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História Fullmoon - Quatro passos


Escrita por: WeiTuzi e P-Boo

Notas do Autor


Olá~

Antes das pedradas preciso me retratar!
Estou há algumas semanas com diversos problemas de saúde, um deles é uma infecção nos meus olhos que me impossibilita as vezes de manter o foco em telas de TV/Celular/PC. Por isso minha demora em vir atualizar, tanto Fullmoon quanto Fencer.
Contudo, tenho um bom namorado e uma amiga incrível que estão me ajudando.
Meu namorado me ajudou a postar agora, e a Tai minha linda, irá me ajudar com as postagens de Fencer e Fullmoon futuramente, até que eu esteja melhor.
Como pedido de desculpas, não irei demorar em trazer o próximo capitulo e espero que apreciem este, ok?
Agora, leiam e favoritem, pfv! Para chegarmos a 100 favs e termos um lindo especial <3

Capítulo 11 - Quatro passos


Fanfic / Fanfiction Fullmoon - Quatro passos


"Seu coração estava acelerado e seu corpo parecia cada vez mais próximo do loiro tão entregue aos seus toques. 

— Ainda estamos na minha vez? — sussurrou, aproximando seu rosto aos poucos, um calor agradável percorrendo-o e incitando-o a ficar mais próximo do outro. — Eu posso te beijar?".

 

 

Os olhos se fecharam e os lábios se encontraram antes que a pergunta fosse respondida. No começo um pequeno roçar, um leve toque de reconhecimento para enfim os lábios unirem-se em um beijo profundo.

 

Retirou a mão da nuca de Jiaer assim que os lábios se abriram e os dois deixaram que suas línguas se unissem em uma dança tímida. O toque suave das bocas se conhecendo causava uma emoção morna dentro de si, era como se já tivesse sentido aquela sensação antes, como se aquele contato tão íntimo já houvesse sido compartilhado anteriormente. Em seu interior podia sentir essas sensações mornas lhe trazendo um misto de saudade e nostalgia, que o perpassava se misturando com os outros estranhos sentimentos que não conseguia distinguir.

 

O tímido beijo se findou e os lábios se separaram, os olhos de ambos se abriram, âmbar e escuridão brilhando e se fitando em admiração. Não houveram palavras no pequeno instante em que ainda mantinham os olhos fixados e suas respirações se chocando, pois, ambos voltaram a se encontrar em um novo beijo. Este sendo agora mais intenso do que o primeiro, onde se permitiam conhecer e desvendar todos os cantos de seus lábios, bocas e almas.

 

Jaebum buscou inconscientemente outra vez o contato com a pele de Jiaer tocando-lhe o pescoço e seguindo para o peito desnudo dele, espalmando-o ali podendo assim sentir os batimentos do coração do loiro contra a palma de sua mão. Sentiu o toque tímido da mão dele em sua cintura sobre a camiseta que vestia, uma carícia suave que o fez suspirar entre o beijo e perceber Jier sorrir de forma doce com isso.

 

O sentimento de saudade o arrebatou dessa vez mais forte do que no primeiro beijo, o impedindo de separar os lábios mesmo que precisassem de ar. A sensação de déjà vu turvou sua mente, era como se aquele não fosse o primeiro beijo compartilhado entre eles e os misto de sentimentos estranhos — os mesmos que sentiu quando viu Jiaer pela primeira vez —, tomou seu interior novamente correndo por dentro de si. Podia senti-los queimando em seu peito, fazendo seus olhos arderem e marejarem, o motivando a beijar Jiaer de forma mais afoita e necessitada desejando o manter próximo a si, pois temia o perder outra vez.

 

Outra vez.

 

As testas se uniram quando o beijo se findou novamente. O queimar das sensações e sentimentos ainda tomando seu corpo, dessa vez ecoando em sua mente enquanto percebia seu coração bater de forma desordenada. E por manter sua mão sobre o peito de Jiaer também pode sentir o ressoar do coração acelerado sob a pele quente e pulsante dele.

 

Abriu os olhos que continuavam a arder pela vontade de chorar sem motivo aparente e encontrou o rosto contraído do loiro que ainda mantinha os olhos fechados.

 

— Você está bem? — perguntou preocupado levando sua mão ao rosto dele e o tocando com cuidado.

 

— Não, — maneou levemente a cabeça negando, porém sem deixar que o toque de Jaebum deixasse seu rosto — não estou. Mas não é culpa sua, eu só não consigo lidar com o que eu estou sentindo.

 

— Eu também senti algo — confessou baixo afastando a franja loira da frente dos olhos ambarinos que se abriam e o fitavam.

 

— Não é por causa do beijo que estou assim, quer dizer em parte é. Beijar você foi bom, Jaebum, eu fiquei feliz por isso. Mas tenho tristezas demais em mim agora, que... Eu me sinto mal por ter ficado um pouco feliz.

 

Jaebum o encarou um pouco confuso até que se lembrou da situação de Amber, de como todos pareciam apegados aos lobos e as situações estranhas em si. Observou o loiro por alguns segundos, então se virou novamente deitando-se de costas no gramado baixo e procurou a mão do Wang para entrelaçar os dedos.

 

— Vem,— puxou o outro para seu peito e acariciou os fios loiros com a mão do braço que o enlaçava — talvez só tenha chegado o momento dela.

 

Um pouco mais de silêncio e então o sentiu se acomodar melhor junto a si.

 

— Eu sei, mas ela está comigo há tanto tempo, todos eles estão, vê-los partir é difícil. — suspirou — Ver meus amigos partir enquanto eu continuo aqui, isso é o mais difícil.

 

Jaebum suspirou olhando os pontos brilhantes no manto negro daquela madrugada, pensava sobre essa mudança estranha entre os dois após os beijos que trocaram. Refletindo sobre isso e sobre o que o outro lhe falava agora, talvez houvesse coisas difíceis pela qual Jiaer estivesse passando naquele momento. Sentiu-se mal por talvez ter o feito mais confuso, dificultando algo para ele. Mordeu o lábio e se questionou se deveria tentar consolá-lo e de alguma forma o confortar um pouco que seja.

 

— Talvez não seja para sempre. — disse baixo e o sentiu erguer seu rosto ainda deitado em seu ombro para o olhar — Isso de morrer, perder alguém. Se o amor pode realmente durar por vidas, então essa pode não ser a última vez que você e seus amigos estarão juntos.

 

Jiaer o sorriu e Jaebum agradeceu por estar escuro o suficiente para que o outro não o visse constrangido.

 

— Pensei que não acreditasse nisso.

 

— Eu não acredito, mas você parece acreditar. — continuou dizendo em voz baixa —Fora que me parece algo bonito de se pensar, sabe, isso de poder encontrar aqueles que você ama em outra vida.

 

Jiaer então se desprendeu de seu abraço e o fitou curioso, a dor ainda se mantinha em seus olhos âmbar e algo dela fazendo o interior do Im se contorcer.

 

— Você está diferente, mas ainda parece o mesmo.

 

— O que quer dizer com isso? — perguntou confuso.

 

— Nada, esqueça.

 

Jaebum piscou e se sentiu incomodado com a intensidade do olhar ambarino em si. Aproveitando que o outro estava erguido sentou-se e desviou seus olhos para o céu.

 

— Acho que deveríamos voltar.

 

Jiaer seguiu o olhar de Jaebum encontrando o fraco clarear que dava indícios de que em poucas horas amanheceria.

 

— Está amanhecendo.

 

— Sim, vamos, você precisa descansar um pouco.

 

Jaebum se levantou e estendeu a mão para que Jiaer pudesse se levantar também. Mesmo em pé, lado a lado, as mãos não se soltaram, permaneceram unidas enquanto em silêncio ambos desciam a colina em direção ao casarão.

 

 

 

 

Jaebum terminava seu chá na cozinha desejando poder deitar e dormir por algumas boas horas. Fazia menos de trinta minutos que tinha voltado para casa com Jiaer, já havia tomado banho e resolvera beber algo quente para relaxar e conseguir dormir.

 

Não havia mais nenhum lobo deitado na sala, contudo o ruivo tinha a sensação de que eles ainda estavam pela casa. Lavando a xícara de chá que havia bebido, Jaebum se lembrou do momento em que esteve a sós com Jiaer na colina.

 

Tocou seus lábios enquanto saía da cozinha dando um meio sorriso de lado. Beijá-lo foi algo realmente bom apesar das sensações estranhas que sentiu quando o fez.

 

Cruzou o hall em direção a escada e a subiu desejando chegar logo em seu quarto, precisava dormir e serenar sua mente para poder colocar seus pensamentos em ordem e tentar entender um pouco sobre as coisas que estavam acontecendo.

 

Foi com surpresa que encontrou Wang Jiaer, o loiro dono de seus pensamentos, encostado ao lado da porta de seu quarto. Ele parecia sonolento com seus braços cruzados — dessa vez vestido — e cabeça baixa. Jaebum se aproximou e parou em frente a ele vendo-o erguer o rosto cansado e sorrir.

 

— Hyung, posso dormir com você?

 

— O quê? — perguntou erguendo um tanto a voz. Piscou algumas vezes tentando entender se havia o ouvido corretamente — Por quê?

 

— Meu quarto está cheio de lobos, Ars e Yug tomaram a minha cama. — respondeu mantendo a voz baixa enquanto lançava a Jaebum um olhar brilhante e necessitado.

 

— E o quarto de hóspedes?

 

— Os outros estão nele.

 

— Mas, porque comigo?

 

— Bom, se eu fosse o Jackson, eu iria dormir no seu quarto, não iria? — questionou, trazendo a Jaebum novamente as lembranças de minutos atrás — Fora que não seria a primeira vez que iríamos dormir juntos, se Jackson e eu fossemos a mesma pessoa, claro.

 

Jaebum forçou a garganta desviando seus olhos do sorriso brincalhão que o menor a sua frente lhe dava.

 

— Se não quiser, tudo bem, eu vou dormir no quarto do Bammie, ele não vai se importar de dividir a cama comigo. — soltou Jiaer, agora mostrando um pequeno bico em seus lábios atraindo a atenção de Jaebum para si.

 

Respirando fundo e um pouco irritado consigo mesmo por saber que estava sendo manipulado de forma ridícula, Jaebum abriu a porta de seu quarto e tomou o pulso do loiro em suas mãos o puxando para dentro consigo. Não acendeu a luz, pois havia deixado o abajur ao lado da cama aceso, fechou a porta atrás de si e caminhou para seu lado da cama, tentando de toda forma ignorar a presença do Wang.

 

Jiaer sentou-se aos pés da cama encarando o ruivo de forma curiosa. O viu constrangido, deixando um travesseiro do lado que parecia que o loiro iria dormir. Jaebum o viu imitar seus movimentos e então se deu conta de que precisaria dividir não somente a cama como o cobertor com ele.

 

Novamente contrariado, sentou e esperou que o outro se acomodasse e se cobrisse, assim que ele o fez, Jaebum se deitou de costas para ele, entretanto não se cobriu.

 

— Jaebum? — o ouviu chamar depois de alguns minutos em silêncio, resolveu manter sua respiração controlada fingindo dormir. — Está dormindo?

 

— Hyung.

 

— Hum — resmungou dando um pequeno suspiro.

 

— Não vai me dar um beijo de boa noite?

 

Jaebum abriu os olhos chocado com a pergunta, ainda tentando controlar sua respiração. Continuou em silêncio, mesmo que pudesse agora ouvir a pulsação de seu coração batendo tão alto em seus ouvidos.

 

— Nosso primeiro beijo oficial foi muito bom, e o segundo também. Eu queria um terceiro para dormir.

 

— Aquele não foi nosso primeiro beijo — disse baixo sentindo o olhar do outro em sua nuca, virou-se na cama e encontrou os orbes amarelos surpresos e brilhantes fixos em si — eu o beijei quando você estava dormindo uma vez.

 

A intensidade do olhar diminuiu um pouco, mas ainda assim Jiaer sorriu.

 

— Talvez tenha sido, só que eu acho que se eu fosse o Jackson nosso primeiro beijo pode ter acontecido há muito mais tempo.

 

O riso do loiro fez Jaebum balançar a cabeça, dando um pequeno sorriso. Os olhos escuros do Im percorreram a face iluminada pela luz do abajur ainda aceso, a franja loira de Jiaer estava para trás, era raro vê-lo assim e isso fez o de fios rubros sorrir um pouco mais. Seu olhar atento encontrou uma pequena linha perolada ao canto da testa dele, Jaebum reconhecia esse tom, era o mesmo das cicatrizes.

 

Ergueu uma de suas mãos e tocou com a ponta dos dedos sobre a fina linha pálida, perguntou-se como ainda não a tinha percebido ali.

 

— De quando é essa cicatriz?

 

— Um acidente de carro há alguns meses, eu tenho outra assim no meu ombro.

 

Os olhos negros encontraram-se outra vez com os amarelos, nisso afastou seu toque da pele do outro, por algum motivo as lembranças da noite em que atropelou Jackson vieram a mente.

 

— Vamos dormir — disse e outra vez deu as costas ao loiro, ajeitando-se na cama e apagando o abajur.

 

 

Dois dias, faziam dois dias desde aquela madrugada na colina e ao contrário do que imaginou, pouca coisa aconteceu neste meio tempo.

 

Sentado no chão aos pés da cama com as costas encostada a ela, Jaebum olhava o céu com nuvens pintadas de laranja fraco que indicava o fim da tarde. Sua mente, agora um tanto menos agitada repassava, assim como tinha feito uma vez há um tempo atrás, tudo o que havia acontecido consigo desde que havia chegado ali, contudo dessa vez sob uma nova perspectiva.

 

Não conseguia de fato acreditar que Jiaer seria Jackson, um lobo. Era impossível, irreal demais que algo assim fosse verdade. Jaebum sempre fora alguém sem crenças e esse foi um dos motivos que o levou a estudar e se tornar um historiador, pois mesmo que não acreditasse em algo do tipo, ainda tinha respeito e admiração pelas culturas e crendices que existiam ao redor do mundo e que ajudavam o ser humano a evoluir através dos tempos. Muito do passado estava envolvido com religião, sobrenatural e misticismo, e isso era algo que atraía a atenção e curiosidade de Jaebum, mas que ainda não o fazia acreditar.

 

Pensava que sua visão cética sobre tudo ajudava a manter-se imune aos medos que aqueles que acreditam tinham do sobrenatural, daquilo que não podiam explicar. Agora via que haviam certas ocasiões que tal pensamento não lhe ajudava a desvendar algo que tinha certeza que o envolvia de maneira mais profunda do que poderia imaginar.

 

Por isso que ainda mesmo descrente, cedia e tentava enxergar o mundo da forma como os que acreditam fazem. E era por isso que pensar que o homem e o lobo seriam a mesma pessoa o deixava ainda mais inquieto.

 

Se Jiaer por algum motivo podia se transformar em lobo, o que o levava a isso? Qual seria a razão por traz desse acontecimento? Seria realmente uma maldição como apontavam os livros que tinha visto? Aquelas tatuagens de selos que ele tinha, estariam ligadas a essa tal maldição?

 

Mordeu o lábio ansioso, enquanto seus olhos acompanhavam o azul claro do céu se tornar escuro. As mãos se abriam e fechavam de forma alheia aos pensamentos profundos do ruivo. Agora pensava em Bambam e todas as vezes que ele lhe dizia que era cego ao que acontecia não só com Jiaer, mas com todos a sua volta também.

 

Isso queria dizer que não era somente o Wang um lobo?

 

"Entenda que de certo modo você é uma pessoa muito importante para todos nós, tenha isso em mente. Mas, não me leve a mal, você é muito idiota".

 

Cerrou os olhos ao lembrar do que o tailandês o havia dito há alguns dias.

 

"Você está certo em pensar que todos nós escondemos algo de você e o motivo disso é simples: você não quer ver o que está a sua frente. Enquanto não parar de se enganar e fingir que não sabe o que somos, não vai conseguir saber o que escondemos. Fora que nós não temos o direito de lhe contar porque é algo que você precisa descobrir e aceitar sozinho. E além disso, dependemos de uma decisão que você terá de tomar por si mesmo".

 

Se fosse traduzir o que ele o havia dito de forma mais simples, Jaebum acreditava que seria algo como: somos lobos e você não quer acreditar nisso. Tem algo a mais além disso, mas não vamos contar porque você precisa descobrir sozinho. Qualquer coisa que seja que precise descobrir você terá que tomar uma decisão sobre isso depois.

 

E foi pensando nisso que se viu sentado ali, encarando o céu que agora de azul escuro se tornava negro, anunciando a chegava da noite.

 

Este, “qualquer coisa que seja que precise descobrir você terá que tomar uma decisão sobre isso depois”, lhe fazia pensar que sim, ele estava relacionado de alguma forma aos outros e talvez também a maldição, se caso ela existir.

 

Sentiu seus braços se arrepiarem e num movimento involuntário esfregou suas mãos sobre eles tentando se aquecer, os olhos nunca desgrudando do céu podendo ver a lua quase cheia despontar e aparecer em sua linha de visão.

 

Mesmo com os sentimentos estranhos que se agitavam e o corroíam por dentro, Jaebum tornou-se ainda mais curioso sobre aquilo. Talvez o que descobrisse não fosse algo tão interessante, talvez tudo não passe de uma encenação ou algo totalmente explicável sem ser por meios sobrenaturais, mas se fosse, se fosse, ele não se intimidaria com isso. Era medroso, entretanto sua curiosidade era maior que seu medo. Seja lá o que estivesse acontecendo, ele iria descobrir.

 

Satisfeito consigo mesmo diante dessa nova resolução, Jaebum se levantou e saiu do quarto disposto a beber alguma coisa antes de ir para a biblioteca. Havia trabalhado incessantemente nestes últimos dois dias, organizando os livros e preenchendo as estantes dando ao cômodo designado um verdadeiro aspecto de biblioteca.

 

Passando pelo corredor seguindo para as escadas, pensou em Jiaer e no quanto o rapaz havia se tornado uma companhia mais constante nesses dias. Sentia falta de Jackson, mas já estava acostumado a pensar que onde um estaria o outro não apareceria.

 

Mesmo assim, não reclamava da presença do outro, ainda mais depois da noite que haviam passado juntos. Descendo a escada se lembrou de como foram dormir na mesma cama um distante do outro, para que acordasse no outro dia com o loiro ressonando baixo deitado em seu peito. Jaebum sorriu ao terminar os últimos degraus. Ele havia precisado de muito alto controle para não se assustar de fato e acordar o loiro, tinha saído da cama com extremo cuidado caindo no chão no processo e depois disso se enfiado na biblioteca, só saindo de lá quando Jinyoung o viera buscar para jantar parecendo um tanto irritadiço.

 

Se dirigiu para a cozinha com o mesmo pequeno sorriso em seu rosto. Depois daquela noite tinha se tornado costume Jiaer inventar uma desculpa para dormir em seu quarto, e outras mais para que ficasse na biblioteca consigo. E mesmo que com a presença dele, tanto nela quanto no quarto o deixasse sem ter como pesquisar mais sobre a tal maldição ou que o deixasse dormir de forma relaxada, Jaebum ainda não se importava, pois de algum modo se sentia bem quando ele estava perto de si.

 

Entrou na cozinha um tanto desatento, absorto em seus pensamentos. Foi a movimentação do outro lado da cozinha, no canto da mesa, que trouxe sua atenção de volta ao seu entorno.

 

Mark entregava algo a Bambam que estava sentado à mesa com uma espécie de cordão ou colar nas mãos. Ambos ergueram seus olhos para Jaebum, o tailandês sorriu em um cumprimento mudo a sua presença, porém o Tuan abaixou seus olhos e o ignorou.

 

— Espero que esta seja a última vez que lhe dou algo assim — ouviu Mark dizer ao outro. Jaebum fingiu não prestar atenção na conversa e seguiu para a geladeira em busca de algum suco.

 

— Jinyoung acabou de fazer chá Jaebum-ssi, está na térmica sobre a pia — Bambam disse e Jaebum acenou agradecendo. Viu-o então olhar para Mark — Eu temo que não seja a última, apesar de achar que logo não precisará mais fazer isso.

 

— Eu só não quero mais ter que fazer isso — a voz baixa dele fez Jaebum franzir as sobrancelhas enquanto se servia de chá. Algo estava errado com Mark, ele não era tão silencioso assim.

 

— Você está preocupado, não está?

 

— Jooheon está agindo de forma estranha, amanhã já é lua cheia outra vez, a segunda deste mês.

 

Jaebum ignorou a carícia que bambam fez no rosto de Mark, e com muito esforço também ignorou quando o Tuan segurou a mão do outro e a beijou.

 

— Você deveria descansar, está sem energia e amanhã terá uma noite difícil.

 

— Você vem comigo?

 

— Assim que eu terminar aqui, quer que eu chame Jinyoung?

 

— Não, deixe ele com os outros um pouco, ele quase não convive com a matilha.

 

Com isso Jaebum, que ainda estava na pia, ergueu seus olhos para a janela diante de si. Viu através dela os dois lobos cinza escuro sentados ao canto da sebe e três outros correndo e brincando iluminados pelas luzes artificiais e pela lua. Reconheceu Ars e Yug brincando e com eles estava o lobo negro Junior, que corria atrás dos dois menores quando ambos pulavam em cima dele.

 

— Tudo bem, vá se deitar que eu logo irei.

 

— Vou para seu quarto.

 

— Vá para o de Jinyoung, meu quarto é ao lado da biblioteca, nós dois no meu quarto acabará por atrapalhar Jaebum mais tarde, não é?

 

Jaebum tirou seu olhar dos lobos e olhou o tailandês com a sobrancelha erguida, Mark passou por si o ignorando completamente.

 

— Algo aconteceu com ele?

 

— Mark está cansado, muito da responsabilidade dos lobos cai sobre ele infelizmente, perder um de nós o deixa assim, letárgico por vários dias. Vê, — mostrou duas pequenas peças brancas na palma da mão — essas são as presas de Amber. Ele trouxe para mim.

 

Jaebum olhou para as duas presas na mão do outro e então para o cordão um tanto longo, nele parecia ter mais daquelas pequenas presas brancas e algumas pedras de cores variadas. Observou curioso a forma como as pedras estavam dispostas com as tais presas e também notou que haviam pares de presas a mais do que gostaria.

 

— Cada par é de um amigo que se foi, estou esperando o dia em que eles poderão realmente se libertar.

 

Os olhos escuros do tailandês se ergueram e encontraram os de Jaebum que se sentiu um pouco incomodado com a mirada fixa em si.

 

— Penso que eu devo me juntar a Mark agora, espero que fique tudo bem com sua pesquisa.

 

O loiro a sua frente disse se levantando, Jaebum notou com certa surpresa que as presas de Amber já se encontravam unidas ao cordão que Bambam colocava no pescoço.

 

— Ah, Jiaer não volta essa noite e nem na próxima, acho que você já o sabe o porquê.

 

O deixando sozinho, Bambam se encaminhou para fora da cozinha, enquanto Jaebum baixou seus olhos para a xícara de chá em sua mão percebendo que a mesma já estava vazia.

 

 

Pela primeira vez depois de dois dias, Jaebum se via diante da pequena caixa preta e do livreto em cima dela outra vez. Sentado à mesa da biblioteca com os braços cruzados e olhos fixos nos dois objetos, o ruivo — agora com os fios vermelhos retocados já que o desbotado estava o incomodando — mordeu o lábio ansioso deixando seus olhos vagarem para o notebook ligado ao lado, e dele para os papéis com as fotos das tatuagens impressas.

 

Movido por impulso, puxou as folhas para perto e o livro que continha as páginas marcadas de cada selo, procurou em uma das gavetas da mesa papéis em branco, retirando-os de dentro de uma delas quando encontrou.

 

Abriu o livro na página indicada pela primeira imagem; contenção de poder ou maldição.

 

Desenhou rapidamente algo que poderia se assemelhar ao selo descrito anotando ao seu lado seu significado. Abaixo dele fez o mesmo com o outro selo um pouco menor que o primeiro e anotou ao seu lado; canalização para uso do mesmo.

 

Abaixo, novamente, desenhou o terceiro que estava ao redor das cicatrizes de garra no peito; temporizador para maldições do tempo.

 

E por último desenhou o contorno negro que rodeava a cicatriz do abdômen, deixando a frente deste em branco, visto que não tinha uma definição ainda sobra tal selo. Lendo novamente as explicações de cada um algo começou a incomodar Jaebum; Contenção, canalização e temporizador. Todos pareciam estar envolvidos com a tal maldição, mas aparentemente nenhum sendo ou agindo como ela. Talvez não fosse os selos a tal maldição e sim as cicatrizes?

 

Encarou a imagem da cicatriz de garra, quatro feridas de tom perolado sendo a primeira delas com tons avermelhados. Lembrou que ela tinha estado assim o tempo todo até mesmo na madrugada na colina, pois Jiaer normalmente andava sem camisa e era fácil notar a diferença na coloração da primeira marca para as demais. Jaebum franziu as sobrancelhas pensativo, desde aquela noite o loiro tinha começado a usar camiseta a todo momento.

 

Ainda pensativo, continuou encarando as marcas e o selo em volta delas, teria aquelas cicatrizes relação com a maldição então? E se sim, a cicatriz no abdômen também teria? E se sim, sua marca de nascença também?

 

Levou de forma automática uma das mãos ao local no canto da barriga onde a sua marca estava. Se assustou quando o som do notebook indicando um novo e-mail soou tirando Jaebum de seus pensamentos.

 

— Eu realmente estou me deixando levar com tudo isso — disse para si mesmo enquanto se voltava ao pequeno pc e verificava o e-mail.

 

Há alguns dias quando tinha recebido aqueles objetos de Bambam e descobriu que as cicatrizes poderiam ter sido feitas pelas garras nos anéis, Jaebum havia enviado foto do texto que não conseguiu traduzir para um de seus amigos, um antigo colega de turma. Yoo Youngjae, sendo quem era, o preguiçoso e bagunceiro amigo do Im, demorou aquele tempo todo para lhe enviar o texto traduzido, ainda o questionando onde ele o tinha achado, pois para ele parecia claro que fazia parte de alguma obra literária antiga.

 

Ignorando o e-mail gigante onde apenas uma pequena parte lhe falava o que realmente queria saber, o ruivo se focou nela, copiando o texto traduzido antes de ler e o jogando em um documento novo o salvando.

 

Fechou o e-mail e respirou fundo começando a se focar somente na leitura e a cada palavra, cada linha descrita ali, seu coração acelerava num misto de agitação e ansiedade. Releu mais duas ou três vezes para ter certeza do que havia entendido e se realmente entendeu algo. Com as mãos trêmulas pegou novamente a imagem da cicatriz e a encarou passando seus dedos por cima das quatro marcas enquanto sentia a pulsação de seu coração assustado em seus ouvidos.


 

A garra do deus lobo do sol e universo traz as quatro etapas para voltar ao caminho da luz.

Uma forma de encontrar o yin e o equilíbrio das sombras onde o yang foi marcado.

A pata direita do deus, onde suas garras permanecem presas em anéis, é a maldição e contra-maldição para os marcados pela adaga escura e envenenada saída do punho esquerdo do mesmo deus. 

Enquanto a lâmina que fere como uma mordida amaldiçoa o envenenado a viver preso como um servo lobo, as garras que o marcam com os quatro caminhos indicam a diretriz pelo qual o envenenado terá que seguir para voltar ao equilíbrio de seu universo pessoal, carregando consigo, então, a mesma maldição duas vezes. 

Descobrir. Aceitar. Retribuir. Libertar. 

O sentimento que guia os quatro caminhos é a chave para que aquele que foi amaldiçoado duas vezes deixe de ser o servo lobo para voltar a ser o mestre de si próprio. 

Descobrir para aceitar e retribuir para libertar, este é o caminho que o sentimento deve trilhar.

 

 

 


Notas Finais


Espero que tenham gostado, logo estarei de volta <3


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