História Game of Thrones: O Legado de Frey - Martha's Whorehouse

O desconforto naquele lugar era perceptível até mesmo no ar, ele corria seco e parecia insuficiente para encher meus pulmões.  Amedrontada, não conseguia encontrar dentro de mim a coragem para perguntar a razão pela qual Kira me manteve viva. Talvez ela nem precisasse de uma razão, talvez as histórias sobre as guardiãs da floresta fossem exageradas para manter as crianças longe de qualquer perigo. De qualquer forma não iria arriscar irritá-la com perguntas bobas.

A senhora estava muito concentrada em escolher as folhas certas para a preparação de um chá. Para ser sincera nunca fui uma pessoa apreciativa de chás e suas aplicações medicinais, achava que eles funcionavam de forma totalmente psicológica, porém como não havia comido ou bebido nada com gosto decente desde que fugi de casa um chá quente naquele momento seria como um elixir dos deuses. Kira colocou duas canecas de madeira no que podia se chamar de mesa e voltou buscar o chá.

-Você sabe o lema dos Stark garota? - Perguntou enquanto me servia o chá e se aconchegava na cadeira à minha frente. 

-"O inverno está chegando" - Respondi sem titubear e o primeiro pensamento que passou por minha cabeça foi o quanto Meistre Patrek estaria orgulhoso de mim por responder a pergunta tão rápido. 

-Esse chá quente no inverno é a diferença entre a vida e a morte. Curiosamente o inverno está aqui e daqui em diante os horrores começarão garota. - Era perceptível que ela já havia sobrevivido muitos invernos.

Ao tomar aquele chá um sentimento estranho tomou conta do meu corpo, meus sentidos estavam se condensado e logo eu já não conseguia pronunciar palavra alguma. Minha visão turva demorou pra conseguir se fixar na caneca de Kira. VAZIA. Meus olhos se encontraram com os dela e então eu soube que era ela, a bruxa havia me envenenado.

Mais uma vez eu sabia que precisava fugir daquele lugar se quisesse sobreviver. Eu tinha um plano quando fugi do castelo: encontrar Daenerys Targaryen, jurar à ela minha lealdade e assim ter uma chance de voltar para casa quando ela conquistar o trono de ferro. Me convenci que essa bruxa traiçoeira não iria conseguir me parar tão facilmente. Levantei-me da cadeira jogando o restante do chá no rosto de Kira, o ato me trouxe certa satisfação já que ela havia jogado um pó ardido em meus olhos mais cedo.

Porém fugir da toca seria muito mais difícil do que eu pensei, era como correr tendo dois pés esquerdos já que o chá atrapalhava não só minha visão como também minha coordenação motora. Dei três passos além da entrada da toca e caí, agora deitada sobre galhos e folhas não conseguia pensar em mais nada, tudo foi se tornando escuro e eu sentia minha mente adormecendo, naquele ponto eu já tinha desistido de lutar. 

Acordei ao ouvir uma gaita, só o ato de ter vivido o suficiente para acordar já era uma surpresa pra mim. Meus pés e mãos estavam amarrados e sentia que estava em movimento; Ao abrir os olhos percebi que já era dia e uma dor intermitente latejava em minha cabeça, agora entendia que estava em uma carroça. 

-Socorro, socorro! - Meu primeiro instinto foi gritar.

-Cale a boca, puta. - Estranho, uma voz de homem. Virei-me e vi que era ele que conduzia a carroça enquanto tocava a gaita.

-Quem é você? Onde está a Kira? - Perguntei.

-A velha? Ela te vendeu por dez moedas de ouro, geralmente pagamos só três mas ela jura que você tem sangue nobre.

-Me vendeu pra quem?

-Martha. - Disse enquanto açoitava o cavalo.

-Quem é Martha? - Fui direta.

-A dona do maior puteiro de Correrio. 

Aquilo não podia estar acontecendo!