História Game of Thrones: O Legado de Frey - The Wandering Forest

"Toca da Raposa, só entre se souber caçar"

As palavras escritas em um pequeno pedaço de madeira, utilizando um vermelho que muito lembrava sangue, pareciam condecorar a entrada do único local coberto no meio da Floresta Andante aos arredores de Correrio.

Depois do assassinato de meu pai, Walder Frey, sob em circunstâncias misteriosas e da invasão das Gêmeas por Euron Greyjoy, a mando da Rainha Cersei, fugir das Terras Fluviais era o mais seguro a fazer. Durante a invasão alguns de meus irmãos reuniram poucos homens que lá restavam e decidiram lutar. Em vão. Logo após a conquista do castelo vi muitos de meus irmãos e irmãs sendo assassinados e aprisionados por Euron e seus homens alegando que após a morte de meu pai os Frey haviam se aliado com a única Targaryen restante, Daenerys. Vendo isso decidi que eu, Vida Frey, preferiria morrer sozinha nas florestas do que ser estuprada e morta por homens sujos e repugnantes como os Greyjoy. 

Entrei na toca sem pensar duas vezes. A floresta era muito mais do que só árvores e animais rastejantes, eu podia jurar que havia sido perseguida por uma mulher de pele pálida como a morte e de marcas em seu pescoço como se este já tivesse sido atravessado por uma lâmina antes. Por um instante cogitei a ideia de parar de correr e deixá-la me levar, talvez a morte não fosse tão ruim quanto a vida. Meus pés não me obedeceram, continuei a correr até despistar aquela criatura estranha que me perseguia.

Ao entrar no mar de galhos e folhas que de alguma forma se entrelaçavam formando uma cabana senti um arrebatante cheiro de canela, porém isso não era o mais estranho, na toca não havia absolutamente nada. Um ruído nos galhos me fez virar a cabeça pra ver o que havia provocado o barulho. CANELA.

-Ahhhhhh. Me perdoe, eu não tive a intenção de invadir seu lar, eu só não tinha para onde ir! - Meus olhos ardiam e eu já não enxergava mais nada, me deitei no chão suplicando misericórdia ao vulto que havia soprado o pó que cheirava como uma mistura forte de canela e coentro em meus olhos.

-Qual seu nome forasteira? - Esbravejou logo antes de me dar um chute na barriga. 

A voz era de uma mulher porém a pronúncia das palavras soava como um homem cansado depois de uma longa caçada.

-Vida... Vida Frey minha Senhora. - Disse enquanto tentava me recompor após o chute que havia recebido.

Um silêncio profundo tomou conta da toca. A floresta parecia ter se calado para observar minha morte. Tinha certeza de que em alguns segundos já estaria morta. Em um golpe brusco a Senhora segurou minha testa, inclinando minha cabeça para trás e deixando meu pescoço a mostra. ÁGUA. Sentia a tremor de sua mão em minha testa enquanto ela lavava meus olhos com água então deduzi que era uma mulher de idade avançada. Me deu um pano para secar meus olhos. Eu finalmente podia ver e o que eu via era surpreendente. A toca estava repleta de coisas, livros, tapetes, mesas, almofadas... Mas espera, de onde tudo aquilo havia aparecido se minutos atrás o lugar estava vazio?

-Como isso aconteceu? Quem é você? - Perguntei como se minha vida dependesse daquela resposta.

-Me chamam de Kira, a Raposa e eu sou a mais antiga guardiã da Floresta Andante.

Meu coração parou. Já tinha ouvido histórias sobre as guardiãs da floresta e como elas matavam todos os Senhores das Terras Fluviais que encontrassem. Eu estava na toca da bruxa e era uma Frey. Por que diabos ela havia poupado minha vida?