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História Garota Mimada (Hiatus) - Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem.


Escrita por: mari_rafaela_2

Notas do Autor


Olá pessoaaaal♥
😍😍😍

Peço desculpas pela demora, tenho outra conta no Spirit com outras fics, e expliquei que estive de viajem e por isso foi difícil escrever.

Mas aqui estou de voltaaa! E pra compensar tem capítulo grande!

Nesse capítulo rola um flashback da noite assombrosa de Gabi no ano passado, e vocês começarão a entender o que aconteceu, e como ela superou sozinha, sendo a mulher guerreira e independente que é, apesar de todos a considerarem um bebê chorão e mimado!

Bjos e obrigada por tudo lindas!😍

Capítulo 5 - Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem.


Fanfic / Fanfiction Garota Mimada (Hiatus) - Os opostos se distraem. Os dispostos se atraem.

Los Angeles, 05 de Julho de 2015

02:45 AM

Meus pés se arrastaram pela calçada de pedregulhos como se eu estivesse carregando o peso de uma tonelada. Sentia dores agudas e expressivas, daquelas de cerrar os dentes, por todo o meu corpo.

Minha cabeça latejava, uma dor lancinante que trazia gosto de sangue na boca.

Olhei fixamente a fachada do hotel e meu estômago outra vez embrulhou. Entrei pela portaria me sentindo uma alegoria de carnaval, mas o porteiro, entretido com o celular, nem mesmo me viu entrar. Eu não estava em condições de receber interrogatórios de por que minha roupa estava rasgada, meu cabelo parecendo um ninho de pássaros, e meu rosto em estado de pânico absoluto.

Encarei o elevador e rezei como um padre para que ele chegasse logo.

A sensação em meu corpo e em minha mente era distante de tudo que já presenciei na vida. Era como se minha alma tivesse sido sugada, arrancada à força, e no lugar dela ficasse um buraco escuro e cheio de vozes penadas.

Tirei a chave da bolsa, levando exatamente quatro minutos para conseguir enfiá-la na fechadura e desabei no chão assim que consegui entrar.

Caída no assoalho frio, eu chorei. Chorei como uma criança. Consegui me arrastar com dificuldade até minha cama e fiquei lá, deitada em posição fetal por o que pareceu uma eternidade.

Chorei com mais força, pensando em todas as coisas ruins que me aconteceram. Era inevitável. Eu me sentia sozinha, exposta, longe da pessoa que um dia eu fui. Alimentei todos os minutos assombrosos e terríveis que acabei de passar, com tanta força que cheguei ao ponto de soluçar violentamente, sacudindo o corpo e convulsionando entre soluços e falta de ar.

 O apito de meu celular chamou minha atenção, e o retirei do bolso, com o resquício de soluços ainda me consumindo. A cabeça ainda girava, pesada como se eu carregasse todo o peso do mundo sobre ela.

Encarei o celular e soltei um gemido de dor ao ver a mensagem de Richard.

Devo lembrá-la de que deve ficar com a boca fechada? Você sabe com quem está lidando, não é? Se contar para alguém, eu mato você sua vadia. Não será difícil. Não para mim, herdeiro Waldorf e amigo intimo de ex-policiais e soldados de guerra. Eles poderiam acabar com você em um minuto, e juro, ninguém sentiria sua falta.

Senti a bile subir, o gosto repugnante de bebida jorrando através do vômito. Nem mesmo me movi dali, deitada no que se transformou numa poça fétida de vômito.

Acordei no outro dia sentindo o corpo doer em protesto, e a cabeça latejar três vezes mais.

O pensamento assombroso de um dos capangas de Richard tirando minha vida, brincando comigo antes de me esfaquear ou me jogar de uma ribanceira, me assombrou como o pior pesadelo de minha vida.

Abri os olhos, que foram ofuscados pelo fio de luz que entrava pela veneziana e eles imediatamente lacrimejaram, ajustando-se a luz.

Um pensamento me ocorreu. Se eu fosse até a policia, levaria meu celular, a mensagem que Richard mandou seria uma prova. Eles realizariam todos os exames e constatariam que... Solucei outra vez ao lembrar do que ele fez comigo.

Cambaleei ao levantar da cama e peguei o celular na mão, procurando pela mensagem de Richard.

Meu corpo cedeu, e eu dei vários passos para trás, tombando em cima da cama, devido ao susto enorme que levei ao me deparar com a mensagem do próprio celular dizendo que a caixa de entrada estava vazia.

Cliquei violentamente em todas as pastas, e não havia mais nada lá. Nenhuma mensagem. Todos os meus arquivos foram deletados. Provavelmente Richard encontrou alguma forma de rackear meu celular e roubar meus arquivos. E o principal, a mensagem de ameaça que ele me enviou.

Arremessei o celular com o máximo de força que consegui, e ele se espatifou na parede, quebrando-se em vários pedaços.

Pensei que não tinha mais o que chorar, mas as lágrimas vieram novamente, tolas, quentes e incessantes.

Abracei minhas pernas e apoiei o queixo no joelho, tremendo tanto que meu corpo doía com a força demandada.

E assim eu fiquei durante os próximos dias, trancada naquele quarto de hotel. Sozinha, apavorada, com o coração doente e a alma esmagada.

Na penumbra, eu nunca mais achei que fosse me recuperar e sorrir de novo. Até que as coisas começaram a mudar. Gradativa e lentamente.

 

Londres, dias atuais.

Eu ainda estava ligeiramente eufórica com o fato de estar numa limusine com o David. Sabia que não era um encontro, e não passava de uma formalidade, mas eu estava feliz. Feliz de verdade.

O caminho até a festa foi longo, o que nos deu a chance de poder conversar.

-Obrigada por ter vindo – Falo, tomando mais um gole no vinho que ele abriu há alguns minutos atrás.

-Não perderia essa festa por nada – replica David, com um brilho travesso nos olhos.

Ambos demos risada e eu continuei a olhar para a rua iluminada lá fora. Antes de sairmos, uma fina garoa caía, e agora a cidade parecia coberta de pequenas gotas de orvalho, o que era incrivelmente bonito.

Era fácil deixar os pensamentos te levarem pra outra direção, ali, sentada ao lado de um cara bonito, avistando a bela cidade pelo vidro de uma limusine.

Como sempre acontecia, meus pensamentos bons se dissiparam por uma nuvem espessa negra, e deram lugar aos pensamentos ruins.

Pensei em como seria ver Richard. Ele estaria na festa, obviamente. E mesmo depois de toda a terapia (que eu ainda fazia fielmente todas as quintas-feiras), cuidado psicológico e tentativas frustradas de mudanças radicais no visual, eu ainda sentia arrepios pelo corpo com a menção do nome dele.

-Você está bem? – David me encara com a testa franzida, com aquele olhar que quase me obrigava a despejar tudo ali.

-Estou – Respondo tão rapidamente que me arrependo em seguida. Forço-me a encará-lo e sua mão já está em meu queixo, aproximando meu rosto do dele.

-Não ouse mentir para mim, bebê. – Ele fala visivelmente ofendido.

Dou de ombros, e começo a me sentir estranha. Estar ali com ele me deixava exposta. Eu não queria correr o risco de parecer uma boba despejando todos os meus problemas diante dele. Afinal ele não era meu amigo. Nunca foi e nunca será. Ele era um bom amigo para meu irmão, mas eu nunca o vi dessa maneira, e creio que a recíproca seja verdadeira.

-Não é nada, David – pigarreio e engrosso a voz, estufando o peito.

Era óbvio que eu não queria falar sobre aquilo, e como um bom cavalheiro, ele esqueceu do assunto e começou a falar de outra coisa.

Chegamos ao imponente prédio da Waldorf Designs e David se apressa a sair para poder abrir a porta pra mim.

Agradeço dando um sorriso generoso e ele retribuiu com um apertão em minha cintura.

O xinguei mentalmente por tamanha ousadia, mas era inegável que nosso vínculo era real e tangível. Talvez eu não estivesse preparada pra falar sobre o que aconteceu comigo nunca e nem pra ninguém, mas David me fazia sentir tão bem que eu poderia me esquecer daquelas coisas ruins enquanto estivesse com ele.

-Você está nervosa. – Aquilo não era uma pergunta. David estava ao meu lado, o calor de sua mão era a única coisa quente naquela noite fria.

-Eu já disse, está tudo bem – Enquanto ele insistisse em escanear minha mente, seria difícil esconder alguma coisa dele.

O segurança parrudo dá dois passos a frente e abre o livrinho que exibia como uma arma.

-David Luiz e Gabrieli Emboaba – David fala num tom monótono e o grandalhão sorri e nos deixa passar.

Observo a fila enorme de pessoas tentando entrar, sob juramentos de que seus nomes estavam sim na lista, e sinto pena por alguns segundos.

Só paro de sentir dó daquelas pessoas quando adentro aquele ambiente hostil, cheio de gente fingida e farsante.

O salão de festas da Waldorf Designs era o mais próximo de paraíso que alguém apaixonado por festas poderia chegar.

Seus tetos altos abobadados te faziam se sentir na realeza, e a áurea do lugar era deslumbrante.

As janelas iam do chão até metade da parede, revelando a nata de Londres maravilhosa do lado de fora.

Até os garçons eram elegantes, e impressionantemente lindos, como se fossem integrantes de boy bands, e não garotos servindo bebida.

O aperto da mão de David se afrouxa, e olho na direção em que ele olha. Alguns colegas do Chelsea estavam num canto, em sua festa particular regada a muita bebida e algumas mulheres deslumbrantes ao redor.

-Pode ir. – Falo com um tom digno – Vai!

-Tem certeza? Só queria dar um oi pra eles...

Dou de ombros e finjo não ligar.

-Vou procurar minhas amigas. – falo já dando as costas pra ele, sentindo a intensidade com que ele me olha.

No meio da festa, figuras trajadas das mais belas grifes chacoalham seus corpos ao som de David Guetta, e nos cantos, pequenos grupos de pessoas conversam alegremente.

E então, num súbito, ali entre jogadores de futebol cheios de testosterona e gente do alto escalão da moda, eu percebi o que havia acontecido comigo. Por que eu tinha conseguido sobreviver sozinha ao episódio catastrófico do ano passado.  

O meio que eu escolhi para seguir carreira era frio. Não se podia ter amizades naquele mundo, e as poucas que tínhamos, devíamos guardar a sete chaves, protegê-las com todas as nossas forças.

Eu consegui me passar por uma dessas pessoas, adentrei naquele meio como se fosse uma delas. A Gabi doce e amável antes do 04 de Julho de 2015 morreu, e nasceu a Gabi maquiavélica e viciada em trabalho, com medo de se apaixonar, com o coração trancado, e a alma perdida em algum lugar inominável. Foi com aquela frieza que eu me acostumei. Havia encontrado meu lugar no mundo. Nada de sonhos infantis de menininha, de ter um príncipe no cavalo branco vindo pra me salvar.

-Oiii amiga! – Crys me cutuca e sinto a vibração calorosa que ela traz consigo – Você está linda!

Dou um abraço nela, e olho de soslaio para seu decote bastante chamativo.

-Hummm – Aponto para seus seios e ela cai na gargalhada – Você veio disposta a atacar hoje, hein! – Mordo os lábios com esperança que seu alvo não seja o David. Não. Por favor. O David não.

-Não coloquei essa prótese maravilhosa nos seios para eles ficarem escondidos – Ela dá uma piscadela e faz uma dancinha ridícula. Aquela era minha amiga vagaba que eu tanto amava. – Hoje ele não me escapa!

Antes que eu pudesse perguntar quem era ele, uma voz conhecidamente monocromática rouba a atenção de todos no microfone e me forço a encarar a fabulosa Cassandra vestindo um maravilhoso longo Chanel, com os cabelos presos num coque francês severo e uma maquiagem que mais parecia obra de Michelangelo.

-Quero agradecer a presença de todos essa noite e...

Não presto atenção em mais nada, pois vejo David cruzando o salão, e Crystal caminhar decidida até ele, com seu olhar de caçadora. Eu conhecia aquele olhar. Eu sabia que David não se sairia livre dela esta noite. Era o mesmo olhar que um leopardo feroz lança à sua presa, antes de abocanhá-la.

Solto um muxoxo de frustração e me sento num canto mal iluminado, rezando para não ser encontrada por minha chefe, e nem por ninguém, sozinha com meu martini, e olhando de longe como Crystal ficava linda ao lado de David.

Minutos depois vejo David lançar aquele sorriso que eu tanto amava. Aquele que em todos esses anos eu o viele oferecer pras mulheres. Aquele que ele nunca dirigiu a mim. Um sorriso despudorado e sapeca. Eu já tinha me esquecido dele, e essa noite ao ver David sorrindo daquele jeito me fez despertar algo desconhecido em mim.

Eu não podia negar. Havia química entre os dois. Sentada no meu canto, amuada e com a cara cheia de drinques de nomes obscenos, eu me ouvi soltar um palavrão ao ver o braço dele dar a volta na cintura de Crys e os dois saírem dali apressados.

Um lado meu – o lado que eu estava lutando para enterrar e sepultar, o pior lado da Gabrieli – vociferou dentro de minha cabeça: “Levanta essa bunda daí e vai até o outro lado da pista, e convida aquele cara incrivelmente gostoso que está te paquerando pra dançar!”

Mas não. Não tive coragem. O máximo que consegui foi ralhar com Oscar, que estava todo atencioso e preocupado comigo.

Depois que ele se ofereceu pra me levar pra casa, concordei com a cara fechada, rosnando a cada vez que ele me perguntava se eu estava bem.

“Não! Não está nada bem! Ele está comendo a minha melhor amiga nesse exato momento!” Foi o que eu quis dizer, mas me limitei a pedir desculpas pela minha rabugice e fui dormir na casa dele, engolfando-me a uma vida bem distante da minha, ao lado de meus sobrinhos lindos e minha cunhada incrivelmente amorosa.

Ficamos por horas proseando, Ludi trançou meu cabelo e me emprestou um de seus pijamas. Após dar boa noite e deixá-la sair do quarto, me lancei em seus braços, num lamurio silencioso e lacrimejante.

-O que houve, Gabi? – Ouço a voz consoladora de minha cunhada, e quase conto tudo. – O que houve minha querida?

-Nada, nada... Só... Sei lá, deve ser a TPM – Minto.

-Me conte o que aconteceu? Quem te magoou? Me diz quem foi pra eu ir lá e acabar com ele!

Rio e seguro sua mão com força.

-É sério. Não foi nada... – Antes que ela começasse a falar, levanto um dedo e a interrompo – Ludi!

-Tá, ta. – Ela revira os olhos, aborrecida – Não vai me contar, eu sei...

-Não conte pro seu marido sobre isso. Por favor. Não quero ter que dar explicações pra ele... Você sabe como ele é... – Afofo o travesseiro e encosto a cabeça, fungando.

-Tudo bem. – Ela dá de ombros – Mas você vai me contar depois. Promete?

Digo que sim e a deixo sair. A luz do luar entra pela fresta da veneziana, e eu me aconchego, tendo um efêmero momento de paz, ali naquele quarto feito especialmente pra mim, na casa de meu irmão. 


Notas Finais


O que acharam? 😱😱

Por favor, visite minhas outras fics da minha outra conta ;)

https://spiritfanfics.com/historia/the-murderer-5487331 (The Murderer)

https://spiritfanfics.com/historia/cinderela-em-paris-2426734 (Cinderela em Paris)


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