Uma brisa fria entrava pela janela entreaberta à sua direita. Não era um local muito iluminado, possuía três lâmpadas encandecentes principais, mas fora a isso era só uma grande loja escura.
Levou sua caixa de doces ao caixa, evitando olhar nos olhos da atendente, já que a ignorava na escola. Não havia muito o que se fazer, as duas eram de grupos diferentes, não haviam grandes probabilidades de uma conversa dar certo, afinal, o que Wendy Walker teria para falar com Allisson? Não, era melhor continuar assim, nunca reatariam a amizade que um dia tiveram, então não fazia sentido algum tentar.
Antes de sair do estabelecimento em direção ao Pittsburg Leaf, principal bar frequentado pelos alunos da Escola Pittsburg, olhou pela primeira vez em talvez dois anos para a garota que já fora sua melhor amiga, e um dia, a única coisa que desejaria no mundo. Mas ao a observar, só conseguia ver o quanto não mudara. Ainda usava o mesmo estilo de cabelo, ainda tinha a mesma expressão sonhadora de sempre. Percebendo que não aguentaria muito, Alisson disse, prometendo a si mesma que seria a última vez:
-Boa noite Wendy.
-----///-----
Se segurava nos murros cobertos por camadas descascadas de tinta enquanto suas lágrimas caíam. Era difícil acreditar que terminariam assim, se evitando a qualquer custo, mas era o necessário.
Desde que foram pegas aos beijos no armário do zelador no dia da final estadual de álgebra, o que manchou seriamente a reputação de Alisson, nunca mais sequer trocaram olhares. Tudo por conta daquela paixão toda, que teve de passar em minutos, para garantir uma medalha.
No fundo nunca deixou de sentir algo por sua amiga, não poderia, mesmo que quisesse. "Não se pode ser respeitada numa competição sendo lésbica", contava a si mesma quando pensava sobre isso. Talvez fosse verdade, já que a descoberta de um único beijo já a eliminou de uma prova, e o motivo de ter sido aceita na equipe que alavancou sua posição é que era, para todos os efeitos, uma garota bonita e solteira. Poderia ser um princípio machista, mas era o que poderia conseguir.
Ao parar por um momento para pegar o celular e avisar para os pais que queria uma carona, não tinha cabimento ir à um bar depois de tantas memórias, sentiu uma mão firme puxar seus braços para trás, impossibilitando seus movimentos. Tentou chutar, espernear, tudo que pudesse a libertar deste estranho. Sempre foi fraca, nenhum de seus ataques fazia efeito.
Um pano foi posto sobre seu nariz e boca, possuía um cheiro estranho de algum produto que ela desconhecia, mas em poucos segundos, Allisson estava inconciente, sendo levada à uma fazenda nos limites com a cidade vizinha. Em poucos segundos, Alisson já tinha seus minutos contados.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.