fanfic é totalmente interativo e sem fins lucrativos.
Por isso, não me processem, por favor. Não tenho como pagar uma fiança e da cadeia não dá pra postar.

Acho que eu cansei de GrayLu. Vou mudar pra NaLu.
Jamaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaais!

Mais fácil eu fazer um com o Loke do que com Natsu!
Mas eu vou dar uma judiada, aí!

Boa leitura!

Capítulo 19 - No calor dos meus braços


Um namoro que começou do jeito mais estranho possível. Não foi só atração física, ao contrário. Foi atração racional. Que virou física. Que virou paixão. Que virou desejo. Que virou amor. Que era recheado de carinho e romance. Uma gracinha de casal. Todo mundo falava. Tão jovens, tão dedicados, tão apaixonados um pelo outro. E assim passaram os primeiros meses de namoro. Seguiram juntos pelas missões, se curtindo, se conhecendo e voltando pra casa cada vez mais loucos de tesão. Aos poucos, aqueles fantasmas foram sumindo. Gray foi apagando as palavras de Natsu da mente. Sabia que elas existiam, mas preferiu confiar no seu relacionamento com Lucy. E fez bem. Fez muito bem. Tudo se ajeitou. Tudo se normalizou e a amizade era “quase” normal de novo. “Quase”, porque o que foi dito não dá pra ser des-dito.

Descobriram juntos como era conviver em um monte de aspectos. E agora, estavam vivendo mais uma experiência nova. Sempre que a estação mudava em Magnólia e o inverno aparecia, na primeira semana Lucy ficava doente. Todo ano. Todo bendito ano. Era até normal. Esperado. Das outras vezes, Gray até via ela amuadinha, mas não fazia nada, até porque achava que era função de Natsu cuidar dela, já que acreditava que os dois tinham algum tipo de relacionamento. Mas não esse ano. Esse ano, ele estava o mais feliz em cuidar da sua hime toda doentinha, embrulhada nas cobertas.

- Você tá tão bonitinha com esse nariz vermelho, Lucy. – e ele achava mesmo.

Ela revirou os olhos. Duvidou que pudesse ser verdade.

- Não acredito em você. – disse com a voz anasalada.

Gray quase morreu, achando uma fofura. Parecia um pacotinho de Lucy, deitada na cama. Ele estava na cozinha, arrumando alguma coisa pra comerem de café. Voltou pra ela com umas torradas e uma caneca de chá.

- Toma, você precisa comer alguma coisa. – foi firme. Ela resmungou. Não tinha vontade de comer nada. Ele não quis saber. – O chá pelo menos, amor.

Lucy era do tipo de adulto que, quando fica doente, é pior do que criança. Não come, faz manha, resmunga. E ele estava ali, todo solícito, ajudando, cuidando, dando banho. Adorando essa melação toda. Com custo e fazendo careta, ela aceitou tomar o chá. Se sentou na cama e pegou a caneca da mão dele. No primeiro gole, deu um espirro. Se descabelou toda. Levantou os olhos lacrimejando pra ele, que abriu o sorriso mais lindo de todos.

- Você quer ir embora correndo? – ela perguntou fazendo manha.

- Nunca. – respondeu mansinho, dando um beijo na cabeça dela. – Mas é sério, Lucy. Você não tá comendo nada. Eu tô preocupado. Você quer que eu compre alguma coisa?

Só viu uma careta. Parecia que ele tava oferecendo lixo.

- Não tô com fome, amor... – fez manha de novo.

- O que você comia, quando ficava doente das outras vezes? – não queria ter feito essa pergunta. Mas Gray realmente não lembrava. Já tinha tentado buscar na memória mas, das outras vezes, sempre se mantinha afastado o bastante pra nem saber de que modo ela se recuperava.

- Sopa da Mira. – lógico. Sopa da Mira.

Gray ainda tentou empurrar uma torrada, mas ela devolveu. Ele comeu. Enfiou a torrada na boca e foi se levantando, indo até o armário pra trocar de roupa.

- Onde você vai? – Lucy perguntou confusa.

- Na guilda. Vou pedir pra Mira fazer sopa, ué. – ele respondeu como se fosse óbvio.

Lucy foi se levantando também. Meio tropeçando, se livrando das cobertas, com um pijama muito grande pros padrões de roupa que ela usava.

- Também vou. – falou com a vozinha anasalada. Ele só deu uma olhada, desconfiado daquilo. – Eu não quero mais ficar aqui.

- Você tem certeza? Não tá aguentando levantar pra pegar um copo de água...

Ela deu uma risadinha.

- Eu tô sim. Só não levanto porque é mais gostoso quando você traz. – e fez uma carinha de sacana.

A gargalhada de Gray foi tão alta, que dava pra ouvir da rua. Já ia falar um monte, que ela não tava doente nada, quando viu um acesso de espirros, que a deixou descabelada de novo. Estava doente sim. Espirro não dá pra fingir.

- Então vamos. – resmungou rindo do nariz vermelho.

Lucy se encheu de roupa. Calça comprida, bota, casaco. Penteou os cabelos e torceu pra não espirrar mais nenhuma vez. Voltou pra ele e ainda fez um charme.

- Tô bonita? – cheinha de roupa.

- A mais linda de todas. – pra ele era mesmo.

Saíram do apartamento e foi instantâneo que Lucy buscasse conforto nos braços de Gray. Ele não estava sentindo todo esse frio, mas isso, pra ele, era meio difícil de medir. Entendeu que ela não estivesse se sentindo bem e muito disso era por causa do resfriado, então aconchegou sua hime em um abraço quentinho e seguiram juntos, agarradinhos, até chegar na guilda. Já fazia dois dias que não apareciam por lá e era quase uma eternidade, se levassem em conta que era o lugar pra onde iam todo dia e onde ficavam o dia todo.

Quando chegaram, a atmosfera era aquela acolhedora de sempre. Tirando o fato de que o frio tinha aberto espaço pras famosas sopas da Mira, que era o que tinham ido buscar. Só de entrar lá, Lucy já se sentiu melhor. Mas, ainda assim, continuou dentro daquele abraço gostoso. Chegaram grudadinhos no balcão e não foi preciso falar nada. Ao olhar Lucy, Mira já voltou com a tigela cheia do caldo fumegante.

- Demorou pra aparecer, hein? – disse com o seu sorriso gentil.

Gray já estava esperando ela refugar, como tinha feito com absolutamente tudo o que ele tinha oferecido, mas, como mágica, dessa vez isso não aconteceu. Lucy sentou no banco alto e começou a comer. A cada colherada, ia engolindo com mais voracidade. Estava com fome, afinal. Não comia direito há alguns dias. E ele, sentiu o coração se acalmar.

- Nossa, Mira... Ainda bem. – Gray disse com um tom de alívio. – Eu não tô conseguindo fazer a Lucy comer nada.

Ela chegou perto dele e os dois ficaram olhando Lucy devorar a sopa.

- Ela só come isso quando tá doente. Você não sabia? – perguntou de modo despretensioso. Gray balançou a cabeça. Não, não sabia. E se odiava por não saber. Mesmo que Lucy fosse alguma coisa do Natsu, não custava ele ter chegado mais perto quando a via doente. Até porque, isso sempre o deixou mal. Vê-la se sentir mal, o deixava mal.

- Eu não sabia mais o que fazer. Tava até pensando em levar ela no médico... – disse aflito, olhando pra Mira, que franziu o rosto, desdenhosa.

- Não precisa. Daqui há pouco a Lucy melhora. É sempre assim. Agora ela come e você vai ver que mais tarde já vai estar bem melhor. – falou tranquila e saiu de encontro à Lucy. – Mais? – ela concordou com a cabeça. Se virou pra Gray.

- Acho que eu tô com fome, sim. – disse sorrindo. Ele se desmanchou.

Sorriu de volta e ficou ali, observando ela comer, agora menos desesperada, a segunda tigela de sopa. Pensou em como estava conectado à Lucy. Tava se sentindo tão bem, ao vê-la assim, melhor. Era tão louco por ela, em todos os sentidos. Tinha um desejo inumano pela Lucy sedutora, tinha um amor transcendental pela Lucy carinhosa e tinha uma necessidade de proteger essa Lucy vulnerável, que só o fazia concluir uma coisa: vivia pra estar com ela. Queria estar ao seu lado, provendo as suas necessidades. Fosse um orgasmo, fosse um abraço, fosse uma tigela de sopa.

- Gray e Lucy, que bom que estão aqui. – ele não viu Erza se aproximar. Quando a olhou, viu a Titânia encarar Lucy com olhos desanimados. – Tá doente? – ela balançou a cabeça, concordando. – Ah...

- O que foi? – Gray perguntou confuso.

- Eu ia pedir a ajuda de vocês, mas a Lucy tá doente. - disse de modo desanimado.

- Ajuda pra quê? Missão? – Lucy perguntou com a voz anasalada.

Erza a olhou imediatamente.

- Coisa simples. É que eu preciso de alguém pra distrair os cretinos. Meia dúzia de bandido bobo. Aqui mesmo, em Magnólia. A base deles é na floresta e eu precisava de alguém que me cobrisse. – disse animada, procurando uma brecha. – O Natsu não tá. Aí eu vi vocês aqui e... – foi interrompida.

- Vai você, Gray. – Lucy disse firme.

Ele a olhou desanimado.

- E você vai ficar aqui sozinha? – perguntou sem a mínima vontade de sair e deixa-la lá.

- Pode ir. Eu fico aqui te esperando. – olhou pra Erza. – É rápido não é?

A Titânia balançou a cabeça rapidinho, concordando.

- No fim da tarde, no máximo. E eu racho a recompensa meio a meio com você. – falou direto pra Gray. Ele olhou pra Lucy.

- Você tem certeza? – ainda não tava animado com isso.

- Absoluta. – disse rindo, vendo ele se aproximar. – Aluguel, amor. Não se esqueça que agora você paga aluguel.

Ele deu uma risada alta. Tinha isso. Tinha voltado a pagar aluguel. Chegou pertinho de Lucy e deu um beijinho nela.

- Então tá. Qualquer coisa, você pede ajuda pra Mira, tá? – falou todo bonzinho. Lucy concordou com a cabeça e ainda roubou mais um beijinho. Deu um suspiro alto, vendo ele sair pela porta da guilda ao lado de Erza.

Mas Lucy não ficou bem. Tá certo que ela se sentiu maravilhosamente melhor, depois de comer duas pratadas da sopa mágica de Mirajane. Mas uma gripe, acima de tudo, precisa de repouso e hidratação e, conforme o dia foi passando, ela foi sentindo o corpo dolorido de novo, uma dorzinha de cabeça, uma indisposição. Logo já tava debruçada em cima do balcão, deitada sobre os braços, com a carinha mais desanimada de todas.

E isso chamou a atenção de alguém que retornava de uma missão. Alguém que também conhecia esse “hábito” de Lucy de ficar doente. Natsu se reportou à Mira, sobre o relatório final e foi ver a amiga, que só lhe devolveu um sorrisinho manhoso.

- Que foi, Luce? – perguntou já sabendo a resposta.

- Ela tá doente, Natsu. Você não tá vendo? – Happy disse o óbvio e Lucy concordou.

Mira chegou até eles. Estava levemente preocupada com aquele jeitinho cansado dela.

- Era melhor você ir pra casa, Lucy. O Gray vai demorar? – perguntou com o tom solícito.

- Acho que não. Mas eu vou sozinha. Você avisa ele, quando chegar, que eu já fui? – disse e foi se levantando. Só que o corpo cambaleou e teve que ser amparada.

- Ela está quente igual a você, Natsu. – Happy disse ao colocar as patinhas nela. Ele não saberia confirmar, do mesmo modo que Gray não confirmaria o frio intenso de Lucy, mas Mira sim. E deu o aval.

- Está com febre. É melhor ir mesmo pra casa. – olhou de um lado pra outro. – Onde está a Kinana? Espera só ela chegar, que eu vou com você... – foi interrompida.

- Eu levo a Luce, Mira. – e isso não teria nada demais. Nada demais. Tanto que Mira achou uma excelente ideia. Concordaram com a cabeça e seguiram, os três, direto pro apartamento dela, que agora também era do Gray.

Lá, ela se jogou direto na cama. Realmente, não estava se sentindo bem e deitar foi uma ótima ideia. Se embrulhou de novo nas cobertas, como estava de manhã. Só que o frio não diminuía de jeito nenhum. Chegava a tremer, sob aquele monte de camadas de edredom e, pela primeira vez, Natsu também se preocupou. Das outras vezes, via Lucy doente e fazia o básico. Mas, dessa vez, ele também quis cuidar dela. Viu que ela estava com frio e sabia que tinha como ajudar. Deu um passo em direção à ela e foi parado pela consciência azul e voadora que insistia em lhe frear quando queria fazer merda.

- Não faz isso. – Happy avisou.

- Ela tá com frio. – disse, olhando Lucy tremer sob as cobertas.

Happy deu um suspiro. Se fosse só pra ajudar com o frio, não teria problema nenhum. Mas ele tinha a absoluta certeza, de que isso ia gerar uma reação em cadeia maluca que podia terminar com Natsu, de novo, naquela depressão, bêbado, brigando com Gray.

- Você tem certeza? – e esperou que ele tivesse com a cabeça no lugar.

Natsu ainda olhava pra Lucy, sem piscar.

- Ela é minha amiga, Happy. Eu quero ajudar. – disse caminhando até ela.

Pulou, passando por cima de Lucy e se deitou no lado oposto ao que ela estava. Sentia o cheiro de Gray impregnado no edredom, no travesseiro, no lençol e até nela. Não se ligou nisso. Lucy levantou os olhos e o viu. Quando ia falar alguma coisa, ele a trouxe pra um abraço quente e foi inegável o quanto o abraço de Natsu era confortável naquele momento em que sentia tanto frio. Lucy relaxou. Sentiu cada músculo rígido do seu corpo se soltando e deu um suspiro tranquilo, quase de alívio. Se ajeitou dentro dos braços de Natsu e se permitiu ficar ali, naquele quentinho, nem que fosse um minutinho só. Adormeceu, é claro. E fez isso sorrindo.

Ele, ao ver que ele tinha caído no sono, não resistiu à fazer um carinho. Com um braço, amparava Lucy, mantendo-a encostada em seu corpo quente com a mão em suas costas e, com a outra mão, ficou brincando com o seu cabelo. Tão loiro. Tão cheiroso. Parecia o sol, quando batia nas flores de manhã. Brilhava bonito e cheirava tão bem... Viu que ela estava sorrindo e ficou extremamente satisfeito. Desde a missão em que tinha visto ela e Gray abraçados e dormindo, quis demais que Lucy dormisse sorrindo abraçada com ele. Sorriu também. Em silêncio, sorriu e fez carinho.

Happy se aproximou devagar.

- Natsu, a Lucy já dormiu. Vamos embora. – falou baixinho, vendo o amigo encará-la com um sorriso perigoso nos lábios. Não perigoso de assustador. Perigoso porque era carinhoso demais. Apaixonado demais. Ele não respondeu. Durante um tempo bem grande, ele não respondeu. – Natsu...

- Pode ir, Happy. Depois eu te encontro. – ele respondeu firme.

Não sairia dali. Não mesmo.

- Então eu fico aqui com vocês... – disse, se sentando no pé da cama, mas Natsu tinha outros planos.

- Happy. – e olhou pra ele. – Pode ir.

O sensato gato voador não queria sair. Mas confiou no bom senso do amigo.

- Aye, sir. – disse do modo mais desanimado de todos e saiu.

E Natsu ficou ali. Se deitou mais, ficando mais ajeitado, e com o rosto praticamente colado ao de Lucy. Sentia a respiração pesada dela se misturar à dele mas, ainda assim, ela parecia dormir tranquila. Mantinha aquele mesmo sorriso pequeno. O dele foi diminuindo. Quando se deitou, tinha um sorriso razoável, feliz por estar ali, mas quando ficou tão perto do rosto de Lucy, uma ideia tentadora começou a povoar sua mente. Tentadora e arriscada. Tentadora, arriscada e perigosa. Tentadora, arriscada, perigosa e impossível de não ser colocada em prática. E quanto mais pensava nisso, menos sorria e mais deixava os olhos correrem pela beleza de Lucy. Aquela mão que ainda acariciava seus cabelos, desceu pro seu rosto e, com uma delicadeza que Natsu nem sabia que tinha, percorreu com a ponta dos dedos, cada pedaço daquela pele tão branca. Tinha a leveza de uma pluma, já que não queria que ela acordasse. Ela não podia acordar. Se acordasse e o visse ali, daquele jeito, seria uma situação constrangedora demais e colocaria a amizade de todos em risco e isso, acima de tudo, era algo que ele queria manter. Só que não estava conseguindo se controlar. Com Lucy ali, tão linda, tão calma, tão entregue, era quase como se fosse... dele.

Com a mesma delicadeza que teve ao acaricia-la com a ponta do dedo, ele se aproximou. Manteve os olhos abertos, deixando as suas duas ônix atentas pra ver se ela se mexia ou abria os olhos. Um beijo. Só isso. Não precisava nem ser correspondido. Não precisava de língua, de nada. Natsu só queria sentir a textura dos lábios de Lucy. E essa era a oportunidade perfeita. Com os olhos atentos, ele juntou as bocas. E o plano de ficar de olhos abertos acabou nesse instante. Assim que encostou os lábios nos dela, sentiu o corpo adormecer. Era um plano idiota, tava na cara que ia ser bom demais pra conseguir se controlar. Se afastou assustado e arregalou os olhos, com medo de Lucy ter percebido. Não tinha. Ela só aumentou o sorriso.

E ele achou que pudesse ser um passe livre. Ainda meio ressabiado, tentou de novo. Mais uma vez, foi com os olhos abertos, mas, de novo, não conseguiu mantê-los por muito tempo. Principalmente, porque dessa vez, ela retribuiu levemente, abrindo a boca devagar. Se afastou de novo, mas dessa vez não tava assustado. Tava ansioso. Se ela retribuiu, podia ser que quisesse. E, na mesma velocidade que viu as esperanças acenderem em seu coração, viu elas serem apagadas.

- Gray, me deixa dormir só mais um pouquinho... – Lucy murmurou sonolenta, quase inaudível. Mas não pra um Dragon Slayer. Pra um Dragon Slayer, que tem a audição privilegiada, aquilo foi quase um grito.

Natsu respirou fundo e sentiu Lucy se ajeitar em seu corpo, o abraçando com carinho. Mas sabia que ela não estava o abraçando. Ela, em seus sonhos, abraçava Gray. Deu um último sorriso, amargo e triste, e a abraçou de volta. Deitou a cabeça no travesseiro do amigo, que era o máximo que teria dele naquele dia e acabou adormecendo, tendo Lucy em seus braços. Acordou um tempo depois, com ela se afastando, ainda dormindo, e empurrando as cobertas. Deduziu que o frio tinha acabado e entendeu que já tinha passado da hora de ele ir embora. Saiu daquele apartamento, não suportando mais o cheiro de Gray que tinha se impregnado em suas roupas.

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Lucy foi abrindo os olhos devagar, ganhando vários beijos espalhados pelo rosto.

- Acorda, preguiçosa. – e viu o sorriso bonito do namorado, sentado ao seu lado na cama. Deu uma espreguiçada gostosa e se sentou, pra ganhar mais um ou dois beijos. Ele deu, claro.

- Chegou agora? – perguntou, esfregando os olhos.

- Cheguei. Passei na guilda pra te pegar, a Mira falou que você piorou. Vim correndo pra casa. – Gray respondeu em tom de preocupação, procurando, com olhos analíticos, se tinha algum indício de ela ter piorado. Não parecia. Pelo contrário.

- Acho que eu precisava dormir. – Lucy disse tranquila. – Tô me sentindo bem melhor. – e se levantou, constatando o que tinha dito. Mas pensou em algo que achou bom dizer. Virou pra ele, preocupada. – Gray, quem veio comigo foi o...

- Natsu. – ele a interrompeu. – É, eu tô sabendo. – disse, contrariado. – Ele ficou aqui com você?

Lucy pensou um pouco. Podia mentir. Mas achou melhor não fazer isso.

- Ficou. – disse vacilante, olhando pra baixo. Gray deu uma engolida. – Eu tava com muito frio e ele me esquentou...

O sangue ferveu. Mas por fora, a calma era de um mago de gelo.

- Te esquentou? – perguntou entre os dentes.

- Ele é quente. – disse, como se fosse óbvio. – Quente sabe, fogo, dragão, essas coisas... Ficou aqui até eu dormir e foi embora. – Lucy respondeu agitada e rezou pra que o namorado não brigasse.

Ele tava tentando não brigar.

- E ele te esquentou como, Lucy? – o tom tava meio alterado. Nesse momento, Gray torcia pra ela responder que Natsu tinha soprado chamas nela, mas pelo olhar... – Te abraçou. Ficou abraçadinho com você. Aqui. Na minha casa. – ela correu, sem querer, os olhos pra cama. – Na minha cama?! Porra, Lucy! – aí ele descontrolou.

- Não briga comigo! – ela gritou, choramingando.

Gray tava muito nervoso. Por mais que as coisas entre os três tivessem acalmado, em nenhum momento Natsu tinha dito que os sentimentos dele por Lucy tinham mudado e isso era uma sombra que pairava na cabeça dos dois o tempo inteiro. Não teve como Gray não pensar que ele aproveitou a oportunidade pra se aproximar. Lucy não sabia da última conversa entre os dois. Pra ela, estava tudo resolvido, mas não era nenhuma boba. Percebeu que tinha alguma tensão entre eles e preferiu ficar na dela, segurando a onda pro lado do namorado. Mas hoje, a culpa não tinha sido dela mesmo. Isso, porque nem imaginava o que tinha acontecido, sobre os dois beijos e tudo mais.

Foi até ela.

- Eu não devia ter saído. Desculpa, hime. – falou mansinho, a abraçando. – A culpa é minha de ter te deixado sozinha... – apoiou o queixo no topo de sua cabeça, tentando se convencer de que não tinha sido nada demais.

Lucy se abraçou à ele.

- Gray... eu não quero ficar com o Natsu. Não precisa ficar assim a cada vez que ele chega perto de mim. – falou baixinho, encostada no peito dele.

Ele ponderou. Sabia que ela não queria. Mas também sabia, que ele queria ficar com ela.

- Eu sei, linda. Desculpa... Eu vou me controlar, prometo. – uma promessa falsa. Mas que ele ia tentar cumprir. – Como você está? – perguntou se afastando, olhando pra ela, que sorriu.

- Melhor. – disse com um sorrisinho manso.

- E o que quer fazer? – aí a malícia imperou. Deu trégua dois dias, porque era um beijo e um espirro. Mas já fazia uma meia hora que estavam conversando e não tinha tido nenhuma interrupção pra espirrar.

Lucy entendeu onde ele queria chegar. Aliás, ele sempre queria chegar no mesmo lugar. Fez um charminho, rolando os olhos e indo em direção ao banheiro.

- Bom... eu vou tomar um banho de banheira. Se alguém quiser ir comigo...

Não precisou falar duas vezes. Gray já foi a agarrando pelas costas, arrancando risos, gritinhos e pulinhos.

- Essa é a minha, hime. Vamo ver esse banho, aí. – e foi empurrando Lucy pro banheiro.

------

Natsu já estava em casa. Tinha chegado arrasado, mas depois de um tempo, se convenceu de que era melhor assim. Aliás, era o que vinha fazendo desde que Lucy e Gray começaram a namorar: se convencia de que era melhor assim.

Andava de um lado pro outro, conversando com Happy e cantarolando alguma coisa que tinha se enfiado em sua cabeça e não saía mais. Até o amigo voador não aguentar de curiosidade.

- Por que você tá cantando isso? – Happy perguntou maliciando.

Natsu não entendeu. Na verdade, não sabia nem que música era, só ficava murmurando o ritmo.

- Não sei! – e enfiou as mãos nos cabelos, como se fosse arrancar. – Tá na minha cabeça! Que droga é essa, Happy?

Ele caiu na gargalhada.

- É daquele Vince, que a Lucy gosta. – disse rindo, sem parar.

Ao ouvir isso, Natsu deu uma vacilada. Balançou a cabeça, tentando arrancar qualquer pensamento errado dali e as lembranças dos beijos e das palavras dela. Tentou voltar pra música.

- Qual? – perguntou nem ter interesse. Só queria parar de pensar nela.

Happy saiu voando rápido. Mexeu daqui, mexeu de lá e colocou uma música pra reproduzir. Natsu estranhou.

- Desde quando a gente tem as músicas desse cara, Happy? – perguntou confuso.

- Desde que a Lucy deixou aqui uma vez. – e de novo, a cabeça dele correu direto pra ela abraçada com ele e sorrindo. Respirou fundo e deu a ordem.

- Põe pra tocar!

- Aye, sir!

Quando a música começou, os olhos de ônix se arregalaram. Era brincadeira. Só podia ser uma brincadeira.


"Ela dormiu no calor dos meus braços 
E eu acordei sem saber se era um sonho..."

 


Notas Finais


Música do capítulo
* À sua maneira - Capital Inicial


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