História Garota Em Chamas - Internato Ericson para Jovens Problemáticos

Aya acordou sentindo sua cabeça girar e doer como se tivesse sido martelada. Ela abriu os olhos, olhando para o teto, confusa e sem entender. Sua visão ainda estava meio embaçada, mesmo assim ela olhou em volta do quarto, um local velho e empoeirado, com um ventilador quebrado no teto, a lâmpada quase aos pedaços e tábuas de madeira presas a janela. Ela gemeu com dor, e arregalou os olhos ao não ver ninguém no quarto.

-Haruki!- Ela exclamou, se sentando rápido demais, e sentiu uma dor no pulsos quando o puxou junto com a cama. Prenderam seu pulso esquerdo no beliche com fita crepe. Ela segurou a fita e a puxou para o lado, se soltando. Aya se levanta, massageando o pulso dolorido. Haviam enfaixado sua cabeça, que sangrava de um dos lados.-Que lugar é esse?- Ela se levantou da cama, olhando em volta.

Aya saiu do quarto, abrindo a porta, usando um canivete que achou na cômoda para destrancar a porta. Ela olhou em volta dos enormes corredores, pronta para usar a faca se preciso. Haviam duas opções para andar, mas uma estava coberta por vários móveis, e outra estava limpa para a passagem. Aya escolheu ir para a esquerda, que era onde conseguiria andar. Ela ouviu uma porta abrindo, e se escondeu rapidamente, atrás de uma pilastra. 

Os passos ecoaram pelo corredor, enquanto a pessoa andava em direção do quarto em que ela estava. Quando ele chegou na porta do quarto e a viu aberta, Aya notou que era um menino, uma criança que não passava dos 12 anos. Ele olhou para a porta assustado, e pegou uma faca para se defender. Ele abriu a porta um pouco mais, procurando pela garota que deveria estar ali.

Aya se levantou.

-Eu tô aqui.

Ele se assustou, erguendo as mãos para o alto sem nem mesmo se virar para ela.

-Larga a faca.

-Só se você largar também.- Aya ouviu um esticar de arco, e olhou para o lado vendo um garoto com um penteado esquisito apontando uma flecha para ela.- Agente não vai te machucar. Os outros estão bem. Tão com agente. Eu te levo até eles.

Aya olhou para a faca, a apertando com força, mas a soltou no chão, desfazendo a posição de ataque.

-Sua vez.- Aya falou para ele, apoiando a mão na cintura.

O garoto abaixou o arco. E o guardou nas costas.

-Viu? Agente não vai te machucar.- Ele falou, se aproximando. Era loiro, e usava uma jaqueta com um E bordado.-Sou Marlon. O baixinho é o Tennessee. Pode chamar de "Tenn". Foi ele quem cuidou de você.- Tenn tremia, tentando controlar a respiração.- Ele não é de falar muito.

-Aya.- Ela disse, cruzando os braços.

-Desculpa por trancar a porta, te amarrar na cama e tudo o mais. A gente te encontrou em péssimo estado e teve que tomar precauções. Sabe como é.

-Não precisa explicar. Como você já disse, eu tava péssima.

-Péssima é apelido. Deve ter sido difícil pra vocês cinco lá fora. Enfim, eu não quis te assustar. Foi só por precaução. Me desculpa pelo mal jeito. Mas você e seus amigos tão seguros agora. Vem, vamos ver seu grupo.- Marlon deu as costas, começando a andar, e Aya o seguiu.

Eles saíram do prédio, e Aya olhou em volta, notando um muro alto, várias árvores. Eles estavam no meio da floresta, numa construção gigante. Era bem protegido e escondido. Haviam outras pessoas caminhando, que a encaravam.

-Você sobreviveu lá fora por um tempo hein.-Marlon falou ao lado dela.

-É. Agente ta na estrada a um bom tempo.- Aya comentou, de braços cruzados.

-Imagino que saiba se virar. Não se vê muita gente da nossa idade sozinha por aí. Nem imagino como deve ter sido.

-A vida cobrou o preço. Cometi vários erros nos últimos anos. Você viu o carro.

-Não seja tão dura com você mesma. Você sobreviveu, não foi?

Aya andava ao lado de Marlon, e as crianças da pequena comunidade a observavam. Uma garota loira, de colete roxo olhou para ela de cima do muro. Ela estava deitada ali, e pelo olhar, parecia fazer um tempo.

-Agente te encontrou bem na hora. Não foi fácil tirar vocês daqueles escombros, ainda mais com zumbis atrapalhando.

-O carro....foi perda total?

-Sim.

-Bosta.- Aya grunhiu.- Ayo deve ta pirando.

-Teve que ser rápido. Não sei o que teria acontecido se agente não tivesse visto a fumaça...

Um garoto baixinho, talvez da idade do Tenn, olhava para Aya como se ela fosse um alienígena.

-É.....obrigada.- Aya falou para Marlon.

O menino se aproximou de Aya, ainda encarando.

-Awn....oi?- Aya falou, confusa e incomodada.

Marlon se virou, e o moleque saiu correndo.

-Qual é a dele?

-Você é nova. Não vemos nada que nem você desde....nunca.

Aya olhou em volta.

-Que lugar é esse?

-Você já deve ter percebido que era uma escola. Agora é o que agente quiser.

-Quem ta no comando?

-Bem....eu. Deve ser estranho, um moleque liderando outros moleques. Mas agente se vira bem. Temos bons muros. Boas defesas. Uma boa localização também. Ninguém mais vem por esses lados.

-Sem adultos....nenhum?

-Não foi sempre assim. As pessoas vão embora, morrem. Tem menos de nós agora. Arrumei um sistema que funciona bem o bastante. Permita-me formalizar: Bem vinda ao Internato Ericson para Jovens Problemáticos. Você e os outros, parece que os cinco se encaixam nessa descrição. É difícil sobreviver muito tempo hoje em dia sem ser um pouco.... "problemático".

-Eu era uma criança muito boazinha antes de tudo mudar. Causei um monte de problemas depois.- Aya falou sorrindo de lado.

-Todos tivemos que crescer rápido. Eu acho que isso vale em dobro pro moleque. Ele tem sido um terror desde que chegou.

-Como é que é??

-Digamos que ele não ficou feliz sem você por perto.

-Aí! Marlon! Tem errantes na cerca!- O garoto de antes gritou.

-Merda. Preciso cuidar disso. Conhecendo o Willy, provavelmente são duas velhas zumbis e um esquilo bravo. Tem coisa maior.- Ele saiu andando.- O moleque e os outros tão lá dentro. Acho que com o Louis.

-Louis?

-Ah, certo.- Ele ri.- Só siga a música, vai achar ele. Se liga Willy! Cadê a porra da sua arma??- Ele saiu correndo.

Aya foi andando em direção da entrada da escola, abrindo a porta e entrando. Ela ouvia o som de um piano sendo tocado lindamente.

-Seguir a música. Certo.- Ela foi andando enquanto cada nota musical era tocada, um som triste e lindo, que fazia Aya querer ouvir cada vez mais.

Aya ouviu um grito de ódio, e uma garota gorda e ruiva descia as escadas, irritada. Ela segurava o pulso que tinha uma marca de mordida.

-Aquele filhinho da puta...-A garota avistou Aya, e foi até ela.- Ei, ei! Já era hora de acordar! O seu moleque me mordeu!-Ela mostrou a mão, com uma marca forte de mordida.- Sorte dele de não ter levado um chute na cabeça! Quase arrancou um pedaço! Ta doendo pra cacete!

-O Haruki é um bom guri. Você deve ter provocado ele.

-Tocar ele no ombro não é provocar! É isso que eu ganho por tentar ser legal com ele?! Bom, fodam-se os dois!-Ela saiu andando, passando pela Aya.

Aya a olhou confusa,e continuou andando seguindo o som do piano. Aya entrou na sala, apoiando a mão na porta. Havia um lindo garoto, pele bronzeada pelo sol, cabelos castanhos e lisos, cortados de um jeito fofo. O jeito que ele tocava...Era algo tão incrível de se ouvir. Aya avistou Haruki e Haru virados de costa, observando ele tocar. E Ayo e Inori estavam num canto, conversando.

Haruki se virou para Aya, e gritou seu nome, feliz. Ele correu até ela e Aya se agachou, recebendo o abraço que ele queria dar.

-Você ta bem! - Ele falou feliz, enquanto os dois se abraçavam, e os outros três juntaram, fazendo um abraço coletivo.

Aya suspirou aliviada, vendo todos bem. Apenas com alguns pequenos machucados superficiais. Ela se separou do abraço, e começou a procurar algum machucado sério em Haruki, como uma mordida ou algo profundo. E depois fez o mesmo com Haru.

-Tava com medo que você....- Ayo começa, mas Aya o interrompe.

-Eu to bem- Ela sorri,e começou a fazer cócegas em Haruki, que começou a rir.-Mas...- Aya suspira e se levanta.- Haruki, me escuta. A menina lá fora disse que você mordeu ela. É verdade?- Ela esperou uma resposta, mas ele cruzou os braços.-Me responde Haruki. Você mordeu ela?

-Foi sem querer...ela me assustou.

-Mesmo assim. Sem morder.

-Sem morder...- Haruki desvia o olhar.

-Você não morreu. Que bom.- O garoto no piano comentou, enquanto seus dedos exploravam as teclas brancas e pretas.-Cuidei dos moleques pra você. Enquanto os outros dois...- Ele olhou para Inori e Ayo, que coraram.

-Meu nome é Haruki. E minha irmã se chama Haru.- Ele disse, cruzando os braços.

-Desculpa.- O garoto sorriu de lado.-Eu cuidei da haru e do Haruki pra você.

-Obrigada. De verdade.- Aya falou, olhando Ayo e Inori.

-Sem problema. Bom, não sem problema. Ele deu um pouco de trabalho. Mas foi fácil pra mim perto do que a Ruby passou.

-O Haruki não gosta de gente chegando por trás dele.- Aya falou, colocando a mão no ombro de Haruki.

-Nunca faça isso.- Haruki acrescentou, rapidamente.

-Entendido rapazinho. Por sorte, eu tava aqui pra acalmar ele com minha música fascinante.- Ele disse brincando, voltando a tocar.-Sou Louis.

-Aya.- Ela disse, sorrindo de lado enquanto ouvia a música.

-Ah, é. Tinha esquecido. O Marlon deixou suas coisas aqui em algum lugar.

-Não esquenta. Deixa comigo.-Aya foi até sua mochila, checando tudo e pegando sua Katana. Haruki foi até ela, esperando por sua pistola. Aya a pegou e entregou para ele.

-hum....-Louis errou uma nota, olhando eles.- Duplo hum? Ele sabe o que é isso?

-Ta suja - Haruki comenta.

-Limpa - Aya falou gentilmente.

-Depois.-Ele checou a munição.-Ta de volta.- E a guardou no bolso.

-Pro lugar dela.

-Cara, isso não pode ser uma boa ideia. Aquela coisa é maior que ele. Tá mesmo carregada?

-Sim

-Ah, ótimo.

-Garanto que ele atira melhor que você- Aya se levanta, pondo a mão na cintura.

-Ei - Louis olhou para ela, sorrindo de lado. Mas voltou a tocar.

-Não sabe mais nenhuma?-Aya perguntou, curiosa.

-Bom, tem uma....Mas você ta armada.- Ele sorri e Aya revira os olhos. E ele começou a tocar.

Haruki riu um pouco.

-O que acha Haruki?

-Não sei, barulhento.

-É sim.

-Barulho é ruim.

-Nem sempre.

Louis se afasta um pouco, e aponta para um tecla.

-Aperta essa tecla. Vai. Essa bem aqui

-Vai Haruki, aperta.- Aya põe a mão no ombro dele.

Haruki foi até o piano, e apertou a tecla, que fez um barulho agudo e alto. Ele olhou para Louis.

-Agora aperta essa.- Ele apontou para outra, e Haruki apertou.- E essa. - Mais uma tecla, agora grossa e baixa.-Você tem talento.

-Ei!- Aya viu Marlon na porta da sala, entrando.-Você viu a Rosie?

-Não.- Louis falou, se virando.

-Merda. Temos problemas lá fora. Olha, odeio pedir, vocês acabaram de chegar, mas seria ótimo contar com uma ajuda.- Marlon falou, olhando para Aya e Ayo.-Prontos pra acabarem com os defuntos?

Aya assentiu, junto com Ayo.

-Você também Louis! Meche esse traseiro!- Marlon saiu correndo da sala.

Louis suspirou, se levantando.

-Tá.

Eles foram para fora do prédio, deixando Inori tomando conta de Haru e Haruki.

 

 

-Rosie!-Eles chegaram até onde Marlon estava, perto do portão que separa eles da floresta.-Onde ela se meteu??-Marlon se virou para o pequeno grupo.- Devolveu as armas deles?-Aya destravou sua Katana da bainha, a sacando.- Ótimo. Vai ter que usar pra ajudar agente. Te um grupo de caça lá fora tentando voltar pra dentro. Precisamos de vocês pra limpar a trilha. Parece que a quantidade aumentou nos últimos dias.

-Parece até que alguma coisa chamou a atenção deles.- A garota loira com o colete roxo de antes comenta, sarcasticamente.-Parecia....sei lá...uma explosão. Ou uma batida de carro.

-Vi....-Marlon chamou sua atenção, quando ela se virou de costas, cruzando os braços.

-Quê?- Ela pergunta, ofendida.-Só tô falando. Tem que ter alguma explicação.

-O que você ta insinuando?- Aya pergunta, erguendo uma sobrancelha.

-Sabe como é. Só especulando.- Ela falou, encarando Aya.

Louis limpou a garganta.

-Oi Aya. Sou a Violet. Muito prazer.- Ele diz, como se mostrasse o que ela deveria fazer.

-Ele já falou.- Violet disse, indiferente.

-Beleza gente! Tá começando a encher!-Willy falou de cima do muro.

-Vamos.- Violet abriu o portão, saindo em seguida.

-Toma cuidado lá.- Ayo falou, tirando uma flecha da aljava.

-Não liga pra Violet. No fundo....ela é legal. Eu juro.- Louis falou, apoiando no ombro uma perna de cadeira com alguns pregos na ponta. Aya observava e Louis notou, pois disse.- Ahh isso? É uma perna de cadeira. Eu chamo de "Perla".

Após dizer isso ele saiu correndo atrás dos companheiros. Aya apenas movimentou a Katana, revirando os olhos e indo atrás. Ela avistou Violet utilizar um cutelo para acertar a testa de um zumbi, o chutando em seguida. Depois, ela viu Louis acertando outro zumbi com a "Perla". Ayo atingiu uma flecha bem no meio de um zumbi, já preparando outra em seguida.

Aya foi caminhando até o meio do pessoal. Observando os zumbis enquanto girava a espada. Ela assumiu posição de luta. E atacou. Era uma dança sangrenta enquanto Aya utilizava a espada para cortar zumbi atrás de zumbi. Ela chutou o joelho de um, o derrubando no chão e em seguida enfiando a espada em sua cabeça. Após isso ela girou, chutando o queixo do zumbi ao lado, dando tempo para ela retirar a Katana e acertar o pescoço dele, cortando sua cabeça fora.

-Caramba! Boa Aya!- Ela ouviu Louis comemorar.-Mas eu ainda acho que falta sutileza. Observe e aprenda. Ei! Aqui! Vem me pegar seu verme imundo!- Louis gritou para um zumbi, que foi andando até ele, bem abaixo e um enorme X vermelho. Louis cortou umas cordas, que fizeram uma armadilha esmagar o zumbi em pedaços sangrentos.- E é assim que se guia um errante!

Aya não pôde deixar de rir um pouco.

-Tem um monte de armadilhas espalhadas por essa área pra esses malditos. Todas tão marcadas então fica de olho.

Aya guiou um dos zumbis para uma das armadilhas, e cortou as cordas quando ele estava no meio do X vermelho. Uma rocha gigante caiu bem em cima dele. Aya continuou a golpear os zumbis, utilizando as armadilhas quando preciso e a espada quando achava melhor. Ayo e Marlon davam cobertura em cima das árvores com as flechadas bem na testa.

-Parece que eles voltaram inteiros.- Marlon falou, vendo o grupo de caça correndo para o portão.- Bora, agente encontra eles no caminho.

Eles começaram a correr em direção ao pequeno grupo. Aya passava em disparada, cortando os zumbis como se fossem palha. Violet acertava o cutelo e chutava os zumbis, e logo eles ouviram o grito de Marlon para reagrupamento.

-Bem na hora. A gente não vai conseguir segurar eles por muito tempo.- Violet falou.

-Não brinca. De onde saiu esse tanto de zumbi?- A garota que estava com o grupo de caça pergunta.

-Deixem pra bater papo quando agente estiver dentro dos portões. Fica de olho nos errantes.

Eles começaram a caminhar de volta para o portão. Aya observava em volta, com Ayo ao seu lado já com uma flecha pronta. Violet estava ao outro lado de Aya. E a olhou de cima abaixo.

-Sabe, até que você leva jeito considerando as circunstâncias e tal...- Violet comenta.

-Valeu.- Aya sorri de lado.

-Bora apagar esses caras logo. A gente não vai querer que eles atraiam mais zumbis pra escola.-Violet foi correndo, acertando o zumbi da mesma maneira que acertava outros. E aya manobrou a Katana pronta para atacar.

Aya avistou um garoto do grupo de caça, que acertou a cabeça de um zumbi, distraído recolhendo a flecha que lançou, sem notar o zumbi que estava atrás dele. Aya correu, e acertou o zumbi, atravessando a espada na cabeça dele, chegando perto dos olhos do rapaz. Aya lutava com mais caminhantes, até que um cachorro enorme, um pitbull, pulou em cima do zumbi, destroçando seu pescoço até arrancar a cabeça. Aya segurava a Katana na frente do corpo, tremendo ao olhar o enorme cachorro a sua frente. O cachorro rosnava com os dentes cobertos de sangue, se aproximando dela, que dava passos para trás.

-Boa menina!- Marlon exclama, se aproximando da cadela.-Shh shh, ei ei, tudo bem, menina. Calminha.- Marlon se ajoelhou, acarianco a cabeça da cachorra.-Pelo jeito você já fez amizade com a Rosie.

Aya cessou a posição de defesa, respirando fundo.

-Eu já tive uma experiência ruim com cachorro.

-Bom a Rosie aqui pode ajudar você com isso. Ela é fofa que dói. Bom, menos quando tá dando um pau nos caminhantes.- Marlon comenta, enquanto Rosie colocava a língua para fora.

-Aquele zumbi apareceu do nada.- O garoto que Aya salvou falou atrás dela, recuperando o fôlego. ele assentiu com a cabeça, agradecendo. Aya fez o mesmo

-Tá bom, acabou a diversão. Vamos entrar. Tô morrendo de fome.- Marlon falou, abrindo os portões.

-Você não é o único.- Ayo comenta, indo atrás.

-Como é que foi lá?- Marlon pergunta.

-O que você acha?

-Pega leve Aasim.- A garota que Aya ainda não conheceu falou.

-A zona segura tá quase esgotada. Mal achei comida que dê pra hoje.-Aasim falou irritado.-Vamos ter que explorar mais longe pra achar comida pro inverno.

-Depois agente conversa.- Marlon falou, olhando Aya de esguela

-Porra nenhuma! Vamos conversar agora...

-Depois, já falei!-Marlon passou por ele, batendo seu ombro no dele.

-Continua de pé então?- Louis se aproxima de Aya, com Perna apoiada no ombro. Aya olhou para ele, mas não disse nada. Louis continuou.-Eu daria um 9 pelo desempenho Vi. Você já foi melhor.

-Não enche.- Violet falou, levantando o dedo do meio pra ele.

Louis pôs a mão no peito, fingindo estar ofendido.

-8,5 então u.u. Agora, a Aya? Um belo 10. Talvez até um 11.

-Vocês dois também arrasaram.- Aya falou, com seus lábios se repuxando pra cima.

-E ainda é modesta! Uma caixinha de surpresas.

-Sua boca podia dar um tempo.- Violet falou, irritada.

-Agente detonou um bando de zumbis! E com estilo. EU estou orgulhoso.

Violet balançou a cabeça, de cara fechada. Eles entraram pelo portão, o fechando em seguida. Haruki foi correndo até Aya, segurando a mão dela.

-Eles mandam bem.- Haruki falou.-Com os monstros.

-Qual é, galera, já não tem co....-Haruki se assustou quando Marlon tocou seu ombro, e acertou uma cotovelada em cheio entre suas pernas. Marlon se curvou, perdendo o ar. E Haruki correu para trás de Aya.

-Haruki!- Aya o repreende, e ele saiu correndo com medo.

-M-merda...-Marlon falou, tentando se recompor.

-É...você não pode pegar ele de surpresa. Ele tem um....trauma com isso.

-Hum...uhum.....Um trauma doloroso.- Marlon falou, se recompondo aos poucos.-Olha ele não pode sair por aí socando o.....das pessoas, né? E depois querer sentar na mesma mesa pra comer na boa.-Marlon se virou na direção que Haruki foi. Ele estava observando além dos portões e se assustou quando Marlon estava o vendo, se virando novamente pra frente.

-Eu vou falar com ele.-Aya foi andando até Haruki.- Ei.- Ela o chamou, com calma.

-Ei.-Ele responde.

-O que você ta olhando?

-O que o pássaro ta fazendo?- Haruki perguntou, vendo um corvo bicando um zumbi, morto.-Que nojento. Ele devia parar.

-É um corvo. Na escola, eles chamavam esses pássaros de carniceiros. Consegue falar isso?

-Carne-ceros...

-Não.- Ela ri um pouco.- Car-NI-cei-ros.

-Car-ni-cei-ros. O que significa?

-Significa que eles não caçam. Eles só comem o que já ta morto.

-Que nojo

-Ah, sim.

Um silêncio decaiu, e depois de um tempo, Haruki diz:

-Eu não queria acertar ele. Eu não sabia que era o Marvin.

-Marlon.

-Tá

-Haruki, eles vão te perdoar. Agente devia falar com eles.

-Mas....mas acho que eles não gostam de mim.

-Eles não te conhecem Haruki.- Aya se abaixa.-Aposto que vão gostar de você tanto quanto eu depois de te conhecerem.

-Não sei...-Haruki balança a cabeça.-O Marlon tava muito bravo. E aquela garota que mordi, gritou comigo. Eles me dão medo.

Aya suspira.

-Haruki, escuta. Faz dias que agente só come migalha. O carro já era. Do outro lado dessas paredes, só tem zumbis. Você quer mesmo voltar lá pra fora?

-Não!

-Então, é pra pedir desculpa pro Marlon e pra Ruby.

-Agora?

-Bom, agente dá um jeito. Vamos falar com os outros primeiro.- Aya se levanta, e Haruki assente com a cabeça.