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História Garota do capuz vermelho - Cartada final - Último passo


Escrita por: Mutekai

Notas do Autor


Preparem para um capítulo tretoso, muitas coisas acontecerão.
Agradeço muito pelos comentários e favoritos, amo vocês.
Se pudesse postaria um capítulo por dia, mas estou ocupada demais, apreciem <3
Boa leitura a todos, preparem seus corações ;)
Um capítulo beeeem pensado e discutido para que fique bom, me dediquei muito nesse capítulo, espero que gostem.

Capítulo 5 - Cartada final - Último passo


 

 

"Ela nunca respondeu minhas mensagens, me agonizava imaginar o que sentia. Imagino que fosse ódio. Acho que não nasci para ter um final feliz, só esperava que fosse perdoada."

 

Mal consegui dormir devido a tanto ódio que senti. De manhã levei um sermão de minha mãe por causa de tal pessoa. Nenhuma vingança parecia suficiente para o vendaval que ela tornou minha vida. Pra variar fui proibida de me aproximar dela, como se quisesse.

Apesar de mamãe desejar muito, não conseguiu provas para incriminar Marceline e processar seu pai. O policial pediu tanta coisa quando registramos um BO, acho que não acreditou na história de ter sido uma adolescente, porém afirmaram que iriam investigar. Conhecendo a reputação que tinha a polícia do local, iriam abafar o caso e prender um bandido simples para que tudo pareça nos conformes.

Algumas gangues dominavam certos pontos da cidade, era perigoso morar ali? Claro, porém ricas famílias procuravam por lugares do tipo, não pelo fato de desprezarem sua riqueza, mas pelo alto teor social que havia ali. E claro, o grande colégio de Ooo, que era o melhor e mais conhecido do país. Dez do dez melhores profissionais estudaram ali.

O colégio era tão grande que comportava alunos de várias idades, desde a creche a faculdade, porém tudo dependia de suas notas. Quem repetir mais de três, era expulso do lugar. Queria muito conseguir uma vaga de administração. Claro que teria que ter ótimas notas e ainda passar na prova.

Menta me levou ao colégio. Mal cheguei e já joguei as malas no canto, me jogando em minha cama, estava frustada, confusa, com raiva. De fato acabaria com aquele baixo, mas queria ensinar uma lição pra aquela desprezível garota do capuz vermelho. Fiquei olhando o teto emaranhada em pensamentos.

-Como foi o fim de semana?- perguntou animadamente minha colega de quarto recém-chegada.

-Péssimo.- nem pensei e já fui dizendo.

-O que houve amiga?- se sentou em meu lado, dando tapinhas ao colo para eu deitar a cabeça, sempre fazia isso quando me sentia mal.

Deitei ao colo dela olhando para a mesma, que acariciou meus cabelos delicadamente, tentando me acalmar.

-Me conta tudinho.- a voz calorosa dela me deixou mais relaxada, assim como as carícias.

-Resumidamente, meu quarto foi invadido por Marceline. Deu uns rolo, ela foi pega roubando, mas disse que ia devolver. No final ela jantou conosco, acabamos bebendo, dei em cima dela, mas não abusou de mim. Ai dormi em cima dela, quando acordei me assustei, mas ela me explicou o ocorrido. Ajudei ela com o sangue no lábio, aí ganhei um beijo, depois dormimos juntas. No dia seguinte fomos fazer o trabalho, ela me deu dinheiro falso pra comprar comida, passei maior mico. Me levou em casa e me beijou de novo pedindo desculpas. Aí eu soube que ela só chegou atrasada pra fazer o trabalho por que namorava aquela modelo Fionna e ainda roubou as joias da mamãe. Por sorte ela esqueceu seu baixo aí trouxe pra quebrar ele e finalmente me vingar.- falei tão rápido que só a Íris mesmo pra entender tudo.

-Dormiram juntas?- perguntou novamente, corei levemente.

-Sim.. mas não da maneira que está pensando. Ela apenas me abraçou.. só...- tentei explicar.

-Por que não me disse que perdeu a virgindade? Poderíamos dar uma festa pra comemorar, estava na hora já.- a garota estava muito alegre.

-Íris.. não perdi nada.. pare com isso.- meu rosto já ficou rubro.

-Parei.- ela riu. -Seguinte, acho que devia falar com essa garota. Por mais que esteja com raiva, parece que está gostando dela.. e sobre Fionna, eu conheço aquela rabo de saia, deve ser só fofoca, ela não namora nem a pau, gosta de se envolver com muita gente.- acho que ela só dizia aquilo de consolo.

-Nem vem. Não vou acreditar nessa mentira.- resmunguei.

-Então pergunte pra Fionna com quem ela namora, a garota vai se enrolar toda e dizer que tá solteira.- uma alta gargalhada ecoou pelo quarto, acho que estava sendo sincera, Íris não mentia pra mim.

-E mesmo assim, não quero falar com aquela ladra.- cruzei meus braços.

-Vamos esquecer isso. Juju preciso de um favor seu.- a garota sorridente se esticou para pegar algo em sua bolsa.

-Fala.- me sentei.

-Perdi meu celular e preciso falar com o Jake, escrevi uma cartinha amorosa pra ele.- tirou uma carta da bolsa. -Sabe.. fui proibida de ir pro dormitório masculino, eu e Jake nos pegamos pelos corredores.. aí fomos vistos e tal.. mas você... oras.. ninguém te pega.. claro tirando aquela Marceline.. tenho certeza que vão deixar você passar e entregar isso pra ele.- me deu a carta.

-Quer que eu vá ao dormitório dar isso a ele?- olhei a carta e para ela.

-Foi o que disse.- o sorriso apaixonado dela me fez suspirar.

-Certo.- me levantei, foi aonde recebi um abraço.

Me direcionei para fora do dormitório feminino, não sabia bem aonde ficava o masculino, mas segui algumas placas indicativas no caminho. Próximo havia enormes portas, assim como o do dormitório feminino. Dois homens grandes focaram os olhos em mim, deviam ser os monitores.

-Posso ajudar?- um deles perguntou.

-Podem entregar isso ao Jake?- estendi a carta.

-Tem dez minutos.- um abriu a porta para que pudesse passar, engoli em seco adentrando ao corredor.

Íris nem me disse o número do quarto ou andar, poderia levar horas. Lembrei de um pequeno detalhe, havia nomes na portas, então tive que procurar um por um. Enquanto caminhava ouvi uma voz feminina, mas o que uma garota fazia ali? Será que era a namorada de algum dos rapazes? Me aproximei da porta. Não pode ser, estava escrito Marceline e embaixo Marshall Lee. Com certeza era um engano, por que ela ficaria no dormitório masculino?

-Está falando da Jujuba? Nem.. não tenho nada com ela.. só uma garota que fiquei, nada de mais...- acho que aquela vadia estava falando com alguém, me aproximei da porta pra ouvir melhor -.. não precisa se preocupar com isso. Vou conseguir mais, prometo.. esquece a Jujuba merda.. não tenho nada com ela.. é só uma trouxa qualquer que eu peguei...- não resisti em invadir o quarto gritando.

-Não sou trouxa sua puta.- meus olhos ficaram marejados, nunca me senti tão usada na vida.

-Tenho que desligar.- A morena estava falando no celular e logo desligou, se virando de imediato pra mim. -V-você ouviu tudo?- a voz dela estava trêmula.

-Não, mas o suficiente pra nunca mais querer te ver na frente. Quero que morra.- berrei alto.

-Shhhh não grite.- tentou me acalmar fechando a porta pra ninguém ouvir.

-Não me mande não gritar sua...- gritei tão alto, porém fui calada por ela.

Com um simples puxão ela me teve em seus braços, tocando seus lábios aos meus calmamente. Dava pra sentir ela um pouco trêmula, talvez um receio de ser rejeitada. Minha raiva subia, queria arrancar um pedaço do seu lábio com uma mordida. Porém acabei desejando aquilo. O que menos queria aconteceu, retribuí o beijo dela. Algumas lágrimas escorreram por meu rosto, como posso ser tão fraca? Como conseguia me fazer desejá-la? Virei meu rosto para separar o beijo, deixando minhas lágrimas despencarem.

-Por que faz isso comigo?- minha voz chorosa estava baixa.

A morena pousou minha cabeça em seu peito, levando uma das mãos em meus cabelos e os acariciando.

-Isso o que?- a anta ainda não entendeu.

-Faz eu gostar de você e depois faz eu me arrepender. Me faz sentir ódio e depois amor.. pare de brincar comigo, não sou de plástico.- minha voz soou trêmula.

-Desculpe Bonnie, não é intencional. Gosto muito de você, é valiosa pra mim, por isso não quero que ninguém saiba. Digamos que tenho uns amigos muito barra pesada, se descobrirem sobre você, vão te machucar e usá-la pra me fazer obedecê-los, acredite não quero que sofra por mim.- ergueu meu queixo liberando um beijo na minha testa. Passou a mão em minhas lágrimas, que cessaram aos poucos.

-Por que não me conta o que está acontecendo? Só não quero me sentir assim.- fazia uma carinha chorosa novamente.

-Agora não dá, olha, hoje a noite me encontra no pátio, vai escondido. Posso te explicar melhor assim.- a garota se afastou de mim, foi até a porta e olhou para os dois lados do corredor.

-Sair escondido?- claro que não iria fazer uma coisa dessas.

-É isso mesmo, suma daqui logo, se virem você aqui vai foder.- Me empurrou para fora, parecia um pouco assustada, será que novamente ela estava brincando comigo?

Senti meu coração divido, queria acreditar nela, mas tudo parecia tão suspeito. Me segurava para não voltar a chorar, foi quando esbarrei em alguém. Levantei meu olhar pra ver em quem havia me chocado. Notei o segurança com uma expressão neutra.

-Seu tempo acabou bonitinha.- a voz grossa dele me assustou.

-Não achei o quarto do Jake.- comentei.

-Venha comigo.- acenou com a mão.

Queria matar Íris naquela hora, mas não demorou pra ele achar o quarto, era o último do corredor, bem perto da escada. Coloquei então a carta por debaixo da porta e acompanhei o segurança até a saída do dormitório.  

-Seu namorado?- perguntou 

-Não namoro, a carta foi minha amiga que mandou, ela namora o Jake.- expliquei 

-Podíamos sair um dia desses, queria lhe conhecer melhor.- lançou uma piscadela pra mim, sério isso?  

-Errr.. Tô meio ocupada estudando sabe.- virei as costas pra ele, porém o grandão me seguiu.  

-Pode me dar seu número gatinha.- pediu segurando meu braço.  

Não sabia o que responder, fiquei até assustada com a atitude dela. Poderia dar logo e acabar com isso, mas isso iria ferir meu orgulho. Não dou meu número pra qualquer um. Uma voz vinda do corredor interrompeu meus pensamentos.  

-O coração dela está ocupado. Não será uma das suas putinhas príncipe Caroço.- foi uma voz conhecida.  

O homem forte, alto, com uma barriga de cerveja, e um bigode mal feito. Virou o rosto em direção a voz.  

-Tinha que ser a rainha dos Vampiros pra me chamar por esse apelido tosco.- A voz grossa dele parecia nervosa.  

-Melhor deixar minha amiga ir ou vai sofrer na pele a força dos meus punhos.- O tom dela foi assustador, mas ainda sentia vontade de chorar, agora ela estava me defendendo. Isso me confundia mais ainda.  

-Como assim meu coração está ocupado?- Só agora que me toquei.  

Já era tarde, o cara já estava indo pra cima da garota, aproveitei que estava livre pra deixar aquele lugar. Meu estômago parecia dar um nó, ainda me sentia enganada. Não sabia em que acreditar. Mal cheguei no quarto e me joguei na cama. Por sorte só ia ter aula de tarde.  

-O que foi?- Íris notou o estado em que cheguei.  

Ela estava deitada na cama, lendo um livro de romance policial, adorava aquelas coisas. Porém agora os olhares dela foram ao meu encontro, onde estava preocupada com a situação.  

-Está estranha desde que conheceu aquela garota. Ela te fez algo?- tornou a perguntar.  

Ainda não respondi, fiquei com o rosto no travesseiro, segurava ele com força. Não queria falar sobre, mesmo que precisasse. Só quero ficar quieta até que passe.  

Ao perceber o silêncio a loira se sentou em minha cama, senti a mão dela acariciar meus cabelos rosados. Ela sabia que isso me acalmava. Durante alguns minutos nos mantivemos com esse silêncio, porém não me contive. Estava chorando, mas comecei a soluçar. Já preocupada ela me fez virar. Sentia um nó na garganta, apenas consegui me sentar e abraçar ela, no qual chorava sobre o ombro dela.  

-Amiga, me conta, vai se sentir melhor.- insistiu novamente.  

-Tá.- Dessa vez concordei com a voz trêmula.  

-Se acalma um pouco pra eu entender bem.- esticou o braço pra pegar uma garrafa de água na cômoda e me entregou depois de afastar o abraço. 

-Marceline.. Esse é o problema.- Abri a garrafa e comecei a beber, cessando as lágrimas.  

-O que ela fez dessa vez?- perguntou. 

-Por algum motivo ela fica no dormitório masculino e me encontrei com ela. Ouvi ela dizer que eu era uma qualquer que ela pegou...- deixei algumas lágrimas escorrerem, logo bebi mais um pouco de água.  

-Ahh sim. Ouvi dizer que as vagas do dormitório feminino estavam cheias e uma garota lésbica teve que ficar entre os garotos... Mas está chorando por ela ter dito isso?- neguei com a cabeça.  

-Eu invadi o quarto furiosa, mas ela me disse que ninguém podia saber de nós ou fodia tudo. Acredita que ela me beijou enquanto gritei com ela? E não resisti.. Queria dar uns murros nela mas retribui a droga do beijo.. Como ela consegue?- enquanto mais lágrimas caiam eu bebia mais um pouco de água.  

-Juju, como se sente perto dela?-  

-Confusa.. Nunca sei se ela fala a verdade ou está apenas se aproveitando da minha ingenuidade.. Não sei como reagir perto dela.. Meu estômago fica estranho, acho que é nojo ou raiva acumulados.- tentei descrever, mas não sabia como.  

-Já sentiu seu coração acelerar quando estava com ela?- parecia bem analítica, aonde será que ela iria chegar? 

-Sim. Mas no que isso importa?- notei um sorriso aos lábios dela.  

-Está apaixonada.- Acho que ela parecia mais feliz que eu por isso.  

-Não... Não pode ser.. Por ela não... Como nunca senti isso antes? Como nunca notei isso antes. Por que é tão difícil.- novamente não me contive em despejar lágrimas, parecia desesperada.  

-Calma Juju. Isso não é ruim não. Pelo que entendi ela parece estar te protegendo de alguém.. Mas tem algumas pessoas se aproveitando dela, um exemplo da Fionna.-  

-O que tem ela?- Nem percebi que fui tão grossa.  

-Ela adora aparecer na mídia e sempre arruma casos pra isso. Acho que Marceline foi sua cobaia. Olha, vou sugerir que espie ela é descubra o que ela te esconde. Posso te ajudar. Minha amiga Cake é melhor amiga da Fionna mas pode nos ajudar com isso, é de confiança.- Só ela mesmo pra me fazer sorrir em um momento desses.  

-Então vamos descobrir se ela só tá me usando ou apenas me protegendo?- Só queria deixar isso bem fixado em minha mente.  

-Exatamente.- reforçou com um sorriso. Retribui e logo abracei ela.  

-Obrigado Íris, você é a melhor.- 

Finalmente chegou a hora da aula, almocei com Íris e por sorte encontramos a amiga dela, a Cake. Elas conversavam sobre como investigariam. Estamos nos direcionando pra sala. Foi quando vi Fionna, senti uma raiva repentina dela, não entendi por que.  

-Cake querida, como está?- abraçou e beijou sua amiga e Íris, em seguida me olhou. -Oi Jujuba.- a voz dela nem parecia tão animada quanto antes.  

-Oi.- respondi seco.  

-Fionna precisamos sair esse fim de semana, tenho uns babados pra te contar.- imagino que seja fofocas.  

Íris comentou comigo que Cake não guardava segredos de ninguém, exceto da Fionna. Depois de saber disso preferi não comentar nada enquanto a coreana pediu pra saber mais sobre Marceline.  

-Claro, vamos combinar.- sorriu pra amiga.  

-Menina, que chupão é esse no seu pescoço.- perguntou Cake. Meus olhos se arregalaram e pude notar algo mal escondido por maquiagem.  

-Da pra ver muito? Passei muita base.- a loira pareceu envergonhada.  

-Amiga, vai me contar quem foi o bofe.- disse com uma risada.  

-Melhor irmos.- pedi puxando Íris pelo braço.  

-Não precisam ir. Ainda é cedo. Viram o jornal? Marceline e eu ficamos, ela tem uma pegada. Deixou até essa marca em mim.- os olhos azuis dela focaram em mim, com um sorriso perverso.  

-Vocês transaram?- Cake perguntou animada.  

-Óbvio querida, ninguém resiste a mim.- aquele orgulho me deu vontade de estapear ela.  

-Não quero me atrasar pra aula.- sai andando batendo o pé.  

-Isso é ciúme querida? Ela nunca vai pegar você.- soltou uma risada sarcástica. Não me aguentei e logo e virei.  

-Fique sabendo que depois de ser usada por você, ela veio me procurar e me beijou como se sentisse falta de um beijo de verdade.- falei nervosa em tom sarcástico. 

-Acha que acredito em suas mentiras?- riu alto, as pessoas que passavam no corredor nos olharam estranho.  

-É verdade.- Marceline surgiu das sombras, juro que não vi ela se aproximar.  

-Como assim?- resmungou Fionna.  

-Ouviu bem loirinha. Me pagou pra ficar contigo agora aguenta. Senti tanto nojo que precisei beijar alguém de verdade.- a garota piscou para mim, que desviei o olhar.  

-Mentirosa.- ela gritou.  

Nem quis saber o que aconteceu, apenas me direcionei até a sala. O ódio que sentia era tanto, não sabia se enforcava Marceline por ter transado com ela ou se enforcava a Fionna por fazer questão de jogar isso na cara.  

Mal consegui me concentrar na aula de matemática. Mil coisas se passaram pela minha cabeça. Aquele dia seria o último que me sentiria assim. Não estava mais pensando sobre aquela investigação e fofocas da Cake, eu faria justiça com as próprias mãos. Se ela quer infernizar minha vida, eu tornarei a dela pior.  

Foi engolindo esses pensamentos que lanchava com a Íris. Nem comi o pedaço de bolo que peguei, isso deixou minha amiga preocupada.  

-O que houve contigo? Nem tá comendo doce.-  

-Nada. Só tô pensativa.-  

-Juju, você pensa comendo doce, quer me contar o que te perturba?- o tom baixo e gentil dela me fez suspirar desanimadamente.  

-Só consigo pensar em acabar com certa pessoa.- meu tom soou quase que inaudível  

-Ainda quer se vingar da Marceline?-  

-Mais que nunca.-  

-Não acha que está indo longe demais com seu ciúme? Ela errou Juju, mas não quer dizer que você deva errar também.-  

-Ciúmes? Poupe-me. Vou acabar com essa garota que me usou, fez duvidar sobre minha opção sexual e ainda por cima...- olhei para o prato.  

-Conquistou seu coração..- Íris completou, percebeu meus olhos marejados.  

-Não gosto de garotas, foi só uma curiosidade... Isso não pode ser verdade, não posso estar apaixonada.. Deve ser uma atração momentânea.- Me continha para não chorar.  

-Por que é tão ruim gostar dela?-  

-Por que dói. É como se ela nem ligasse pra mim, eu só sirvo pra ela matar a carência, depois me deixa de lado.- Fechei meus olhos aonde algumas lágrimas escorriam.  

-Acho que devia botar um ponto final nisso. Fala com ela, diga que se sente usada e peça pra ela parar, não precisa ser vingativa.- segurou minha mão e acariciou a mesma com intuito de me acalmar.  

-Talvez não seja uma boa ideia.- sussurrei ouvindo o sinal, acho que Íris nem ouviu.  

-Vamos rapidinho no banheiro. Você precisa lavar o rosto.- Me puxou pelo braço guiando até o banheiro.  

Foi a pior coisa que fiz. Já na porta vi Marceline saindo junto com a Fionna, estavam conversando e rindo. A morena piscou pra mim com um sorriso, foi quando fechei a cara e ignorei ela. Me senti com tanto ódio, deu vontade de sair quebrado tudo. Lavei meu rosto enquanto Íris usou o banheiro. Apressadas voltamos pra aula, eu mastigava um chiclete. A professora de química falou sobre o trabalho, a apresentação seria no sábado às dez horas, no auditório. Que saco, ainda tinha que apresentar o trabalho com ela.  

 

Não demorou para a última aula terminar, eram cinco horas, as atividades extra curriculares agora iniciariam. Alguns alunos ficavam em seus quartos, mas eu preferi ter umas aulas aonde desenvolvíamos nossa habilidade de construir objeto através de materiais usados. Usei um motor de ventilador com defeito, girava bem devagar, pra fazer um enrolador de fio. Podia não ser a coisa mais útil do mundo, mas me ajudaria a ter os fios sempre bem enrolados.  

Já era quase oito horas quando finalmente cheguei no quarto. Íris estava deitada em sua cama lendo aquele livro. Comecei a ajeitar minha cama para dormir, ia tomar um banho. Porém vi aquele baixo maldito, estava embaixo da minha cama, apenas com uma parte da corda. Lembrei da Marceline dizendo sobre ir até o pátio. Acho que seria o momento perfeito, vou quebrar esse baixo na frente dela. Peguei meu celular vendo que a garota mandou uma mensagem dizendo.  

“Estou te esperando no pátio, esqueci de dizer que era as oito horas.”  

Fazia cerca de cinco minutos que ela mandou e faltava um minuto pras oito. Peguei o baixo e respirei fundo.  

-Já volto.- disse pra Íris.  

-Juju, aonde vai? É ilegal sair agora.- resmungou 

-Eu sei, mas preciso me vingar.- dei as costas saindo do quarto.  

Não queria discutir com ela, era minha melhor amiga, sei que estava certa, mas meu desejo era maior que eu. Com cuidado passei pelos corredores, me escondia de cada monitor que passava por eles. Por fim cheguei ao pátio coberto, o final do corredor daria direto ao pátio externo e na outra extremidade havia a escada para voltar ao saguão, aonde dava acesso aos dormitórios.  

Estava escuro ali, a pouca iluminação que tinha provinha da lanterna do meu celular. Procurei pelo pátio inteiro. Recebi então uma mensagem.  

“Bonnie, estou te esperando, você não vem?”  

Me esperando? Ela não estava ali. Definitivamente eu era uma trouxa. Fui enganada mais uma vez. Me sentei em uma cadeira deixando minhas lágrimas caírem. Dava até ódio ver aquela mensagem. Por que ela fazia isso comigo? Por que roubou meu coração? Por que eu ainda acreditava nela?  

Foi tomada pela angústia e o ódio que olhei aquele baixo. Isso não ia ficar assim. Me levantei, segurei com as duas mãos e bati com tudo no chão, repetindo algumas vezes até ele quebrar separando a “cabeça” do Machado ao restante. Meu ódio era tanto que cheguei a pisar no instrumento no chão.  

-Eu te odeio Marceline. Quero que você suma da minha vida.- as lágrimas escorriam fortemente, estava tão eufórica.  

Um grito de dor fez meu olhar se erguer. Sequei as lágrimas dos olhos procurando alguém por ali, mas não havia. Ouvi novamente tal barulho. Acho que vinha do pátio externo, me aproximei então da janela espiando cautelosamente.  

Meu coração apertou quando vi Marceline ali. Estava me esperando? Alguns rapazes estavam ao redor dela e batiam na mesma. Mal dava pra ver quem era, estava escuro.  

-Se demorar muito pra me pagar as surras vão ser piores.- um homem bem alto e todo de preto falou.  

-Ahh Lich.. Te dei tantas joias caras, vários celulares. Sabe que vou pagar.- ela estava caída ao chão, tentava se erguer ficando de quatro.  

-Até o próximo fim de semana, é o máximo que espero.- deu um chutão na barriga dela, fazendo a mesma cair novamente.  

O homem e seu batalhão saíram. Desliguei minha luz para que não me vissem quando passarem, e por sorte não viram. Suspirei aliviada. O peso tomou conta de mim, quebrei o baixo dela, e se ela não fez tudo aquilo pra me enganar? Será que sou a vilã da história? Respirei fundo. Senti uma dor no braço, ao vê-lo percebi um pequeno corte. Melhor voltar pro meu quarto. Não queria me sentir culpada por aquilo.  

Enquanto adentrei ao corredor e me direcionei as escadas, ouvi uma voz familiar.  

-Você veio?- a voz dela estava fraca.  

-Marcy?- olhei para trás vendo a garota apoiada na parede, estava com as mãos na barriga e uma dificuldade de respirar.  

-Achei que tivesse me ignorado.- Me aproximei dela, não podia deixar ela ali.  

-O que houve contigo?- fingi não saber. 

-Levei uma surra de uns valentões.-  

-Não foi daquele Caroço não né?- caçoei.  

-Nem.. Aquele cara só tem tamanho, nem sabe brigar.- riu fraco, tossindo um pouco de sangue.  

-Devia ver a enfermeira.- apoiei ela em mim para ajuda-la a caminhar.  

-Acho que nós desencontramos, devia ter dito pra me encontrar no pátio externo.-  

-Com certeza, achei até que tivesse me passado a perna.-  

-Nem, gosto de ti, não faltaria esse talvez encontro por nada.- ela sorriu de canto.  

-Mesmo?- Me virei a olhando.  

-Não faz ideia do quanto.- nossos olhos se encontraram.  

Não demorou para que nossos lábios se tocassem. Com uma doce carícia, e um pouco de gosto de sangue, fui embalada por ela. Fechei meus olhos apreciando tal momento. A mão dela fez carinho em minha bochecha. Era impossível resistir, aquele beijo era tão bom. O deslizar carinhoso de nossos lábios, até o corte ao lábio dela estava melhorando, nem sentia mais os pontos dele, pois não havia.  

Pra ser ainda mais envolvente a morena passou o braço livre ao redor da minha cintura. Apoiei as mãos nos ombros dela, apertando levemente o local. Delicadamente a língua dela passou sobre meus lábios, umedecendo eles durante o beijo. Meu coração disparava loucamente, o cheiro do perfume dela me embalava. Não conseguia descrever quantas sensações aquele beijo me trouxe. Me faltava um pouco de ar, mas não queria parar, estava tão bom. Senti ela puxar levemente meu lábio inferior com os próprios, soltei um suspiro prolongado. Foi com um selinho que ela separou o beijo. Abri os olhos sorrindo feito boba, enquanto a olhei. Ambas respiramos forte.  

-Que beijo!- Marceline segurou minha destra entrelaçando nossos dedos.  

-É..  Foi..- Não consegui descrever.  

-Intenso.- completou.  

-É.- olhei para a mão dela.  

-Estou com sede, vamos no pátio beber água.- Me lembrei do baixo, engoli em seco.  

-Vamos lá em cima a água é melhor.- sugeri.  

-Bonnie, é tudo igual.- ela riu me puxando pela mão.  

Estávamos de mãos dadas, apreciei tanto aquilo. Era romântico, mas não sabia se era uma boa ideia ficar de mãos dadas com uma garota. E se não fosse aceita? E se meus pais soubessem? Será que seria expulsa de casa? Repentinamente a mão dela ficou gelada, olhei a expressão ao rosto dela, estava boquiaberta, incrédula. Por azar a luz da lua estava pegando ali dentro, dava pra ver perfeitamente minha obra de arte.  

-O-o que houve?- a voz estava trêmula, soltou minha mão.  

-Desculpa por isso.- indaguei.  

-Sei que foi o Lich, sempre querendo me ferrar.- ela apertou os punhos, acho que ficou com raiva.  

-Fui eu. Me desculpe.- Não iria aguenta o sentimento de culpa em mim.  

-Por que fez isso?- ela gritou com os olhos marejados.  

-Estava com raiva.. Acabei descontando nisso. Bem.. Mas acho que estamos quites, foi assim que me senti quando roubou meu celular e o vendeu. Quer mais? E as joias da mamãe? Não foi você que levou sermão.- Acabei desabafando, meu sentimento de culpa cessou por um instante. 

-Não esperava isso de você... Já entendi. Me iludi pensando que estava gostando de mim.. Que seu desejo se faça, não vou mais incomodar você. Não quero nem mais te ver na frente.- as lágrimas escorriam pelo rosto dela, a garota me empurrou e correu para as escadas.  

Engoli em seco. Olhei o baixo quebrado, sem dúvida não foi uma boa ideia. Pelo menos minha vida vai voltar ao normal, não vou mais sofrer. Me direcionava as escadas quando senti um aperto ao peito, não podia ser tão fria assim. Revirei os olhos pegando o baixo quebrado. Talvez devesse guardar caso me arrependa. Caminhei para meu quarto. Guardei o baixo em uma sacola e fui tomar banho. Me sentia aliviada até o momento, mas esperava que o peso não caísse sobre mim mais tarde.  

 


Notas Finais


Agradeço a todos por lerem.
Segurem seus corações, um dia tudo se esclarece para as duas.
Não sejam tímidos, adoraria ouvir a opinião de vocês.
Comentem #BonnieTemRazão pra quem acha que a Jujuba está na razão e quem deve pedir desculpas é a Marcy ou #MarcyTemRazão se acham que Jujuba exagerou e deve pedir desculpas pra ela.
A votação não vai interferir na história é apenas uma base para que possa saber como estou transmitindo as ideias da fanfic. E também poder zoar os "perdedores" depois. :v


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