História Game of Thrones: O Legado de Frey - Command, Obey

O gosto do pano fétido cada vez mais se instalava em minha boca. O homem balofo e de pele escura me amordaçara para que eu não pudesse enchê-lo de perguntas sobre o bordel para o qual ele estava me levando, no entanto ele era piedoso o suficiente para arrancar a mordaça uma vez ao dia para que eu pudesse me alimentar. Ele mantinha em segredo seu nome e se recusara a me dar quaisquer informações sobre Martha e o bordel, indubitavelmente o silêncio me angustiava com desenvoltura.

Já estávamos na estrada há alguns dias, ou seja, Correrio estava próximo. Era noite quando o homem parou de tocar sua gaita e interrompeu a marcha dos cavalos, pulou da carroça tropeçando nos arreios extras para os cavalos que descansavam ao seu lado no banco.

-Fique aqui e não faça nenhum som, eu voltarei logo. - Disse o homem enquanto me amarrava a carroça. Me cobriu com um pano para que não houvesse a possibilidade de algum bisbilhoteiro me ver ali.

Me debatendo consegui tirar o pano do rosto, o homem tinha estacionado a carroça bem próximo à uma árvore de folhas largas e de cor alaranjada, era óbvio que ele queria me manter distante do lugar onde ele havia ido mas se esquecera de que o som viaja pelo ar e eu conseguia ouvir gargalhadas, conversas altas, gritos. Aquele barulho me lembrava homens bêbados e se eu tivesse direito a um palpite diria que ele estava em alguma taverna bebendo como um fanático. O barulho de passos ficando mais altos alertava que havia alguém se aproximando, fechei os olhos e virei minha cabeça para a parede lateral procurando me esconder caso fosse alguém perigoso, até que escuto um estrondo dentro da carroça e automaticamente viro minha cabeça para ver o que era.  UMA GAROTA.

O balofo havia jogado uma jovem desacordada e amordaçada ao meu lado, de cabelos dourados e pele pálida presumi que a garota fosse muito bonita quando não estava cheia de hematomas; Percebi logo que ela era outra de suas encomendas para Martha e que nós enfrentaríamos um destino muito parecido, depois disso o homem seguiu com a viagem como se nada tivesse acontecido, já eu não consegui pregar os olhos pelo resto da noite.

No dia seguinte paramos para nos alimentar, o balofo ascendeu uma fogueira para assar os coelhos e finalmente tirou nossas mordaças. Eu a estava encarando no momento em que havia acordado, diferentemente de mim ela não gritou ou se debateu, apenas escorreram-lhe algumas lágrimas e aceitou a situação. 

- Meu nome é Vida. - Iniciei uma conversa com a garota enquanto esperávamos a refeição.

- Eu sou a Maude. - Respondeu de forma tímida. - Você sabe para quem ele vai nos vender?

- Uma mulher chamada Martha, dona de um bordel em Correrio. - Ela encarou o homem com asco quando ouviu minhas palavras. - Ele não é tão ruim quanto parece, ele só gosta de silêncio.

- Como você pode não achá-lo tão ruim quando ele está vendendo seu corpo para ser usado por milhares de homens repugnantes? - Ela fez uma pergunta para a qual eu não tinha uma resposta.

Depois do almoço viajamos por mais algumas horas e antes do anoitecer chegamos em Correrio. Meu irmão Emmon havia sido lorde daquele lugar por algum tempo após meu pai ter declarado seu apoio aos Lannister e ter assassinado Robb Stark, porém eu nunca havia visitado aquele castelo, a maior parte de meus irmãos e eu continuamos nas Gêmeas com meu pai, agora ambos os castelos se encontravam sob o domínio da Rainha Cersei e de Euron Greyjoy, se alguém naquele lugar desconfiasse que eu era uma Frey eu perderia minha cabeça em questão de segundos, tinha que abandonar meu nome de família. O balofo já sabia que eu era de uma casa nobre e uma garota nobre sozinha nas Terras Fluviais só podia ser uma sobrevivente da casa Mallister, uma família muito antiga juramentada à meu pai e que também havia sido dizimada pela Rainha. Estava decidido, agora eu me apresentaria como Vida Mallister.

Chegando no bordel o homem empurrou Maude e eu para dentro e nos escoltou pelo lugar, passando por várias mulheres despidas nos corredores e homens acariciando seus corpos como se fossem seus donos chegamos até uma grande porta de madeira, o balofo abriu a porta e nos chutou para dentro.

-Isso é um adeus garotas. - Disse ele fechando a porta sem esperar a resposta.

Nós nos deparamos com um quarto minúsculo onde se encontravam mais cinco meninas, haviam apenas duas camas para sete garotas então nos sentamos no canto ao lado da porta. Nenhuma das meninas dirigiu uma palavra à nós duas mas todas conversavam entre si, eu via nos olhos de Maude seu medo então segurei sua mão com força e ela pareceu se acalmar, até que uma mulher entrou no quarto como um raio escancarando a porta e andando apressadamente como se fosse a comandante de um exército.

- Meu nome é Martha, eu sou a dona de todo esse lugar, vocês trabalham para mim e seu treinamento começa agora. - Disse enquanto encarava fixamente nós duas encolhidas no canto. Maude vomitou.