1. Spirit Fanfics >
  2. Garota Em Chamas >
  3. Confiança

História Garota Em Chamas - Confiança


Escrita por: BangtanGirlARMY

Capítulo 56 - Confiança


Aya chegou até a saída da caverna, olhando as árvores que formavam a floresta em que estavam. A tocha se apagou com o vento, E Ayo suspirou pesadamente, olhando em volta. Ele jogou o pedaço inútil do que restou da tocha no chão, e começou a andar, com Aya e Haru atrás, e Tenn olhando para baixo, andando um pouco mais distante deles.

-Aasim foi o terceiro.-Tenn murmurou, chamando a atenção de Aya e Ayo, que deixaram escapar um "hã?" confuso. Tenn respirou fundo, como se tivesse que tomar coragem para continuar a falar.-Um dia depois do Haruki matar o Marlon. Vocês já sabem que o Louis e eu votamos pra vocês ficarem. O Aasim foi o terceiro voto.

-Peraí, então...O Omar votou pra gente sair? E....a Ruby...?-Haru perguntou, se virando para Tenn.

-Hã....É...-Tenn murmura em concordância.

-Por que você pensou nisso?-Ayo perguntou.

-O Aasim falou que você sabiam se virar. Ele viu que a escola ficaria mais segura com vocês lá. Eu votei porque eu...gosto de vocês, mas o motivo dele foi melhor. Eu só....achei que vocês deveriam saber. O Aasim estava certo. Ficamos seguros.

-O Marlon era doido, mas salvou a gente.-Aya falou, suspirando.-E você cuidou de mim até eu sarar. A gente te devia essa.

-Pode ser....mas mesmo assim.-Tenn disse.-Se o Marlon ainda fosse o líder, todo mundo seria raptado, ou morto. Mas não, a gente resistiu. Porque vocês nos ensinaram isso. O Marlon não dava segurança; Até a "Zona segura" dele era só....um esconderijo. 

Tenn se interrompeu quando eles ouviram um barulho nos arbustos. Aya sacou sua espada, olhando na direção do barulho com uma calma assassina. Mais um barulho foi ouvido, e Louis saiu de trás da árvore lentamente, com as mãos para cima. Ele sorria de lado pela reação deles.

-Louis!-Haru disse feliz, e correu até ele, o abraçando.

Louis retribuiu o abraço, e Aya sorria quando se aproximou dos dois,, abraçando também. Ayo e Louis apenas trocaram cumprimentos de colegas, mas sorrindo juntos, e Tenn abraçou Louis logo depois.

-Vocês não morreram. Que bom.-Louis falou sorrindo de lado, quando Aya cessou o abraço.

Aya revirou os olhos, mas seus lábios se repuxaram para cima. 

-Todos voltaram pra escola.-Louis disse quando viu a preocupação nos rostos de Aya e Ayo.

-Mas você veio procurar pela gente.-Aya falou, olhando ele.

Louis se aproximou dela, murmurando:

-Achei que tinha te perdido...-Ele segurou as mãos de Aya, que sorriu bobamente.

-Só por um minuto.-Ela disse, olhando para ele.

-O minuto mais longo da minha vida.

-Enfim, vocês poderiam parar de flertar na frente da criança, por favor?-Ayo falou, segurando os ombros de Haru.

Louis riu, e disse:

-Acabou. Os bandidos foram embora e todo mundo saiu vivo. Inori disse que os olhos da Violet não infeccionaram, que bom; Tão todos esperando a gente em casa.

-Sabe pra que lado fica?-Aya perguntou.

-Faz tempo que eu não venho aqui, mas acho que tem uma ponte...pra lá.-Louis apontou para o Norte.-É o caminho mais rápido.

-Vamos.-Aya assentiu, passando por Louis e começando a andar para o Norte.

A caminhada foi silenciosa na maior parte do tempo, o que era bom, porque Aya não sentia vontade de conversar. Ela sentia uma dor no peito por conta da morte de Colin. Ele queria ajudar, e depois se sacrificou por ela...Aya não queria que ninguém fizesse mais nenhum sacrifício nunca mais. Depois de um longo tempo, Louis deixou escapar:

-Eu matei aquela mulher. No barco.

Aya olhou para ele, e torceu de leve o nariz, pensando.

-Foi sua primeira?

Louis olhou para baixo enquanto eles andavam, e assentiu com a cabeça.

-É, minha primeira....Pelo menos estou feliz de saber que sou capaz. Quem tem casa tem que defende-la.

-É. Isso é verdade.-Aya concordou, num suspiro cansado.

Eles chegaram na ponte de madeira, que rangia apenas com o tocar do vento. A ponte possuía uma cobertura de madeira, que a tampava como um telhado. Aya pôs uma das mãos na cintura, avaliando a construção.

-Ok, vamos.-Aya começou a andar pela ponte. Um carro estava no meio do caminho, tampando a estrada, e corvos saíram voando, grasnando.

Aya subiu no capô do carro, pulando para o outro lado. O restante da ponte estava quebrado, e a única forma de atravessar seria saltando.

-É longe...-Haru murmura, vendo o pedaço quebrado da ponte, que dava para o rio.

-Muito longe.-Tenn disse, observando.

-Eu acho que dá pra pular.-Ayo falou, se aproximando da borda.

-É, acho que dá.-Aya diz.-É só a gente tomar cuidado pra não...-Aya parou de falar quando uma voz começou a cantar. Era feminina.

Never mind the darkness

Aya arregalou os olhos junto com os outros, que se viraram lentamente para a direção da voz, que vinha pela entrada da ponte em que passaram.

Never mind the rain

Never mind the monsters....

Eles avistaram Minerva, ensanguentada e com várias mordidas e arranhões, segurando o machado apoiado nas costas. Ela cantava, com sua voz melódica e linda, enquanto se aproximava, com vários zumbis a seguindo.

The night will be over soon....

Minnie levantou o olhar, sorrindo enquanto sua bochecha destruída se mexia com tal gesto. Os fios de carne se arrebentavam aos poucos, e ela não se importava. Seu corpo estava estraçalhado. Como ela resistiu á essas mordidas, Aya não sabia. Mas era sinistro. Era terrível e assustador. Era perturbador.

Tenn olhou para ela, arregalando os olhos.

-Minnie...?-Ele deu um passo a frente. Depois outro.

-Eu consegui! Achei você! Ah, Tenn....-Minnie sussurrou, enquanto os zumbis surgiam pelas árvores e arbustos, a seguindo como se ela fosse um farol brilhante.-Meu irmãozinho querido...Venha comigo.

Tenn se afastou, negando com a cabeça.

-Você tá morrendo...

Minerva gargalhou, sorrindo enquanto andava até eles, se aproximando cada vez mais.

-É! Tô mesmo. Finalmente vou pra um lugar melhor.-O sorriso dela aumentou, e a cartilagem que segurava sua bochecha afinou mais.-Eu quero você lá comigo.-Minnie dava passos lentos e precisos, enquanto sorria, olhando diretamente para Tenn.

Aya e Ayo se colocaram em posição de defesa.

-Onde todo mundo pode ser gente de novo...?-Tenn se aproximou de Minnie, mas ela  ainda estava á uns cinco metros longe.

-Vamos ficar com a mamãe, o papai e a Sophie...-Minerva sussurrou, se aproximando.-Juntos. Não vai valer se você não for...-As pupilas de Minnie se dilataram quando ela sorriu mais.

-Tenn!-Aya interviu, se aproximando de Tenn.-Por favor, não faça nada estúpido.

-Não deixa ela te enganar.-Ayo falou, ficando do outro lado de Tenn.

-Mas eu...-Minnie atirou para cima, fazendo um barulho tão alto, que Tenn parou de falar, outros zumbis se viraram na direção do barulho.

-NEM PENSEM EM FALAR COM ELE!-Minerva gritou, e apontou a pistola para Aya.-NINGUÉM AÍ!

Eles correram para atrás do carro, se agachando para se protegerem.

-Minnie, sério, para!-Louis falou, agachado ao lado de Aya.

-O lugar dele é com a família!-Minerva falou, se aproximando com o dedo no gatilho da pistola.

-Não faça isso!-Haru gritou.

-Não se preocupe, Tenn. Eles podem tentar me impedir, mas eu não vou sair daqui sem você!-Minerva falou ainda sorrindo, mas agora com uma voz chorosa.-A noite já vai terminar....

Tenn se levantou, se aproximando do carro para ir até Minerva. Aya se levantou, indo puxar Tenn. Minerva trincou os dentes, atirando várias vezes no carro, fazendo com que Aya precisasse se esconder para não ser atingida. Haru correu até Tenn o jogando no chão com seu peso antes que ele pudesse saltar por cima do carro. Aya olhou para Minerva, que abaixou a arma quando os zumbis a ultrapassaram, indo em direção ao carro e ás pessoas ali.

-Eu vou atravessar com as crianças!- Louis falou, se levantando ainda atrás do carro.-Não deixa os errantes se aproximarem!

Ayo retirou seu arco, já com flechas que recuperou quando saíram daquela horda, e começou a atirar nos zumbis mais distantes, enquanto Aya cortava a cabeça dos que chegavam perto do carro. Eles se abaixavam para Minerva não atingi-los com tiros, pois ela ainda atirava um pente cheio quando eles se levantavam, e continuava a atirar quando se agachavam. Quando Minnie parou de atirar, eles se levantaram e mataram mais zumbis antes dela recarregar a pistola e recomeçar a atirar.]

-Haru atravessou.-Louis se abaixou ao lado dos gêmeos, que estavam suados e cansados por conta do vai e vem da luta.-O Tenn teimou que não vai!-Ele apontou para Tenn, que estava agachado e tampava os ouvidos, resmungando baixinho.

Aya se levantou, e Minerva já estava em cima do carro. Antes que Aya pudesse se defender, Minnie acertou o rosto dela com um chute, a fazendo cair para o lado. Minerva gritou de raiva, saltando para acertar Aya com o machado, que desviou rapidamente, e por muito pouco. O machado travou em menos de 5 centímetros dos olhos de Aya.  

Minerva atingiu Ayo com um soco no queixo, o fazendo soltar o arco e ela o chutou no chão, acertando a arma na nuca dele, o desacordado por segundos. Minnie apontou a arma para Aya, que se levantava.

-Vocês NÃO são a família dele!-Ela gritou, puxando o gatilho. Mas o pente estava vazio. Ela rosnou, pegando um outro pente para recarregar a pistola.-São só um pé no saco.-Ela recarregou a arma, e apontou para Aya, que se levantou e segurou a arma dela para o alto. As duas começaram a brigar para ver quem atiraria em quem, e Aya deu uma cabeçada na testa de Minerva, a derrubando no chão.

Aya pegou a pistola, a destravando e apontando para a cabeça de Minnie. Quando ela puxou o gatilho, Minerva cuspiu sangue nos olhos dela, a fazendo errar o tiro quando Minnie se jogou pro lado. Aya começou a limpar os olhos, e Minerva correu até o machado preso entre as tábuas de madeira, o puxando para solta-lo. Ela o retirou, se levantando e girou o machado, acertando o abdomén de Aya, que gritou, caindo caindo no chão.

-Vou levar o Tenn pra casa!-Minnie gritou.-Eu vou pra...-Ela gritou quando Aya atirou no ombro dela, a fazendo soltar o machado.

Minerva se afastou com a mão no ombro, enquanto os zumbis subiam no carro, e logo a agarraram enquanto ela gritava para se soltar. Eles começaram a devora-la, ainda de pé, que gritava para chegar até Tenn.

-Minnie!-Tenn gritou, correndo até ela, mas Louis o segurou, enquanto Ayo pulava para o outro lado.

-Atravessa! Eu ajudo o Tenn!-Louis gritou, ajudando Aya a se levantar. Minerva havia feito um corte feio na barriga dela com o machado, e doía demais.

Aya assentiu com dor, pegando o machado para se apoiar no chão. Ela começou a andar mancando, indo em direção do pedaço quebrado da ponte, para saltar. Cada passo era uma pontada gigante de agonia por seu corpo. Aya jogou o machado para o outro lado, pegando impulso, com uma das mãos no abdomen, e saltou na hora que duas madeiras quebraram, a fazendo se chocar contra as tábuas do outro lado e gritar quando atingiu seu ferimento.

Ayo a ajudou, e ela soltou a pistola, enquanto respirava com dificuldades, por conta da dor e por conta da ferida profunda. Haru olhou para a arma e correu até ela, pegando a pistola. Minerva ainda se debatia, mesmo enquanto era devorada viva pelos zumbis, que ainda não atacaram suas entranhas, que ainda continuavam intactas dentro de seu estômago.

-Tenn! Vamos embora, já!-Louis gritou do outro lado, segurando Tenn com dificuldades, que ainda tentava chegar até Minerva.

-Deixa ele! Você vai acabar morrendo!-Haru gritou para Louis, vendo os zumbis começarem a cerca os dois. 

Mas Louis a ignorou, ainda segurando Tenn. Haru segurou a arma mais forte, apertando os olhos com força quando seus lábios tremeram e as lágimas vieram. Ela abriu os olhos, e puxou o gatilho. A bala voou bem no pescoço de Tenn, que pôs a mão no ferimento com a surpresa, e Louis o soltou, arregalando os olhos. Tenn tossia a procura de ar, enquanto Louis se afastava gritando "Não". Tenn virou a cabeça lentamente para Haru, não acreditando.

Haru abaixou a arma, derramando lágrimas quando Tenn caiu no chão, e os zumbis o envolveram.

-Louis, pula!-Aya gritou, mesmo por cima da dor arrasadora.

Louis trincou os dentes, e saltou para o outro lado, caindo de joelhos por cima do chão de madeira, e se virou para ver o que acontecia do outro lado. Tenn estava morto, enquanto zumbis o devoravam. Minerva sussurrava coisas ilegíveis, caída no chão, esticando um dos braços em direção do corpo de Tenn. Aya conseguiu ouvir ela sussurrar:

-É isso aí....Vem comigo...-Ela falou sorrindo, se deliciando enquanto morria ao lado de Tenn.

Louis recuperava o fôlego, se virando para Haru.

-Que merda?! Como você pôde atirar nele assim?!

-Não teve jeito!-Haru gritou.-Senão você nunca veria sua família. Eu fiz por você...

-Chega. Eu sei que você tá mal, Louis, mas agora não é hora.-Aya murmura.

-Depois a gente discute isso, em segurança.-Ayo falou, ajudando Aya.

-Não tem nada que discutir!-Haru grita, soluçando.-Eu não queria atirar nele! Ele foi meu primeiro amigo! Não era igual ao Haruki, era diferente! Mas ele tava atrapalhando de novo....Igual quando o Mitch morreu...-Ela abaixou a cabeça, derramando lágrimas.-Eu tive que decidir...Aya falou que eu podia, então...Eu fiz.

-Tenn....-Louis murmurou, balançando com a cabeça. Eles se viraram ao ouvirem os grunhidos dos zumbis, que já os cercavam desse lado também.

-A gente tem que ir.-Ayo falou, pegando Aya no colo, que gemeu de dor.

-Você...você está bem??-Louis perguntou, preocupado.

-Ela está inconsciente. Temos que correr.-Ayo falou, e os três começaram a correr.

 

 

 

FLASHBACK POVS ON

2 ANOS ATRAS

Aya corria por entre as árvores da floresta, sem olhar para trás, conforme seguia seu caminho. Ela sabia que provavelmente Ayo lhe daria uma bronca depois que voltasse para o acampamento. Mas ela precisava encontra-los. Já.

-Haru...Haruki...Estou indo.-Ela murmurou para si mesma, enquanto corria em direção das cinzas que cobriam a construção em chamas.-Não...-Ela sussurrou, quando viu o local destruído, e correu mais rápido, se escondendo atrás de uma árvore quando alguém atirou, quase a atingindo. 

Aya levantou o olhar, vendo um homem sentado e apontando a arma pra ela. Ela mirou nele, e atingiu sua cabeça com precisão, na garganta. Aya se levantou, andando até o homem que envolvia o pescoço com as mãos.

-Estou procurando duas crianças, um menino e uma menina, de uns três anos.-Ela apontava a arma para ele.-Os nomes são Haru e Haruki...-O homem apenas levantou o dedo em um gesto obsceno, enquanto engasgava com seu próprio sangue.

Aya grunhiu, e se afastou dele, o deixando para sofrer enquanto começava a andar. Ela entrou na fortaleza, olhando o fogo que se espalhava, e um homem agarrou seu pé. Aya se assustou, e segurou a ânsia de vômito quando viu metade do homem tostada. Ele parecia estar envolvido em magma....era como se ele fosse metade magma, queimando sem parar.

-Por favor....me mata...vai...

-Cadê as crianças??-Aya perguntou, olhando ele.

-Tá doendo....Ai, meu Deus, tá doendo muito!-Ele gritou.-Me mata....

Aya mirou na cabeça dele, e atirou. Ela saiu correndo pela construção, olhando em volta. Aya parou de correr ao ver pessoas correndo e atirando, e um deles a viu, parando de andar e apontando a arma para ela.

-Mais um?! Vai se foder!-Ele atirou, e Aya se jogou para trás de caixas de madeira antes de ser atingida. As balas do cara acabaram, e Aya se levantou, atirando no braço dele, que gritou e largou a arma.-Sua escrota!

Aya correu até ele, o segurando e apontando a arma para a testa dele.

-Não tô de brincadeira.-Aya grunhiu.-Fala onde tão as crianças!-Aya segurou o homem pelos cabelos, apontando a arma agora para a mandíbula dele.

-Jesus! Tá bom, tá bom! É por ali....-O homem apontou para um corredor, tremendo.-Tem um berçário. Mas não vou deixar uma selvagem como você levar uma criança!-O homem sacou uma faca, e Aya segurou o braço dele, atirando no pescoço dele, atravessando a cabeça. O homem caiu no chão, morto. E Aya se preocupou com o fato de não se importar nem um pouco de tê-lo matado.

A ruiva se virou na direção do corredor, começando a andar com cuidado por entre as portas. Aya passou por um carro aberto, espaçoso e com uma revista de culinária e suprimentos. Ela passou pelo carro, olhando em direção a uma porta, ouvindo uma mulher murmurar.

-Desculpa...Desculpa mesmo.-A porta estava entreaberta, e Aya escutava a mulher que mexia nas coisas.-Não esquenta, a gente já vai embora. Só tenho que pegar umas....

Aya abriu a porta lentamente, e a mulher se virou para ela, gritando:

-Não! Não vou deixar...-Aya atirou na cabeça da mulher, que se chocou contra várias gaiolas, algumas abertas e outras trancadas. O corpo da mulher caiu no chão, e Aya viu uma pequena mamadeira velha rolar  para fora de sua mão lentamente.

Aya abaixou a arma, olhando a mamadeira, e logo se virou para as gaiolas que mais pareciam armários de colégios. Ela negou com a cabeça lentamente, com lágrimas nos olhos ao não ouvir qualquer som vindo dos armários. 

-Haru....Haruki...-Ela sussurrou numa voz chorosa, e correu até as gaiolas, olhando pelas janelas de arame. Ela puxou a pequena maçaneta, tentando abrir uma das gaiolas, aonde Haruki estava encolhido e choramingando, completamente sujo tanto de sangue de outras pessoas como do seu. Aya socou a gaiola, tentando acalmar a respiração. Ela ouvia Haruki soluçar, e Haru chorar baixinho, mas não conseguia ver seus rostos.

Aya se virou na direção da mulher. Ela foi até o corpo, pegando a arma que ela havia deixado cair quando morreu. Ela teve que atirar na mulher. Logo ela olhou para o rosto da mulher. Havia um furo em sua bochecha feito pela bala. Aya pegou a mamadeira, percebendo que era essa mulher quem cuidava dos gêmeos. Aya viu as chaves na outra mão da mulher, e as pegou rapidamente. Ela abriu o armário aonde Haruki estava lentamente.

Haruki abraçava os joelhos e estava de costas para Aya, choramingando desesperado, sem conseguir respirar. Ele começou a chorar de verdade quando Aya sussurrou seu nome. Haruki virou o rosto lentamente para Aya, que murmurou:

-Sou eu...Aya.-Aya esticou os braços, e Haruki se assustou, abraçando mais forte os joelhos e enterrando o rosto entre eles. Ele estava tão sujo de sangue...tão magro e tão...pálido. Aya tocou o ombro e as costas dele lentamente, que aceitou quando ela o puxou em direção dela e o pegou no colo, o abraçando com força.

Aya colocou Haruki em cima de uma das mesas de madeira, e abriu o outro armário-gaiola, aonde Haru chorava desesperada. Ela a pegou no colo, que enterrou o rosto nos ombros dela, chorando muito. Haru virou o rosto para o corpo da mulher, e gritou com medo, voltando a chorar mais alto. Aya pegou Haruki, que chorava e tremia igual a sua irmã, enquanto Aya olhava para o rosto da mulher, pensando em todas as atrocidades que ela deve ter feito ambos sofrerem.

-Vou tirar vocês daqui, tá?-Aya falou docemente, com ambos em seu colo.

Aya começou a andar em direção ao carro que encontrou ao lado do berçário. Ayo poderia dirigi-lo,, mas para isso ela teria que dirigir até o acampamento deles. Aya chegou até o carro, colocando os dois sentados no banco. Eles soluçavam, olhando Aya, que os encarava tristemente. Aya fechou a porta, e entrou na cadeira do motorista. Ela pegou um pano, limpando o rosto dos dois com calma, enquanto eles tentavam parar de chorar. Após limpa-los, Aya sorriu levemente, mas parou quando eles ainda continuaram a chorar.

Aya respirou fundo, suspirando e pondo as duas mãos no volante.

-Vamos?-Haruki murmurou, olhando Aya.

Aya se virou para os dois.

-É. Vamos embora, Haruki. A gente não tem como ficar aqui. Não é seguro. Mas tudo bem. Nós somos sobreviventes. E a primeira regra do sobrevivente é...Nunca ir sozinho.

Haru e Haruki soluçaram, mas repetiram baixinho:

-N-nunca, ir sozinho.-Eles disseram entre soluços.

Aya sorriu um pouco.

-Aya...?-Eles murmuraram, como se se lembrassem do nome dela.

Aya sorriu, e falou, com uma voz chorosa:

-É. Isso aí. Não se preocupem, ok? Vai tudo ficar bem com a gente. Iremos encontrar Ayo e Inori. Vamos achar uma casa nova pra gente. Juntos. E nunca mais ficarei longe de vocês.

Aya pôs a mão na alavanca de marchas, e Haru e Haruki colocaram cada um uma das mãos em cima da dela. Aya olhou para eles surpresa, que retiraram as mãos lentamente, permitindo que ela desse a marcha e soltasse o freio para começar a andar com o carro.

 

 

FLASHBACK POVS OFF

Haru andava de cabeça baixa perto do rio aonde uma vez ela foi pescar co Ayo, Brody e Violet. Ela colocou o balde no chão ao seu lado, ficando na margem enquanto segurava uma lança de madeira. Ela segurou a lança, apontando para os peixes que passavam, e acertou o corpo de um dos peixes, o retirando na água e o jogando dentro do balde. Rosie, a ex cadela de Marlon estava sentada atrás dele, observando enquanto balançava a calda e mostrava a língua animada.

Haru fez isso umas três vezes até cansar, e se virou para Rosie.

-Ok, garota.-Haru acariciou a cabeça de Rosie.-Vou guardar a lança, e podemos ir. Fica aqui de guarda.-Haru saiu andando para a cabana de suprimentos.

Haru guardou a lança em uma estante, saindo da cabana. Ela foi até o balde de peixes, o pegando. Rosie rosnou para alguém, um zumbi, que perambulava em volta da cabana. Haru se virou para o zumbi, vendo que ele estava coberto de mordidas e sangue. Haru pegou sua pistola, olhando o zumbi, ainda não vendo seu rosto. Ela apontou a pistola, e arregalou os olhos quando viu Tenn se virando para ela lentamente, grunhindo.

Haru respirou fundo, e disse:

-Mirar sempre na cabeça.

Ela atirou na cabeça de Tenn, que caiu no chão, agora morto.

-Desculpa, Tenn....-Haru murmurou triste.

Rosie se sentou no chão, choramingando.

-Eu sei...-Haru guardou a pistola, olhando Rosie.-Vamos pra casa.

 

 

 

Aya viu Haru se aproximar, e sorriu, dizendo:

-O que tá fazendo pequena?

Haru sorriu e a abraçou com força. Aya se curvou um pouco com dor, mas riu.

-Calminha aí...

-Ela está melhor, mas a ferida ainda precisa cicatrizar.-Inori falou se aproximando junto de Haruki e Ayo.

-Você saiu da cama! Está andando!-Haru falou animada, vendo que mesmo com a ferida dolorosa, Aya andava. 

-Temos uma surpresa pra você.-Ayo falou.-Pra vocês dois.

-Venham com a gente. Queremos mostrar algo.-Inori falou animada, e foi andando junto com os quatro.

Haru e Haruki sorriram ao verem o balanço de pneu, e Aya ao lado, sorrindo.

-O que acham?-Ayo perguntou.

Haru e Haruki se aproximaram, olhando pelo buraco do pneu.

-É pra nós...?

-Uhum. Fizemos nós três.-Aya respondeu.-Vamos, quem vai primeiro?

-Haru pode ir. Eu espero.-Haruki disse sorrindo.

Haru sorriu animada e sentou no balanço. E Aya começou a empurra-la, que ria feliz

-Vocês já brincaram de balanço? Quando eram mais novos?-Haruki perguntou, esperando sua vez.

-Sim.- Ayo respondeu, observando.-Há muito tempo.

Depois de alguns minutos, foi a vez de Haruki, e após balançar os dois, a voz de Omar ecoou pela escola:

-A comida tá pronta pessoal!

-Vamos, vamos comer.-Ayo disse, bagunçando os cabelos de Haruki, que resmungou em protesto, os dois riram e foram correndo para as mesas de piquenique. Inori foi atrás, para impedir que os dois fizessem alguma bagunça, e Aya e Haru foram andando com calma.

Eles passaram pelo pequeno cemitério da escola, aonde agora havia uma cruz com o nome completo do Tenn. Margaridas cobriam o túmulo vazio. Eles começaram a comer sentados juntos. Violet perdeu um dos olhos, mas o outro funcionava um pouco. Ela conseguia enxergar algumas coisas, embaçadamente mas conseguia. Aasim finalmente conseguiu dizer o que sentia pela Ruby, e a última correspondeu tal sentimento.

-Como estão seus olhos?-Aya ousou perguntar para Violet, que também sorria um pouco.

-Com o meu tapa olho, eu sou quase um pirata.-Violet sorriu de lado, e riu.

Aya sorriu, e então Vi continuou:

-Queria esperar você ficar melhor, mas o jeito como me comportei no barco...foi muito injusto. Eu tava tão confusa por causa da Lily e...da Minnie. Só conseguia pensar na minha raiva.

-Tá tudo bem...Só fico feliz por termos tirado você de lá. -Aya sorri

Aya não se sentia tão feliz assim fazia anos. Era seu lar agora. Sua casa. Ela conseguiu protege-la junto com os outros, e agora possui uma casa, e não uma lata velha caindo aos pedaços que eles usavam para andar de estrada em estrada. Sempre que Haru e Haruki perguntavam se eles iriam encontrar um lar....Ela só conseguia responder "Vamos ver.", e via os dois ficarem tristes toda vez. Agora isso não precisa mais acontecer. Agora eles tem um lar. Uma família grande para cuidar. E agora terão uma vida digna. Aya fará de tudo para isso.

 

 

 

 



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...