História Garota Em Chamas - Em perigo - Parte 2

Aya não percebeu que amanheceu até sentir um chute na lateral de sua costela. Ela abriu os olhos, vendo Troy a sua frente, segurando uma arma.

- Não me chute.- Aya diz se levantando, e Troy ergue uma sobrancelha.- Não é educado.

-Levante-se. Bill quer ter uma conversinha com vocês.-Ele diz apontando com a arma para o grupo em fila indiana, enquanto Carver andava por eles falando.

-A atividade de zumbis tem aumentado ao longo da cerca então tomem cuidado quando estiverem fora dos muros.- Carver diz se aproximando deles.- A horda se moveu um pouco mais perto essa manhã, mas ainda não significa que seremos atingidos. Saibam que estamos monitorando a situação.-Ele limpa a garganta, olhando cada um nos olhos.- Agora.... Algumas pessoas podem ter ficado incomodadas sobre o que houve..... e como as coisas aconteceram. Bom está tudo no passado agora.- Ele observa Kenny, Ayo e Aya.- Alguns de vocês são novos na nossa comunidade . Alguns são membros que se extraviaram. Mas saibam que vocês podem achar a redenção aqui....Perdão. Provando o seu valor. O que sem dúvida vai ser um trabalho duro.- Carver se virou par Reggie.- Reggie, você está quase de volta. Continue seguindo o caminho, e te receberemos de volta com os braços abertos.

-Troy, leve Carlos ao seu posto. Todos os outros para suas atribuições. Está na hora de trabalhar.

-Você trabalhará no arsenal. Siga-me.- Tavia cutuca as costas de Aya com a arma, para que ela se mova.

Aya olhava em volta, observando várias caixas de suprimentos e armas. Os olhares das pessoas a incomodavam e a faziam se sentir muito menor do que realmente é, então ela apenas evita os olhares curiosos.

-Que é essa?- Uma garota pergunta.

-É do novo pessoal. Ela estava com Carlos, Inori e....- Um garoto começou a falar, e Aya não terminou de ouvir o que ele dizia, já que Tavia abriu uma porta de ferro, que dava para uma sala cheia de armas e munição. Aya olhou em volta.

-Entre ai. Bonnie está esperando.

Aya entrou na sala.

Bonnie estava sentada, com uma mesa cheia de munição e pentes de armas vazios.

-Ei..... eu acho que você vai começar o dia comigo.- Bonnie comenta oferecendo Aya a se sentar.- Estamos carregando pentes.- Ela pega um e coloca balas dentro.

Aya observa e faz o mesmo, pensando em como Lee a ensinou.

-É isso mesmo. Você pegou o jeito.

Aya já estava no quinto pente, quando Bonnie disse:

-Eu acho que te devo desculpas.... eu não fui honesta lá no chalé.... e vocês me mostraram uma bondade que eu... nunca esperaria de um grupo de estranhos. Mas.... agora pessoas estão mortas.... e eu não posso fazer nada além de me sentir culpada. Mas o plano era ninguém se machucar.- Ela acrescenta rapidamente.

-Carver foi o único que puxou o gatilho.... ele é o culpado.- Aya enchia os pentes com as balas.

-Sim, mas.... eu certamente ajudei. Eu achei que se fosse eu que achasse todos, eu poderia controlar as coisas. Manter todos seguros.... mas não foi assim. Peço desculpas.... o que não vale muito, mas é tudo o que posso oferecer agora.- Enquanto ela falava, as duas continuavam o trabalho.- Como foi a sua primeira vez no pátio? Eu sei que não é tão confortável.... Mas é seguro.

-Eu estava com fome.-Aya falou distraída com as balas entrando nos pentes, se encaixando ao som de Click, click, click.

-Eles não te alimentaram? Carver disse que vocês comeriam essa noite.

Click.

-Eu e meu irmão não comemos nada desde ontem.- Click, click click.

-Eu.... eu não tenho nada. Me desculpe. Eu deveria ter ido.... quando Luke, Carlos e todos foram embora, eu estava planejando ir também. Quando Luke me falou sobre isso, eu.... eu pensei que ele estava louco.

-Eles nunca falaram de você.

-Não? Hum. Nem mesmo o Luke?- Aya nega com a cabeça.- Bem, eu.... era de se esperar, não? Você não me conhece, não é? O que eles diriam? "Bonnie não está aqui." Você não saberia do que eles estariam falando.

-Acho que sim.

-Eu justifiquei não ter ido dizendo para mim mesma que é fácil tentar consertar algo que está quebrado do que começar tudo de novo. Pense nessa situação com a horda.... é o tipo de coisa que separa uma comunidade. Carver mantém as pessoas na linha.... ele pensou em muito dessas coisas.

-Hordas já passaram por aqui antes?

-Sim.... aconteceu algumas vezes. Nós sempre conseguimos resolver e tudo acaba bem. É algo que eu penso sempre quando considero ir embora. Quero dizer, não é fácil manter um grupo desse tamanho alimentado e protegido. Eu nunca invejei essa posição. Eu acho que deixa qualquer um estressado. Eu não estou defendendo o que ele fez. Aquilo foi....- Ela suspira.- Eu estou viva por causa dele. Isso é um fato.

- Ele é louco.

-Ele.... Ele está muito estressado.

-É mais fácil dizer louco.- Aya disse, cuidadosa.

-Luke tinha ideias de como as coisas deveriam seguir, mas eles não concordaram com o que Carver pensava... eles bateram de frente, então Rebecca ficou grávida, e isso só piorou as coisas..... Talvez Luke estava certo sobre ele... eu queria que ele estivesse por perto, mas.... Eu só espero que ele esteja seguro.

-Ei Bonnie, a garota está ai embaixo? Preciso pegá-la.- A voz de Tavia soou pelo rádio de Bonnie, que o pegou.

-Sim, ela está aqui.

-Tudo bem, estou indo.

Tavia surgiu um minuto depois, abrindo a porta e entrando.

-Tavia, cuide dela.- Bonnie diz.- Te vejo depois Aya.

-Vamos.

Aya seguiu Tavia, que a levou até o telhado. Havia uma grande estufa, além de algumas janelas e caixas.

-Me siga.-Tavia abriu a porta da estufa, entrando com Aya ao encalço.

-Fique aqui por enquanto, vou me comunicar por rádio e ver o que você vai fazer. Não toque em nada- Tavia fechou a porta da estufa, deixando Aya observando o local. Várias flores, frutas e alimentos diferentes estavam sendo plantados ali. Eles realmente conseguem ficar estáveis aqui.

Inori estava sentada no chão, abraçando os joelhos esperando o que iria fazer.

-Oi.- Aya diz, se sentando ao seu lado.

-Oi - Ela sorri.

-Você sabe para onde levaram o Ayo? Não consegui falar com ele hoje.

-Não. Também estou preocupada, mas tenho certeza que ele está bem.

-É, verdade.

A porta é aberta e Reggie entra junto com Tavia, que diz:

-Não estrague isso.

-Entendi - Reggie responde meio nervoso.

-Reggie está no controle aqui, ok? Escutem a ele cuidadosamente.

-Sim, sem problemas Tavia.- Tavia fechou a porta, se comunicando pelo rádio falando algo que Aya não conseguiu entender.- Ok, nós temos que fazer um bom trabalho pessoal. O acampamento está contando conosco. Vamos lá, eu mostrarei o que fazer. É super fácil. Peguem uma tesoura.- Aya e Inori se levantaram, indo até a mesa e pegando as tesouras separadas para elas.- Ok, então nós vamos colher essas frutas, certo? É só pegá-las, e colocar na cesta. Simples. Enquanto isso, se vocês virem um galho seco, peguem a tesoura e o cortem fora, e junte-os para o adubo. Entenderam?

As duas concordaram com a cabeça. Cuidadosamente Aya pegava as frutas, separava em uma cesta e colocava os galhos secos em outra. Reggie havia saído e deixado as duas para continuarem o trabalho, enquanto iria resolver algo.

Aya notou Inori olhando para a tesoura, com um olhar triste e distante.

-O que foi?- Aya foi até ela, preocupada.

-Eu não quero cometer erros...pode ser bobo, mas não me sinto bem...

-Aqui, irei te ajudar.- Aya pegou a tesoura das mãos dela com gentileza, e começou a mostrar como se faz. Inori observava atentamente.

-Obrigada, você é boa nisso.-As duas sorriem.

Aya olhou para as janelas da estufa.

Reggie estava voltando, com Carver logo atrás. Aya olhou para as frutas que ela deveria ter feito. As duas cestas estavam vazias, e as plantas com as frutas e folhas secas ainda nelas.

Reggie abriu a porta, e Aya sentiu o medo subir pela sua espinha.

-Você não fez nada do seu trabalho Aya.-Reggie lamenta, preocupado..

-Essa não...- Inori murmurou, baixinho.

-Só checando para ver como as garotas novas estão se saindo no trabalho.- Carver falou, enquanto entrava na estufa. Ele rosnou ao ver que as cestas de Aya estavam vazias.- Reggie.- Ele o chama entredentes.

-Ah, Carver. Ei.- Reggie disse, nervoso.

-O que aconteceu aqui??

-Olha Carver, elas são novatas. E eu só com um braço, não é fácil.... eu só... eu só tenho um braço, então....

-Cala a boca, cala a boca. Cale a porra da boca! É melhor você ter uma explicação para isso. E eu quero dizer agora!

-Carver por favor, só... só...

-Parece que você ia me dar uma desculpa sendo que eu pedi uma explicação.

-Foi culpa minha. Eu não expliquei para a Inori direito. - Aya falou, tentando contornar a situação.

-Não, isso não é culpa sua.- Carvrer rosna.- Nós falamos sobre isso Reggie, não falamos? Mas, você não consegue entender, não é?

-Entender o que? Eu... eu....

-Você podem esperar lá fora? Vamos ter uma conversinha- Aya e Inori saíram, murmurando um "desculpa"para Reggie antes de fecharem a porta da estufa.

-Obrigado pela ajuda meninas.- Reggie diz e Aya fechou a porta em seguida, apenas observando Carver ir até Reggie.

Aya foi até Inori, que observava o por do sol da ponta do telhado.

-Você acha que ele vai ficar bem?- Inori pergunta.

-Não sei.

De repente a porta é aberta e Reggie é empurrado por Carver, cambaleando até ficar na borda do prédio. Aya arregala um pouco os olhos, assustada junto com Inori.

-NÃO,NÃO,NÃO,NÃO! POR FAVOR!! BILL! NÃO! NÃO! NÃO! NÃO! POR FAVOR!- Aya correu até eles, Mas não foi rápida o suficiente quando Carver empurrou Reggie para fora do prédio. O barulho dos seus ossos se quebrando foi o som mais terrível que Aya já ouviu.

-Fraqueza.... incompetência..... coloca todos em risco e isso não será tolerado.- Aya se levanta, olhando ele.-Pensem nisso na próxima vez que te pedirem para fazer algo. Vá lá para baixo....Bonnie tem algumas coisas para você fazer. Seu irmão está lá também.- Aya foi andando, e observou Carver se aproximar de Inori. Aya notou que ela tentava não demonstrar o horror ao ver o corpo de Reggie.

Aya também estava tentando.

E falhava miseravelmente.