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História Garota do capuz vermelho - Fora do planejado


Escrita por: Mutekai

Notas do Autor


Primeiro quero agradecer aos favoritos, desculpa se demoro um pouco para postar, ando sem muito tempo e também planejo delicadamente cada capítulo.
Que tal um capítulo bem fofo e gay? Apreciem enquanto puderem, pois as tretas logo logo irão iniciar.
Agradeço a Alice por ajudar na divulgação da fic, quem quiser olhem a fic dela também <3 se chama Alice e os Deuses Gregos (link nas notas finais).
Espero que gostem dessa capítulo delicadamente planejado e editado.
Boa leitura.

Capítulo 3 - Fora do planejado


 

"Finalmente cheguei em casa, depois de algumas horas torturantes ao ônibus. Minha mente apenas se focava em uma coisa. Quem é aquela garota e por que ela quer tanto vingar o roubo do seu celular?

Não tive culpa se acidentalmente ele foi atraído até minha mão e eu o levei. Achei muito gay aquele papel de parede rosa com unicórnios, mas não foi algo relevante quando o vendi. Afinal, zerei todo o aparelho.

Alguns pode dizer, roubar é errado. Mas não tive escolha, sei que é errado, mas é a única coisa que sei fazer.

A maior questão era, até que ponto aquela garota iria por causa de vingança? Como ela tem certeza que fui eu? De qualquer maneira não queria cair no jogo dela, terei que ser forte até o fim.

Não escolhi odiar tal pessoa, mas saber o quanto ela se encheu de ódio me deixou pensativa.

Quanto aquele aparelho valia pra ela? Talvez mais que minha camisa? Só ela sabe dizer, mas de uma coisa tenho certeza, em um jogo de ódio, não quero ficar contra ela, prefiro tentar alguma amizade. Vai que quando ela me conheça resolva desistir da ideia? Sei que não seria fácil convencê-la, mas tentar não custava."

 

Cheguei em casa, minha mãe me esperava. Estava sorridente, em suas mãos havia um prato com uma fatia de bolo de morango, meu favorito. Larguei minha pesada mochila ao chão e corri ao seu encontro, para abraça-la.

Era de uma família rica. Nunca conheci meu pai, mas com toda a atenção de minha mãe, quem precisava dele? Ela era casada com um advogado bem conhecido, mas eu mal o via, sempre trabalhando.

Mamãe era bem parecida comigo, sua pele clara, cabelos castanhos claros e olhos azuis escuros. Porém mamãe era um pouco gordinha, mas sua aparência juvenil escondia sua idade. Parecíamos mais irmãs do que mãe e filha.

-Bonnibel.- ela me envolvia em seu abraço apertado.

-Mãe, me chama de Jujuba, já disse. Não gosto desse nome.- reclamei recebendo alguns beijos.

-Certo Jujuba. Como estão as notas?- ela me soltou e entregou o prato. Peguei sorridente.

-Perfeitas, se continuar assim vou conseguir uma vaga em ADM como sempre quis.- comentei levando um pedaço de bolo a boca.

-Ótimo. Um dia administrará muito bem nossa empresa.- a voz dela soava orgulhosa.

-Sua empresa. Tenho muito o que aprender antes de administrar o Reino Doce. Viu que os doces feitos lá são os mais vendidos e gostosos do mercado?- Já terminei o bolo, era rápida comendo doce.

-Sim. Graças às suas ideias dos novos doces. Vai ser melhor que a mamãe quando assumir a empresa. Só não esquece de casar com um homem lindíssimo, para as mídias comentarem direto sobre o casal.- ela soltou algumas risadas.

-É.. - Suspirei

-Algo a incomoda?- perguntou mamãe puxando uma cadeira para sentarmos.

Sempre contava tudo para minha mãe, não queria esconder aquilo dela, mas era algo que temia a sua reação. Respirei fundo deixando algumas lágrimas escorrerem. Senti o caloroso abraço dela.

-Conta pra mamãe.- ela continuava.

-Uma garota me beijou..- falei entre lágrimas.

-E como se sentiu?- perguntou.

-Com raiva.. Queria que fosse com um garoto.. Em um clima romântico.. Ela também roubou meu celular..- continuei chorando.

-Você gostou do beijo?- mamãe estava muito curiosa com isso, será que ela desconfiava de mim?

-Talvez.. Foi meu primeiro.. Não sei o que pensar.. Estou confusa..- solucei.

-Devia conversar com ela... Espera... Disse que ela roubou seu celular?- Por sorte ela desviou o assunto. Meu choro já cessava.

-É.. Vou me vingar.. Peguei isso dela.- separei o abraço voltando a minha mochila, peguei a blusa dela e mostrei.

-Filha você roubou?- ela parecia assustada.

-É.. Hmn... T-talvez... Mas foi por uma boa causa.- reclamei, foi quando a mesma pegou a blusa da minha mão.

-Roubar não tem boa causa.- cheirou a blusa. -Pelo menos o perfume dela é bom. É masculino ainda..- comentou

-Mãe..-

-Devolva isso a ela e peça desculpas.-

-Mas ela roubou meu celular.- Não ia desistir da vingança, não ia devolver a camisa.

-Bonnibel, não se rebaixe ao nível dela.- peguei a blusa e suspirei.

-Tem razão, não vou me rebaixar..- O jogo ainda não acabou.

Menta, meu mordomo. Levou minhas coisas para o quarto. Era um homem de idade, divertido. Com cabelos brancos, era bem doidinho. Dei o apelido a ele por adorar balas de menta e ainda sempre me preparar algum tipo de chá de hortelã ou afins.

-Mãe..-olhei pra ela enquanto subia as escadas. -Não sou lésbica tá? Foi só um mal entendido.- bufei indo até meu quarto.

Bom.. Acho que não foi tão ruim quanto pensei. Olhei aquela camisa enquanto o mordomo arrumou as malas. Me distrai cheirando ela, aquele odor impregnava minhas narinas. Aquele cheiro ácido me trouxe uma sutil lembrança. Na qual estava entre os braços dela, enquanto nossos lábios se tocavam de maneira carinhosa. Como apenas uma lembrança me causava tantas sensações? Era algo tão delicado, carinhoso e muito calmo. Senti como se o tempo tivesse parado por alguns instantes, até fechei os olhos mentalizando a cena.

-Está tudo bem senhorita?- tal voz cortou meus pensamento.

-Ahhh Menta.. E-está sim...- corei jogando a camisa na cama. -Prepare um banho pra mim, deixa que eu arrumo minhas coisas.- com um gesto de cumprimento ele se retirou.

Comecei a arrumar minhas coisas. Por que ainda pensava nela? Devia estar hipnotizada, só pode. Talvez se eu beijar um garoto passe... Era só uma carência após o primeiro beijo.. Super normal. Afastei tais pensamentos da cabeça quando o mordomo avisou que meu banho estava pronto. Me direcionei ao banheiro, carregando algumas roupas pra me trocar.

Finalmente teria um tempo a sós comigo mesma, era o que precisava pra relaxar. Adentrei a banheira relaxando. A água estava bem quente. Meus cabelos presos em um coque estavam livres de "perigo". Quando finalmente terminei meu banho, vesti um short curto, cor de rosa e uma blusa e igual cor. Usava essa roupa pra dormir, só pretendia jantar e depois ficar embrulhada ao meu edredom fofo vendo alguns filmes. Adorava ficar a toa quando estava em casa.

Não posso esquecer de mencionar que odiava ser vista com aquela blusa, era rosa clarinha, contornava bem meu corpo, porém ficava um decote muito aparente. Mostrar o decote não fazia meu tipo. Portanto somente saía do quarto com um roupão.

Arrumei minha cama preparando meu “ninho” de filmes e seriados, já queria escolher o que assistir, portanto liguei a TV e acessei a Netflix. Tantas séries.. o que poderia começar a ver? Sentei a cama lendo cada sinopse buscando algo de meu interesse. Foi quando ouvi um barulho na janela, estava escurecendo e a janela estava fechada. Devia ser o vento, imaginei.

Novamente um barulho me chamou atenção. Foi aí que olhei raivosa para a janela, seria mesmo o vento?

Percebi uma pedrinha bater na janela, que clichê louco é esse? Se fosse um idiota mandando cantadas já iria sair insultando o infeliz. Ao abrir a janela não pude deixar e ficar boquiaberta.

Perto da minha janela havia uma árvore de cerejeira, suas lindas folhas rosadas as vezes voavam para dentro do meu quarto.

O que me impressionou foi ver uma certa pessoa pela qual guardo um rancor profundo. Aquela maldita tinha a cara de pau de sorrir engatinhando mais pra ponta do galho. Foi quando me afastei da janela e ela saltou, se pendurando na janela. Estava torcendo pra ela cair, mas não houve, a mesma subiu. Sério isso? Ela entrou sem os seguranças verem, subiu na árvore, o cachorro nem latiu, ela descobriu aonde moro e agora invadiu meu quarto.

Apenas pude cruzar os braços e olhar para ela negando com a cabeça.

-Espero que tenha uma boa justificativa, ou irei chamar a polícia.- resmunguei.

-Vim fazer o trabalho oras..- percebi um sorriso sem graça ao rosto dela.

-Quanta arrogância! Suma logo daqui ou eu acabo com você.- descruzei os braços cerrando meus punhos, já estava furiosa apenas do fato daquela invasão.

-M-me perdoa.. desculpa boba eu sei.. só quis te ver.. calma..- ela recuava balançando as mãos, não queria ser agredida novamente, eu acho.

-Quis me ver.. inventa outra sua ladra. Como entrou aqui?- a outra se sentou na janela, ela ia pular?

-Bem.. pulei o muro, vim de mansinho e subi na árvore. Nada de mais.- ela deu de ombros.

-Nada de mais? Sabe que tenho muro com mais de dois metros e uma proteção elétrica em cima né?- rosnei.

-Hey.. calma Jujuba. Não fica bravinha. Olha.. digamos que tenho muitas habilidades furtivas, e escalar um muro é uma delas.. sobre a cerca elétrica.. bem.. está desligada.- a outra riu.

-Ainda não sei o motivo que veio aqui.- Cruzei meus braços e dei as costas a ela.

Um silêncio predominou por alguns segundos, uma brisa fria invadia meu quarto. Será que ela foi? Ao olhar para trás a vi de cabeça baixa, olhando para o chão.

-O que foi?- perguntei com a voz um pouco mais calorosa.

-Estou sozinha em casa novamente. Meu pai não dá a mínima pra mim.. Fionna foi me visitar.. então fugi pra cá. Desculpe não ser doce o bastante pra você.- a voz baixa dela me preocupou.

Ela nunca foi de se expressar muito, apenas com música. Bom.. percebi isso apenas olhando e odiando cada ação ou expressão que ela fazia. Limpei a garganta me aproximando dela, levo a mão ao ombro da mesma.

-Tem algum problema com a Fionna?- A mencionada era uma das amigas de Íris, não a conhecia bem.

-Só ela. O irmão dela, Finn, somos bem amigos. Um dia me apresentou pra ela, viramos amigas também, ela é gente boa. Mas.. tudo mudou naquele dia.. Fionna disse que tinha curiosidade de beijar uma garota, como sabia que era lésbica preferiu que eu fosse a felizarda.- fez aspas com os dedos na última palavra. -Sempre a vi como amiga.. não fico com amigas.. sabe.. pra não estragar a amizade e tal.-explicou, apenas acenei de maneira positiva com a cabeça.

-E o que houve?- tentei parecer interessada, mesmo fosse mentira.

-Ficamos.. ela curtiu.. quis mais.. na festa ficamos muito tempo nos beijando. Ela até queria ir no banheiro para ficar a sós comigo, eu recusei. Foi fugindo dela que lhe encontrei.- percebi a voz dela ficar cada vez mais baixa, apenas suspirei, já conhecia a história dali em diante.

-Por que me beijou?- fui direto ao ponto.

-Fionna estava me perseguindo, tenho certeza que se me visse beijando outra pessoa me deixaria em paz. Sabia que ela estava a poucos metros atrás de mim. Então sobrou pra você.. desculpe por isso. O beijo tinha que parecer convincente, e foi até demais.. não sei se foi o calor do momento ou o que. Mas aquele beijo.. bem.. foi ótimo..- um rubor subia ao rosto dela. -Depois daquela mordida então.. caramba, dói só de pensar. Após isso ela ficou meio com ciúmes de você, nem sabe o ódio que você sente por mim.- o olhar dela desviava para uma folha que caía lentamente.

-Só me beijou então pra se livrar de uma garota assanhada... ótimo, agora sou um objeto.- dei as costas para ela.

-Jujuba.. não faça drama.. aquele beijo.. - me afastei sem olhar para ela. -...foi a melhor coisa que já fiz.. acho que foi o único beijo ingênuo que tive.. - completou.

Fiquei parada próximo a cama, acho que ela estava me olhando, pois não tinha coragem de olhar para trás. Não sabia se sentia raiva ou sem jeito por conta de tais palavras, ela sabia ser fofa quando queria. O vento gélido batia em minhas costas, segurei meus braços com intuito de me esquentar um pouco.

Não demorou para que pudesse sentir um calor me envolver. Os braços de uma certa pessoa acompanharam os meus, o peito dela estava contra minhas costas. Apesar de ela estar usando uma blusa regata cinza, estava quente, acho que não era muito friorenta.

-Sabe que não sou lésbica né?- Soltei entre os lábios, sem abri-los.

-Não me importo. Me contento apenas com memórias.- apoiou o queixo sobre meu ombro, estava bem quentinha mesmo.

Me remexi, ficando de frente para ela, com as mãos em seus ombros, pronta pra empurrar ela. Meu cenho franzido focavam aos olhos dela. Com apenas os cantos dos lábios flexionados em um sorriso, os olhos verdes dela iam de encontro aos meus.

Por alguns segundos me lembrei do decote chamativo em minha blusa, porém não foi o alvo de seus olhares. Dessa vez ela me olhava de tal forma que nunca tinha visto antes, talvez apenas lido, em algumas histórias. Minha respiração ficou descompassada repentinamente, os lábios dela até se entreabriram um pouco. O ar pareceu ficar pesado.

Sem palavra alguma, apenas nos comunicamos através dos olhares, em um brilho magnífico. Parecia que ela tinha completa admiração por mim. O cheiro de perfume invadia minhas narinas, como algo tão ácido era tão cheiroso? Lentamente a mais alta aproximou o rosto do meu, fazendo com que nossos lábios ficassem tão próximos. Dava pra sentir o calor deles, a respiração, até conseguia lembrar daquele gosto doce do meu batom. Espera... ela estava me induzindo novamente a beijá-la? Não vai rolar.

Empurrei a mesma separando aquele estranho abraço. Virei de costas pra ela com o rosto todo corado, não queria que ela me visse de tal maneira.

-Amanhã conversamos sobre o trabalho.. vai embora.- caminhei até o cabide pegando meu roupão e colocando por cima da roupa.

-Te espero na praça então.- piscou pra mim se direcionando até a janela.

-Pare de se iludir.. não vou te beijar novamente.- reclamei enquanto a mesma saltou para a árvore sem dizer nada.

Tratei de ir até a janela para fechá-la. Tsc.. jogar pedrinha na minha janela e me agarrar daquele jeito, que coisa mais horrível. Ahh Jujuba.. pare de ceder tanto a ela.

-Bonibbel.- Berrou mamãe, olhei para baixo vendo Marceline correndo pelo quintal, até acenou pra mim, aonde fechei rapidamente as cortinas, que abusada.

Fui então descer as escadas para ver o que mamãe queria. Ela se encontra sentada na mesa, estava servida, tinha uma variedade enorme de comida.

-Filha, acredita que eu esqueci de ligar a cerca elétrica? Acabei de ligar, imagina se alguém invadir nossa mansão.- A maior riu. Espera.. será que Marceline já tinha ido embora? Minha pergunta foi respondida quando ouvi o cão latir, claro que não foi.

-Vou lá ver o que é.- Comentei, mas antes que pudesse sair um segurança estava segurando a intrusa pelo braço.

-Olha quem invadiu dessa vez.- a garota estava com uma cara emburrada.

-Ora.. uma jovem delinquente. - Mamãe se levantou. -Aonde estão seus pais?- perguntou.

A outra permaneceu em silêncio. O segurança colocou a mão no bolso dela, retirou algumas joias do mesmo, sério que acreditei por alguns segundos que ela queria me ver? Nossa, senti tanto ódio. Ele pegou também o celular dela. Tinha uma capa preta, era simples, pelo menos tinha wi-fi.

-Ela que roubou meu celular mãe.- Apontei, foi quando minha mãe me olhou atravessado e a morena também.

-Não acredito.- Aquela cara de brava da mamãe me dava medo. A mesma agarrou o telefone dela, olhando uma senha pra desbloquear. -Qual a senha?- pergunta em tom autoritário.

O silêncio predominava, ela não dizia uma palavra. Peguei o celular da minha mãe e coloquei novamente ao bolso dela.

-Vamos só chamar a polícia, eles resolvem.- revirei os olhos.

-Bonnibel.. não me diga o que fazer.- acho que ela estava bem nervosa, sabia o quanto adorava suas joias.

-Bonnibel?- Perguntou a morena, droga, agora ela descobriu meu nome.

-Marceline quer parar de me perseguir.. veio aqui só pra me roubar.. se soubesse nem teria deixado você entrar no meu quarto.- soltei irritada.

Apenas percebi a gravidade da situação quando mamãe me olhou. O segurança apenas ficou em silêncio segurando a jovem.

-Deixou ela entrar no seu quarto?- a voz furiosa dela me fazia estremecer.

-Sim, mas...- fui interrompida.

-Mas nada.. está de castigo. Não se convida um ladrão para entrar.- berrou comigo.

A única coisa que mais me assustava além da voz dela era o censo de justiça dela. Para ela nada justificava o crime, porém crime não tinha perdão. Na visão dela meio que fui cúmplice.

-Mas.. mãe...- tentava falar, mas ela não deixava.

-Mas nada, já disse, pro seu quarto.- gritou.

-Com licença.- Marceline se pronunciou.

-Calada.- gritou com a morena.

-Eu que roubei a merda das suas coisas. Sua filha não tem culpa de nada. Se quer culpar alguém por esse quase roubo, culpe ao segurança por estar comendo rosquinha, ou dar carne pro cachorro que estava preguiçoso demais pra me ver entrando. Sabe.. só me pegaram por que eu deixei. Esses idiotas tomaram uma surra de mim. Segurança só na merda do diploma.- gritou quase tão alto quanto a mamãe.

-Oras, nem sabe mentir garota.- mamãe riu.

-Tem quatro câmeras perto da cerejeira, acenei para todas, mas não fui vista. Pode olhar, seus seguranças são falidos, não é culpa da sua filha. Ela apenas me acolheu.. e juro.. ia devolver.. se esses idiotas não tivessem me capturado.- ela era boa atriz, por um segundo pensei que era verdade aquele desespero na voz dela.

-Não tem provas querida.- mamãe duvidava seriamente de tudo aquilo.

-Olhe as câmeras, me capturaram na janela do quarto aonde peguei as joias, se tivessem esperado, teria roubado e devolvido. Nem notariam.- agora um certo desaponto tomou conta de sua voz.

-E o celular da minha filha?- cruzou os braços encarando a morena.

-Foi um erro, me desculpe moça. Precisava de dinheiro e.. aconteceu.. se pudesse eu devolvia.- indagou com os olhos úmidos.

-Querida algo a perturba?- Agora ela parecia preocupada, sério, caiu no teatrinho daquela tosca?

-Nada.. só meu pai que esquece que existo. Só precisei de dinheiro.. não sei fazer outra coisa.. juro que tentei arrumar um emprego já.. ele nem deixou nada pra mim comer..- bufou mostrando aquele ódio  e tristeza acumulado.

-Nada justifica um crime. Mas bem.. vou deixar você jantar conosco, depois vamos a delegacia. Se tentar fugir vou abri queixa contra você. Se ficar em silêncio, apenas minha garota irá reclamar de seu celular. Combinado?- Sabia que mamãe não daria o braço a torcer, mesmo de cara amarrada a morena concordou.

Acho que nunca vi alguém tão feliz do que Marceline. A cara que ela fez ao ver aquela enorme mesa posta foi incrível, era como se ela mal tivesse o que comer durante a semana. Ela não tinha se lá os melhores modos, mas pelo jeito estava com fome.

-Foi ela que te beijou?- Ouvi um sussurro de minha mãe.

-Sim.- Respondi tão baixo que acredito que nem ela ouviu.

-É bonitinha Bonnie.. apesar de ser tão relaxada.- soltou uma risada.

-Mãe.. pare.. - corei levemente, como assim minha mãe disse aquilo?

Notei que agora a morena me olhou, nos encaramos por alguns segundos, até eu decidi quebrar o silêncio.

-O que quer?- falei um tanto grossa.

-Agradecer.- Comentou. -Obrigado pela comida.- a morena então sorriu.

-Vai dormir na delegacia hoje querida, aproveita.- mamãe soltou uma risada, no qual o sorriso dela sumiu.

-Dá pra esquecer isso? Simon não..- a voz dela parecia chateada.

-Quem é Simon?- Perguntou mamãe.

-Um quase pai. Ele cuidou de mim quando era criança. Meu pai é mega ocupada com o trabalho. Sabe a empresa Noitosfera? Então.. é dele.. nem tem tempo pra mim.. nem sei por quê eu nasci. Devo ter sido um dos supostos erros que ele cometeu na vida.- O olhar dela se voltou a um osso no qual ela mexia em seu prato. Sério ela comeu duas coxas de galinha assada, nem parecia que tinha almoçado na escola.

-O padrasto da.... Jujuba é a mesma coisa. - Por alguns segundos ela pensou em como me chamaria. -Mal o vejo.. chega em casa quando estou dormindo. Seu pai é rico, por que rouba então?- perguntou minha mãe.

-Não é escolha minha. De que adianta ele ser rico se não me dá dinheiro algum. Só paga as contas da casa e nem compra comida. Não consigo trabalhar pois estudo.. as vezes toco pra ganhar dinheiro.. mas nem sempre sou bem recebida aonde toco ou canto.- reclamou, sério que ela estava desabafando assim? Foi então que a mesma se levantou. -Quero mudar de vida, e esse ano passar em química já posso procurar estágio aos fins de semana.- A esperança ressurgiu. -Bom.. acho melhor eu ir..- Tentou se retirar, mas foi onde mamãe se levantou.

-Não vai mocinha. A delegacia lhe espera.- minha mãe estava disposta a fazer justiça, não gostava de ladrões.

-Meu pai não vai me tirar de lá.. até ele saber, já morri lá dentro.- ela quase que suplicava por perdão.

-Problema de vocês.- friamente mamãe comentou.

A morena suspirou, olhou pra mim como se pedisse ajuda, mas eu olhei para o lado sem dar atenção. Ouvimos então a porta se fechar. Erick, um homem alto, com pouco cabelo, barba bem feita e muito, mas muito bem vestido, chegou em casa.

-Consegui sair mais cedo hoje querida.- o homem se aproximou da mamãe lhe dando um selinho.

-Que boa notícia, já jantou?- perguntou ao marido.

Pra mim era estranho ver os dois juntos, já que ele mal estava em casa.

-Não, o jantar parece ótimo.- Se sentou a mesa olhando direto para a morena. -Quem é ela?- perguntou.

Mamãe e eu nos entreolhamos, se dissermos que iríamos levar ela na delegacia ele ia pirar. Afinal, o advogado adorava por bandidos atrás das grades.

-Marceline.- ela o cumprimentou gentilmente.

-Err.. é uma amiga da Jujuba. Íamos levar ela pra casa depois do jantar né?- a mulher franziu a testa por trás do marido, encarando a morena, que parecia dar um gentil sorriso.

-Ahhh mas está tão tarde, meu pai não está em casa.- comentou, já entendi o que aquela ladra queria, era escapar enquanto todos dormíamos.

-Mais um motivo pra você ir pra casa. Não se deve deixar a casa fechada e vazia.- retruquei.

Por alguns segundos nos encaramos, onde Erick quebrou o clima com uma risada.

-Ora meninas, parem de brincadeiras. Pode dormir aqui sim Marceline. Você é a filha do Hunson né?- perguntou.

-Sim sou eu. Você conhece meu pai?-

-Claro, ele já fez uns bicos de advogado. Posso dizer que é ótimo no ramo, mas prefere administrar a Noitosfera. Já fomos parceiros sabia? Ele comentava de ter uma filha com esse nome.-

-Sério? Que legal.- Os olhos dela pareciam brilhar, com certeza esta impressionada por não conhecer esse lado do pai e talvez de não saber que o mencionado falava dela.

-Vamos meninas, temos que arrumar as coisas pra Marceline dormir.- acho que mamãe preferiu aderir a ideia do que ir contra ele, afinal, não queria levantar suspeitas.

Em silêncio subimos as escadas, estava emburrada, e ela, acho que feliz. Bem longe dos ouvidos dele mamãe comentou.

-Sua ladrazinha, se algo sumir vou processar seu pai. E acredite, ele não vai gostar. Sugiro que não furte coisa alguma.- apontou o dedo pra morena, me olhou e virou de costas, sumindo no corredor.

-Sua mãe me assusta.- Nos encaramos, fazia careta pra ela.

-Tirou meu sossego, vou ter que ficar de olho em você. Olha.. vamos ver um filme lá na sala e quando estiver cansada, subimos pra dormir.- Entrei em meu quarto preparando uma cama no chão pra ela, com um edredom bem grosso e alguns travesseiros. A outra apenas observou.

-Não precisa de tanta coisa. Já dormi no piso.- Comentou olhando para o lado, apesar de tudo não queria incomodar ou era apenas um jogo dela?

-Já terminei mesmo. Olha, por favor, se comporte. Não quero discutir com minha mãe, ela é quem mais amo.- Meus olhos umedeciam enquanto dizia.

-Prometo a você que não farei mais nada ruim. Nada que machuque ninguém.- Nem acreditei quando ela segurou minha mão para prometer aquilo. Poderia me comover com a situação? Claro, mas não faria, afinal confiar em um mentiroso é dar um tiro no pé.

-Não gosto de mentiras.- Puxei minha mão.

Enquanto descia as escadas vi Erick subir, ia pro quarto, com certeza ficaria lá com a mamãe. Já na sala liguei a TV, sentei ao sofá, a outra ao meu lado.

-O que vamos assistir?- disse sem ânimo.

-O que quiser.- Que folgada! Ela deitou no sofá, deixando apenas um canto pra mim.

-Poderia sentar por favor.- minha voz era fria.

-Desculpe princesa.- em um suspiro ela levantou, olhando para a mesa de centro.

-Vai roubar a mesa também?- Caçoei.

-Mesa com xadrez?- Perguntou.

Tá ai uma boa ideia, podia jogar xadrez com ela, ai ficaria entediada e iria dormir. Cada jogada minha poderia levar minutos. Adorava quebra cabeças e jogos de estratégia. Tirei o guardanapo de cima da mesa. Peguei na estante uma caixinha com as peças. Eu seria branco e ela preto. Apenas escolhi branco pois queria começar.

Organizamos as peças, estavam todas ali, esperava que ela soubesse jogar. Movi a primeira peça, ela fez o mesmo movimento, deixando os peões frente a frente. Talvez soubesse jogar, ou apenas sabia enrolar bem.

-Quer deixar o jogo mais divertido?- Perguntou sem hesitar.

-Manda.- tentei imaginar alguma maneira, mas assim já era divertido.

Ela colocou uma garrafa de vodka em cima da mesa, sério isso?

-O que quer com isso?- Estava na cara, não era de beber.

-Oras.. retarda o raciocínio.. vai dificultar as coisas.- a mesma soltou uma risada ao perceber meu espanto ao ver a bebida.

-Vamos ficar bêbadas, isso sim.. espera.. aonde pegou?- notei ela apontando para um agregado aonde tinha várias garrafas com vinhos e outras bebidas.

-Seguinte. Quando comer uma peça minha eu bebo um gole e vice versa. As regras do xadrez se mantém.- A morena abriu a garrafa.

-Vai querer me embriagar e fugir né?- reclamei.

-Está com medo?- a garota colocou o peão bem na linha do meu cavalo, eu poderia fazê-la beber se jogasse. Limpei a garganta derrotando o peão dela.

-Há.. bebe. -Zoei ela.

Sem medo ela pegou a garrafa, sério que ia beber no gargalo?

-Para.... vamos usar copo.- Me levantei, peguei pequenos copos e coloquei a mesa, um pra cada.

Foi ai que ela encheu o copinho e bebeu. Em seguida colocou mais líquido aos dois copos, mas dessa vez não bebeu, apenas usou seu bispo para comer meu cavalo e me olhou.

-Espera... não analisei as possibilidades.. arghhh.- reclamei.

-Jogo é jogo.- virei todo aquele pequeno copo. Mais parecia ter fogo dentro de tanto que queimou. Ouvi a morena rir das minhas caretas, franzi então a testa focando no jogo.

Após alguns minutos jogando, já nem lembrava mais que peça andava em “L”, qual na diagonal e muito menos quem era o rei. Apenas dávamos baixas gargalhadas com nossos erros fatais.

-Jujuba.. esse é na diagonal.- riu Marceline. Apesar dela ter bebido bem mais, eu que parecia mais perdida.

-É? Achei que fosse em L. Culpa da sua brincadeira estúpida.- Soltei uma risada jogando a peça na mesa, bagunçando todo o jogo. Foi aí que notei um olhar preocupado dela.

-Está se sentindo bem?- Perguntou me ajudando a levantar.

-Melhor impossível querida.- Na verdade estava meio zonza, não sabia explicar direito, só não conseguia pensar bem.

-Não parece bem.- Com dificuldade ela me colocou sentada no sofá, aonde ficou no meu lado.

-Para, não sou criança.- Reclamei tornando a me levantar, nem bebi tanto assim, só estava um pouco alterada.

-Senta aqui.- Pediu ela, nem sabia mais se ela tentava me ajudar ou estava só me incomodando.

-Não vou chapeuzinho vermelho.- Que apelido estúpido, imagino que ela pensou, já que o rosto dela pareceu furioso.

Meu braço foi puxado, ela ia me obrigar a ficar no sofá, mas não quis, desastrada cambaleei um pouco para o lado, o puxão dela me fez cair em cima da mesma. Acabei por sentar ao local, sem entender muito bem como fui parar ali.

-Está tentando me seduzir é?- Passei as mãos ao rosto dela, que corou levemente.

-Jujuba.. o que está fazendo?- perguntou confusa.

-Te acariciando.- Comentei dando uns beijos na bochecha dela.

Usei meu dedão para contornar os lábios da morena, sentia os pontos ao lábio da mesma, pressionando com força o local. O que arrancou um suspiro dolorido dela. Continuei os beijos até o canto dos lábios dela, usei meu lábio inferior para roçar aos da outra, porém de imediato tive uma recusa, aonde o rosto dela foi virado.

-Não me quer Marceline? Não sou boa o bastante pra você?- perguntei com um olhar chateado, se fosse me lembrar disso preferia estar morta.

-Não vou me aproveitar da situação. Sei que você não é assim.- Senti ela me abraçar, fui forçada a ficar com o rosto ao pescoço dela, sentindo aquele perfume.

Comecei dando uns leves beijos ao local, mas o sono foi mais forte. Ainda mais quando senti um carinho em meus cabelos, não me lembro bem quanto tempo demorou, mas adormeci aos braços dela.

Senti um forte enjoo, aos poucos acordei. Foi quando me vi emaranhada a Marceline, aquela ladra que roubou meu beijo. De imediato comecei a me debater, o que ela teria feito comigo, com certeza recuperei a razão. Percebi ela me soltar, aonde caí do sofá, sentada ao chão. A outra senta ao sofá, sério que estávamos deitadas e abraçadas?

-T-tudo bem?- a voz dela soava fraca e um pouco assustada. Percebi um pouco de sangue escorrer pelo lábio dela.

-O-o que fez comigo?- perguntei tentando me recordar do que houve. Nem bebi muito.. bem eu acho. Olhei para garrafa já vazia, talvez passei dos limites.

-Nada. Apenas deixei-a dormiu em cima de mim. Tentei ajudar, mas não quis.- ela explicou levando a mão ao lábio, percebeu agora que estava sangrando.

-Acho que me lembro de algo..- fiquei pensativa. Olhei um pouco de sangue seco em meu dedão, será que.. -O que houve aqui?- perguntei temendo a resposta.

-Apertou com força meu lábio, machucou, eu acho.- A expressão de dor dela começou a me deixar preocupada. Me levantei pegando aquela garrafa e os copos, ia arrumar tudo.

Fui até a cozinha para jogar tudo fora e lavar os copos. Aproveitei pra pegar um kit de primeiros socorros e um pouco de soro na geladeira. Voltei agora para a sala. Minha cabeça doía um pouco.

-Está tudo bem?- Perguntei erguendo o rosto dela, pra passar uma gaze encharcada no soro.

-Hurum.- Foi apenas o que a mesma conseguiu responder.

Passando a gaze comecei a me lembrar do que havia acontecido. Era inacreditável, ela poderia se prevalecer da situação, mas não fez. Sentia tanta vergonha do que havia feito, mas acho que ela nem se importou. Com certeza era diferente, mas até que ponto?

-Pronto. Parou de sangrar.- Tirei a gaze, o ferimento estava limpo e o sangue estancado.

-Obrigado.- Disse antes de um bocejo.

-Por que não se aproveitou da situação?- Perguntei em voz baixa, agora fiquei curiosa.

-Prometi a alguém que não faria nada ruim. Pelo menos nada que machuque alguém. Acho que me aproveitar de você seria algo ruim. Acredito que você não queria perder a virgindade por causa de um pouco de vodka.- tirou sarro de mim, aonde corei.

-Quem disse que sou virgem?- retruquei tentando, livrar meu lado. Nessa idade ser virgem era motivo de zoação no colégio, melhor afastar esse assunto.

-Não me engana, sei quando beijo uma virgem. Foi um beijo sem maldade.. um beijo inocente.. sabe, foi marcante. Diria até que tinha uma pitada daqueles amores de contos de fadas.- ainda estava tirando sarro de novo? Ahh sério?

-Pouco me importa as fantasias que sua mente criam sobre meu beijo. Guarde isso pra você.- me levantei

-Bonnie.. não seja tão dura. Antes você estava querendo me encher de beijos.. agora nem se importa pro que acho. Devia tentar experimentar coisas novas.- a garota se levantou, olhou em meus olhos, com aquele sorriso esquisito dela.

-Estou sendo realista. Não quero dar uma chance pra você. Nem sinto atração por garotas.- me retirei indo até a cozinha, mas fui acompanhada por ela.

-Nunca sentiu atração. Mas não quer dizer que não possa sentir. Podia tentar mais uma vez.- Assim que coloquei o kit na gaveta me virei.

A morena me apoiou sobre o balcão, aproximou seu corpo do meu, olhando em meus olhos. Mesmo com aquele corte feio nos lábios ela queria mais um beijo meu? Devia dar outra mordida, isso sim.

-Não gostei do beijo, por que acha que farei novamente?- Disse enquanto senti os rosto dela bem próximo ao meu. Aquele perfume.. não sabia explicar o efeito que ele causava em mim, apenas posso comparar com algo que você parece querer perto, mas não muito.

-Você mente muito mal. Pode testar se realmente gosta disso.- Os braços dela me envolveram, fechei meus olhos deixando com que nossos lábios se tocassem, claro que impulsionados por ela.

Certo, deixei acontecer, mas isso apenas ia provar que meu primeiro beijo era apenas uma ilusão e iria parar de me confundir, certo? Errado. Dessa vez o beijo foi mais delicado, com cuidado para não doer muito o lábio dela, eu acho. Cujo o qual estava um tanto quente, inflamado eu diria. Acho que aquilo não foi relevante para interromper a doce carícia de nossos lábios.

Sentia vontade de suspirar, e assim fazia. Estava com um pouco de medo, e se não desse nada certo? Só devia ser um truque.. posso continuar com minha vingança.

Após perdida em alguns pensamentos, senti meu coração acelerar, acredito que fosse devido ao momento. Consegui me imaginar em um lindo jardim florido, aonde estava aos beijos com ela.. espera... com ela? Por quê ela? Poderia me imaginar beijando qualquer pessoa.

Meus pensamentos foram quebrados quando a mão dela foi ao meu rosto, fazendo uma leve carícia a ele. Abri os olhos dessa vez, sentindo o descolar lento de nossas bocas, cujo a qual formigava, era como se estivesse apreciando tal ato. Um sorriso se formou aos olhos dela, agora ela me afastou por completo de mim.

-Uau!.- Foi apenas o que ela disse enquanto me olhou.

-Uau?- Dei de ombros, mal percebi que também sorria.

-Foi um beijo em tanto. Sabe.. acho um charme seu cheiro de morango.- notei um leve rubor ao rosto dela, estava sendo sincera, mas por que disse aquilo?

-Bem.. eu gosto de usar um creme corporal..- tentei explicar

-Curtiu o beijo?- o olhar dela parecia tão empolgado, porém apenas olhei para o lado, evitando olhá-la.

-Não. Já te disse.. não gosto de garotas.- instantaneamente o sorriso dela sumiu.

-Você mente muito mal.- cruzou os braços olhando para o chão.

-O que vai mudar se disser que gostei? Já disse o que penso sobre isso. Não sinto atração.- dei as costas a ela subindo para meu quarto, estava sendo seguida, mas sabia que dessa vez era pra dormir.

-Certo. Acho melhor eu dormir então.- Disse quando chegamos em meu quarto, ela se jogou ao edredom ao chão, colocando a cara ao travesseiro, será que magoei ela?

O silencio percorreu o quarto, deitei em minha cama, me cobrindo. Olhava para o teto um pouco cansada, minha cabeça doía, meu estômago parecia revirado. Era tão ruim ficar assim. Fechei meus olhos lentamente. A noite estava esfriando, cheguei a tremer um pouco, meu edredom era fino. Mas senti ele ficar pesado e mais quente? Abri levemente os olhos, estava envolta por mais um edredom, meus olhos contornaram o quarto, indo em direção a cama da outra. Esta descoberta, se encolhia um pouco, acho que passava frio, mas por que deu seu cobertor para mim?

-Trouxa.- Reclamei, Marceline me olhou sobre os ombros.

-Se estiver aquecida não me importo com o frio.- Tornou a olhar para frente, acho que não queria puxar assunto.

-Sobe aqui.- disse em tom mandão, erguendo o cobertor para ela, nem acredito que estava fazendo aquilo.

Me obedecendo ela deitou a cama, pegando a ponta do cobertor. Mesmo em uma cama de casal, usava um edredom de solteiro, portando era grande pra mim, mas pequeno para duas pessoas. Nem acredito quando ela deitou no meu travesseiro, era meu. Mas minha mente foi calada com um carinhoso abraço dela, fazendo com que eu deitasse ao ombro da mesma.

-O que pretende?- fui bem direta, desconfiando de tal ato.

-Apenas abraçar. Vai sentir se eu sair, assim fica de olho em mim e mais quente.- por mais fofo que fosse, era irritante, porém acabei cedendo.

Adorei aqueles carinhos em meus cabelos, o perfume fora memorizado muito bem pelo meu nariz, mas ainda conseguia senti-lo. Senti uma proteção, um carinho, uma calma, nunca senti isso antes quando abraçava alguém. Acho que não fazia mal apreciar aquilo por um tempo. Fechei meus olhos entregando o corpo ao cansaço. Um delicado selinho acariciou minha testa, mas apaguei, não lembro de mais nada daí em diante, apenas de meus doces sonhos. Era engraçado, mas sonhava com doces falantes, eu tinha cabelos de chiclete e era a princesa deles, coisa maluca.

 


Notas Finais


Agradeço a um dos leitores pela ideia "Marceline podia invadir o quarto da Jujuba."
Eis que aconteceu hehehehehehe.
Espero que tenham gostado, já vou avisando, tretas nos esperam para o próximo capítulo, espero que tenham gostado.
Agradeço por lerem.
Não posso esquecer de dizer que amo todos vocês por comentarem e favoritarem a fic <3 (sim mais uma vez, só pra lembrar :v )
Eis o link conforme o prometido https://spiritfanfics.com/historia/alice-e-os-deuses-gregos-6755287


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