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História Garota Em Chamas - Piano


Escrita por: BangtanGirlARMY

Capítulo 48 - Piano


-Acha que vai dar?-Ruby perguntou, carregando o arame farpado enquanto Aya carregava os fertilizantes e Mitch o galão de gás.

-Tomara. Agora a Lily e o pessoal dela não vão poder escalar o muro.-Aya comenta.-Eles vão ter que entrar pelo portão. Dá pra gente se planejar.

-Direto na armadilha explosiva da morte. Os babacas não vão nem ver.-Mitch dsse.

 

Já era noite quando Aya entrou no quarto. Ayo, Inori e os gêmeos dormiam. Aya foi até Haruki, sentindo a temperatura dele. Logo batidas na porta despertaram a atenção dela, e Louis entrou.

-Eu trouxe umas roupas. Eu vi que a camisa dele estragou quando...você sabe.-Ele disse entrando no quarto com mudas de roupas.

-Onde você encontrou?-Aya perguntou, enquanto Louis colocava as roupas em cima da cômoda.

-Elas são do Tenn. De quando ele veio. Devem ser do tamanho do Haruki.-Ele falou, desviando o olhar.-Como ele tá?

-Melhor. A febre abaixou. Obrigada por trazer ele pra dentro.

-Sem problemas...-Ele cruzou os braços, olhando ela.-A gente tem uma estufa de novo. E bombas.

-Ideia do Mitch.-Aya deu de ombros, observando ele.

-Imaginei...A Violet disse que a gente vai arrumar tudo amanhã.

-Ótimo.- Aya falou, segurando um dos braços, distraída.

Louis ficou calado por um momento, mas disse:

-Acho que ninguém vai ser contra vocês ficarem.-Aya olhou para ele.-Pelo menos por enquanto.-Ele acrescenta rapidamente.-Enquanto a gente se prepara pra luta.

-Bem estou feliz eu acho.-Aya murmura.-Tudo o que eu queria era que nos perdoassem.

-Não sei se vai ser pra sempre. Ou se deveria ser...

-Todo mundo aceitou que a gente ficasse....-Aya estava com medo de fazer essa pergunta.-E você?

-Eu aceito. Enquanto ele melhora.-Louis murmurou, desviando o olhar para Haruki.

-E...depois...?

-Não sei, Aya.

-Aya?-Haruki murmura sonolento.

-Ei, guri.-Aya se agachou ao lado dele.-Como você ta?

-Melhor. Ainda com dor...

-Eu sei...

Haruki olhou para Louis, e sorriu.

-Oi Louis

-Ei, garoto.-Louis deu um sorriso triste.

-Eu tava com saudade. A gente é amigo de novo?

-Dorme um pouquinho, tá?-Louis falou, desviando o olhar.

-Louis...?-Aya o chama, e ele parou de andar.-Eu senti sua falta.

-Eu também senti sua falta.-Ele murmura.-Boa noite.-Após dizer isso, ele abriu a porta e saiu do quarto.

-Eu não tô mais bravo com ele.-Haruki murmura-E você? Ele ajudou a me carregar... E ficou do meu lado quando a Ruby e a Inori cuidaram de mim.

-Eu...eu não fiquei brava com ele. Eu entendo porque ele agiu assim. Porque ele queria a gente longe.-Doía admitir aquilo. Mas era a verdade. O que quer que os dois tivessem, acabou.

-Eu também.-Haruki falou baixinho.

-Vamos dar uma olhada as camisas que o Louis trouxe.-Aya sussurrou, para não acordar Inori, Ayo e Haru.-Depois a gente dorme. O dia foi longo.

-É...O Colin era legal, mas eu não gosto de dormir no chão.

-Nem eu.-Aya deu um pequeno sorriso, e foi até as três blusas.-Ei, olha. É o Brócolis Baladeiro com o amigo dele.-Aya falou, vendo o desenho de uma das blusas. Haruki sorriu animado.-Queria que você tivesse visto esse desenho... 

-Eu também.

-Essa vai servir.-Ela pegou a blusa.-Veste ela quando estiver melhor, tá?

-Tá.- Haruki se deitou novamente.

-Vamos dormir.- Aya colocou a vela acesa na cômoda.

-Não consigo dormir com a luz acesa...

-Eu já vou apagar.-Aya sorriu.-Boa noite.

-Não deixa os zumbis de pegar.-Haruki falou.

-E se ele tentar...?

-Pou.-Haruki bocejou, fingindo dar um tiro.

Aya sorriu quando ele dormiu, e assoprou a vela.

 

Duas semanas depois

Aya e Ayo arrumavam todas as armadilhas, ajudando a reforçar os muros, montando as grandes armadilhas dentro da escola, reforçando o prédio. Eles mal dormiam, e quando voltavam para o quarto com o pouco de tempo que tinham para descansar, ambos desabavam na cama, exaustos. 

Aya observava o mapa, agora com rabiscos e desenhos mostrando cada local de armadilhas e reforços. O muro tinha desenhado arames em vermelho acima deles, e mesas pintadas de azuis foram desenhadas jogadas no chão, como se fossem barricadas e trincheiras de proteção. Ayo roncava já adormecido.

Aya revirou os olhos, sorrindo de lado e continuou olhando o mapa, esfregando a têmpora pensativa. Aya olhou para Haruki, que dormia e já estava melhor, e foi até sua cama, se deitando. Ela merecia um descanso.

 

 

Aya acordou sobressaltada, percebendo Haruki a observando, segurando uma faca.

-Você tava tendo um pesadelo.-Ele murmura, a olhando.-Igual ao que você sempre tinha.

-Eu...vou ficar bem.-Aya se sentou, passando a mão pela nuca.-Você também anda tendo muitos pesadelos.

-Me sinto mais seguro acordado....Então acho que vou ficar acordado pra sempre. Acho que consigo. Tipo 18 dias.

-Essa faca é nova. Você quem fez?-Aya perguntou, enquanto Haruki observava a faca.

-Eu não parava de pensar numa faca, aí fiz uma.-Haruki gemeu de dor, pondo a mão na barriga.

-Vem, vou te colocar na cama.

-Não...-Ele disse, a fazendo se sentar novamente.-Não precisa ficar cuidando de mim...Você fala pra eu ser forte. E eu sou. Você fala pra eu ser corajoso. E eu vou ser. E valente. Sempre.

-Eu te criei pra ser forte, não idiota.

-Não sou idiota!

-Afastar as pessoas que tão tentando te ajudar? Isso é idiotice.

-Desculpa deixar todo o trabalho nas suas costas...Nas suas e nas do Ayo. Tudo pra...ME redimir.-Haruki andou até a porta.-Eu vou ajudar vocês mais. Pra vocês não terem que trabalhar muito.

-Aonde você vai?-Aya perguntou.

Haruki se virou para ela.

-Vigiar.

-Vigiar?-Aya repete, erguendo uma sobrancelha.

-Perigos.-Ele diz, mostrando a faca.-Pessoas ruins. Monstros. Qualquer coisa que te dê pesadelos...

-Eu não gosto da ideia mas tudo bem...Vá em frente. Toma cuidado.

Haruki assentiu.

-Pode deixar. Eu vou te proteger direitinho.

Aya sorriu.

-Eu vou dormir melhor sabendo que você tá cuidando da gente.

Haruki sorriu e segurou a maçaneta. Aya se deitou na cama novamente.

-É Aya...você criou um moleque bem esquisito.- Ayo falou, surgindo com a cabeça pendurada pela cama de cima, rindo.

-Cala a boca...-Aya murmurou, rindo um pouco e balançando a cabeça. Ela virou o rosto, fechando os olhos.

 

 

-Pronto pra trabalhar hoje, moleque?-Ayo falou, chacoalhando Haruki que morria de sono.-Sabemos que você ficou acordado até tarde ontem.

-É...Eu dei a volta na escola oito vezes na noite passada, fazendo patrulha.-Haruki falou, bocejando.

-Achou alguma coisa?-Aya perguntou, sorrindo de lado.

-Perigo nenhum. Só encontrei uma tartaruga que eu achei que a gente podia adotar....Mas ela tava morta e com bicho dentro, aí deixei pra lá.-Tenn acenou para Haruki, que sorriu e pegou a mão de Haru, levando ela até o muro, para eles vigiarem.

Aya e Ayo foram andando pelo pátio, deixando Inori responsável por vigiar os gêmeos com Tenn. Aya avistou uma das mesas que eles viraram, que dava escrito: "Vão embora!". Caso os bandidos apareçam alguma hora.

-Mensagem bem clara.

Aya assentiu para Ayo, e foi andando até Louis, que treinava com o arco de Marlon. Ele errou o alvo, acertando a árvore ao lado. Mas não disse nada, apenas puxou outra flecha, mirando e atirando novamente. Dessa vez, a flecha fincou no chão, e ele xingou, irritado.

-O que foi?-Aya perguntou, cruzando os braços e trocando de peso entre os pés.

-Daqui uma semana, dias ou horas os bandidos vão chegar, queimar nossa casa e sequestrar ou matar a gente. Aí tanto faz se eu sou ruim nisso.-Ele apontou com o arco para o alvo, emburrado.

-Os bandidos não vão queimar nada, nem sequestrar ninguém.-Aya falou.-A gente não vai deixar.

Louis olhou para baixo, pensativo.

-Você tá parecendo o Marlon. Quer dizer, não tô falando da luta, mas de tentar animar a gente.-Ele puxou outra flecha, se preparando.-Por anos eu fiz piadas e brinquei de jogos idiotas enquanto meu melhor amigo ficou com toda a responsabilidade.-Ele atirou a flecha, e errou.-As decisões difíceis.-Outra flecha atirada, acertada no chão.-As noites sem dormir.-Mais uma flecha, que dessa vez acertou o alvo na lateral.-E finalmente....Uma bala na cabeça.-Ele balançou a cabeça, suspirando pesadamente. E quando foi tirar outra flecha, percebeu que já havia atirado todas.

Louis foi andando e Aya o seguiu. Ele retirou a flecha do alvo, e disse:

-Aí, quando vocês tentaram avisar a gente sobre ele, e o Haruki atirou nele... Eu culpei ele. Culpei você. Eu sei que...Quer dizer, eu nunca quis...

-Eu te perdoo...Eu entendo porque você fez o que fez. Eu não tô brava.

-Ele era meu melhor amigo. Quase um irmão. Mas as coisas que ele fez...foram merdas das grandes.-Ele deu uma pausa, pensando, e logo esticou o arco para Aya.-Aqui. Toma.

-Tem certeza...? Era do Marlon. E eu não sou boa no arco e flecha como o Ayo.

-Sim, era do Marlon. E ele usou pra defender a escola antes de...antes de parar de defender.-Ele entregou o arco para Aya, que sentiu o quão era pesado.- Vai, tentai aí.-Ele sorriu, e Aya retribuiu o ato.-Naquela direção, por favor.-Ele apontou para o meio do alvo, sorrindo de lado.

Eles se afastaram para uma distância boa, e Louis cruzou os braços, dizendo:

-E só pra você saber, eu vou dar gargalhadas quando você errar.

Aya riu um pouco.

-Veremos.-Aya pegou uma flecha, a pondo no arco. Ela se lembrou do que o seu irmão lhe ensinou. Ombro pra trás, controlar a respiração e puxar a linha do arco com força e soltar com precisão. Não era tão diferente de usar uma pistola, se para para pensar. Ela atirou, acertando bem no meio do alvo. Ela não esperou Louis dizer alguma coisa, apenas pegou outra flecha e atirou, acertando novamente o alvo.

Aya acertou todas as flechas, e Louis se aproximou.

-Nossa, e você diz que não é boa??

Aya riu um pouco.

-Não sou. Só pensei que é igual á uma pistola.

-Se quiser voltar e treinar mais, é só me avisar beleza?

-Beleza.-Aya ia sair andando, mas Louis segurou sua mão.-Sim...?

-Obrigado. Por tudo.

Aya assentiu, sorrindo com os lábios, e se virou, começando a andar. Barricadas de madeira estavam espalhadas pela escola, e haviam cabeças de zumbis fincadas em estacas, para assustar os bandidos. Aya avistou Mitch concentrado, sentado em uma das mesas que ainda não estavam viradas. Ele parecia estar construindo a tão incrível bomba que ele falava.

-O que tá fazendo?-Aya perguntou, se aproximando.

-Testando. Pra ver se a bomba vai detonar. Essa coisa não vai matar ninguém. Só quero ver se vai acender.-Ele falou, vendo Aya o olhar com um expressão assustada.

-Acho bom acender...O nosso plano todo depende dessa "coisa". Se eles entrarem, preciso que você acione a bomba enquanto eu e Ayo distraímos eles.

-Espere o inesperado.-Mitch falou, sorrindo de lado.

-Ahan, tipo isso.-Aya assentiu.

-Eu li isso num desses cartazes motivacionais bestas. Tinha um monte desses na escola. Assim que deu merda, eu rasguei todos.-Ele se levanta.-Pode tentar? A minha mão tá toda dolorida depois de mexer nessa bomba o dia inteiro.-Ele falou, esticando o acendedor para Aya.

Aya pegou, e começou a utilizar o acendedor para fazer a faísca. Após acender o pavio, Mitch avisou:

-Pra trás.-Os dois se afastar enquanto o pavio era queimado. Após ele ser queimado, nada aconteceu.-Merda.-Ele xinga, irritado.-Se não funcionar...MERDA!

-Você vai conseguir. Continue tentando.

-Eu vou consegui, só preciso de mais tempo. Tempo sozinho. Pra pensar.

-Beleza, vou te deixar em paz.

-Mas obrigado. Por ajudar.-Ele deu um pequeno sorriso, e voltou para a mesa.

Aya viu Violet sentada no degrau da escada, e ela foi até Vi, para falar com ela.

-O corredor dos fundos ta protegido. Como tá indo todo mundo?-Violet perguntou, olhando Aya.-Tão bem? Ou...você sabe...Uma merda total?

-Eles tão prontos.

-Sério?

-Sério. A escola tá protegida, e tá todo mundo ansioso pra acabar logo com essa luta.

-Porque você é chato e a sua ideia é imbecil!-Willy e Aasim discutiam, saindo do prédio da escola.

-Ah! Eu que sou imbecil?! É você que não sabe pensar! Se prestasse atenção no que ta dizendo...

-Pessoal o que ta acontecendo?!-Violet se levantou rapidamente, interrompendo a fala de Aasim.

Os outros se aproximaram também.

-A Violet falou pra gente cuidar das armadilhas, mas o Aasim não escuta nada do que eu falo!-Willy falou.

-Mas também não precisam gritar um com o outro.-Ayo cruzou os braços, observando.

-Não se mete!-Aasim falou.-Eu tive a ideia de encher umas bolsas com tijolos. A gente derruba elas nos bandidos se eles entrarem no prédio da administração. O Willy aqui quer usar uma tora gigante idiota balançando pra acabar com um bandido, isso se funcionar. É imbecil demais.

-Imbecil é você!-Willy gritou.

-Você tá sendo infantil!

-Não tô não! Tô tentando ajudar!

-Então para de discutir e ajuda!

-A tora extensa pode causar um belo de um estrago.-Aya falou, se pondo entre a discussão deles.

-É, foi isso que eu disse!-Willy falou animado.

-Claro, tipo, em uma pessoa. Se é que vai acertar alguém.-Aasim falou.-Nem sei como ainda me espanto. Nem lembro qual foi a última vez que o Willy fez algo de útil pra escola. Você mal da conta de ficar de guarda...-Willy fechou as mãos em punhos, e deu um soco na barriga de Aasim, o fazendo se curvar, sem ar.

Willy saiu correndo.

-Cara, você tá bem?-Louis perguntou, enquanto Aasim tentava puxar o ar.

-Tô sim, que merda...-Ele saiu andando.

-Fala sério. Vocês vão se matar antes dos bandidos terem a chance.-Violet falou, cruzando os braços.

-A gente precisa de alguma coisa pra aliviar essa tensão.-Louis disse, e foi até Aasim, que se sentou nos sofás do pátio.-Ficar de mau humor no canto não vai ajudar a enfrentar os bandidos.-Ele se sentou no sofá, e Violet, Inori, Aya e Ayo fizeram o mesmo.

-Nem vai tirar essa cara emburrada.-Ayo completa.

-Vocês dois ficam mais irritantes a cada dia.-Aasim falou.

-Enfim. Eu e o Ayo bolamos um plano para melhorar o humor de todo mundo.-Louis continua, ignorando o comentário de Aasim.-E o plano -Ele mostrou o baralho de cartas.-É jogar.

Haruki, Haru e Tenn se aproximaram para jogar também. Louis embaralhava as cartas, e Violet comenta:

-Faz semanas que a gente não joga nada. Desde aquela noite com o Marlon.

-Então, se você quiser chamar a Ruby pra vir jogar, eu espero.-Louis brincou, vendo Aasim olhando em direção de Ruby.

-Cala a boca cara! Sério mesmo...-Aasim revirou os olhos, irritado.

-Você é afim da Ruby?-Violet perguntou, com as pernas cruzadas.

-O que a gente vai jogar?-Haruki perguntou, se aproximando.

-Verdade ou consequência.-Louis falou, sorrindo.

-Verdade ou consequência não usa baralho.-Violet disse entediada.

-Na nossa versão usa sim.-Ayo falou.-Todo mundo pega uma.

-A carta maior pergunta, e a carta menor responde.-Louis termina, e passou o baralho para Aya, que pegou uma carta.

Depois ela passou o baralho para Inori, que pegou e passou para Violet até voltar nas mãos de Louis. Aya fez uma careta para sua carta, que era um três de ouros. Enquanto Violet sorria para a sua, que era um Ás de ouros.

-Vai ser legal.-Ela falou rindo.-Vamos ver.-Violet olhou para Aya.-Verdade. Casa, Fode ou Mata...

-Vi...-Tenn chamou a atenção dela.

-Tá...-Violet resmunga.-Casa, PEGA ou Mata.-Ela se virou para Aya novamente.-Ruby, Aasim, ou...Colin. O cara que te salvou.

-Ai, meu Deus...-Aya revirou os olhos, balançando com a cabeça.

-Você tem que responder.-Ayo riu, cutucando Aya com o cotovelo.-É a regra.

-Hum....vamos ver. Eu casaria com...Colin.

-Então você gostou dele.- Inori provoca.

-Cala a boca...-Aya desviou o olhar.- Eu pegaria...o Aasim.

-Ta aí uma escolha interessante.-Violet comenta.

-Engraçado. De onde eu venho a gente chama de "horripilante".-Louis riu quando recebeu um soco no ombro de Aasim.

-Então quer dizer que você mata...?

-E mataria a Ruby.

-Tá muito legal. A gente ta rindo, e se conhecendo. Passando um tempo sem pensar em babacas assassinos entrando nas nossas casas pra sequestrar a gente.-Louis disse.

-Segunda rodada.-Ayo falou, e eles passaram as cartas novamente. Dessa vez, Aya pegou um Rei de Copas.

-Ganhei.-Ela falou, sorrindo de lado.

-E o pobre Aasim, perdeu.

-Consequência, com certeza.-Aya disse.

-Ah beleza...manda.

-Você tem que pedir um beijo...pra Ruby.

-Sério?!

-A consequência mais válida de todas.-Louis disse rindo.

Aasim suspirou, mas se levantou, indo até Ruby. Eles não ouviram o que eles tava dizendo, mas riram quando assim levou um soco no ombro e Ruby saiu andando. Ele voltou irritado, enquanto os outros riam.

-Bom, todo mundo aqui aprendeu uma coisa sobre nosso querido amigo Aasim hoje.-Louis falou.-Basicamente que ele não tem nenhum charme.

-Cala a boca.-Aasim revirou os olhos.

-Atenção galera, hora da terceira rodada!-Louis disse, ainda rindo um pouco.

Aya pegou uma carta....Dois de Paus? Sério?? E quem ganhou foi o Louis.

-Já sei. A gente tá enchendo o saco do coitado do Aasim, sacaneando ele com a querida Ruby. Acho justo sacanear outra pessoa com alguma coisa de amor não correspondido. Então, Aya.-Louis se virou para ela, sorrindo de lado.-Você tá apaixonadinha por alguém daqui?

-Sério? "Apaixonadinha"?-Violet ergueu uma sobrancelha.-Quantos anos você tem, seis?

-Sete, obrigado.

-É. Eu realmente acho que gosto de alguém.

-Quem é?-Louis perguntou.

-Não. Sem dizer.-Aya sorriu de lado, e eles novamente pegaram as cartas.

-Aasim, você ta com a carta maior. E quem perdeu foi...Tennesse.-Louis sorriu de lado.

-O que você nunca contou pra ninguém com medo de te sacanearem?-Aasim perguntou.

-Eu hm....Eu...acho que os zumbis não vão estar por aí pra sempre. Eles vão sumir algum dia. Porque o mundo tem ciclos, né? Idade do gelo, idade da pedra....e outras idades aí. É tipo isso. Essa idade vai acabar...e outra vai começar.

-Uma era sem zumbis? Como era antes.-Aya comenta.

-As coisas vão melhorar.-Tenn completa.-Por que ta todo mundo me olhando desse jeito...?

-Isso foi...muito bonito. Nunca pensei desse jeito.-Aya falou, já que todos pareciam muito quietos.

Tenn sorriu, mas viu Haru meio triste, e perguntou:

-O que foi, Haru?

-Eu...eu não sei como é...Você sabem, mas eu não sei. Eu não sei como era antes dos monstros.

-Sabe de uma coisa? Tudo bem você não saber. Acredite, o mundo de antes era uma droga.-Louis falou, e Haru riu um pouco.

Aya olhou para ele, sorrindo um pouco, e ele assentiu com a cabeça.

-E acho que é a deixa pra encerrar.-Louis disse.

-É melhor terminarmos o trabalho. Tá ficando escuro.-Violet falou, se levantando com os outros.-Tá ficando escuro. Você tá de vigia?-Ela perguntou para Ruby, que se aproximava.

-Tô. Depois é a vez da Aya.

-Podemos ir também?-Os pequenos gêmeos perguntaram.

-Claro que podem, pequenos.-Ruby sorri, e foi andando com os dois.

Louis apontou com a cabeça para Aasim, que foi andando até Willy. O garoto estava sentado no degrau da porta da frente, e olhou para ele quando Aasim começou a falar:

-E aí.

-E aí.-Willy murmura.

-Eh....você precisa de ajuda com a tora?

-Ahn...quero. É bem pesada.

-Vamos montar a tora mais mortal já criada pelo homem.-Aasim sorriu de lado.

Willy sorriu e se levantou.

-Desculpa pelo soco.

-Tudo bem. Foi um belo soco, aliás.-Aasim comentou enquanto os dois subiam os degraus até dentro da porta.

-Eu vou pra torre do sino. Quero conferir as nossas defesas no muro de trás antes de dormir.-Violet falou para Louis e Aya. Inori e Ayo já haviam saído. Provavelmente para um tempo a sós.

-Precisa de ajuda?-Aya perguntou.

-Se quiser ajudar, claro.

-Você também pode me ajudar.-Louis falou, sorrindo de lado.-EU vou pro piano.-Ele falou, se levantando.-Que foi?-Ele pergunta olhando a cara de ódio de Violet.-Eu tenho que praticar antes que vocês resolvam transformar ele em lenha.-Ele começou a andar junto de Violet, e Aya se levantou, andando enquanto ouvia ele falar.-Tem um projeto que eu quero experimentar, mas preciso de outra pessoa.

Quando Aya decidiu seguir o Louis, ele já estava no piano, praticando uma nova música. As teclas suaves subiam se tornando mais graves e baixas, para depois explodirem numa melodia entre notas baixas e altas, graves e agudas. Aquilo deixava Aya hipnotizada de uma forma incrível. 

Ela abriu a porta, entrando na sala lentamente. E ficou parada na porta, vendo os dedos de Louis percorrerem o piano lentamente, numa canção que misturava o triste e o alegre. O amor e o ódio. A luta e a paz. Aya se aproximou, não conseguindo se conter enquanto a música a chamava. Louis parou de tocar, percebendo sua presença. E se virou para ela, sorrindo.

-Pensei que poderia afinar as teclas uma última vez antes do inferno acontecer.-Ele comenta.

-É uma boa ideia. Sempre gostei de música...-Ela comenta, olhando o piano.

-Então você vai gostar.-Ele voltou a tocar, agora uma música alegre.-Então, como você se sente com nossas mortes iminentes?-Ele diz brincando, mas Aya sentiu o pesar na voz dele.-Nós não necessariamente iremos morrer, claro. Nós podemos ser sequestrados, feridos, mutilados, talvez até devorados. As possibilidades são infinitas.

-Eu acho que estou bem sobre isso. Com a luta, não com as mortes, porque nós não vamos morrer.

-Você tem tanta certeza...-Ele murmura, pensativo.

-Nós temos que ser, certo?-Aya falou, mas Louis não respondeu.-Então, qual é o projeto que você precisa de mim?

Louis tocou uma tecla, que fez um barulho desafinado.

-Soa horrível, né?-Ele comenta.-Tudo que você precisa fazer é tocar enquanto eu afino. É para isso que preciso de você.-Ele sorriu, e Aya se sentou na poltrona do piano, quando ele se levantou e a ofereceu o lugar.- Quando eu der o sinal, toque a tecla A.

-Eh...qual delas é a "Tecla A"?

-Ah, você sabe. Depois da "Tecla B", antes da "Tecla G".-Ele mostrou, apontando para as teclas.

Ele voltou para trás do piano, e Aya pressionou a tecla, que tocou um tom desafinado.

-Bom. Isso realmente ajudou.-Louis mexia dentro do piano, para afiná-lo.-Agora pressione os pedais para eu ver como eu preciso afinar.

Aya pressionou um dos pedais, e Louis diz:

-Ótimo. Rápido, agora assopre as cordas.- Aya olhou para ele, confusa.-Eu sei, parece estranho, mas assopre elas. Resfriar a temperatura ajuda a definir a harmonia das notas.

Aya se levantou, e assoprou as cordas atrás do piano, e tocou uma tecla. Louis ficou quieto, prestando atenção.

-Ok, ótimo. Isso não fez nada. Porque isso não faz parte de afinar um piano.-Ele riu um pouco.-Mas foi engraçado.-Ele disse, se sentando no banco ao lado dela.

Aya riu um pouco.

-Você é super fofo.

-Fofo?Wow, uh...-Ele riu, levemente corado.-hm, isso é....bom? Eu acho.-Ele sorri.-Fico feliz.

Louis começou a tocar o piano, e Aya o observava, olhando o jeito como os olhos dele percorriam as teclas junto com os dedos que as pressionavam com uma harmonia angelical.

-Que música está tocando?

-Uma música que eu criei.

-Sério? Como se chama?

-Eu não sei ainda...-Ele falou pensativo.-Aqui. Primeira vez tocando.-Ele pegou uma faca.-A gente devia marcar a ocasião.- Louis gravou sua inicial, um L, e ofereceu a faca para Aya, que aceitou. Ela gravou sua inicial ao lado da dele. Ela pensou por um momento, mordendo o lábio inferior de leve, e usou a faca para desenhar algo a mais.-Ah, isso é hm...é uma batata?-Aya sorriu de lado, quando ele viu o coração desenhado em volta das duas iniciais, gravadas no piano.-É um coração, é eu...tinha visto...Isso é...legal. Muito legal.

Aya entregou a faca para ele novamente, calada, mas incrivelmente inquieta. Os dois se olharam por um tempo.

-Então...Eu vou atravessar uma linha da qual não vamos volta atrás depois.-Ele respirou fundo.-Hora de ser sério.

-Sério? Wow, você tá bem?-Aya perguntou.

-Na verdade não...bem eu não sei.-Ele limpou a garganta.-Obrigado, por...vir aqui. Por ouvir. Por vir até aqui pra me ajudar.-Ele deu um pausa, e então continuou.-Todo mundo ouve as piadas, o piano...E depois disso eles param de ouvir. Mas você não.-Louis se virou para Aya, esperando inquietamente.

-Então eu...-Aya se enrola co as palavras.-Eu gosto muito de você. Gosto, GOSTO de você. Mais que um amigo.-Aya olhou para ele, que ficou quieto, a olhando.-Ah....sem piadas? Nada?

-Quando você disse que sentia algo por alguém durante o jogo, eu esperava que fosse eu. E é.-Ele sorriu.-Caramba, realmente sou eu.-Ele falou, precisando de uma pausa para recuperar o fôlego.-Descobri do que chamar essa música. Aya. Óbvio. Você sabe, porque são duas coisas que eu gosto...Música e, bem, você.

Louis estava tagarelando, e, caramba, como era fofo. Ela não ouvia mais o que ele falava, apenas se esticou e deu um selinho rápido nele, o calando. Louis a olhou surpreso, e riu um pouco passando a mão no cabelo. Aya o viu se aproximar de si, calmo, como se tivesse feito aquilo milhões e milhões de vezes, e ela ali, quase entrando em desespero por dentro, achando que tinha ferrado tudo apenas com aquele estalo de lábios.

Era inevitável, não tinha como escapar...E a verdade é que ela não queria escapar, de forma nenhuma. Então, Aya o deixou a envolver e se aproximar, torcendo para que ele não reparasse em seu rosto quente e vermelho. Antes que Aya pudesse pensar em alguma coisa ele já abria espaço entre seus lábios, com sua língua quente e macia, que logo adentrou a boca da ruiva, a explorando como se quisesse se lembrar de cada detalhe, de cada momento. Louis virou um pouco o rosto, e seus lábios se encaixaram com perfeição.

Os dois exploravam a boca um do outro, calmamente, sem pressa nenhuma. Aya não sabia quanto tempo havia passado. Um minuto? Dez? Uma hora? Ela não se importava com isso. Não se importava com os bandidos, com a luta ou com qualquer outra coisa. Apenas queria que aquele beijo durasse para sempre, e duraria se não fosse por aquela maldita falta de ar, que os separou, ofegantes.

Ao cessarem o beijo, eles se entreolharam e sorriram.

-Aya! Você tá aí??-Eles ouviram Ruby gritar lá de fora do prédio, e Aya se levantou.

-Eu tenho que ir. Tenho o dever de vigia...

-Bem, pelo menos nos divertimos.-Louis se levantou também.

Os dois sorriram, e foram andando lá para fora juntos, deixando o piano, agora afinado, para trás, com o coração com suas iniciais gravado bem ali, deixando marcado esse momento inesquecível.
 



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