- Na verdade, sempre tive uma vida comum, mas quando meus pais se separaram, comecei a desenvolver um quadro de depressão, o que resultou em diversos problemas futuros.
- Durante o colegial, tive poucos amigos, por ser extremamente isolada e viver se remoendo em pensamentos negativos... Todos me olhavam com desprezo, ou seja, eu me sentia triste o tempo todo, pelo fato de estar, tecnicamente, sozinha.
- Hoje, moro com a minha mãe, extremamente ocupada no trabalho, e um padrasto bêbado, que só sabe viver às custas dos outros... Aliás, o cara que você deu um soco no meio da cara naquela arena, era ele.
(Ops, escorregou, haha).
- Às vezes, penso se minha existência é mesmo necessária, sabe? Sempre tento arranjar algum motivo para continuar, mas todas as áreas da minha vida são uma bagunça.
- Me desculpe, mas é só isso que consigo contar da minha história no momento, mas em resumo: me sinto tão mal a ponto de pensar em desistir da minha existência o tempo todo.
Após ouvir o que ela disse, me perguntei: como pode uma garota tão incrível sofrer tanto com depressão e problemas familiares? Fala sério, ela tem um sorriso tão lindo; não deveria estar triste ou chorando.
- Ei, naquele dia, no parque, quando nos conhecemos, você estava alegre e tentava motivar as pessoas com belas palavras... Por que tudo mudou de repente? - Desculpe pela pergunta - Falei.
Julie respondeu:
- Tudo bem... Naquele dia, eu até tentei me reerguer e arranjar objetivos à minha vida, por isso, fui ajudar os outros ao meu redor. Mas enquanto fazia isso, sentia como se o vazio dentro do meu coração não fosse preenchido, entende? Embora eu tenha ficado alegre em ter ajudado algumas pessoas, mesmo que, indiretamente.
Após isso, percebi que ela estava desconfortável com a conversa e, percebendo que eram quase 04:00 da manhã, resolvemos ir dormir.
Acordei muito tarde, por volta das 13:00. Quando saí do meu quarto, percebi que Julie ainda não tinha acordado, pois dava para sentir o silêncio no ar.
Após tomar "café da manhã" (até porque já tinha passado do horário de almoço), escutei a porta do quarto abrindo, então, saiu Julie, toda desarrumada e com o cabelo bagunçado; mesmo assim, confesso que achava ela a garota mais bonita que havia tido a oportunidade de conhecer.
- Bom dia! - Falei.
- Ah, bom dia - Falou ela, de forma tímida.
Perguntei:
- Está com fome?
Ela falou:
- Um pouco...
- OK, vou pegar algo para você comer, pode sentar se quiser.
Revirei a cozinha do avesso e percebi que não havia nada pronto para comer.
(Péssimo dia para a empregada estar de folga, que droga!)
Peguei algumas coisas aleatórias na geladeira e falei:
- Já que não tem nada pronto, vou fazer algo pra você, aguarde só um minuto.
- Você sabe cozinhar? - Perguntou ela.
- Claro!
(Que não...)
- Tudo bem. Só espero não estar incomodando. - Disse Julie.
Após ela perceber visivelmente que eu era um desastre na cozinha; resolveu me ajudar... Nós fizemos muita bagunça, mas acabou dando tudo certo e, confesso que achei divertido tudo o que fizemos.
Nós limpamos toda a bagunça e resolvemos ligar para algum parente da Julie. Após diversas tentativas, conseguimos contatar a avó dela.
Julie explicou toda a situação que passamos à avó, que se desesperou e chamou ela imediatamente para ficar na sua casa até a poeira abaixar.
Eu resolvi levá-la até lá, pois era consideravelmente longe, embora sendo na mesma cidade. Antes de subirmos na minha moto, Julie falou.
- Fico muito agradecida por você ter me acolhido, mesmo sendo uma desconhecida; me desculpe se te incomodei.
- Não precisa se desculpar; vi que estava com problemas e resolvi ajudar. Nunca me perdoaria se te deixasse na mão naquela arena.
Ela sorriu, colocou o capacete e subiu na moto... Ao chegarmos na casa da avó dela, a mesma fica aliviada em ver Julie e, imediatamente, me chama para conversar.
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