1. Spirit Fanfics >
  2. Future Letter >
  3. A ajuda

História Future Letter - A ajuda


Escrita por: lSayoril

Notas do Autor


Oi, gente!
Finalmente estamos aqui com o capítulo 4!
Antes de mais nada, obrigada pelos comentários nos capítulos anteriores! É sempre muito bom e incentivador ler o que vocês acham!
Para quem gosta, temos o link de uma música de fundo nas notas finais! Escrevi ouvindo ela e achei que casou muito bem!
Então, vamos lá, boa leitura e até lá em baixo!

Capítulo 4 - A ajuda


Era início de inverno, vinte e seis de novembro. Assim como em Konoha, em Kumogakure, o vento corria uivante entre as montanhas. Junto ao chiar dos vagalumes que preenchiam os poucos jardins da vila, a ventania compunha uma sonoridade relaxante aos ouvidos de Kaori.

Através da janela do laboratório de virologia, Kaori contemplou por algum tempo a encantadora paisagem. Do lado de fora do laboratório, os arbustos e flores do pequeno jardim pareciam mover-se como o mar acariciado pela ventania, enquanto ondas luminosas de pequenos e dourados vagalumes navegavam suavemente. Suspirou satisfeita. Ela amava a vista que aquela janela a proporcionava em noites úmidas como essa e, sem dúvida, a vila da nuvem por tê-la acolhido, mas... Seus pensamentos se alteraram ao avistar um grupo de amigos atravessar a ruela aos fundos do jardim e, entre eles, estava o homem de olhos esverdeados. Não conseguia entender por que a maioria dos ninjas daquela vila, mesmo adultos, pareciam carregar tanta infantilidade em suas mentes. “Por que tanto medo do que não entendem? Porque não pensavam racionalmente?”, a pergunta a qual já havia desistido de responder rebrotou em sua mente e, evitando olha-lo por mais um segundo que fosse, voltou-se para a estufa abaixo da janela e tomou posse das últimas plantas que necessitavam de ajustes.

— Ainda tem quantas? — A voz masculina ecoou aos fundos do laboratório. Retirando as luvas que a protegiam da temperatura do equipamento, Kaori caminhou de volta à primeira bancada de experimentos, onde seu irmão estava terminando os últimos ajustes na minúscula e quase ressecada planta amarrada a um grosso papel.

— Apenas essas duas. — Ela respondeu-o tomando posse de uma pequena flor de pétalas brancas e empurrando a última para seu irmão. Uma parte de si sentia-se mal por prendê-lo ali até tarde, mas admitia que outra parte se sentia feliz por tê-lo por perto... Afinal, eles dois e Maya sempre foram muito apegados desde a época da academia ninja. Bons tempos. Ela suspirou desejando que aquela época onde as pessoas não a olhavam com receio voltasse, mas era inútil, não era? Agitou a cabeça a fim de espantar as malditas lembranças do que aquele odiado homem fizera a ela e voltou o foco no que realmente lhe importava naquele momento: Konoha.

As estimativas eram que os ninjas da vila da folha chegassem amanhã e isso estava fazendo ela sentir-se ligeiramente nervosa. Ela sabia o quanto Konoha era reconhecida pela presença da lendária ninja médica e atual Hokage, Senju Tsunade, e para alguém com tamanha habilidade pedir ajuda em algo assim, significava que, definitivamente, nenhum ninjutsu de extração havia funcionado.

— O que há? De hoje que escuto seus suspiros... — A voz de seu irmão tomou sua atenção novamente. — Lembre-se do que nossa mãe falava – ele falou em um tom brincalhão. — A cada suspiro, você deixa ir embora um pouco de felicidade.

Kaori revirou os olhos achando graça da nostálgica lembrança. — Akyo, você tem que parar com isso.

— Apenas quando você parar de suspirar pelos cantos como uma velha insatisfeita. — Ele falou e ela riu enquanto seus dedos ainda trabalhavam com dificuldade na minúscula planta em suas mãos.

— Estava apenas pensando em Konoha. — Ela admitiu. — Provavelmente teremos que fazer tudo no método tradicional. Acredito que se fosse curado por algum ninjutsu médico... a Hokage teria tido toda a capacidade para tal feito.

— Sim. — Akyo assentiu. — Provavelmente passaremos mais tempo que o normal em missão. É isso que a incomoda?

— Não! Muito pelo contrário. — A resposta saíra tão naturalmente de sua boca que até mesmo ela ficou surpresa. Olhou para o lado receosa e encontrou os olhos castanhos de seu irmão a fitando com traços evidentes de preocupação em suas sobrancelhas franzidas.

— Isso não é por causa daqueles boatos, é? — Seu irmão indagou em um tom claramente sério e distinto do que usara a segundos atrás.

Ela poderia negar, mas sabia que ele a conhecia muito bem para identificar quando estava tentando enrola-lo, então, apenas voltou os olhos de volta à planta quase finalizada e fez os últimos ajustes na posição das delicadas pétalas sobre o papel.

— Acabou? — Ele indagou ainda sério e ela assentiu entregando a futura exsicata para o rapaz que, ao tomar posse da planta, caminhou até a estufa sem falar mais nada.

Kaori o acompanhou em silêncio. Embora seu irmão tentasse dar a impressão de que a ajuda noturna era apenas um gesto amistoso, ela sabia que isso era apenas uma maneira dele amenizar a preocupação exacerbada que possuía e Maya já a havia alertado sobre isso... “Seu irmão está preocupado com você, Kaori, acorde! Você está fazendo ele se privar também.”, a voz de Maya ecoou em sua mente fazendo-a sentir-se ainda mais culpada por prendê-lo ali até tarde e, ao alcançar a estufa, seus olhos se voltaram para o vulto através da janela novamente. Na ruela escura aos fundos do jardim, um grupo de cinco ninjas com uma exagerada alegria caminhavam ziguezagueando entre gargalhadas. Abraços, toques, tapas amigáveis, empurrões e puxões... contato físico, contato físico e mais contato físico. Ela suspirou insegura e fitou seu turvo reflexo sobre o vidro da janela. Seus cabelos castanhos caiam até a altura do busto em uma confusa e discreta mistura de fios ondulados e lisos, sua pele era um pouco mais alva do que deveria devido à imensa quantidade de horas que passava trancafiada no laboratório e seus olhos eram de um castanho claro vivo que lhe davam uma agradável luz ao rosto. Embora Maya sempre falasse o quão acima da média seu físico era, em seus pensamentos, Kaori sempre se classificou como ‘normal’. Afinal, poderia enumerar dezenas de ninjas mais interessantes e uma delas, sem dúvida, era Maya com seus cabelos loiros e uma animação que parecia dar-lhe uma luz e um sorriso especial.

Ela franziu a testa quando um sentimento angustiante lhe preencheu o peito ao fitar o pequeno sinal acastanhado na lateral da maçã direita de seu rosto. Aquilo a fazia lembrar o quanto ela realmente parecia com sua falecida mãe. Não que isso fosse ruim... embora as lembranças que tinha sobre ela fossem poucas, eram o suficiente para guardar com carinho a imagem daquela doce mulher, mas, infelizmente, isso também a fazia lembrar-se o quanto do clã Sasaki corria em suas veias. Esse era o problema. Nos últimos cinco anos esteve buscando informações e respostas nas maiores e melhores bibliotecas, mas não havia nada que sanasse as dúvidas que vinham perturbando sua vida.

Ela olhou preocupada para seu irmão que ainda estava a prensar as plantas com cuidado na estufa. Assim como ela, ele tinha olhos e cabelos castanhos que caiam levemente bagunçados sobre sua testa, um típico centro de atenções femininas. “Err... você definitivamente não devia se esconder nesse laboratório, Akyo”, ela suspirou quando o sentimento de culpa por afasta-lo de Maya lhe tomou novamente. — Akyo... você sabe que não sou sua responsabilidade, não é? — Ela indagou, mas a única coisa que ouviu foi o estalar da prensa que Akyo pareceu ter fechado com uma força acima da necessária.

— O que está falando? — Ele indagou em um tom mais sério, fechou a estufa e jogou as luvas para o lado deixando evidente a sua irritação. — Eu não estou aqui por que estou com pena de você, se é isso que quer saber! Isso é apenas um maldito boato! Algumas pessoas idiotas podem estar te olhando estranho agora, mas depois de um tempo... depois de um tempo, eu tenho certeza que vão esquecer.

— Err, já fazem mais de dois anos, Akyo... — ela falou com um riso sem jeito e Akyo suspirou irritado.

— DROGA, aquele merd... — Ele xingou alguma coisa que foi abafada pelo baque metálico e agitou a mão levemente queimada pela temperatura do equipamento – Eu achei que essa vila seria um lugar bom para você... — Ele concluiu com uma expressão desapontada e Kaori balançou a cabeça em desacordo.

— Você não estava errado, Akyo... aqui está perfeito para mim. — Ela falou incerta. Apesar dos pesares, havia vivo a maior parte da vida na vila da nuvem e não podia negar que ainda havia um sentimento para com as boas lembranças vividas ali. -- Deixe-me ver isso, não quero que Maya me culpe de mais nada além de te prender aqui de novo... — Ela falou pegando o punho levemente queimado de seu irmão.

Apesar de achar completamente desnecessário, Akyo aceitou sem contra-argumentar e observou-a iniciar um ninjutsu médico sobre sua quase imperceptível queimadura. Kaori sempre foi excessivamente zelosa, principalmente, quando se tratava dele e de Maya. E era exatamente por isso que, desde a academia ninja, Maya falava que Kaori era como uma segunda mãe: excessivamente preocupada e mandona quando a questão era saúde, alimentação e estudo. Akyo suspirou pensativo enquanto ainda observava o chakra esverdeado envolver seu punho. Talvez por todas essas características, as duas se dessem tão bem. Maya era a pessoas mais linda que ele já vira na vida, mas admitia que ela era extremamente impulsiva, descuidada e desleixada. “O que faço com você, Maya?”, ele questionou-se deixando seus pensamentos vagarem para as dúvidas que vinham consumindo sua mente nos últimos dias e, quando se deu conta do quão longe seus pensamentos haviam ido, um calor anormal tomou seu rosto.

— Por que essa cara? — A voz curiosa de sua irmã o despertou.

— Nada. Não mude o assunto...

— Você não fica com essa cara besta por nada, Akyo... só pode ser Maya, não é?

O rapaz suspirou ainda sem jeito. Não tinha certeza do que deveria fazer, do que era o certo, o lógico, o racional ou o quer que fosse, mas... talvez compartilhar seu pensamento com sua irmã o ajudasse.

— Eu... eu estava pensando... — ele coçou o pescoço nervoso enquanto arrumava os pensamentos antes de soltar sua angustiante dúvida. — Eu estava pensando em... talvez... pedir Maya em casamento. — As palavras finais dispararam e Kaori arregalou os olhos em direção ao rapaz corado.

— Akyo... Isso é... isso é incrível! – Ela falou quase descrente do que acabara de ouvir. Estava feliz, muito feliz por sua fiel amiga e, claro, muito feliz por seu irmão de todo seu coração. — Akyo, é a melhor notícia que eu....

— Mas... — Ele interrompeu-a em um tom mais sério. — Eu não quero deixar você sozinha, prometi para nossa mãe e, mesmo você estando bem agora, eu fico preocupado. Então, não quero me precipitar... Sei que já pensei sobre casamento antes e desisti algumas vezes, mas... Isso é porque quero ter certeza que você não ficará sozinha e...

— O QUE? — Ela exclamou jogando a mão curada do rapaz contra ele mesmo. — O QUÊ VOCÊ TÁ FALANDO? Posso viver muito bem sozinha, Akyo! — Ela o olhou enfurecida. Como Akyo poderia se atrever a desistir do casamento novamente por sua causa?

— Eu não posso deixar você sozinha...então, esforce-se para sair mais e trabalhar menos. Eu tenho certeza que não irá demorar até você encont...

— AKYO! — Ela bufou impaciente para o homem à sua frente. — Estou falando sério! Você não pode fazer isso! Pelo amor de Deus! — Ela suplicou. — Você sabe melhor que ninguém que estou bem! Quem em sã consciência vai... —  Kaori sentiu as palavras subitamente travarem quando o peso da mão de seu irmão pousou em sua cabeça. Era seu nostálgico botão de ‘cale-se’. Desde pequena, ao sentir aquele familiar peso, as palavras travavam onde quer que estivessem, como um tipo de poder soberano que ele possuía.

— Não quero ouvir isso. — Ele falou arqueando uma sobrancelha que parecia ameaça-la para não o interromper — Não estou pedindo para você sair por aí feito qualquer uma, apenas estou pedindo para que não passe os dias, noites, finais de semanas e feriado trabalhando. Você tem apenas vinte e cinco anos, eu tenho certeza que consegue fazer coisas mais interessantes que isso. Além do mais, nem todas as pessoas são idiotas, você devia abrir mais seus olhos e tentar enxergar isso, mas... — Ele suspirou em desistência. — O erro foi meu em tocar nesse assunto agora. Isso é apenas algo que ainda estou analisando com calma. Vamos embora, prometi que passaria para ver Maya antes de ir para casa e já está ficando tarde.

Kaori sentiu o peso familiar se esvair de sua cabeça e observou o irritado rapaz caminhar em direção à saída em um silêncio nada agradável. — Akyo... —  ela falou acompanhando-o com lentas passadas. — Eu vou... vou pensar sobre isso. Só não ponha a responsabilidade de sua felicidade em minhas costas, por favor, não aguento mais ser sua responsabilidade. — Implorou novamente, mas não obteve resposta.

Akyo desligou os conjuntos de lâmpadas do grande recinto em um massivo silêncio. Ele se sentia mal pelo péssimo fim de noite que teriam, mas tinha que admitir que o que disse á ela realmente precisava ser dito. Ela precisava mudar ou nunca teria uma vida diferente daquela e, como irmão, sempre soube que ela desejava algo além de sua vida profissional. Ele destrancou a porta ainda em silêncio e, quando finalmente a abriu, seus olhos fitaram com estranheza a inesperada visita.

— Samui? — Os irmãos falaram em uma mistura de surpresa e preocupação enquanto os olhos azuis de Samui exploravam o recinto escuro atrás deles.

— Onde está Maya? — A loira indagou e antes que alguém pudesse responde-la, completou — Esqueçam! Parece que os ninjas de Konoha fizeram a viajem sem parar para dormir e chegaram aqui antes do previsto. Kira-sama quer ver vocês antes de subir para falar com eles, então, busquem Maya e suas coisas e vão para a sala de reunião.

— Samui! — Kaori exclamou preocupada. — Os ninjas de Konoha... como eles parecem? — Ela indagou preocupada com a segurança da vila. Se o vírus fosse altamente virulento e se algum deles estivessem infectado, a vila da nuvem poderia correr um grande risco em recebe-los de portas tão abertas. Mas... seus pensamentos pararam ao ver um sorriso estranhamente malicioso nos lábios de sua amiga.

Samui ergueu os olhos com uma expressão pensativa. — Bem, Konoha tem alguns ninjas bemm... Interessantes. — Concluiu e piscou maliciosamente para mulher agora completamente corada à sua frente.

— N-não era isso que queria saber... Samui... — Kaori falou em uma mistura de vergonha e desapontamento com a brincadeira em uma situação tão delicada como aquela e, em seguida, escutou o riso zombante da ninja.

— Bem, mas falando sério... — Samui falou tentando recompor-se e respondeu-a em um tom atinado. — Eles parecem saudáveis. Uma equipe médica já está fazendo exames neles e, para garantir a segurança de nossa vila,  eles estão isolados em um andas do prédio Raikage. Nãoo se preocupe demais com isso, as medidas de segurança foram tomadas. Então, vão logo! Kira-sama não está com muita paciência hoje. — Ela ergueu uma mão em despedida e saltou com pressa para o telhado mais próximo.


Notas Finais


Gente, novamente obrigada pelos comentários dos capítulos passados!
Espero que vocês curtam esse capítulo, apesar de Kakashi se quer aparecer nele...
Como eu disse para alguns, esses três são personagens criados por mim: Kaori, Akyo e Maya. portanto eu não tinha como joga-los no meio da história sem vocês ao menos conhecerem um pouquinho deles, não é?
Então, espero que tenha conseguido dar uma boa ideia sobre eles! :)
Não esqueçam: Espero vocês lá em baixo para saber o que acharam!

Link da música:
http://youtubeonrepeat.com/watch/?v=5Hz2fwiWHYY

Exsicata para quem nunca viu e está curioso:
http://www.ecoideaz.com/wp-content/uploads/2015/09/Herbarium.jpg

Obs: Sempre obrigada ao namorado mais paciente que existe (Scariottis) por ajudar a ajeitar esse capítulo s2


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...