História G-E-E-K-s - Semana Pesada

Cansado. Essa é a palavra que definia minha semana, cansado, entediado e irritado.
Todos os dias da semana me cansaram, e enfim chegou sexta-feira.
Me considero alguém fodidamente azarado, primeiro porque minha semana era pra ter dado tudo certo. Mas Satã olhou pra mim e disse "Há-Há, seu trouxa. Vai se foder". 
Começou lento, segunda-feira, acordei no meu horário normal, me vesti normalmente e fui tomar café da manhã, e teria sido ótimo se meu cereal todo não tivesse parado no meu uniforme.
Como eu frequento uma escola particular de Seul (certamente não é minha culpa meus pais terem preconceito com escolas públicas) não é permitido entrar sem uniforme. E por irônia do destino, eu só tinha dois, e um estava na casa do meu melhor amigo Jongin.
No que deu? Eu me fodi e tive que ir pro colégio com a roupa suja de cereal mesmo.
Pra melhorar minha situação, fui zoado até começar a chorar por aqueles que se denominam meus amigos, principalmente por Jongin e o namoradinho dele Kyungsoo.
E um detalhe importante, era uma escola apenas para rapazes. Ou seja, praticamente todos ali curtiam a mesma coisa. Pois quando não se tem um rabo-de-saia vagando pela a escola, o bom e melhor jeito de arrumar a situação, é começar a gostar de rola, pois é.
E quase todos os meus amigos gostavam da mesma fruta. Eu ficava até sem chances com os outros hyung's assim.
Sim, também estou na listinha negra daqueles que adoram o orgão genital masculino.
Voltando a minha vida trágica, como se não bastasse meu uniforme cheio de lente e migalhas de cereal, começaram a achar que era gozo de cavalo e me zoaram ainda mais.
E como toda história clichê de dorama (outra coisa que eu adoro muito) tem aquele que o principal (vulgo eu) odeia, e nesse adoravél caso, o filho da puta se chama Park Chanyeol.
'Tá pra nascer alguém mais preconceituoso e irritante como ele, fala sério. 
Ele se acha o heterozão', e sempre quando tem a oportunidade, se acaba de me zoar e me agredir. E não foi diferente naquela segunda-feira maldita.
Ele chegou na mesa em que eu e meus amigos estavam e começou a falar que eu parecia uma princesa sadomasoquista porque estava todo grudendo de leite (que estava começando a irritar minha pele sensível)- a deixando vermelha. E falando que aquele vermelho na minha pele eram chupões, e ainda insinuou que meu melhor amigo (vulgo Jongin) que tinha feito. Só Jeová sabe o trabalhão que deu para Kyungsoo não me esfaquear bem na sala de aula. Aquele meu amigo baixinho é o demônio incorporado, sério. Eu tenho realmente um puta medo dele.
E os dias da semana seguiram no mesmo azar, menos na quarta-feira, como eu tive educação física, foi muito mais azarado. Porque Chanyeol, o mesmo faz essa aula comigo, sempre me derrubava ou me zoava de princesa masoquista. Ou até mesmo inventou um apelido ridículo pra mim. Ele começou a me chamar de Geek Pornô, em uma aula de educação física. Tudo bem que meu QI é muito elevado e eu sou considerado o mais esperto e sábio de todo o colégio, minhas notas são exemplares e sou presidente do grêmio estudantil, mas e daí? Eu me senti profundamente ofendido. E aí, peguei aquele Yoda Gigante pelas orebas e comecei o arrastar por todo o colégio, gritando barbaridades pra ele. Até a professora nos separar com muita dificuldade e acabar me dando uma ocorrência. Eu nunca, nunca, no meu histórico escolar em dez anos tinha levado uma ocorrência e quando eu levo? Quando puxo aquele orebudo uma vez na vida. A vida é realmente muito injusta.
E cá estou eu, Byun BaekHyun, escrevendo como minha semana foi frustante no meu diário.
De novo, não que eu seja uma daquelas menininhas de colegial frustadas com o namorado badboy e fica escrevendo isso no diário. Minha psicologa recomendou isso e eu acabei por fazer.
Se bem que isso combina muito bem no quesito de eu ser a menininha de colegial e fiquei escrevendo minhas frustrações sobre o Yoda ambulante.

- Baek? Querido, você vai acabar se atrasando pro colégio. -ouço a voz de minha mãe soar e respiro fundo, soltando o ar pesadamente. O azar aquela semana estava realmente radiando. Será que se eu parar de respirar, essa onde ruim vaza? Preciso perguntar isso pro Kai no kakaotalk.

BaekHyun
Existe algo, como uma poção maligna, para parar o azar?

Kai
 

E como eu saberia?
 

BaekHyun
Ah sei lá, cara. Você namora o Kyungsoo, ele deve saber fazer essas poção de macumba, exu e essas coisas...

Kai

Ele está aqui do meu lado e disse que vai pesquisar sobre isso apenas para jogar uma praga sobre você, hyung..

BaekHyun

Ave Maria, cruz credo. Tira essa maldade do coração, viado.

BaekHyun

Use essa macumba no Yoda, não em mim. Sou uma pessoa ótima e não mereço passar por nenhum mal. Passar bem vocês dois. Encontro vocês no colégio, e avise a Kyungsoo que quero o feitiço para hoje.

Kai

Até mais tarde, Baek-Hyung. Certamente o avisarei. Xoxo

Essas bichas trepadeiras, com certezas devem estar em um lemon muito louco e nem irão para o colégio.
Pelo menos eles estão contentes.
Bufei frustado e apanhei minha mochila de minha cama, digitando algo rápido para Minseok para que ele me encontre na entrada, já que ficarei sozinho o resto do dia por conta de meus melhores amigos terem me abandonado por simples foda diária.
Tudo bem, talvez eles ainda vão, mas mesmo assim me sinto extremamente traído.

- Omma! Estou indo. -deixei um beijo estalado na bochecha da mais velha, pegando uma maça na mesa em seguida.
- Não volte até me dar uns netos, moleque! -claro que minha mãe sabia muito bem minha preferência sexual, e sempre me zoava com isso. E eu não reclamava, apenas estava tudo bem enquanto ela não me expulsava de casa. - E mande um beijo a Chanyeol.
Outra coisa que ela sabia, meu ódio por Park Chanyeol. Acho que minha mãe se acha uma médiun, pois sempre dizia que eu e ele iriamos acabar juntos igual a um k-drama extremamente gay e colorido.
Minha vida se parece com um dorama.
Cadê meu Lee Min-Ho e meu Song Joong-Ki? Hein, produção?
- Vou mandar um beijo para ele quando eu o enterrar bem embaixo da terra, mãezinha. -falo em meu melhor tom diabólico e rio com sua feição assustada- Vou me atrasar, tenha um bom dia, sra Byun.

- Aish! Tinha que chover logo hoje? -eu ouvia os berros histéricos de Minseok ao meu lado, tentando se esconder da chuva enquanto o portão ainda nem aberto estava- Onde esses filhos da puta estão que ainda nem abriram essa merda de portão?
- Comendo sua mãe que não, pois isso é serviço do Yoongi. -ouvimos uma voz familiar e olhamos na direção, encontrando Hoseok com um olhar brincalhão e ao seu lado, estava Min Yoongi. O ser que, particularmente, eu tenho um crush desde que entrei no colégio.
E eu teria o pegado certamente, se este não namorasse Hoseok.
Porra, meus amigos não dão nem uma dentro.
- Ainda não entendo como você consegue ser bi num colégio cheio de bofe gostoso como esse. -Minseok, a vadia. Meu novo apelidinho carinhoso para o hyung.
- JongDae que se cuide hein, Min. -arqueio uma sobrancelha e quase, quase, agradeci aos céus por terem abertos os portões. Só não agradeci porque fui empurrado igual uma velha no mercado quando tem promoção de maionese, caindo no chão igual barata esmagada. Meu orgulho se feria a cada dia mais.
- Baekhyun, como você foi parar aí? Pare de brincar e vamos para a classe. -ouço Yoongi falar em um tom bravo e quase começo a chorar igual um bebê em posição fetal, berrando que queria minha mãe. Porém me controlei bravamente e apenas me levantei dando de ombros.
- A princesa está bem? -meu olhar de desgosto para Chanyeol certamente poderia matá-lo se estivesse em algum anime- Precisa de um beijinho no machucado? -seus cabelos molhados e jogados em seus olhos tiraram brevemente minha atenção, e como eu realmente pude considerar essa frase? Eu ainda não sei. 
Cadê a bosta da macumba que eu pedi para Kyungsoo?
SERÁ QUE O CHANYEOL ROUBOU MINHA IDEIA DE MACUMBA E 'TÁ USANDO CONTRA MIM?
- Aish! -rosnei para ele ameaçando um passo, esse que ele o recuou- O único beijo que alguém me dará é o Lee Min-Ho e vai ser quando eu estiver na cama dele! -berrei atraindo alguns olhares confusos em minha direção, eu não iria parar de berrar até essa onda de azar infeliz parar de me dominar- Agora será que você vai me deixar em paz ou eu vou ter que cortar essa bosta enrugada que você chama de rola!?
- Princess Baek, está zangado? -Chanyeol tinha um sorriso brincalhão de cantino, me irritando mais do que profundamente- Eu realmente posso lhe acalmar agora. -aproximou um passo me fazendo franzir o cenho- Sabem o que dizem quando está puto sem motivo... Alguém te comeu mal ontem? Sabia que Jongin não faria certo o trabalho.
- S-Seu... S-S-Seu poste! SEU PRÉDIO AMBULANTE! COMO VOCÊ OUSA DIZER UMA COISA DESSAS? -meu rosto provavelmente deveria estar parecendo um pimentão saboroso, ou um sabonete de cor vinha, eu estava literalmente puto e envergonhado. Uma mistura ridícula para aquela situação. - Eu vou...
- O quê está acontecendo aqui? -uma voz ridiculamente grossa soou em todo o corredor, me fazendo estremecer, mas Chanyeol ainda não tirou seu olhar convencido de cima de mim- Vocês estão brigando outra vez?
- D-Diretor...
- Calado, Byun. E eu lhe achava um aluno exemplar -o olhar dele sobre mim quase me fez chorar igual uma menininha assustada- Você só está me decepcionando!
- M-mas diretor...
- E você, Park? O quê seu pai lhe diria se soubesse que o filho prodigio dele está de encrencas por nossos corredores? -pela primeira vez, vi o olhar de Chanyeol vacilar.
Ele odiava de quando alguém usava seu pai para lhe repreender.
- D-Diretor... Tudo bem. -me intrometi. Porque sou burro mesmo. Me colocando na frente de Chanyeol- Não é culpa do Chanyeol. E-Eu o provoquei... Eu... Comecei a briga. Por favor, não precisa anunciar o CEO Park sobre isso. -abaixei minha cabeça suspirando.
Sim, o pai do Chanyeol era o dono do colégio. E eu tinha um medo fodido dele.
Tudo bem, eu o odiava, mas todos sabiam da fama de Chanyeol e do pai dele.
Todos sabiam que quando Chanyeol decepcionava o pai dele, ele voltava cheios de marcas e hematonas no outro dia.
Eu o odeio, mas eu odiava ainda mais aquelas marcas nele.
- Você está assumindo toda a responsabilidade, Byun? Sabe que somos um colégio rigoroso, um dos mais rigorosos da Coréia do Sul. Sabe que estara encrecando, hum? -pisquei algumas vezes respirando rapidamente e assenti com a cabeça, sentindo um puxão no meu braço.
- O quê está fazendo? -ouço a voz grossa de Chanyeol pronunciar baixo no pé de meu ouvido, apenas neguei e me soltei bruscamente.
- Sim, eu assumo total responsabilidade. -faço firme, não sei exatamente o porquê de estar defendendo Chanyeol. Mas nada daria mais errado aquela semana, então apenas arrisquei. - Eu o provoquei. Gritei com ele e o empurrei. -afirmo baixo.
- Siga-me. -o diretor falou e eu fechei meus olhos repreendendo as lágrimas.

Como eu havia dito no começo, eu realmente era um aluno exemplar, e como eu disse antes, meus pais tem preconceito com escolas públicas, então se esforçaram para me colocar em uma das melhoras escolas da Coréia do Sul. Tenho sido um ótimo e exemplar aluno por causa disso, não iria arriscar meu futuro por nada. E querendo seguir meu sonho, meu histórico escolar deveria ser impecavel e perfeito.
Porém, eu estava dando tudo a perder de bandeja por Chanyeol. Pelo Yoda maldito que eu sempre odiei.
Agora vamos ao porquê.
Quando entrei no colégio, todos falavam do filho do CEO, e no quanto o mesmo era rigoroso. Quando éramos menores, eu até cheguei a ser um grande amigo de Chanyeol. Mas ele não confiava em mim e eu podia sentir, e então as marcas apareceram.
Começou quando teve uma briga, por minha causa. Um dos mais riquinhos e metidos dali estava disposto a fazer de minha vida um inferno, e entre isso, começou a me golpear bem no intervalo, eu estava quase desmaiando se não fosse por Park Chanyeol. Ele entrou na briga e acabou com o garoto, Wu Yifan. Lembro-me que depois daquilo, o garoto até saiu do colégio. E dias seguintes, o Chanyeol faltou. Como ainda eramos amigos na época, eu fiquei extremamente preocupado. E então... Fui na casa dele.
Casa falando modestamente, aquilo era um palácio, sem tirar nem por. Parecia realmente um palácio de tão enorme que aquela budega era. Me senti uma arainha de nada ali dentro. Parei no saguão, não. Eu travei no saguão enquanto via Chanyeol descer para me receber.
Seus olhos completamente inchados, seus braços -já que ele usava uma regata branca, deu pra ver- vermelhos e arranhados, tinha varios hematonas por seu rosto, e até uma ferida pequena e aberta em sua boca, que tinha um pouco de sangue.
Comecei a chorar assim que o vi, Chanyeol me olhava de longe, parecia hesitante entre me abraçar ou permanecer estático.
E a partir daquele dia, nos afastamos, eu tinha pegado um certo trauma de aproximar de Chanyeol e ele sair machucado por minha culpa.
E então, o ódio surgiu.
Chanyeol sabia da minha opção sexual desde sempre, desde pequenos, e todos sabiam da dele.
Ou pele menos, achavam que sabiam. Meus amigos não sabiam, mas Chanyeol não era tão hetéro quanto parecia ser. E ele só não era na minha frente.
Ele tinha um prazer enorme em me ver vê-lo quase engolindo outros caras e garotas. E ai, o ódio começou e todas as nossas provocações também.
E está ali, o motivo de eu estar saindo da sala do diretor com o meu papel de suspensão por dias.
Sorte que não perdi a bolsa. Pois ai... Já era.
Antes que eu pudesse seguir pelos corredores, senti uma forte mão envolver meu braço e me puxar para uma sala escura. Sem chances para poder gritar, as luzes se acenderam e o rosto iluminado de Chanyeol me acalmou.
Soltei-me bruscamente e resmunguei algo.
- O quê você quer?
- Você é louco, Baekhyun? O que estava pensando hein!? -me afastei ao ouvir suas palavras tão diretas- Por que me defendeu? Você quase foi expulso? O que você faria se eu não tivesse ligado para meu pai? Hein?
- Eu não pedi para você ligar para o seu pai pois estava certamente evitando isso. -revirei os olhos- Saco, Chanyeol! Apenas me deixe ir.
- Já pensou como seria? Você seria expulso e aí? Era isso que você queria?
- Claro que não! -o olhei com os olhos marejados e pude ver a hesitação por parte dele- Eu só... Fiquei com medo de algo acontecer com você. Agora, saia da minha frente.
- O quê... -essa pausa me incomodou mais do que deveria- Ah! Baek... Olha, preste atenção. Mesmo que ele me desse outra surra por causa de alguma briga seria só isso, passaria. Eu continuaria aqui. Mas e você? Seu histórico é a sua vida. Essa sua mania de ser exemplar em tudo tem um motivo, eu sei disso. Por isso, nunca mais faça algo do tipo.
- Você faz com que eu me sinta mal por ter feito algo legal. -falo com a voz rouca- Eu quero sair daqui.
- Não; -o olhei confuso- Vamos limpar seu histórico antes.