História Garota Problema - Primeiro dia

Melissa Raw
       Coloquei o último livro que tinha na estante e toquei a caixa vazia no corredor junto com as outras fechando a porta em seguida, depois eu dou um jeito nelas. 
     Me toquei de costas na cama e encarei aquele cômodo, agora sim se parece com o quarto de Melissa Raw.  Todos os livros que tinha estavam na prateleira acima da escrivaninha, o lugar perfeito para ela, onde estava meu computador e cadernos que usaria na nova escola. 
      Minhas roupas já estavam todas no closet. Meu abajur divonico de CupCake. Meus pôsteres. As estrelas neon no teto. Meu lençol roxo. E as outras coisas que deixei no sótão. Ah o sótão, não contei a ninguém dele, na verdade nem os deixei entrar aqui. 
    Como na antiga casa, ninguém entra no quarto da Melis. 
    Suspirei cansada e levantei da cama em um pulo, abri a porta e peguei todas caixas que tinha tocado ali e as levei até o porão, não sabemos como vão ser as coisas por aqui então meu pai mandou guardarmos as caixas no porão, que não seria usado pra nada então o mínimo que fizemos foi dar uma utilidade a ele. 
     Parei na porta da sala de jantar e vi todos sentados ali, corri até meu pai e agarrei suas bochechas. 
  _ Oi paizinho, lindo. 
  _Ai, Melissa! Sai guria! - ele disse com a voz irritada e me empurrou, mas eu sabia que ele não estava irritado então ri com os outros.  - senta aí e come, menina.
      Me sentei ao lado de Sky e Don, os gêmeos mais lindinhos que eu conheço. Apertei suas bochechas assim como fiz com meu pai e eles saíram correndo da mesa, mas depois de ouvirem o berro da minha mãe voltaram rapidinho e se sentaram. 
  _ Humm, que delícia.  - falei  enquanto servia a gororoba da minha mãe, tadinha é uma ótima mãe mas a comida.. 
      Ouvi a risada do meu pai e de May, minha irmã que é um pouco mais nova do que eu. Meu pai ficou sério ao receber um olhar "daqueles" da minha mãe e então ela me encarou com a sobrancelha erguida. 
  _ Pelo menos eu não "quase" boto fogo na casa. 
       Ahhhhh não, toco na ferida. 
  _ Ué, eu também não. 
  _ Não, capaz! - ironizou. Todos na mesa riam. Até mesmo os gêmeos, traíras! 
  _ Olha aqui mãe, a senhora me respeita que não sou o papai. 
  _ Ei! - meu pai parou de rir na hora e gritou.
  _ Calma amor, eu te defendo. - disse minha mãe ao meu pai que estava com uma feição de divertimento.  - Olha aqui querida, não fala assim que sem o espermatozoide disso aqui. - seu dedo apontava para meu pai. - tu não tinha nascido. 
  _ Aí, que nojo! - May gritou com a testa enrugada e eu comecei a rir, Sky e Don nos encaravam sem intender nada.
  _ Aí aí. - disse ainda rindo encarando meu pai com a mão na testa. 
        Depois que terminamos o jantar todo mundo subiu para os seus quartos e eu como uma pessoa aparentemente normal, fiz a mesma coisa já que estava tarde e hoje tinha sido meu último dia de férias. Tinha passado o dia todo ajudando minha mãe e May a desempacotar o restante das coisas. 
      Puxei o colchão de ar do sótão e coloquei no chão, ficando metade para dentro do quarto e a outra metade na varanda. Toquei meu travesseiro e uma coberta no chão e me deitei me cobrindo.    
      Tinha sido um dia cansativo mas tenho a impressão de que amanhã será pior. Era nosso recomeço, de todos nós. Trouxe todos pra cá por culpa dos meus problemas, só espero que seja um lugar bom pra eles, como aparenta ser pra mim. 
       Fiquei encarando o céu estrelado até finalmente conseguir dormir. 
     ***
      
    A moça que me atendeu quando cheguei na escola, me levou até a secretaria e me entregou um papel com meus horários e me explicou algumas regras da escola. Resumindo eu só ouvi, BlaBla Bla e banheiro a esquerda do refeitório. Ela sorriu pra mim e abriu a porta me dando espaço para passar, assim que passei eu e ela começamos a andar em direção às salas de aulas. As aulas começavam as oito e já eram oito e meia, então nós iríamos entrar no meio de uma aula o que se torna muito vergonhoso pra mim. Mas né, quem se importa. 
       Paramos em frente à sala de matemática, a moça qual eu ainda não sabia quem exatamente era, bateu na porta que em seguida foi aberta. O professor olhou para ela e em seguida me notou e sorriu. 
  _ ah sim, a aluna nova. Entrem! Entrem! - ele disse meio afobado e nós entramos. 
       A sala se encontrava em completo silêncio e todos prestavam atenção em mim eu não arrisquei olhar mas sentia os olhares em mim. Não que eu fosse tímida, longe disso mas nessas situações não tem quem não se sinta pelo menos um pouco incomodado. A moça passou o olho pela sala e começou a falar.
  _ Melissa Raw é a aluna nova, acabou de se mudar para a cidade e será colega de vocês. Então não sejam mal educados e desejem boas vindas para a Sr. Raw. - todos permaneceram em silêncio e eu me segurei para não rir. - AGORA! 
      Uma voz feminina perguntou do fundo da sala quebrando aquele silêncio constrangedor ( para a moça, não pra mim). 
  _ Seu olho é cinza mesmo ou é lente? - uma loira aguada de nariz empinado, já até sei. Ela é daquelas rica/patricinha que tem cinquenta plástica e dá pra todo mundo e ainda fica se achando. E já até sei/2º, líder do time das líderes de torcida. 
  _ É meu mesmo. Mas e aí, e o cabelo compro onde? - seu sorrisinho se desmanchou e ela me encarou raivosa, os garotos sentados atrás dela fizeram um coral "Huuuuuu" e um moreno passou a mão em seu cabelo o bagunçando enquanto ria. 
  _ Tira mão, idiota! - seu gritinho histérico me fez fechar os olhos mas não pude deixar de rir. 
  _ Cara, cuidado! - zoei colocando a mão na cintura após ver outra garota tirar uma  escova de dentro de uma bolsa e passar em seus cabelos. Já amei essa escola. 
  _ Já chega. - disse a mulher que eu ainda não sei quem é e muito menos o nome, nos olhando irritada. - sente-se Melissa. 
  _ Ok. - passei os olhos pela sala procurando um lugar vago, mas parei ao esbarrar com um par de olhos caramelo me encarando. Então quer dizer que além de vizinhos, somos colegas. Aí aí, eu to amando esse lugar.
        Me sentei no fundo ao lado de uma morena de olhos verdes, que me comprimento simpática. 
  _ Você acabou com o barato dela. - ela disse rindo enquanto eu tirava meus cadernos da mochila. 
  _ Estou aqui pra isso. - disse e nós rimos.
  _ Me chamo Abby. 
  _ Melissa, mas pode me chamar de Melis. - disse mesmo sabendo que já devia saber meu nome. Sendo simpática né, vai que ela vira minha amiga. 
  _ É eu sei. Seus olhos são lindos! Estou apaixonada, vamos trocar? - ri e neguei.
  _ Não combinariam tanto com você quanto os seus verdes. - disse sendo sincera. Seus olhos são uma mistura de verde com castanho. Que formam um par perfeito com sua boca rosada. 
      Essa cidade, o que tem de menino bonito tem de menina. Aí também não dá pra ter chance né. Af!  
      Ouvi o sinal bater e conclui que a minha "apresentação" tinha durado quinze minutos. Já que os períodos são de 45 minutos e entrei eram 08:30. 
  _ Que aula você tem agora? - ouvi Abby perguntar já de pé. Olhei o papel que havia ganhado com meus horários e fiz uma careta. 
  _ Biologia. 
  _ Amo! 
  _ Eca! - ela riu e me puxou. 
  _ Vamos, te levo lá. 
        Segui Abby até o terceiro andar onde ela me deixou na frente do laboratório. 
  _ O que tem depois? - ela perguntou ao ver que o professor ainda não havia chegado.       
     Olhei novamente o papel e fiz cara de choro. 
  _ Biologia também. 
  _ Pelo menos não tem como se perder, capaz de parar na sala do zelador. - ri.
  _ Realmente, sou bem dessas. 
  _ Se quiser posso te encontrar aqui na hora do intervalo, já te mostro onde fica o refeitório. 
  _ Sim, por favor! 
  _ Até. - ela disse antes de sair correndo para sua sala. Ri, amei ela. 
        Quando me virei dei de cara com um o loiro de olho azul M-a-r-a-v-i-l-h-o-s-o, ele se virou irritado e me encarou por um tempo até parecer me reconhecer. 
  _ Desculpa. - pedi. 
  _ Tudo bem. Você é a novata não é? - revirei os olhos.
  _ Melissa. - disse simpática e ele sorriu. E que sorriso, DEUS DO CÉU!
  _ Christian, mas pode me chamar de Chris. 
  _ Ok Chris, adorei meu quase tombo aqui mas eu preciso entrar. - sorri amarelo e ele riu. 
  _ Foi um prazer Sr. Raw. - sorriu sedutor e começou andar na direção oposta. 
    O prazer é todo meu querido, acredite. 
     Entrei na sala junto com o professor, aproveitei e entreguei um papel que tinha que entregar para os professores. Ele me liberou e me mandou sentar ao lado de um tal de Bieber que estava ausente, não dei muita bola apesar de que aquelas seriam nossas duplas até o fim do ano. E eu queria conhecer minha dupla, mas pelo visto ele resolveu faltar logo hoje. 
        Assim que o sinal tocou, sai correndo para fora da sala e dei de cara com Abby que me esperava.
     Precisava contar pra ela do loiro mas resolvi esperar até estarmos sentadas e comendo. Porque eu estou morrendo de fome. 
     Assim que nos sentamos na mesa com nossas bandejas desabei a falar.
  _ Eu trombei com um loiro que, MEUS DEUS! - disse afobada enquanto colocava uma batata na boca. - acho que to apaixonada. - brinquei. 
  _ Meu deus como assim?! Eu te deixo cinco minutos sozinha e tu se apaixona. - ela disse rindo e ri também. - Como ele era? Talvez eu conheça. 
  _ Loiro, olhos azuis vinte centímetros mais alto... - parei enquanto falava ao reconhecer ele em uma mesa um pouco afastada de nós. - Ele! - ele se virou e encarou o loiro bonito logo sorrindo.
  _ O Christian? 
  _ Isso. Christian, ele me disse mas eu esqueci.
  _ Eu conheço ele. Converso com ele quando vejo Chaz, eles são amigos. - quando disse "Chaz" seus olhos brilharam.
  _ Quem é Chaz? - ela sorriu boba.
  _ Nós "namoramos". - ela apontou para um moreno fofo sentado na mesa com Chris e outros garotos. 
  _ Como assim, "namorados"?  - perguntei sem tirar os olhos de Chris. 
  _ Ele nunca pediu oficialmente, sei lá. - ela sorriu triste, que idiota! Porque ele não pede ela em namoro?! - saímos a quase seis meses.
  _ Nossa. - foi só o que consegui dizer quando percebi que na mesma mesa onde Chris estava, bem na ponta estava o vizinho bonito. Ele estava rindo enquanto imitava uma jogada de basquete, na sua perna esquerda estava a loira aguada que tinha as mãos em seu cabelo.  - E ele? - Abby olhou para o loiro/vizinho e voltou a me encarar. 
  _ Justin, Justin Bieber.  - ela disse simples dando uma mordida em seu hambúrguer. 
     Quando voltei meu olhar para a mesa, ele ainda estava conversando e rindo. Justin Bieber. Até o nome é bonito. Ri. 
      Depois que eu e Abby lanchamos ainda restavam vinte minutos de intervalo. Então nós largamos nossas bandejas e fomos conhecer a escola. Eu, no caso. 
      Ela me mostrou cada canto da escola, e apesar de não ser muito diferente da minha antiga escola, ela estava me surpreendendo. Eles têm show de talentos e dão aulas de musica e dança. Na minha outra escola, as atividades extracurriculares era português e cálculo. Nada de arte ou coisa assim. 
       Ela me levou até o ginásio onde as meninas treinavam enquanto os menino jogavam, claro que, elas preferiam treinar na quadra. Mas só podiam quando os meninos não jogavam ou em outro turno, que é o que mais costumam fazer. Abby me explicou tudinho, parece que sou a aluna a anos já. 
        E depois que o sinal bateu Abby e eu voltamos para a sala de matemática, que era um das únicas matérias que estávamos juntas. Além de História e Educação Física.  
        Bom, era meu primeiro dia de aula. Em uma cidade nova, uma escola nova. Eu não me perdi. Não quebrei nada. Não briguei. Não passei vergonha em público. Não fui publicamente humilhada(2º). Não perdi nenhuma aula. E fiz uma amiga. Eu até que estou me saindo bem.
        Mal posso esperar para contar a May dos garotos bonitos. Ela pode ter somente 15 anos, mas tem uma beleza descomunal. Ela tem os meus olhos e os cabelos negros do meu pai, um rosto meio exótico e selvagem. E ela é tímida e toda fofinha, fica vermelha por qualquer coisa. E sem falar que, não conheço mais inteligente. Quem não se apaixonaria? 
        Era pra ela ter começado hoje, mas a escola pediu para que esperassem até segunda ordem porque tinham perdido algum documento importante da transferência dela. Algo assim. Mas em dias ela estará vindo comigo e aí sim teremos assuntos para conversar em casa. E tenho certeza que ela vai chegar chegando, é um dom que só ela tem. 
        Suspirei. Esse dia não foi ruim como eu imaginava. Não sei isso é um bom sinal ou péssimo.