História Game Of Thrones - Capítulo 6

Daemon Targaryen

Ainda conseguia sentir os lábios de Kaylee colado nos meus, seu cheiro estava impregnado em mim. Não conseguia pensar na batalha que viria, só conseguia pensar em Kaylee e em nossos filhos.

Desde o nascimento de Aelyx havíamos optado por não lutamos as mesmas batalhas, não deixaríamos eles sem pai ou mãe. Nunca ficariam sozinhos no mundo.

– Pensando em Kaylee? – Baelor perguntou.

– Quem mais poderia pensar? Ela é meu sonho e realidade. – Lembrei do seu rosto pela última vez. – O que vai oferecer aos Bolton?

– Combate singular com qualquer um de meus homens, se recusar vamos lutar.

Mais alguns minutos cavalgando e vimos a bandeira dos Bolton.

Homens sensatos sentem medo, mas ser sensato nunca fez parte de mim. Conseguia sentir meu sangue pulsar, aquela parte adormecida por tanto tempo começava a acordar e implorar por sangue.

A distância foi quebrada, meu irmão tomando a frente e esperando Roose ou Ramsay esperando começar.

– Se devolverem minha amada esposa esqueço a bagunça que estão fazendo. – A voz era macia, poderiam até dizer que era um bom homem, mas olhe em seus olhos e veja o animal.

– Minha bagunça? Estou arrumando o que fez. – Baelor assumiu aquele tom irônico. – Se for esperto vai descer do seu cavalo e se curvar perante a mim, mas não acho que é esperto.

Ele riu, o rapaz riu e apontou para meu irmão.

– Sou esperto o suficiente para ter Winterfell. O que você tem?

– Não tomou Winterfell, seu pai fez isso. Você precisa de uma mulher para assumir sua posição, isso é patético. Quero falar com Roose Bolton, não um bastardo.

– Vou me divertir com você, quero saber se os Targaryen sagram vermelho.

– O que vocês querem? – Outro homem perguntou, possivelmente Roose Bolton.

– Nenhum homem bom precisa morrer hoje. Um combate singular é tudo que precisamos. Se seu campeão perder saem de Winterfell e deixo seguirem caminho para Porto Real. Se vencerem eu vou embora, desisto de conquistar Winterfell.

– Quem seria seu campeão?

– Eu. – Baelor respondeu.

Ramsay riu, mas Roose continuou sério. Nenhum dos dois parecia avaliar a oferta, nem deveriam fazer isso.

– Lutamos e eu morro. – Ramsay falou com divertimento. – Se oferece isso é por ter medo de perder em combate.

– É uma pena que vai assistir seus homens queimarem. Vocês caem hoje.

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Tallon

Um barulho cortou o ar, alto e aterrorizante para quem nunca ouvira o som antes.

O barulho se repetiu, mais longo e alto.

Quando o fogo iluminou o céu foi o sinal que Baelor tanto esperava. Ergueu sua espada e os cavalos começaram a correr.

Cada palavra que foi utilizada para me ensinar voltava com uma lâmina cortando minha mente antes de ser esquecida.

O dragão foi mais rápido para encontrar o exército Bolton, as chamas atravessaram o ar e tocaram o chão.

Cada passo dado pelos cavalos fazia-me sentir o cheiro de carne queimando, os gritos aumentavam o terror da cena.

Porém eles não pareciam tremer, continuavam correndo em nossa direção.

Morrer pela espada é melhor que pelo fogo.

Por breves segundos senti pena, no entanto as últimas palavras de Varro limparam minha mente.

“Quer sobreviver? Não tenha um coração, não tenha empatia, não tenha pena. Seja o monstro que foi treinado para ser.”

Eu sou o monstro.

Senti o cheiro de vômito se misturando com carne queimando.

Homens gritavam, conseguia ouvir seus gritos. Só que não sabia o que estava fazendo, gritando ou em completo silêncio.

O primeiro inimigo, sua espada pronta para me cortar. Aço encontrou aço, o som tão familiar se misturando com as chamas de um dragão.

Minha espada se banhou no sangue de alguém, não escutei o som da carne se cortando ou sangue jorrando, mas apenas seu grito ao cair do cavalo.

Meu cavalo saltou por cima de algo, poderia ser um corpo de humano ou cavalo. Seu salto foi o suficiente para perder o equilíbrio e cair no chão.

Rolei para o lado evitando que outro cavalo pisasse sobre mim.

Agarrei o pé de alguém e o puxei para o chão, consegui ver uma espada atravessando seu corpo. Conhecia o homem que segurava a espada.

Levantei em um salto e já encontrando meu próximo inimigo.

Mais alto que eu, mais corpulento, significava um alvo maior.

Mas antes de atingir o primeiro golpe, cavalos passaram entre nós e percebi seu corpo cair no chão.

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Rass

O cheiro de carne causava ânsia, homens queimando corriam em qualquer direção, cavalos correndo em qualquer direção, sangue sendo espirrado por todos os lados, meu machado fazia parte da canção maldita tocada.

Não fazia ideia de quem estava vivo, muito menos se fora minha irmã ou Daemon a marchar junto de Baelor.

Lancei o machado em direção a algum homem sobre o cavalo, o machado cravou em seu peito e ele caiu do animal. Corri em sua direção desviando dos outros homens lutando. Arranquei o machado de seu corpo e rolei sobre o chão escapando de um golpe de espada, consegui contra-atacar pelas suas costas. O machado cortando seu pescoço.

Virei de costas ao ouvir um grasnido e vi um homem com uma espada atravessada no peito, ele estava preste a me atacar antes de se atingindo.

Caiu sobre o chão e vi Daemon sendo o dono da espada. Sorriu para mim antes de se focar em outro inimigo.

– Onde está seu irmão? – Berrei sem saber se havia escutado.

Peguei um escudo qualquer no chão para me ajudar a se defender dos golpes, não iria morrer nesse combate.

Forcei meu caminho até Daemon novamente, não iria deixar o Targaryen sozinho. Se ele morrer significava que minha irmã iria me matar.

– Onde está seu irmão? – Berrei mais uma vez e ele pareceu escutar dessa vez.

Terminou de matar seu inimigo antes de berrar um possível não sei para mim.

Vi o lobo de Tyler saltar sobre um inimigo, o animal estava imundo, provavelmente de sangue.

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Tyler Snow

Perseguia Ramsay, ele voltava para Winterfell junto com alguns homens, mas não consegui perceber se um deles poderia ser Roose Bolton.

Os galopes atrás de mim significavam que outros homens decidiram me seguir, eles queriam o sangue de Ramsay como eu.

Um arrepio percorreu meu corpo quando passei pelos portões de Winterfell.

Em um momento estava parado olhando para Ramsay e no outro sangue cobria minhas mãos.

O sangue de Ramsay nas minhas mãos, ele ainda sorria.

Sai da cima dele, seus homens jogaram suas armas no chão, não existia mais motivo para lutar uma batalha perdida.

– Agora posso ter minha esposa de volta? – A voz de Ramsay soou fraca.

Ignorei sua pergunta, ele queria me fazer perder a cabeça.

– Tire esses estandartes! – Gritei, não queria ver mais o homem esfolado.

Nenhum homem se mexeu, os olhos se focavam no dragão descendo ao chão. Consegui ver uma figura feminina montada no animal.

Homens com o emblema da casa Targaryen se aproximaram, não pareciam ter medo do animal.

A figura se aproximou e reconheci, os cabelos negros caindo em suas costas e olhos violetas que sempre prenderam minha atenção.

– Lisa...

Fazia tantos anos que havia visto depois de ter ido embora da Dorne. Quando treinava com Oberyn ela estava com alguma filha dele ou Arianne, isso dava pouco tempo para conversamos, mais tempo o suficiente para deixar sua imagem guardada em minha memória.

Estava ao lado de um homem mais velho, ela riu de algum comentário dele.

– Tyler, o que fazemos com Ramsay? – Algum homem perguntou.

– Coloquem no calabouço. – Falei, minha atenção continuava em Lisa.

Dei o primeiro passo em direção a Lisa, mas mudei se ideia. Winterfell se tornou minha prioridade e teria tempo para falar com Lisa mais tarde.

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Lydia

Os corredores estavam tão vivos de memórias, minhas fugas da aula de etiqueta, a espada que meu pai me deu, a briga mais feia que tive com Sansa. Todas as memórias frescas, poderia reviver todas elas.

Pessoas sorriam ao passar do meu lado, faziam uma pequena vênia e logo voltavam seu foco para arrumar Winterfell.

– É bom estar em casa – Ouvi a voz de Sansa. – Com pessoas que conhecemos.

– Sonhei com esse dia. – Sansa segurou minha mão. – São tantas lembranças.

– Arya começando uma guerra de comida. – Rimos ao relembrar.

Doce lembranças, mas agora tão amargas.

Risadas que nunca mais seriam ouvidas, não veria mais a forma que meu pai olhava para minha mãe, não fugiria mais das aulas de etiqueta, conselhos nunca mais ouvidos.

Estava em casa, mas perdi tanto.

– Precisamos encontrar nossos irmãos. – Falei. – Arya, Bran e Rickon. Devemos convidar Jon quando todos estiverem aqui. Uma família reunida.

– Agora que Winterfell foi retomada podemos focar nisso. – Respondeu, mas não existia esperança na sua voz. – Isso traz tantas lembranças agora. Parece que olho para uma garota estúpida, ela tinha tantos sonhos estúpidos.

– Não somos mais aquelas crianças, Sansa. Todos tínhamos sonhos.

Sorriu para mim, um garoto se aproximou com um papel na mão.

– Mensagem para você, Lady Sansa.

Ela pegou o papel e leu, amassou e balançou a cabeça negativamente.

– Algum problema?

– Nada de importante. – Sorriu.

– Vou para o bosque.

Olhei para Sansa novamente, havia reencontrado minha irmã.

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Carta

“Fico contente em saber que se livrou das garras de Ramsay. Arranjar esse casamento foi o maior que pude cometer.

Espero encontra-la e conversar sobre o que futuro lhe reserva, Lady Sansa. Pretendo me redimir com você.

Lorde Baelish

Lisa Targaryen

Não era o clima que eu queria, não era o sol de Dorne que me aquecia, não escutava risadas das crianças enquanto se divertiam na água.

Ainda não estou em casa.

Rhaegal deixou passar a mão em suas escamas, ele parecia me entender.

– Lizz. – Virei me vendo Tyler. – Sabia que era você.

– Tyler Snow, não acho que seja uma surpresa o encontra-lo aqui.

– Mas é surpreender encontra-la aqui com um dragão. – Hesitou em se aproximar quando Rhaegal cuspiu suas chamas para o alto. – Eu...

– Não se preocupe, Rhaegal é tranquilo. Um pouco ciumento, mas não vai queimá-lo vivo ou comê-lo. – Aproximou o suficiente para um abraço. – Faz tanto tempo.

– Sinto muito por Oberyn, ele era incrível.

– Meu tio me ensinou muito sobre a vida. – Voltei minha atenção para Rhaegal. – Seu lobo?

– Hunter está caçando. Eu ouvi as histórias sobre dragões, acreditei que eram apenas histórias. Vejo que estou errado, dragões voando novamente.

– Ninguém acreditar até ver um. Eles são incríveis.

Continuamos conversando por um tempo, em Dorne se mostrou um excelente amigo e talvez pudesse ser novamente. Principalmente se me pudesse ajudar com o homem misterioso que coloca flores na minha cama.

Ele não tentou evitar perguntas sobre como estava Dorne, falei que deixei Dorne depois da morte de meu tio e decidi me juntar a minha família pelo lado de pai.

Não contei todos os detalhes de minha estadia em Essos, eram histórias para outros momentos.

O clima frio começou a me incomodar, o sol sempre fez parte da minha natureza. Quando Rhaegal decidiu ir embora foi uma oportunidade para voltar para dentro.

– Lisa. – Kaylee me parou no meio do caminho, ao seu lado estava o rapaz do incidente do barco. – Seu tio pediu para deixar um guarda com você.

– Um guarda? Minha proteção ou para evitar que eu fique com alguém?

– Os dois. – Ela riu. – Ele pediu o mais obediente e te empresto meu Tallon.

Ele deu um passo para frente, a cabeça abaixada evitando me olhar nos olhos.

– Então ele vai ficar me seguindo?

– Mais ou menos. – Kaylee começou a andar para trás. – Boa sorte.

Ergueu os olhos me fitando pela primeira vez, existia alguém diferente em seu olhar.

– Era mais fácil ter me dado Barristan. Então é Tallon seu nome. Boa sorte, não vou facilitar sua vida.

Um sorriso torto apareceu em seu rosto, seria dias longos.

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Alyssa

Rass passou a mão pela sua barba, avaliou qual seria seu próximo movimento. Porém tinha o fechado de todas as maneiras, a vitória era minha.

– É uma excelente jogadora de Cyvasse, mas tem uma vantagem.

– Qual? Só eu estou bebendo aqui.

– Só você, porém não dou sorriso misteriosos. – Colocou o tabuleiro de lado e cortou a distância entre nós. – Estou pensando em outra coisa nesse momento.

– Não sou esse tipo de mulher.

– Eu sei, por isso vou provar que sou mais que um mercenário.

Me puxou para um beijo rápido, sorriu convencido.

– Isso não significa nada.

– Um beijo nunca é apenas um beijo, Alyssa.

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Eddard

Melisandre parou ao meu lado, seu cabelo vermelho parecia chamas quando o vento decidia brincar com eles.

– Seu pai caiu diante do exército dos Bolton. – Meus olhos se focavam na muralha. – O corpo não foi achado ou devolvido, mas Ramsay enviou uma mensagem afirmando sua morte.

– Então devo retomar Winterfell para os Stark, seguir os passos de meu pai.

– Winterfell já foi retomada, um corvo chegou antes de você e narrou a vitória dos exercito Stark. Os estandartes dos lobos já voltaram para seu lugar. – Queria sorrir, mas a notícia de meu pai evitava isso. – Tem mais uma coisa, Eddard.

– O quê?

– Os dragões voltaram. – Virei para fitar seu rosto. – Os Stark formaram uma aliança com os Targaryen.

– Então são meus inimigos.

Melisandre queria dizer mais uma coisa, abriu e fechou os lábios algumas vezes. Preferiu o silêncio e se afastou de mim.

Só existia algo que me fez sorrir naquele momento, foi ver minha doce irmã, Shireen. O único motivo de meu sorriso naquele dia cinzento.

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Septã Lemore

Ela olhava o jovem garoto treinar, exibir suas habilidades e tentar provar que estava pronto.

Alguém precisava encontrar os Targaryen e falar sobre Aegon Targaryen, que o príncipe não morreu naquele quarto como todos pensavam. A pessoa escolhida havia sido ela, em poucos dias teria que partir e encontrar Baelor Targaryen e revelar o segredo.

Se questionava se ele duvidaria de sua palavra, o certo é que duvidasse.

Aegon não sabia da sua partida e nem deveria saber, não daria certo um encontro precoce entre o jovem Griff e o novo líder da casa Targaryen.

– Não é o momento. – Sussurrou para si.

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Baelor Targaryen

Lydia estava sentada na cama, o pano não era o suficiente para esconder as curvas do seu corpo. As chamas a deixavam mais bela, porém conseguia ver o incômodo em seus olhos.

– Pode conversar comigo. – Falei parando na sua frente, sua cabeça continuou focada na vela.

– Eu sei.

– De alguma forma parece que sou um estranho, talvez eu seja. Quero fazer isso funcionar, Lydia. Pode confiar em mim.

– Confia em mim? – Levantou sua cabeça para me observar.

– Eu dei algo muito importante para você. Confio em você, mesmo que pareça estranho.

– Então por que nunca falou de você?

– Coisas que quero esquecer, não quero coloca-la nisso. – Ela abaixou a cabeça novamente. – Sei o que está pensando. Estou em casa e não parece minha casa.

Sentei ao seu lado, evitei segurar sua mão.

– Tudo o que conhecia se perdeu, nunca disse adeus, nunca disse o quanto amava eles. – Ela voltou a me olhar. – A última palavra que disse para minha mãe foi um eu te amo.

– É uma bela despedida.

– Para os outros. Se alguém dissesse que seria a última vez que enxergaria seu sorriso... Não seria um humilde eu te amo, diria tudo o que ela precisava ouvir. – Um nó se formou na minha garganta, nunca seria fácil falar de minha mãe. – Nunca vamos nos despedir de uma pessoa da forma adequada, sempre vão faltar palavras e gestos. Está pensando na sua mãe, pai, irmão, sua vida antiga. Não estou pedindo para parar de pensar no passado ou lembrar de cada risada, sorriso, abraço, beijo. – Segurei sua mão. – Estou pedindo para não chorar por um futuro que não terá. Se fizer isso, Lydia, vai chorar invés de sorrir.

– Vou tentar.

– Se sentir que não pode aguentar a dor, fale comigo. Vai construir novas memórias nesse lugar, memórias que vão lhe fazer sorrir. – Minha mão segurou seu queixo. – Tenho mais um favor. Me deixe conhecer Lydia Stark e eu vou deixar conhecer Baelor Targaryen.