Na sala de aula, Rosalya perguntou para mim o que havia acontecido com meu braço. Enrolei ela ao máximo, e no final, ela acabou acreditando que bati o braço no corrimão da escada de casa.
O intervalo inteiro passei com Castiel, no porão.
- E nós vamos ficar quanto tempo em Springfield?
- Algumas horas. – Ele deu de ombros. Concordei com a cabeça, então, lembrei de Matt.
- Mas e se, por algum motivo, eu não puder ir? – Castiel me olhou, curioso.
- Você não vai?
- Estou supondo se Matt não deixar.
- E por que ele não deixaria? – Fiquei de frente para ele.
- Ele alegou que estou saindo muito ultimamente. – Castiel suspirou.
Se eu saísse sem permissão, não sei o que aconteceria se meu primo descobrisse. Também tenho consciência que sou útil para Castiel. Seria muito babaca da minha parte não ir ajudá-lo.
- Eu me viro sozinho, não se preoc...
- Quer saber? Isso não importa. Eu vou de qualquer jeito. Tenho quase dezoito anos mesmo. – Castiel franziu as sobrancelhas.
- Você não tem dezoito?
- Não. – Ri – Eu te falei. Tenho dezessete. Meu aniversário é em julho.
- Eu esqueci. – Riu – Mas então, você poderia até se emancipar.
- Meu aniversário é daqui a dois meses, a emancipação deve demorar mais para sair. – Poderia até ser verdade, mas no fundo, eu não queria me emancipar. Eu gosto de morar com Matt, é tão tranquilo.
Castiel deu de ombros, e em seguida, o sinal tocou. Fomos para a aula, e enquanto o professor não chegava, o ruivo me deu uma notícia.
- Eu e o Lysandre estamos pensando em voltar com a banda. – Fiquei surpresa.
Depois que Debrah saiu da escola, a banda de Castiel acabou, e eu nunca imaginaria que ele ao menos tivesse considerado a ideia de voltar com ela.
- Você vai voltar com a Winged Skull? – Falei, sorrindo.
- E está tão feliz por quê? – Lysandre se juntou a nós.
- Vejo que já contou a novidade a senhorita Meghan. – A educação de Lysandre era algo que me espantava.
- Contei. – Castiel dividiu sua atenção entre mim e o amigo.
- Contou-te também que agora ele cantará? – O ruivo lançou um olhar mortal para Lysandre. Olhei intrigada para Castiel. Ele nunca cantava, apenas ficava na guitarra.
- Ela não precisava saber disso! – No mesmo momento, o professor entrou na sala, então, Lysandre sentou-se em sua carteira, rindo, e Castiel bufou, virando para frente.
Isso fez-me questionar se Lys saberia que Castiel era um traficante. Eles eram melhores amigos, mas talvez Lysandre não soubesse. Eu poderia perguntar.
- Eu vou entregar as provas de ontem. – Gelei, e vi que Castiel ficou tenso também.
Olhei para Rosalya, mas ela estava concentrada demais lixando as unhas para prestar atenção no professor.
- Eu vou chamar, e vocês venham até aqui pegar. Kim. – A morena se levantou, e ao pegar a prova, arregalou os olhos, e murmurou um: fudeu, para a classe.
Um papel voou sobre a minha mesa. O desdobrei.
Aposta quanto que tirei 0?
- Rosa
Olhei para o lado e vi a platinada me encarando. Murmurei um: acho que não. Rosa deu de ombros.
- Nathaniel. – Nath se levantou, e sorriu com seu resultado. Ouvi Castiel rir sem humor. – Rosalya.
Rosa se apressou para pegar a prova, e quase tropeçou com seu salto. Armin a pegou antes de um acidente acontecer.
- Eu tô bem! – Ela se recompôs e andou até o prefessor. Ri com a cara que ela fez.
Rosalya voltou para seu lugar e me mostrou a nota. 7,3. Ela sorria satisfeita.
- Meghan Carly. – O professor chamou meu nome. Levantei, apreensiva.
Cheguei perto de Faraize, e ele me entregou a prova, já falando o nome de Li para entregar sua prova.
8,4. Meu senhor... Suspirei aliviada.
- Castiel. – O ruivo não teve pressa nenhuma para pegar sua prova. Na realidade, ele nem olhou a prova, apenas a socou na mochila.
Arquei a sobrancelha, mas deixei quieto. No final das aulas, conversei um pouco com Alexy e fui para a casa.
Almocei sozinha, pois Matt não estava em casa, segundo o bilhete que ele deixou: “ Precisava tratar de alguns assuntos. Volto às nove. Beijo – Matt “
Sei que o motivo tem nome e sobrenome: Claryssa Blanche.
Não fiz nada por um tempo, e lá pelas quatro horas da tarde, Rosalya apareceu na minha porta.
- Pode entrar. – Disse sarcástica, ao ver a mais alta entrar assim que abri a porta.
- Nós vamos dar um rolê hoje. – Sorriu, com sua mochila nas mãos.
- Um rolê? – Cruzei os braços. – Não posso, Matt vai chegar às nove.
- Dez para às nove estamos em casa. – Revirei os olhos.
- E posso saber o motivo de você querer sair?
- Desde que você começou a andar com o Castiel, me abandonou. – Fez uma carinha triste – Você meio que me deve isso.
Suspirei. Era verdade, eu havia esquecido Rosa um pouco.
- Tudo bem. O que você tem na mochila? – Apontei.
- Minhas roupas, dã! Também tem algumas maquiagens e minha chapinha. Posso usar seu chuveiro? – Falou rápido, mexendo na mochila.
- Claro, vamos subir. – Subimos.
Rosalya foi para o banheiro, e eu fui procurar uma roupa para mim. Separei uma blusa listrada para colocar por baixo da jaqueta de couro branca com alguns detalhes em amarelo e laranja.
Uma calça jeans preta e uma bota. Eu já tinha a roupa. Rosa saiu do banheiro com a toalha enrolada em seu corpo e cabelo, então, começou a se arrumar. Não nos importávamos de nos vermos nuas. Foi a minha vez de ir tomar banho. Não demorei muito, e logo já estava vestida. Rosalya havia secado o cabelo, e eu fiz o mesmo. Ela me maquiou, e depois eu coloquei alguns acessórios.
- Você nunca me contou o motivo dessas tatuagens nos dedos. – Olhei para os planetas e estrelas tatuadas em meus dedos. Soltei um riso anasalado.
- Quando eu tinha quinze anos, eu sentava no telhado e ficava olhando para as estrelas. A astronomia sempre foi algo que me fascinou. – Ela concordou – Eu ficava imaginando aonde estaria meus pais. Talvez se eu tatuasse alguns dos astros, eu poderia me lembrar deles para sempre, já que sempre que os via lembrava deles. O sol é meu pai, a lua é minha mãe, a estrela é o Matt, e o planeta é minha tia, que era minha pessoa favorita. – Sorri.
- Por isso tatuou Saturno? – Concordei.
- É meu planeta favorito.
- E as outras?
- Eu apenas gostei. – Suspirei, lembrando da ligação – Bom, termine logo de se arrumar.
Peguei minha bolsa e coloquei a carteira, o celular e as chaves de casa dentro. Passei um perfume e sai de casa, acompanhada de Rosalya.
- Não acredito que estou fazendo isso. – Neguei com a cabeça.
- Você precisa de adrenalina, Meg! Sua vida é muito parada.
- Pode acreditar, minha vida tem muita emoção. – Ri, lembrando que me tornei uma traficante.
- Que seja. – Ela entrelaçou seu braço no meu – Vamos passar no Starbucks para comer alguma coisa antes.
Assenti e fomos para o Starbucks. Fizemos nossos pedidos e sentamos em uma mesa.
- Como você está com o Leigh? – Perguntei, mexendo nas unhas pintadas de preto.
- Muito bem. – Ela estava radiante – E você com o Castiel, hein? – Rosa fez uma cara maliciosa.
- Não é nada sério. – Me encostei na cadeira.
- E você queria algo sério? – Ela entrelaçou seus dedos, como uma psicóloga.
- Eu não sei. Castiel é meio complicado. – Dei de ombros.
- Defina complicado.
- Rosalya e Meghan! – A atendente chamou. Rosa se levantou e pegou para nós duas, me entregando o cupcake e o café com chocolate cremoso.
- Complicado, Rosa. Digamos que ele é bipolar.
- Deve ser horrível conviver com alguém que tem bipolaridade. – Ela uniu as sobrancelhas bem feitas. Dei uma mordida no cupcake.
- Mas vamos mudar de assunto. Você não torceu o pé hoje?
- Ele fode bem? – Perguntou, ignorando a pergunta que fiz.
- Rosalya! Eu não vou falar isso com você. – Ela revirou os olhos.
- Tá bom, tudo bem!
Continuamos conversando até acabarmos de comer. Pagamos e saímos do Starbucks. O meu café ainda não tinha acabado, então sai com ele.
- Aonde você quer ir agora? – Olhei para meu celular, vendo as horas. Eram sete horas.
- Tanto faz. – Dei de ombros, bebendo o café.
- Vamos para a Times Square!
- É longe daqui, Rosinha. – Reclamei por antecedência.
- Pare de reclamar! – Me puxou – Vamos, vinte minutos de caminhada não mata ninguém!
Estávamos quase chegando, e conversámos sobre a escola.
- Você não acha que Patrick ficaria bravo se eu fizesse... – Rosalya foi interrompida.
- Mas que gostosas! – Parei de andar, assim como Rosa. Virei para trás.
Eram dois homens. Cheguei bem perto do cara que gritou. Enfiei meu dedo do meio no café, e chupei meu dedo bem devagar, em um ato provocativo. Os dois olhavam hipnotizados. Depois de limpar o dedo, mostrei ele a eles.
- Quem você pensa que é para mostrar o dedo do meio para mim, garota?
- Ui, quem é você? O papa? – Zombei. – Eu gosto de respeito.
- Meghan, vamos embora. – Rosa me chamou, pegando na minha mão.
- Isso, vaza daqui. – O segundo homem falou, me irritando.
Os dois estavam encostados em um carro, que presumi ser deles. Despejei o café no vidro do mesmo.
- Você é maluca!? – Eles se revoltaram.
- Au revoir! – Fui embora com Rosa.
- Você é louca? – Sussurrou.
- Eu só quero ser respeitada. Vem, vamos.
Ao chegar na Times Square, ficamos lá por um tempo, e depois, fomos para a casa. Rosalya pegou sua mochila e foi embora.
Coloquei meu pijama e tirei a maquiagem do rosto, ficando no quarto, em seguida.
(...)
O restante da semana passou rápido, e hoje já era sábado. Tudo meu já estava pronto, e eu só estava esperando Castiel chegar.
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