Daenerys Targaryen
Não podia mais continuar com esse relacionamento com Daario, renegar os desejos de meu coração é o que deveria fazer, mas as palavras não saem tão facilmente.
Baelor garantiu que não iria arranjar um casamento, mesmo assim poderia ser necessário. Ele não queria me obrigar a casar como Viserys fez, não queria que a mesma coisa que aconteceu com nossa mãe repetisse comigo.
O anão saboreava o vinho, bebia na maior parte do tempo.
– Realmente deseja matar sua irmã? – Perguntei.
Tyrion levantou os olhos sobre mim, tomou um longo gole de seu vinho e pareceu pensar na resposta adequada.
– Sei que Cersei é minha irmã, porém só compartilhamos o mesmo sangue. – Bateu seus dedos na mesa e olhou para fora. – Ela nunca se importou em ser minha irmã. Já me mandou matar antes e me acusou de ter matado Joffrey.
– Não matou Joffrey? – Lançou um sorriso para mim e encheu seu copo novamente.
– Joffrey me odiava, se esforçou em me humilhar no dia de seu casamento. Mas não matei Joffrey, outra pessoa cuidou de acabar com a vida dele. – Voltou sua atenção para mim. – Talvez tenha sido Sansa, ela sumiu depois disso.
– As pessoas não parecem acreditar em sua inocência.
– Ele apontou para mim antes de morrer e Cersei aproveitou a oportunidade para encerrar com minha vida. Queria ter matado Joffrey, o garoto me atormentou por anos. – Colocou seu copo na mesa. – Ele pode ter sido um monstro, mas ainda era o filho de minha irmã e sei o quanto Cersei sofreria com sua morte. Mesmo tendo certeza que na Batalha da Água Negra ela me mandou me matarem e ganhei isso. – Apontou para seu nariz. – Não seria capaz, ele era o meu sobrinho e filho da minha irmã. Sou um anão e não um monstro.
Avaliei suas palavras, ele afirmava na minha frente que não havia matado Joffrey. Poderia duvidar de sua palavra, mas ele sabia que revelar que não ter matado o bastardo poderia prejudica-lo.
– Matou seu pai?
– Tywin Lannister deixou bem claro que não era meu pai. Não matei meu pai, nunca tive um pai. A única pessoa que considerava um amigo era meu irmão, Jaime, mesmo assim ele conseguiu me desapontar.
Saboreei meu vinho, o gosto doce invadiu minha boca.
– Então trair sua família não é um problema.
– Eles me ensinaram o significado de traição, princesa. – Saltou da cadeira e caminhou até minha direção. – Se me der licença, princesa.
Concordei com a cabeça e ele bambaleou até a porta
– Tyrion! – Chamei e ele parou perto da porta. – O que recomenda que faça com Jorah?
– Ele lhe traiu e você o exilou. Ele voltou mesmo sabendo que isso poderia significar sua morte. Jorah poderia ter me levado para minha irmã e adquirir terras, mas ele me trouxe até você. Você é a Rainha de Jorah, sua fidelidade é sua. Precisa de homens fieis ao seu lado, no mundo existem poucos desse tipo.
O quão grande é a fidelidade de Jorah por mim?
Missandei estava ao meu lado, escondia meu nervosismo dela. Ela não sabia qual futuro escolhera para Jorah Mormont.
Ele entrou junto com Daario e Verme Cinzento.
Daario diria que deveria mata-lo por ter voltado, Verme Cinzento mantinha uma posição imparcial.
– Minh... – Levantei minha mão impedindo que continuasse.
– Perguntei para pessoas que confio o que deveria fazer com você. – Olhou para Daario com raiva. – As palavras de minha família foram importantes. O que tem para falar?
– Eu te amo, Khaleesi. Me arrendo do que fiz, me arrependo de ter planejado junto com o usurpador, essa é minha maior vergonha. Se me der uma segunda chance prometo que serei seu melhor homem.
– Confiança é a mais coisa frágil nesse mundo, quando quebrada nunca será como antes. Você a quebrou, Jorah Mormont. – Abaixou a cabeça em vergonha. – Isso me questiona se devo confiar minha vida em suas mãos novamente, me questiono se não vai me trair novamente. Você diz me amar e não tenho prova desse amor, palavras são como vento. Como vou saber que não vai me trair?
Seu joelho bateu com força no chão, sua cabeça continuava abaixada.
– Minha vida é sua, Khaleesi. Meu lugar é ao seu lado. – Ergueu seus olhos, carregava dor neles.
– Todos me disseram que é um homem leal, se arriscou em trazer Tyrion Lannister para mim, não posso esquecer que salvou minha vida. Levante-se, Sor Jorah Mormont. – Levantou lentamente. – Recebera uma segunda chance, mas se me trair novamente sua sentença será a morte. Fui clara?
– Foi, minha rainha, não irei desapontá-la.
Espero que não.
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Ramsay Snow
Ele escutou um choro de bebê, o choro ecoava naquele lugar escuro.
Forçou seus olhos a verem melhor e teve o vislumbre de uma pessoa, não saberia dizer se era homem ou mulher, se escondia na escuridão.
– Seu irmão veio o conhecer, Snow. – Ramsay odiou por ter usado Snow, ele era um Bolton. – Walda disse que ainda não escolheu um nome para esse pequeno Bolton.
A pessoa se aproximou e percebeu que era uma mulher, ela tinha uma criança no colo.
– Tão doce da sua parte trazer meu irmão. – Usou um tom amoroso.
– Não compro mentiras, bastardo. – Seu rosto se comprimiu em uma careta, se pudesse se soltar mataria a mulher. – Myranda, sua puta, revelou o que planejava fazer com esse pequeno.
– Não a chame de puta!
– Me impeça, Snow. – O bebê parou de chorar. – Planejou matar seu pai, a mulher de seu pai e seu filho. Seu irmão tem olhos azuis maravilhosos, uma inocência que falta em você. Seu irmão deve ser um bom lorde, vai comandar o Forte do Pavor. Um verdadeiro Bolton.
Escutou passos da pessoa indo embora e o deixando sozinho novamente.
Acordou com o portão rangendo e passos lentos e minuciosos.
– Veio me matar? – Questionou a sombra.
– Não, os convenci para lhe alimentar. – Sentiu o homem parar em sua frente. – É uma bela refeição.
– Tem veneno?
– Não, me garanti que ninguém envenenaria essa comida.
– Qual o truque? É a carne dos meus cachorros?
– Nenhum deles, é apenas comida, Ramsay.
Sentiu a colher bater em seus lábios e aceitou, não importava se teria veneno ou seria a carne de seus cachorros, seu estômago queria qualquer coisa e seu corpo algo quente.
O homem contava as coisas que estava acontecendo, parecia querer ajuda-lo, mas não caia nessa. Não seria inocente como a maioria das pessoas que torturou.
– Vejo que comeu tudo. – O homem falou animado. – Sabe de que animal veio essa carne?
– Não me importo.
– O cozinheiro disse ter vindo de uma cadela chamada Myranda. – Ramsay escutou algo parecido com uma risada. – Ou foi de um cavalo? Não me lembro, mas foi de Myranda ou um cavalo. Pelo menos comeu sua amante pela última vez.
Escutou a risada sumir com os passos, estavam debochando dele.
Não fariam isso quando escapasse.
O portão rangeu novamente, mas não escutou nenhum passo. Sentia como se um fantasma estivesse invadido e queria brincar com sua sanidade, como se um dia ela tivesse existido.
Viu os olhos na sombra, um rosnado alto.
Algo lambeu o sangue em sua mão, aqueles segundos de terror. Os dentes cavaram em sua mão e sentiu ser puxada, soltou um grito de agonia, o animal não se importou e continuou com sua batalha para separar a mão do corpo.
Ramsay viu três possibilidades de morte: Comido vivo pelo lobo, por uma infecção, sangrar até morrer.
Ele queria sangrar até morrer, causaria menos agonia e seria mais rápida.
Escutou o lobo rasgar sua mão, mas não demoraria muito tempo para não se satisfazer com ela. Deu pessoas para seus cachorros e eles nunca se contentavam apenas com uma mão, não enchia suas barrigas.
Sentiu o pelo do animar passar por sua perna e circular pela cadeira, nunca o animal viu uma presa tão fácil.
A mordida na sua perna, o animal arrancando um pedaço de sua carne. Seus gritos não incomodavam o animal.
Cada pedaço de si sendo arrancado e devorado, não tinha forças para gritar. Sua vida sumia de seu corpo, mas sabia que sua só morte só viria quando o animal quisesse.
Duas patas se apoiaram na sua coxa, o lobo lambeu o sangue em seu rosto. Ele se deleitava com seu sabor.
Era irônico imaginar que havia planejado essa morte para a mulher gorda e o filho de seu pai, agora iria morrer devorado vivo. Deveria ter aceitado o combate singular, se tivesse sorte poderia ter vencido ou uma morte menos dolorosa.
Ele esperou os dentes cavados em seu rosto, mas o lobo tinha um alvo diferente.
A mordida veio na barriga, órgãos foram arrancados.
Escutou as mordidas do animal antes de apagar.
Ramsay não seria o pesadelo de mais ninguém.
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Najma Snow
Existia noites que sonhava com os dragões voando sobre Westeros e agora se tornará realidade.
Rhaegal, como havia sido chamado, se exibia. Suas chamas se misturavam constantemente com o céu cinzento.
– Assustadores e belos. – Uma voz rouca falou atrás de mim. – Recordo de quando vi o primeiro, muito maior que esse.
Virei vendo o dono da voz, os cabelos castanhos claros caindo sobre o rosto, olhos azuis fixados em Rhaegal.
– Desculpe, quem é você?
– Alguns me chamam de Assombração, mas pode me chamar de Alart. – Sorriu para mim e voltou a encarar Rhaegal. – Como devo chamar a bela dama?
– Najma. Deve ter vindo junto com outros mercenários.
– Vim, mas não carrego uma espada. – Voltou sua atenção para mim. – Meu pai luta e eu entrego as mensagens. Não tenho vocação para matar, senhorita Najma.
– Então é apaixonado por dragões.
– Meu pai sempre diz que meu problema é amar as coisas que tem um coração, ele não pode me culpar por isso. – Bagunçou o próprio cabelo. – Deixo esse dever para o meu irmão de empunhar uma espada. Estou lhe incomodando? Algumas pessoas dizem que falo demais e não entendem como ganhei meu apelido, até imaginam que seja uma piada.
– Como adquiriu assombração como nome?
– Ninguém me ver quando quero, sei ser silencioso. – Riu sozinho. – Se um dia precisar que algo seja entregue sem o conhecimento de alguém é só me procurar. Ninguém me ver e ninguém sabe o que pedem para mim.
– Alart, a assombração. – Concordou e sorriu. – Se um dia precisar utilizarei seus serviços.
– Você é filha de uma Targaryen?
– Sou.
– Então por sorte achei a pessoa certa. – Entregou o papel para mim. – Me mandaram entregar isso, prometo não ter lido. Tenho que ir, mais mensagem me aguardam.
Virou-se e saiu andando por algum canto, talvez procurando alguma pessoa.
Li que Baelor queria que me juntasse a mesa Targaryen para o jantar que teria noite, depois dessa noite alguns homens iriam partir para Dorne e começar uma investida para ter Pedra do Dragão.
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Helena Tyrell
Meu irmão, Willas, lia a carta que receberá.
Jogou o papel sobre a mesa e deu um longo suspiro, seus dedos percorreram seu cabelo castanho.
– Uma mensagem de Alyssa. – Falou pausadamente. – Winterfell foi retomada e os Stark são lordes novamente do Norte.
– Uma boa notícia. – Comentei, mas Willas não mostrou a mesma empolgação. – Qual o problema?
– Alyssa fala sobre a volta da casa Targaryen, Lydia Stark se casou com Baelor Targaryen.
– Suponho que eles voltaram para retomar o trono. – Falei e Willas assentiu pegando o papel novamente. – Estão oferecendo uma união. Eles querem Margaery, querem aproveitar que ela está em Porto Real e seu casamento com Tommen não foi consumado.
– Ela se casaria com o irmão de Baelor?
– Não revelam, na verdade eles querem tratar disso pessoalmente. – Releu novamente o papel. – Um de nós teria que ir para Norte. O problema que se isso cair nas mãos do Lannister seria o fim para Margaery.
– Margaery já tem garras em seu pescoço, Willas, Cersei Lannister vai fazer de tudo em alcance para derrubar nossa irmã. – Lembrei de Tyler que devia estar em Winterfell. – Vou para o Norte e negocio, minha visita para Winterfell não deve ser vista como maus olhos já que sou uma velha conhecida de Tyler.
Willas rasgou o papel em vários pedaços.
– Só vamos fazer isso se tivermos garantia que eles vão vencer ou poderão proteger nossa irmã da fúria de Cersei. – Suas palavras estavam sendo medidas com cautela. – Nesse momento seremos as únicas pessoas que saberemos isso e nossa avó. Não fale sobre isso com mais ninguém, nem mesmo com quem você considera um amigo. Se isso cair em ouvidos errados.
– Sei onde estou indo, irmão. – Levantei da cadeira e beije sua bochecha. – Não sou tão inocente assim. Mas tem alguma mensagem para Alyssa?
– Posso enviar uma carta, Helena.
– Pode, mas nunca escreve o que realmente sente. Doce palavras, mas não seus sentimentos por ela.
– Melhor ir, tem que preparar sua ida para Winterfell.
Não é o casamento que me interessa, o que me interessa é Tyler Snow, sentia sua falta e de seus lábios.
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Mindinho
Não importava quantas vezes ele visse Sansa sempre se assustaria com a semelhança dela e de sua doce Catelyn, parecia um vislumbre da mulher que entregou seu coração.
– O que quer, Lorde Baelish? – A voz de Sansa soou fria, ela o odiava.
– Vim pedir desculpas por ter lhe entregado para Ramsay, se eu soube...
– Quer que acredite que não sabia o monstro que ele era? Você sabe tudo, você manipula as pessoas. Não confio em você, Lorde Baelish.
– Sinto muito, Lady Sansa, sou o único culpado por essa quebra de confiança. Vim me redimir, faço o que quiser para reparar meu erro.
– Reparar seu erro? Não existe nada que vá apagar o que Ramsay fez comigo. Se quer fazer algo por mim vá embora, não me procure mais.
Ela se virou de costas, ele sabia que estava perdendo sua garota.
– Ainda precisa de mim, Sansa. Confia em sua irmã? Na sua família?
– Mais que em você.
– Quanto tempo ela estava planejando esse casamento com Baelor Targaryen? Ele poderia ir para Dorne, todos os portões estão abertos para ele, mas mesmo assim arriscou tudo para tomar o Norte. Me contou que sua irmã abominava o casamento, porém ela aceitou a união com um Targaryen. O irmão do homem que sequestrou e estuprou sua tia Lyanna, o filho do homem que matou seu avô e tio. – Sansa o virou para encara-lo mais uma vez. – Como ela consegue dormir com um homem que faz parte de uma família que quase destruiu sua casa. Você deve ser a rainha, Sansa, não sua irmã.
– Não me procure novamente, Lorde Baelish.
– Cuidado com os dragões, Lady Sansa.
Falou, ele sabia que ela voltaria.
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