História Gamers - Ten

 A primeira pessoa que eu vi foi a Dong Sun apontando a lança para o Taehyung. Ele não estava tão ferido, só estava arranhado no peito. De longe, parecia bem pior. Me aproximei correndo e, antes que ela o acertasse com a lança, me joguei na frente dele segurando a lança. Sun girou 90° para que eu soltasse mas eu girei junto e dei um chute em sua barriga, 

fazendo-a cair no chão. Ela chorava, mas não era de ódio... Era de medo e ressentimento. Me abaixei ao lado dela e fiz algo que eu nunca imaginei que iria fazer: eu a abracei. Ela parecia surpresa, mas também me abraçou. Fiz sinal para que Jimin levasse Tae para o esconderijo e permanecesse lá junto com a Mi. Sun soluçava no meu peito, afundando seu rosto em mim e me abraçando cada vez mais forte.

- Eu não aguento mais - chorou - Eu não aguento mais!

- Você sabe... Não precisa fazer isso.

- Eu temo a morte, Won.

- É isso que nos mantém vivos. 

 Ela me olhou pensativa, como se se perguntasse o motivo de ter passado todos esses anos me odiando. Bom, isso era o que eu me pergunto todos os dias.

- Me perdoa, Won.

- Perdôo sim, mas vamos sair daqui. Somos alvos fáceis.

 A levei para o meu esconderijo e lá, ficamos reunidos até dar a hora da janta. Sun parecia triste, desmotivada. Mi se aquecia nos braços do Jimin e eu e Taehyung lembrávamos da nossa infância.

- Tae, por que você não atacou a Sun?

- Mamãe sempre me ensinou que eu não devo bater em mulheres. Isso é covardia. Eu prefiro morrer como um medroso que morrer como um covarde.

- Você ia morrer.

- Eu ia morrer honrando a mãe.

- Tenho certeza de que ela está orgulhosa de você. - sorri

- De você também, Jagi. 

 Me encostei em seu peito e adormeci. 

 No dia seguinte, me levantei e saí do esconderijo para respirar um pouco. Fui até o lago me lavar e beber um pouco d'água, quando notei um pedaço de pano com algo metálico preso na árvore. Ao chegar mais perto, senti um choque interno depois de identificar a quem pertencia aquilo. - Jin! 

 Peguei o pano e retirei o broche, pondo-o em minha roupa. Corri para o esconderijo e notei algo de diferente ali: Mi havia sumido. Acordei cada um e voltei para a superfície.

- Mi! - gritei

 Segundos depois, ouvi de longe sua voz gritando meu nome. Vinha do lado oeste. Mas também vinha do lado norte. E do lado leste também. E do Sul. E do Sudoeste. Vinha de todas as partes. Gritei mais uma vez, e novamente, ela me responde segundos depois. Dessa vez, identifiquei da onde vinha o som, e corri pro lado Sul. 100km mais tarde, achei outro pedaço de pano. Imaginei que fosse da Mi, então segui os rastros. Eles deixaram uma trilha de pano na floresta, só não sabia pra que servia. Para nos atrair talvez? Mas atrair para que? Minha ficha caiu tarde demais. Fomos atraídos para uma armadilha. Hyaerin brotou com Jiwang, Namjoon e ChangHa do grupo M. Eles arrastavam quatro pessoas por uma corrente, presa no pescoço de cada um, como se fossem animais. Presos, estavam: Jin, Hoseok, Mi e Hee. Ao ver Hoseok, Taehyung ficou vermelho de raiva e começou a se debater, tentando se libertar da armadilha, mas foi inútil. Jin estava todo machucado, como se tivessem torturado ele a noite toda. Ele não me olhava nos olhos, parecia estar se sentindo derrotado. Falho. Hee estava com um aspecto doente, como se não fosse alimentada há dias. Hoseok estava com uma ferida aberta enorme no abdômen o que me deu ânsia. Fechei os olhos e virei pro lado, tentando não ver aquela cena horrorizante. Minha raiva subiu ao ouvir Hyaerin rindo.

- Está com nojo, Wonnie? Como é a sensação de ver seus amigos nesse estado?

- O que vocês fizeram com eles?

- Jiwang, quer fazer as honras?

- Vamos começar pelo Hoseok: ele estava perdido a procura de seu amado, Taehyung. Ao descobrir que ele era viado, senti nojo dele é resolvi tentar fazer ele virar homem. Mas eu precisava de uma dama, pois a Hyaerin se recusava a transar com ele. Foi aí que eu encontrei a Hee. - sorriu

- Seu desgraçado!! Ela é só uma criança!!! - gritei

- Ouviu isso, Heennie? - Hyaerin sorriu, debochada - É isso que sua tão amada Unnie pensa de você: que você é só uma criança.

- Mas é verdade! - Tae estava vermelho de raiva - Ela tem apenas 14 anos. Sempre foi uma menina pura e inocente. O que vocês fizeram foi induzir alguém a estuprar uma criança.

- Ah mas não para por aí não. - Jiwang sorriu caminhando até Jin. - Esse aqui, se recusou a fazer qualquer coisa que mandássemos. Até oferecemos uma proposta a ele, onde ele tinha que matar sua amada, e assim, déssemos a oportunidade de sobreviver aos Jogos. Mas ele se recusou. Sendo assim, precisava ser castigado, não? 

 Ele deu um tapão forte nas  costas do Jin. Provavelmente estava ferido, pois ele gritou de dor. Aquilo pareceu dar prazer ao trio pois todos riram.

- Namjoon. - Sun sussurrou, chorando - Namjoon, por que?

- Sun? O que você está fazendo aí? Não me diga que se uniu a esses perdedores patéticos.

- Sim Namjoon, eu me uni. Prefiro ser uma perdedora patética do que uma covarde que mata e machuca os outros por puro prazer.

- Ah, ele matou. Me responda Won, você gostava do Suga?

- Seu infeliz! - gritei - Seu desgraçado, infeliz!

 De repente, todas as minhas forças se esgotaram e eu comecei a chorar. Estava o jogo inteiro me esforçando para que isso não acontecesse, mas o Suga foi o melhor amigo que eu tive em anos. Ele sempre me ajudou, sempre esteve do meu lado, sempre me apoiou e me aconselhou em tudo. O pior de tudo, é que ele também perdeu sua família por causa dos seguranças da Academia. Juntei todas as forças que ainda restavam em meu corpo e gritei o mais alto que pude. Suga estava morto, e isso me doeu. Jimin também chorava, Hee e Mi também. Mi sempre foi louca pelo Suga, e deixava isso explícito. O Suga também amava ela, mas escondia, com medo de machucá-la. Não trair ou algo do tipo, mas sim, porque ele sabia que seria o primeiro do grupo Y a morrer.

- Chore mais, florzinha. - Hyaerin ria com gosto - Chore muito mais. Encha meu prazer com suas lágrimas fúteis e infelizes. Encha meu ego, minhas forças. Sofra, pois é isso que você merece. Morra!

 Ela tacou uma de minhas estacas em minha perna, bem onde eu havia lhe acertado no início dos jogos. Senti meu corpo arder de dor. Em seguida, tacou outra estaca na minha barriga, onde eu também lhe havia acertado. Insatisfeita com os ferimentos que me causou com a estaca, deu um chute nas costas do Jin, fazendo-o cair de cara no chão. Reuniu Namjoon e Jiwang, e começaram a espancar o coitado. ChangHa era a única que ficou queita, sem tomar nenhuma atitude. Mas isso não significa que ela estava feliz com essa situação toda. Ela caminhou até mim e retirou uma das estacas encravadas em mim, e acertou a cabeça de Jiwang. A estaca atravessou seu crânio, e Hyaerin o olhava assustada. Olhou para ChangHa e caminhou lentamente até ela. ChangHa não esperou muito e olhou para Sun, como se pedisse desculpas, e em seguida, acertou o peito de Namjoon, na altura do coração. Hyaerin correu na direção de ChangHa que desviou com uma facilidade extraordinária. Hyaerin tentava atacar ela de várias maneiras, mas era inútil. ChangHa deu um chute no peito de Hyaerin que voou longe, caindo em cima de Jiwang, que estava morto com uma estava na cabeça. Hyaerin soltou um grito e pulou, saindo de cima dele. Olhou para todos nós, um por um, e então, saiu correndo para o lado oposto.

- Quem são os perdedores patéticos agora?

 Ela se virou para a gente, com um olhar solidário. Soltou cada um de nós. Após ser liberta, corri até Jin que ainda estava deitado no chão. Eu ele estava sem camisa, todo ferido. Parecia ter sido chicoteado. Sua boca estava suja de sangue, mas eu não me importei. Lhe beijei com todo o amor e ternura que havia em mim. Ele correspondeu ao beijo, chorando.

- Me perdoa.

- Shiiu - limpei seu rosto com a minha camisa que eu havia tirado - Não fala nada, Jin. Você precisa se recuperar agora. 

 Hee correu para abraçar o Jimin, mas desmaiou em seguida. Corri até ela e tentei lhe acordar, mas foi inútil. Peguei minha garrafinha e joguei um pouco de água em seu rosto, lavando-a. Jimin a pegou no colo e eu ajudei Jin a se levantar.

- Vamos pessoal. Precisamos achar um bom lugar para vocês descansarem e se recuperarem.