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História Garota do capuz vermelho - Furto perfumado - Primeiro passo


Escrita por: Mutekai

Notas do Autor


Olá curtidores, aos novos e aos antigos.
Agradeço muito pelos favoritos, desejo conquistar mais.
Depois de muito pensar, planejar, escrever apagar..
Eis o segundo capítulo, espero lhe fazer o agrado.
Agradeço a todos que comentaram no capítulo anterior, gostaria de saber opiniões sobre a história, lembrando que os três melhores comentários será destacados.
Boa leitura a todos, não esqueçam que amo todos vocês ~<3

Capítulo 2 - Furto perfumado - Primeiro passo


 

 

"-Mete logo seu frouxo.- Fechei meus olhos desejando que fizesse logo. Falava com um pouco de dificuldade.
-C-calma Marcy, vai doer um bocado.- Respondeu.
-Já me molhou toda e agora não tem coragem de fazer? Ahh não me faça te dar um murro.- Abri meus olhos encarando meu amigo raivosa.
-Tá certo, mas não grita.- Foi então que o mesmo decidiu furar meu lábio, costurando o corte que se abriu com a mordida daquela garota estranha. -Vai me dizer o que fez aqui?- A voz trêmula dele conseguia ser mais frouxa que suas mãos, que tortura.

-Pelo menos conseguimos uma nota.- soltei entre alguns gemidos doloridos.

-Nem acredito, conseguiu pegar mais garotas que eu e ainda mais grana, devo estar perdendo o jeito.- Agora ele passou mais soro, novamente aquele vesgo me molhou toda.

-Ahh seu cego.. é pra por soro na minha boca, não na cara.- Resmunguei, aonde ele riu."

 

 

-Acorda!!!!- ouvi um berro, me assustei sentando na cama.

Ao olhar ao redor via o doce olhar da coreana me focando, era como se pedisse desculpas fofamente. Como um cão que apronta e faz cara fofa pra você perdoar.

Minha cara estava fechada, com um mal humor tremendo. Dormi muito mal a noite, estava inquieta planejando passo a passo da vingança, de forma alguma deixaria quieto tal ato de uma maldita ladra. Íris parecia preocupada comigo, sempre mascarava meu mal humor com um leve sorriso, mas dessa vez fiz questão de demonstrar.

-Parece que aprendeu comigo. Essa cara de mal humor tá horrível, acho que equivale a minha quando você me acorda.- percebia risadas vindas dela, pelo visto ela era a única de bom humor ali.

-Minha noite foi horrível.- resmunguei me levantando da cama. Minha amiga estava deitada sobre a dela, já arrumada apenas me esperando para comermos algo e irmos pra aula.

-Conhecendo você, diria que aconteceu algo.- ela virou de barriga para cima, deixando a cabeça pender na lateral da cama, me olhando de tal ângulo. -Seu príncipe era um sapo?- soltou uma risada bem humorada.

-Não conheci príncipe ou sapo algum.- tratei de me levantar. Pegava as roupas no armário e começava a me trocar.

-Me conta então o que houve Juju. Sabe que sou sua melhor amiga e lhe conto tudo.- comentou se sentando a cama, ficava preocupada agora.

-Roubaram meu primeiro beijo.- Minha voz era sem ânimo.

-Ohhh e quem foi o felizardo?- ela parecia bem mais animada que eu.

-Não sei...- Suspirei enquanto falava.

-Como assim?- perguntou confusa.

-Estava saindo do banheiro e uma garota de capa vermelha me beijou, acho que foi ela que pegou meu celular, pois lembro de tê-lo visto dentro da bolsa quando estava no banheiro.- penteei meus cabelos em frente à um grande espelho.

Íris se aproximou de mim por trás e olhou minha expressão através do espelho.

-E você gostou do beijo?- pegou o pente da minha mão e ajudou a pentear atrás.

-Talvez..- corei levemente. -Mas aquela ladra vai me pagar. Seria um beijo perfeito, mas ela estragou.. Fez todos meus planos irem pro buraco.. Ninguém passa a perna em mim.- meus olhos queimavam em ódio.

-Não acha que está exagerando? Talvez esteja insegura com sua sexualidade.-aquele comentário me fez virar, franzindo a testa para ela.

-Insegura?? Claro que não Íris, sei bem do que eu gosto. Não sou lésbica, merda. A vingança vai ser doce.. Não quero que me impeça, se fazer.. Vai se ver comigo.- Minha voz soou tão alto que se alguém passar no corredor poderia ouvir.

Pela expressão da minha amiga a mesma ficou com medo. Mas após sorriu, já entendi que ela queria me ajudar, sempre me apoiava em tudo, era como uma irmã. Peguei raivosa o pente da mão dela e o guardei. Agora prendi meus cabelos em um coque, deixando apenas uns fios soltos próximo às orelhas, nos quais caiam sobre meus ombros. Coloquei então meu óculos arredondado, usava mais pra leitura, portanto apenas usava nas aulas.

Pegamos nossas coisas deixando o quarto, iremos pro refeitório.

Mal estava com fome, meu estômago ainda doía um pouco da quantidade de doces que comi. Portanto apenas degustei uma maçã, pra não faltar, ainda bebi uma xícara de café. Estava bastante sonolenta.

-Como vai descobrir quem é essa tal garota?- Íris quebrou o silêncio entre nós.

Nos direcionávamos ao salão, era aula de educação física esse sábado e após o almoço era de confeitaria, claro que era opcional a confeitaria, os alunos poderiam escolher outras aulas no lugar, como música, mecânica, teatro, reforço e outros.

-Ela deve estar com um corte feio no lábio.- Parecia orgulhosa por aquilo, o que arrancou uma risada dela. Por sorte minha amiga escolheu a mesma aula que eu, apesar de nãos ser muito fã de doces, nem de culinária.

-Então deve ser ela.- Percebi ela apontar para frente.

Foi então que meus olhos caíram em frente a uma garota morena, não podia me esquecer daquele rosto arredondado. Os olhos dela eram bem verdes. Os cabelos magnificamente longos, rebeldes e bem escuros, imagino que ela pintasse pra ficar de tal cor. Ela vestia uma blusa cinza, por cima uma camisa flanela vermelha e preto, na qual a mesma ficava aberta. A calça jeans é negra e um coturno de mesma cor com algumas fivelas. Seu visual gótico e a franja meio emo dela eram seu maior destaque de outros alunos. Aquele visual era um típico lésbico, a maioria adorava coturnos e camisas flanelas, mas claro que não era um padrão.

Próximo a ela havia um garoto com uma franja emo aos olhos, sua pele é um pouco mais clara que a dela, mas eram parecidos no estilo. A camisa flanela dele era bem mais apertada que a frouxa camisa dela, o peito dele aparecia levemente. As calças era um tanto justas, eles cochichavam algo.

Pelo corte ao lábio dela, parecia ter sido profundo. Esperava estar muito dolorido, de tanto ódio que sentia. Me aproximei devagar, queria ouvir o que eles conversavam. Foi que notei alguns pontos ao lábio dela, meio inchado, ela evitava falar muito, acho que pra não doer.

-Porra Marshall, cala sua boca de merda.- Resmungou ela para seu amigo.

-Marcy vai se foder. Sabe muito bem vai reprovar novamente, seu pai vai te matar.- ele parecia zoar a amiga.

-Vais queimar no fogo do inferno seu merda.. suas notas tão piores.. vou estudar química esse fim de semana, as outras matérias tenho nota, mais que você ainda. Pare de rogar pragas pra mim.- A morena segurou a camisa dele o puxando, tinham a mesma altura, mas o olhar dela parecia assustador.

-Alguém está vindo aí..- O garoto apontou pra mim, o que fez ela se virar e me encarar com o cenho franzido, deixando ele em paz.

-Perdeu algo?- direcionou a pergunta a mim.

Queria me sentir segura com Íris perto de mim, porém ao olhar para o lado vi que ela havia sumido. Maldição, já esperava por isso na verdade, ela sempre sumia quando precisava dela.. ou eu que não notava ela sair, será que ela me avisou e nem notei? Tinha essas manias.

-Poderia devolver meu celular.- disse de forma sarcástica.

-Desculpe mas não está comigo.- Comentou a garota.

-Quero lhe avisar então, que vai pagar por isso. Posso saber seu nome pra mandar uma passagem só de ida pro inferno?- estava já bufando, me segurava para não avançar nela.

-Marceline. E mande uma passagem vip querida, quero sentar bem do lado do capeta.- caçoou, como era abusada!

Fechei meus punhos acertando um soco a bochecha dela. Estava com tanta raiva que tentei acertá-la novamente, mas foi quando ela segurou minha mão. Tentei usar a outra, mas percebi ela segurar também.

-Tão previsível.- Comentou focando seus olhos bem verdes aos azuis escuros meus.

-Vai se foder. Irá se arrepender de ter nascido. Escolheu a pessoa errada pra roubar.- Soltei minhas mãos das delas dando as costas, saí sem olhar para trás.

Ao chegar na quadra me direcionei ao vestiário, aonde minha amiga já estava vestida com o short curto, tênis e camiseta regata, iríamos jogar rigby. Arrghhh quem escolheu o esporte dessa semana? Era um esporte violento, só gostava de olhar os garotos jogar, mas acho que aquilo não era pra mim. Se bem que com minha raiva queria sair empurrando todo mundo.

Me vesti então para o jogo.

-Caramba, por que esses shorts tem que ser tão curtos? Mesmo com toda aquela proteção, ainda ficamos expostas.- Arrumava a caneleira reclamando.

-Ai ai Jujuba, só reclama. Os meninos gostam não?- Notei ela gargalhar, foi quando franzi a testa.

-Foda-se, eu não me sinto a vontade com minha bunda quase aparecendo.- Tentei puxar um pouco o short para baixo, na esperança de ocultá-la.

-Oras Juju.. quem manda ter uma bunda tão arredondada?- Me zoou.

-Toma no cu.. hoje estou sem paciência, caralho.- soltei.

-Ahhh e sem educação também.- Mesmo que ela estivesse rindo eu estava séria, de cabeça quente.

Apesar de não ser muito fã de esportes, eu os praticava, apenas por saúde. Afinal, sendo fissurada em doces eu seria mais gordinha se não fosse algumas horas na academia e uns exercícios.

A turma logo se reunia para jogar, o apito tocava e logo peguei a bola. Saí empurrando todo mundo, estava com tanta raiva, nem liguei em empurrar uma garota do meu time que se meteu na frente. Por fim o jogo terminou com muita discussão e xingamentos, estava fominha hoje, nem queria passar a bola, geralmente eu tinha mais o espírito de equipe.

Voltamos para o vestiário, tirei meu capacete e coloquei no banco, sentei ao lado arfante.

-O que houve contigo?- Íris sentou ao meu lado e tirou seu capacete, estava bem mais suada que ela, afinal, ela mal correu.

-Ahhh tô com raiva.. Aquela praga da Marceline ficou de deboche comigo. E você sumiu.- tirei a proteção dos ombros colocando próximo ao capacete.

-Não fica assim amiga. Já sabe o nome dela, agora pode estudar a vida dela e planejar sua vingança.- Pelo jeito ela já sabia de quem me referia.

-Vou roubar algo importante dela...- Suspirei, ouvi um apito para o início do próximo jogo.

-Vamos ver os meninos.- Íris puxava meu braço.

Apenas na aula de educação física eu ficava sem óculos. Então cocei meus olhos tirando um pouco de suor deles.

Ficamos sentadas na arquibancada, o sol forte contribuía para não cessar o suor que ainda escorria. Porém, para a decepção de Íris, dessa vez não eram os meninos jogando, e sim outro grupo de garotas. Notei um pouco abaixo de nós, aquele garoto que estava discutindo com Marceline, ele observa o jogo com uma garrafa de água gelada nas mãos, acho que daria pra alguém.

Quando olhei pra frente vi a cena que temia. A morena estava com o uniforme de esporte, o short dela não parecia tão curto quanto o meu, mas as curvas atléticas dela eram de chamar atenção, não só de garotos, mas de algumas meninas também, cujo as quais ela acenava na plateia ao lado do campo, oposto ao nosso. Blarghh uma galanteadora barata. Não sei se isso era pior do que um mulherengo, talvez de igual peso.

Os cabelos dela estavam amarrados em um rabo de cavalo, como sabia que era ela mesmo de capacete? Oras, acreditem, quando você odeia uma pessoa, seus olhos parecem ter um imã para a tal, no qual sempre a verá em meio a multidões, mesmo que não queira.

Ela jogava bem, claro que também era boa, mais só por orgulho de ter o boletim inteiro de notas boas. Notas perfeitas na verdade. A habilidade dela era incrível, bem rápida e forte. Cheguei a me perguntar se era um garoto jogando entre meninas, pois o "desequilíbrio" de suas adversárias eram enormes.

Imaginei que ela fosse do tipo que jogasse sozinha. Porém, quando estava quase perto de fazer um ponto, ela jogo a bola pra uma jovem loira, que animadamente estava livre e marcou.

A equipe adversária se preocupou tanto em tirar a bola dela, que nem marcou a loira. Ambas se aproximaram e se cumprimentavam com um "toca aqui".

Meus olhos focaram no garoto lá embaixo, antes que a morena se aproxime dele.

-Me dá isso.- ela pediu a ele que jogou a garrafa, sendo pega por ela. Onde ela tirou o capacete pra beber.

-Caraaaa gosto mais quando você não pega.- Ele resmungou rindo.

-Vai se foder.- após beber ela jogou novamente a garrafa a ele. A expressão de dor ao rosto dela era visível, com certeza minha bendita mordida ao lábio dela ardeu com a água gelada.

Por ironia do destino, a garota olhou um pouco para cima, tento seus olhos de encontro aos meus. Franzi a testa mostrando o dedo do meio pra ela, onde fui retribuída. Deu de costas e vestiu o capacete voltando ao jogo.

-Já fez amizade pelo visto.- zoou Íris, franzi a testa para ela.

-Nossa.. Que amizade saudável.- irritada saí dali, não ia ver o jogo mais.

Fui seguida por Íris, acho que ela estava preocupada comigo.

-Juju, não seja tão dura, volte aqui. E os meninos? Jake vai jogar.- resmungou ela.

-Íris, não quero ver ninguém jogar. Vou tomar um banho e ficar no refeitório até o almoço, podemos nos ver lá.- a outra acenou positivamente, por fim estava sozinha.

A raiva tomou conta de mim, por que sentia tanta raiva ao ver aquela garota? Me lembrava sempre daquele capuz vermelho e a droga do beijo, o que me faziam arder em chamas.

Dei um chutão no primeiro armário em minha frente, no qual se abriu um pouco, não estava bem fechado pelo jeito. Olhei ao redor, não havia ninguém ali. Apoiei a mão no armário para fechá-lo, mas eis que vejo uma camisa flanela vermelha. Abri lentamente o armário, lá tinha uma mochila preta com algumas estampas de caveiras vermelhas e outras cinzas. Uma roupa preta toda amontoada. Apenas a blusa flanela estava pendurada. Olhei algumas fotos da porta vendo ela com aquele baixo machado, parecia ser um presente do pai, pelo jeito. Era um homem parecido com ela, só que com a pele bem clarinha, os olhos e a cor dos cabelos eram iguais, aí que notei que os cabelos dela eram naturais.

O que mais me incomodou foi o forte cheiro de perfume que tinha ali, acho que ela passou perfume em seu armário. Era um tipo de perfume ácido, um cheiro agradável, pior que era o mesmo perfume que senti quando fui beijada.

Tinha que pegar algo dela, era minha chance, mas o que?

Ouvi o apito sinalizando o fim do jogo, logo o vestiário ia encher de garotas, era melhor agir logo. Peguei então a blusa flanela dela, fechei bem a porta. Corri para meu armário e a coloquei em minha mochila, pensaria se aquela camisa valeria muito pra ela.

Peguei então minhas coisas e me encaminhei para o chuveiro. Por sorte cada "cabine" de banho era separada com um box escuro, me sentia bem mais confortável assim do que um banho coletivo. Ainda mais sabendo que havia algumas lésbicas..principalmente por causa de uma em específico. Já que sou muito tímida com meu corpo. Até ficava sem graça quando Íris elogiava ele, mesmo que de brincadeira.

Ouvi então vozes femininas se aproximando, tratei de me despir, deixando a roupa em cima do box. E liguei o chuveiro.

-Ahh Marcy, obrigado por me ajudar. Te devo essa.- uma doce voz feminina, espera ela disse Marcy?

-Não agradeça Fionna. É o mínimo que pude fazer depois que me ajudou em matemática. Você viu minha blusa flanela, sabe que adoro ela, papai deu pra mamãe.. Meio que é minha única lembrança dela.- ouvi uma voz mais triste.

Por alguns segundos me senti culpada, mas depois que lembrei o que ela me fez. Acho que deveria pegar uma tesoura e rasgar tudo, só assim ela aprenderia a não mexer comigo.

-Não vi Marcy.. Se ver aviso. Mas sabe.. Aprendi tudo com um garoto que ficava, se vendeu por uns beijinhos.- ela ri.

-Blaahh me recuso a trocar estudo por beijos.- resmungou a outra

-Falou a garota que me deu uns pegas na festa ontem.- Fionna riu

-Cala a boca, ficou babando pra mais, até hoje foi me acordar cedo querendo sair.- disse a morena confiante.

-Acho que você bebeu ontem.- resmunga a outra, ouvi risos.

-Seja engolida por seu ego.- novamente elas riram.

Apenas ódio eu conseguia sentir. Imagino quantas garotas ela beijou antes de mim, e ainda pior, naquela noite. Não podia deixar isso quieto. Assim que ouvi elas ligando o chuveiro, tratei de sair. Me vestir e fui ao meu armário pegar minhas coisas.

Peguei uma tesoura na mochila, segurei aquela camisa flanela, com certeza cortar tudo a destruiria, tanto sentimentalismo em uma roupa.

Uma cena dela chorando veio em minha mente, assim como a música que ela cantou. Um ar pesado me dominava, minhas mãos ficavam trêmulas, acho que não conseguia despedaçar algo assim.

Imaginei o que faria com aquilo, e se eu pegar pra mim? Ela vai saber que eu peguei e sentirá arrependimento por ter me roubado. Hmn.. Ótima ideia.

Vestia a camisa dela sobre a minha, o cheiro daquele perfume era repugnante. Mas até que era bom, acho que é um perfume masculino.

Me sentei a mesa do refeitório. Peguei meu caderno e comecei a fazer algumas atividades pendentes. Eram apenas exercícios simples de química, cujo qual matéria eu ia muito bem. Meus cabelos ainda estavam presos em um coque, algumas mechas caiam em cima do meu caderno enquanto eu escrevia, porém não me atrapalharam.

Por fim terminei os exercícios, peguei um livro na mochila abrindo na primeira página. Ontem fui na biblioteca e loquei pra ler no fim de semana, mas iria adiantar um pouco. Era um romance proibido, um dos meus favoritos.

Uma voz ensurdecedora quebrou o silêncio, ouvi passos e alguém pedindo para se acalmar.

-Por que você pegou minha camisa?- ergui os olhos vendo Marceline berrar em minha frente, parecia raivosa.

-Ué, pegou algo muito precioso pra mim, estou apenas retribuindo seu favor.- Dessa vez demonstrei um simpático sorriso, me sentia tão bem por vê-la com ódio.

-Mas que é você? Não roubei nada. Sua louca.- os gritos ecoavam pelo refeitório inteiro, se estivesse cheio seria um barraco daqueles.

-Calma Marcy.- pedia a loira de olhos azuis ao lado dela.

Ela tem um corpo bem dotado, com curvas de dar inveja. Seria ela alguma ficante da morena?

-Calma o caralho, ela pegou minha blusa.- retrucou a garota irritada.

-Oras.. Posso ter comprado, não é a única do mundo.- Me levantei pegando minha mochila e dando as costas.

-Sei que é a minha, afinal o cheiro do meu perfume está preso nela. Me diga logo quem é você? Não tente me confundir.- a voz dela não gritou dessa vez. Senti um frio na espinha, realmente ela sabia, olhei então ela por cima dos ombros.

-Sou a garota que deixou essa marca em você. Não ficarei apenas nisso, disse que ia me vingar.- deixando ela confusa logo me retirei.
Por sorte a loira a segurou, impedindo que viesse atrás de mim, notei ao olhar para trás. Voltando a olhar pra frente, vi Íris correndo ao meu encontro.

-Juju desculpa a demora, acabei encontrando Jake e...- interrompi ela.

-Tudo bem.- ela me olhou notando a camisa.

-Não sabia que gostava de camisa flanela.- comentou.

-Não gosto. Roubei algo precioso da Marceline, estou usando apenas pra vê-la arder em ódio.- ajeitei a camisa que ficava bem solta, tanto em mim quanto nela.

-Ahhh entendi. Vamos pro refeitório, podemos ser as primeiras da fila.- mesmo que não quisesse ir eu aceitei.

Por sorte quando chegamos as garotas estavam sentadas ao canto e não vieram nos incomodar. Troquei uns olhares com Marceline, no qual ela me olhava com ódio e eu a olhei contente. Um dos passos da minha vingança estava dando certo. Tinha que dar uma lição nela, mais que apenas isso.

Não entendi muito bem o que houve, mas a garota loira puxou o rosto dela para si, beijando a mesma. Já nem queria mais olhar, é como se fossem namoradas e ela tivesse com ciúmes? Mas do que? Eu nem era lésbica.

Sentei bem longe delas. Jake e Finn não demoraram pra se juntar a nós. Sem dizer um pio fomos até a cantina, aonde pudemos ser os primeiros da fila.

Peguei um pouco de arroz, salada e frango com molho branco. Pra sobremesa peguei pudim de chocolate, adorava pudim, assim como qualquer doce açucarado.

O gorducho do Jake pegou alguns hambúrgueres, Finn espaguete com muitas almôndegas e Íris um pedaço de lasanha. Acho que só era magra de ruim mesmo.

Após o silêncio durante o almoço. Degustei meu pudim, mas notei Finn me observando.

-Que foi?- pergunto como uma criança que não quer dividir o pudim.

-Nem vi que tinha sobremesa.- Ele resmunga, pelo jeito estava de olho no meu pudim.

-O refeitório está cheio, então já era.- tentei esconder que o potinho, estava pela metade, usando meu braço.

-E se..- interrompi ele

-Meeeeu pudiiiim.....- acabei o assustando, Íris gargalhou alto.

-Finn, ela não divide pudim.- soltou entre risos, o garoto apenas riu, mas desviou o olhar.

Terminamos de comer, já estava animada para a aula de confeitaria, foi quando Íris me puxou pelo braço. Estávamos quase adentrando a sala.

-Vamos fazer reforço de química?- Me convidou.

-Mas te ensinei tudo, suas notas estão boas.- Cortei ela, confeitaria era minha aula favorita.

-Por favor.. quero ajudar o Jake, mas não quero ir sem minha parceira.. só dessa vez.- mesmo com a carinha fofa dela, não queria abrir mão da minha aula.

-Nem vem. Sabe que amo confeitaria.- Resmunguei.

-Faço o que quiser... sabe que odeio cozinhar, só escolhi por que me convenceu. Lembra que disse que eu poderia fazer comida para meu namorado.. sendo que a maioria das coisas que fiz foi pra você.- Essa peste sabia me convencer, foi então que suspirei.

-Me deve uma.- Sussurrei.

Toda alegre ela me puxou até a aula. Sim literalmente, eu caminhava sem ânimo. Sorte que a professora era gentil. Já sentamos a primeira carteira, qualquer aluno poderia fazer reforço, desde os com dificuldades ou aqueles que adoravam a aula. Até que me senti feliz por tamanha alegria no qual minha amiga se encontrava. Ainda mais quando seu namorado acenou passando por ela, ambos sorrindo um para o outro.

Toda a minha felicidade desapareceu quando vi uma certa pessoa entrar na sala. Estava sozinha, por alguns segundos nos encaramos, mas depois ela me ignorou. Óbvio que era Marceline, aquela ladra, pelo jeito ainda estava com raiva por causa da camisa, sei que já mencionei, mas adoro ver aquela cara de indignada dela. Dava vontade de rir. Dessa vez a professora entrou na sala.

-Desculpem o atraso. Olha, sei que é reforço, mas tomei a liberdade de aplicar uma atividade. Fiquem tranquilos que segunda-feira irei aplicar para os demais alunos. Isso quer dizer que terão mais tempo que eles. Irei disponibilizar essa aula para ajudá-los a desenvolver o trabalho, coisa que não ocorrerá na segunda-feira.- Ela bebeu um gole de água da garrafa em sua mão. -Primeiro, vamos fazer uma espécie de maquete de uma célula. Sugiro que usem alguns desenhos pra fazer as representações da possível maquete. Deve conter núcleo destacado e todas as seguintes funções.- anotou tudo ao quadro enquanto explicava, fazendo um esboço. -Porém.. cada um vai receber um tipo de assunto para focar em específico, cujo o qual terá que explicar no trabalho, ou seja, a maquete será focada no seu assunto.- todos pareciam reclamar. -Opa.. mantenham a calma, o trabalho será em dupla.- Ouvi um urro contente. -Porém..- os alunos diziam um “ahhh” em coro.

Essa professora gostava de “pregar peças” nos alunos. Por exemplo, ela explicava mil vezes a diferença de DNA e RNA e na prova dizia que são idênticos, os alunos desatentos caíam na dela. As provas eram bem difíceis, claro, pra quem não estudasse. Mas dessa vez ela tinha algo em mente, nunca fez trabalho em dupla antes.

-Vou escolher as duplas.- Os alunos se entreolharam e ela riu.- Íris você fica com a Flame.- apontou para a cadeira vazia ao lado de Flame.

Sim, até os professores nos chamam pelos apelidos, exceto aqueles nos quais não gostávamos. Adorava ser chamada de Jujuba, pra ser sincera não gostava do meu nome verdadeiro.

-Jake, você fica com o BMO.- O baixinho comemora.

Ao olhar para trás vi um garoto que parecia uma criança, de cabelos verdes, olhos castanhos. Vestia uma blusa com o desenho de um vídeo game, usava uma bermuda e tênis, parecia ser um nerd. O mencionado cumprimenta Jake com um aperto de mãos, pelo jeito já se conheciam. O nerd parecia novo, porém devia ter a idade do Jake.

As duplas estavam sendo escolhidas pouco a pouco, a professora parecia bem pensativa enquanto me olhou.

-Jujuba.. bem.. vou te colocar com Marceline.- O que mais temia estava prestes a acontecer.

-Ainda sobrou a Caroço e a Cake, por que tenho que ficar com ela?- Reclamei com raiva.

-Jujuba, não questione sua dupla, acho que pode ajudar ela na nota, é a melhor aluna da turma.. e ela a pior.- Suspirou, porém discordei com a cabeça.

-Não vou levar ninguém nas costas.- Continuei reclamando.

-Não vai Jureba.- Comentou Marceline sentando ao meu lado.

Íris já estava discutindo sobre o trabalho com Flame, portanto sentou ao lado dela.

-É Jujuba.- Disse de forma fria.

-Pode me odiar o quanto quiser depois, dessa vez preciso de nota.- a expressão séria dela me fez ser um pouco empática.

-Tá bom. Mas só dessa vez.- Reclamei, ela ficou em silêncio.

-Certo alunos vamos ao tema.- disse a professora bem alto.

Cada um ganhou um papel, no qual o que pegamos foi núcleo, o mais fácil, pra mim claro. Já sabia até a página, foi onde mostrei a ela sobre o núcleo, teríamos que explicar como ele funciona.

-Já sabe né? Ela explicou esses dias.- Comentei como se fosse fácil, mas ela negou com a cabeça.

-Não aprendo tão rápido assim.- ela desviou o olhar, o que me fez franzir a testa.

Tratei de explicar como se fosse algo fácil. Ela era uma boa ouvinte, questionava algumas coisas e eu sempre sabia a resposta. A garota fez até alguns rabiscos dando uma ideia de como montaríamos a maquete, a ideia dela foi boa. Acho que não era tão delinquente quanto pensei.

Saímos da aula conversando, ela disse que dava para usar massa de modelar para fazer algumas representações, adorei a ideia, era boa com massa de modelar. Usaríamos gel para fazer o líquido existente na célula, o trabalho parecia que iria ficar perfeito.

-Podemos nos encontrar amanhã pra fazer o trabalho, o que acha? Posso até levar meu baixo pra nos divertirmos um pouco.- Comentou com um breve sorriso aos lábios.

-Pode ser. Vamos nos ver na praça a uma hora tá? Traga o que tiver em casa, o resto compramos.- A mesma acenou de maneira positiva com a cabeça.

-Estarei no horário marcado. Até amanhã Jujuba.- A morena acenou antes de virar o corredor, aonde provavelmente daria em seu quarto.

Por que estava sorridente? Iria me encontrar com ela novamente. Arghh não poderia desistir da minha vingança, claro que não. Marceline tem que pagar claro.. bem.. acho que ela nem está mais ligando pro fato de usar sua camisa, mas acho que tive uma ideia. Dessa vez vou pegar seu baixo, ela vai pirar, será uma vingança perfeita. Abri um sorriso funesto.

Já arrumei minhas coisas, como Íris não estava ali, apenas deixei um bilhete em cima da cama dela, nos veríamos novamente na segunda-feira. A única coisa que conseguia pensar era na expressão de desespero de Marceline ao ter seu baixo furtado.


Notas Finais


*Marcy tem olhos verdes nessa fic devido a uma teoria de ser os olhos originais dela caso não fosse vampira. Se deve ao fato de quando ela ou o pai se transformavam em uma criatura horrenda, os olhos ficavam verdes com a íris fina e negra. Tomei a liberdade então e por os olhos dela dessa cor.
Jujuba ainda não desistiu da ideia de se vingar, o que aguarda elas duas nesse "encontro"?
Sintam-se a vontade para comentar, adoraria ouvir o que pensam, tudo para ajudar a melhorar a fic <3
Obrigado por lerem.


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