Dois anos se passaram.
Aya cortava o mato com sua Katana, abrindo o caminho para ela, Ayo e Inori passarem. Eles estavam exaustos. Estavam todos no limite.
-Acho que deveríamos sair de dentro da mata.-Inori murmura, uma das primeiras vezes em que um deles quebrou o silêncio terrível que se acumulava.- Pode ser perigoso uma daquelas coisas nos pegarem de surpresa.
Aya controlava sua respiração entrecortada, levantando a Katana e cortando mais algumas folhas do caminho. A sensação das bolhas e calos em suas mãos era bem vinda. Qualquer dor para desperta-la dessa sensação horrível era bem vinda.
-Sabemos que a....perda deles foi terrível. Foi uma das piores coisas que já sentimos e sabemos como você deve estar....destruída. - Ayo continua a fala de Inori. Aya levantou a espada, e atingiu o mato com mais força.-Mas nós....precisamos continuar. Por eles. Por todos eles Aya.
A Katana parou.
Ela parou.
Aya virou a cabeça para eles, com lágrimas escorrendo por seu rosto.
-Aya....
-Eu achei que...seriam eles enfim...- Ela murmurou.
-Seriam eles o que...?
-S-seriam os que não iriam morrer...- Os olhos de Aya brilhavam com as lágrimas, e suas mãos tremiam em volta do cabo da espada.
FLASHBACK ON
TRÊS MESES ATRÁS
Havia um novo grupo. Uma nova família. Eles eram fortes. Eram sobreviventes como Aya, Ayo e Inori eram. Poderiam ajudar com Haru e Haruki. Poderiam mudar o rumo das coisas.
-Vocês são bem vindos na New Frontier, se colaborarem e forem bons para o grupo. É tudo que pedimos de vocês. Lealdade.- O líder deles falou, observando os três adolescentes e as duas crianças.
Aya assentiu, assim como Ayo e Inori.
-Suas crianças estarão seguras aqui. Cuidamos uns dos outros. Custe o que custar.
-Bem vindos á New frontier.
QUEBRA DE TEMPO-2 MESES
Aya observava o médico deitado em uma cama em sua tenda, aonde todos os medicamentos estavam. Seu coração palpitava, e Haru e Haruki resmungavam baixinho, com dor.
-Shh shhh....vocês vão ficar bem. Prometo que ficarão bem....- Ela foi agachada, com os dois no colo até a tenda médica. Observou o homem de óculos e franzino. Seus olhos estavam vermelhos em volta, e ele estava com um ar....bêbado...? Ela não sabia dizer. Havia medicamentos usados por uma agulha de injeção, espalhados pela cama do médico. Drogas então.
Aya se virou para a pequena bancada de trabalho. Várias pílulas anticoncepcionais, injeções, xarope e....Aya pegou o papel com o nome do remédio que precisava.
Oxilante.
Ela colocou as duas crianças sentadas no chão e depois e procurar ela encontrou um frasco.
-É isso.- Ela sussurrou. E olhou para a injeção.- Ah por favor...que eu não precise usar isso...- Ela murmurou, olhando o remédio, e xingou baixinho.- Droga....
Aya se abaixou ao lado dos bebês.
-Preciso que vocês sejam corajosos agora ta...?
Haruki resmunga, puxando o bracinho para longe.
-Por favor...isso fará vocês melhorarem. Não importa o que eles dizem. Vocês vão melhorar.
Haruki fez uma carinha de choro, mas ofereceu o braço para ela. Haru fez o mesmo.
Aya pegou duas seringas, puxando o líquido do frasco.
O médico acordou, meio tonto,e olhou para Aya.
-Ah Aya....está roubando remédios....? Eu te disse...Eu te disse que isso não pode salva-los.
-Isso fará eles ficarem bem. Sei que fará.- Aya falou, firmemente.
-Não vai....isso não vai funcionar...Guarde o remédio Aya....Isso pode salvar a vida de alguém.
-Eles vão ficar bem.-Aya se virou para as crianças. -Seja corajoso meu bobalhão...- Ela aproximou a seringa de Haruki, e injetou o remédio. Ele resmungou mas não chorou como Aya pensou que faria. Ela respirou fundo e pegou a outra seringa, olhando Haru que tremia.- Vai ficar tudo bem pequena....Tudo bem. Feche os olhos. Eu estarei com você.- Haru fechou os olhos, e Aya injetou o remédio no bracinho dela, que começou a chorar.-Não não não.- Ela pegou a Haru, começando a nina-la, mas o seu choro fez com que Haruki também chorasse.
O choro dos dois acordou os outros do grupo, que foram até a tenda, olhando o frasco vazio e os bebês no colo de Aya, chorando.
Ayo olhou para ela, confuso e preocupado, e Inori também estava ali.
-O que está fazendo?! Está roubando de nós?!- O líder entrou no local.
-Eu tentei....tentei avisa-la...-O médico falou, se levantando.
-E você está chapado de novo!
-Eles....eles estavam com dor e vocês...vocês não queriam ajudar...- Aya se levantou, com os gêmeos no colo, tentando se explicar.
-Não ajudamos porque dissemos que não tinha esperança para eles! Você roubou nosso último medicamento para uma esperança de um tolo!
-M-mas olhem! Está funcionando!- Aya mostrou os bebês, que encostaram a cabeça no ombro dela, mais calmos.
-Ah Aya...o remédio não funciona assim...Você só deu um momento de paz a eles...apenas isso...-O médico falou, sentado na cama.
-Eu fiz tudo que estava ao meu alcance! Eu precisava salva-los! E eu tentei! Diferente de vocês que não fizeram nada!-Ela gritou, abraçando as crianças.
-Você não faz mais parte desse grupo. Você é uma traidora. Suma daqui.
-Vamos. Não precisamos desse grupo idiota mesmo.- Aya saiu andando, com os bebês no colo, e Ayo a seguiu nem nem mesmo exitar. Inori foi atrás, olhando para baixo.
-Esperem. As crianças ficam.
-Para trás.- Ayo rosnou, e o grupo apontou as armas para eles.
-Você roubou nosso último medicamento. Então, elas nos pertencem agora.- O líder deu um sinal, fazendo com que os outros membros do grupo segurassem Aya, Inori e Ayo, e arrancassem os bebês dos braços de Aya.
-Não! Seus monstros!-Aya gritou rosnando, enquanto as crianças começaram a chorar.
-Aya....se houver alguma chance deles sobreviverem, eles ficarão melhor aqui...- O médico falou, ao lado dos outros.
-E eles podem acabar matando vocês. Vocês não vão conseguir cuidar deles sem um grupo.- Uma mulher falou, a que apresentou eles para o grupo.
Aya estalou os punhos, rosnando para eles.
-Deixe ao menos ela se despedir John.- A mesma mulher disse.
John assentiu, e deu espaço para Aya, que se soltou bruscamente dos dois brutamontes que a seguravam.
Aya se aproximou das crianças, que resmungavam com bico.
-E-eu...eu amo vocês meus pequenos...-Aya falou com uma voz chorosa, beijando a bochecha dos dois. Ela pegou as mãozinhas dos dois, derramando lágrimas.- E-eu sinto muito....
Aya abraçou os dois com força, derramando lágrimas, e sentiu John por a mão em seu ombro.
-Hora de ir Ayano.
Aya assentiu, se afastando aos poucos dos bebês, que resmungaram o nome dela, querendo seu colo.
Aya, Ayo e Inori foram escoltados para fora do acampamento pelos homens armados, e largados no meio da estrada sozinhos. Acabados. Destruídos.
FLASHBACK OFF
-Eu não consigo mas...- Ela murmura, apertando o cabo da espada com força.- Não dá mais. Não dá.
-Nós vamos encontra-los. Nós vamos trazê-los de volta.- Ayo falou, colocando a mão em seu ombro.-Mas não iremos conseguir sem você.
-Eles ainda estão por aí Aya. Haru e Haruki ainda estão por aí. E nós vamos acha-los.
-Com licença.... vocês estão precisando de ajuda?-Um homem, que aparentava ter uns 23 anos, se aproximou deles com calma. Ele usava um brinco argola de ouro. E parecia esperar os três aceitarem.
TRÊS SEMANAS DEPOIS....
Como não havia mais camas para dormir, Aya deixou as duas para Inori e Ayo. Ela apenas olhava pela pequena janela do quarto no barco, observando a lua que punha aos poucos.
-Você deveria dormir.- Ayo murmurou, acordando com o barulho de Aya pondo os pés no chão e pegando as botas.
Ela começou a amarrar as botas, as calçando.
-Rashid responde, câmbio....- Aya ouviu Pete, o cara que os ajudou.- Vanessa? Está aí?- Ele parecia estar tentando acessar um rádio velho, e estava na sala ao lado.- Droga...
-Volte a dormir, vou falar com Pete.- Aya falou, se levantando..
-Perdi o sono. Vou com você.-Ayo falou, se levantando também.
-Certo.
-Merda, merda.....- Pete reclamava, tentando tonalizar o rádio..
-Ei pete.- Aya falou encostada na porta, se divertindo com a irritação dele.
-Aya? Ayp?- Ele se vira para os dois na cadeira giratória.- O que estão fazendo acordados?
-Sem sono.
-O turno de vocês é só daqui a uma hora.
-Não consigo dormir.- Aya admitiu, olhando para baixo séria.
-Você não é fácil de decifrar. É difícil de adivinhar como você está.
-Sinceramente, não sei como estou.
-Essas coisas que te incomodam.... não vão desaparecer da noite pro dia.- Ayo falou, tocando o braço dela para reconforta-la.
-Só me avisa por favor se, sabe.... se ficar tão ruim quanto antes.- Pete disse.
-Só preciso me ocupar. Estou bem.- Aya forçou um sorriso, descruzando os braços.
-Oak, Oak!!- Pete chamou.
-Que foi?- Um cara de altura média, barrigudo e barbudo se abaixa para perto da escada que dava para a sala em que estavam.
-Desce aqui, os gêmeos vão assumir o seu turno.
-Dois minutos!- Oak pede, se levantando da escada.
-Não tive notícias do Rashid ou da Vanessa.- Pete volta a mexer no rádio.- Eles não costumam ficar muito tempo sem contato. Agente negocia sempre que eu passo por aqui. No mesmo lugar.
-É verdade que estamos precisando de alimentos...- Ayo falou, pensativo.
-Tudo simplesmente.... sumiu.
-Não faz o menor sentido.- Aya murmurou.
-O barco deles sempre está ancorado na doca.- Pete diz.
-Pode ter acontecido algo com eles Pete.... Talvez eles.... não tenham conseguido.- Ayo falou, olhando para baixo.
-Talvez eles só precisem de ajuda.- Pete diz.- Nós não sabemos. Esse é o problema. Talvez agente passe de novo na volta.
O rádio começou a chiar.
-Escute!- Pete exclama.- Tá ouvindo? Parece uma voz feminina. Vanessa é você?
-Estou ouvindo também. Mas é difícil identificar o que é.- Aya comentou, se aproximando.
Oak desce até a sala.
-Pete.- Ele observa os irmãos.- Aya. Ayo.- Ele falou o nome de ambos, num cumprimento.- De novo no ondas curtas, Pete?
-Eu não vou desistir. Essa balsa estava cheia de barcos há um ano atrás. Eles foram pra algum lugar.- Pete diz concentrado.
-Se eles partiram, deve ter sido por uma boa razão.- Oak pega um bebida.
-Então eu quero saber a razão.-Pete rebate e Oak se senta em uma cadeira, desistindo de convencê-lo.- Ei.... ei, consegue me ouvir?- Ele volta a se concentrar no rádio.-Oi?- Pete chama de novo, e um grito foi a resposta.
-.... Socorro....!- A voz distorcida falou do rádio.
-Ela pediu por ajuda!- Ayo disse.
-Sei lá Ayo. Não parece a Vanessa.- Oak diz.
-Mas é alguém.- Aya rebateu.
-E ela pode saber o que houve aqui.- Pete conclui. O rádio volta a chiar.- Ou. Droga. Estamos perdendo sinal.
-Só vamos achar encrenca lá, Pete.
-Do que adianta só sobreviver? Temos que fazer melhor que isso! Não é Aya?- Pete pergunta para ela.
-Aya, diga pra ele que isso é ruim.
-Vamos ajudar a mulher.
-Pelo menos alguém entende.- Pete diz.- Você é a única pessoa nesse barco que chega perto de entender. Nem o Berto, nem o Siddiq, nem a Inori, ou Ayo. Claro, nunca a desgraça do Oak.- Ele olha para o bêbado deitado virado para a parede. E Oak apenas acena, fazendo um gesto obsceno com a mão.- Você sabe que tem gente que vale a pena ajudar. Assume pra mim, tá bom? Vou virar o barco.
Aya assente com a cabeça e observa o rádio. Ela se sentou na cadeira e segurou o botão maior, o do volume, começando a girá-lo para o lado esquerdo, o deixando no 16. Sua mão foi no botão menor, que era o de supressor de ruído e o girou para a direta.
-Oi? Oi, alguém aí? Precisamos de ajuda!- Uma voz feminina ecoa do rádio, ainda com um chiamento atrapalhando um pouco.- Por favor, alguém. Alguém....
-Cadê você?-Aya perguntou, após tonalizar o rádio.
-Puta merda funcionou!-A mulher exclama, surpresa.- Estamos em Mob- Jack!
-Mob-jack...- Aya murmurou, vendo Pete descendo as escadas.
-Alguma coisa?
-Eu ouvi ela. Quase.
Pete abriu um longo sorriso.
-Sabia!
-Não é uma boa ideia gente. Você quer achar mais gente e se esquece de como são as pessoas.- Oak diz.
O navio começa a sacudir.
-Que inferno!- Oak diz.
-Estamos presos!- Berto grita lá de cima.
-Não dá pra ver nada!- Siddic diz.
-Todos estão bem?- Pete pergunta subindo com Ayo e Aya.
-Melhor você verem isso aqui!- Siddic gritou.
-No que batemos?- Ayo pergunta.
-E eu sei lá! Não da pra ver nada!- Berto reclama tentando ver por dentro da névoa.
-Parece que estamos com problemas.- Aya murmurou, observando o mar escuro , sem conseguir encontrara fonte que os prendeu.
-Berto! Segure firme no timão!- Pete diz.
Aya observou a vela do barco se movimentar com força, por vento.
-Recolha essas velas! Agora!- Pete diz e Aya correu junto com Ayo e Sidiic.
O guincho que segurava a vela se soltou, deixando meio impossível de pegá-la, já que o vento soprava forte, ela voltava e ia em direção de Ayo.
-Ayo! Abaixa!- Aya gritou e se jogou em cima dele antes do guincho acerta-lo. A vela bateu no ombro de Aya, a jogando para o lado.
-Você tá bem?- Ayo pergunta caído ao lado dela.
-Estou ótima....- Aya disse, se levantando com a mão no ombro.
Pete xingou.
- Oak, controla a bujarrona!
-Merda de ondas curtas.... Você tinha que nos levar pra perto. Direto pra droga da pedra....- Oak resmungava, indo fazer o que Pete falou.
-Ei, há anos que eu navego por essas águas. Não tem nenhuma pedra aqui.- Pete rebate.
-Então o que pode ter sido?- Aya pergunta, pensativa.
-Outra coisa.- Pete diz.
-Você mesmo disse: Tem alguma coisa acontecendo.- Siddic diz.
-Esse lugar não é mais seguro, Pete! Seus amigos SE FORAM, e seja lá o que os espantou, vai dar de cara com a gente.- Oak diz.- Eu disse que era uma má ideia.
-Você só tá paranoico.- Ayo falou, cruzando os braços.
-Não é paranoia quando se está certo! Estamos presos aqui, sem ter para onde ir!
-Discutir não vai ajudar em nada.- Aya falou, olhando os dois.
-Ela estar certa. Para sair dessa vocês precisam calar a boca e escutar.-Ayo diz.
-A garota nas ondas curtas.... e se ela faz parte disso?- Oak diz.
-Pessoal, vamos parar! Não faz sentido discutir assim!- Pete exclama.- Oak! Siddic! Amarrem essas velas! Depois que verificarmos os danos podemos sair bem devagar. Vamos lá!
-Aya, o que ela disse para você?- Pete pergunta.
-Perguntei aonde ela está e ela respondeu que era em Mobjack.
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