História Garota Problema - Back home

Steve

- Vale Tony! - Digo observando Natasha dormindo e a aperto um pouco mais contra meu peito.

- Você é o perfeito cavaleiro em armadura branca não é mesmo? – Ri dele. – Vê se da próxima vez usa a armadura porque assim pode ser que não fique tão destruído! - Ele olha no celular novamente, coisa que ele vem fazendo desde que entrou no quarto.

- O que foi?

- Pepper está uma pilha de nervos, tive que dopar ela...

  - Você dopou sua namorada Tony? – Perguntei o repreendendo.

  - Não é pra tanto, ela tava nervosa de mais e pra completar a Barnes chegou lá com uma história que vocês perderam um filho... – Era estranho ouvir isso e acho que minha cara transpareceu meus pensamentos. – Você não sabia?

- Fiquei sabendo há poucos minutos, nem um de nós dois sabia que ela estava grávida.

- Eu sinto muito por isso! E por favor, não a deixe assistir ao noticiário, nem você mesmo é bom assistir. A mídia está contando uma história distorcida e acho que vocês já passaram por bastante coisa. Thor e a Jane estão com a Pepper na minha casa, pedi que a fizessem companhia quando resolvi vir pra cá e que caso Pepper continuasse agitada dessem a ela o calmante.

- Você pediu? Tem certeza disso?

- Bem... Pedi a minha empregada que lhe desse um comprimido pra dor de cabeça que não era exatamente para dor de cabeça!

- Você não tem jeito! – Rimos e Sam voltou, conversamos um pouco os três e logo a noite caiu e uma enfermeira que Tony de fato subornou pra não obrigar Natasha a sair dali, pediu a eles dois que fossem embora para que eu dormisse um pouco.

- Bem, acho que a Maria se esqueceu de mim só pode...           

- Esqueci nada negão! Vamos? – Aparece ela na porta e ao ver Natasha dormindo em quando conversávamos pergunta. – Então funcionou?

- O que? – Pergunto.

- Seu amigo me ajudou com um remedinho que coloquei no café dela... - Diz apontando para Tony.

- Sério isso?

- Tava vendo à hora ela entrar em parafuso por não dormir nem comer! – Diz Maria e a olho com reprovação. – Não se preocupe, era bem fraco o problema é que ela estava cansada de mais e não conseguia se aquietar...

- Não tem problema Steve, para pessoas que passam por traumas assim é comum precisar de um calmante para dormir, geralmente a pessoa fica agitada de mais pra dormir por conta própria. – Explica Tony.

- Ainda não sei se devo agradecer ou contratar alguém pra testar a comida antes de consumir!

- Disponha! – Diz Maria e dá um sorriso genuíno que ainda não tinha presenciado, acho que ela sorria para Natasha dormindo.

Eles saem e a enfermeira se oferece para me trazer algo para comer, peço a ela apenas o leite da bandeja e tomo o copo a devolvendo.

- Se quiser posso te dar algo pra dormir... – Diz ela se referindo à medicação presa ao meu braço.

- Não obrigado! Eu estou bem! Boa noite!

- Qualquer coisa é só me chamar ok?

- Tudo bem obrigado novamente. – Ela sai me deixando a sós com Natasha, me ajeito tirando o braço de debaixo da cabeça de Natasha e a acomodei de lado, trazendo suas costas de encontro ao meu peito e pouco depois dormi também.            

...

Acordei algum tempo depois e Natasha ainda dormia, fiquei sem conseguir voltar a dormir e pensei no que Tony falou a respeito do noticiário, ao meu lado tinha o celular de Natasha, peguei e abri um site de pesquisa colocando na busca "manchetes mais recentes". Em meio a elas encontrei um que noticiava:

Seqüestro? Será mesmo ou foi só uma farsa?

Natalia Banner, casada com o renomado cientista Bruce Banner foi resgatada de uma prisão domiciliar. Refém de seu ex marido como ela alega, foi agredida e mantida em cativeiro em um casebre.... Blablabla... A grande dúvida é Natalia não estaria forçando essa situação na tentativa de se aproveitar da fortuna do cientista?

Parei de ler ao notar que a noticia passa a ser toda voltada para alegações de que Natasha havia manipulado a situação para se aproveitar de Banner.

- Quer dizer que agora eu sou a culpada em tudo isso? - Ouço Natasha falar e só então noto que ela estava acordada e também lia a manchete, apago o histórico de navegação e coloco o celular de volta no local de antes.

- A mídia nunca se importa com a verdade, o que importa a eles é ganhar dinheiro com a manchete, não deve se deixar abalar por essas baboseiras.

- Olha só essa cena se não é a coisa mais meiga que eu vou presenciar até o fim da minha vida! – Ambos olhamos para a porta, Bruce com roupa hospitalar segurando o soro e nos encarando com um sorriso desgostoso. No momento me assustei, mas logo um guarda veio atrás dele.

- Vamos logo Banner! Eu disse que deveria ir direto para o seu leito, não me desobedeça! – O policial olhou pra nós sem ter a menor idéia de quem éramos. – Me desculpem pelo incomodo! Ele esta fazendo uma terapia ocupacional para os transtornos e deve caminhar por alguns minutos, claro que com minha companhia, mas me distrai um instante. Não acontecerá novamente! – Se retira e ainda ficamos ambos calados por alguns minutos.

Ela levanta e vai até a cadeira ao lado da maca, senta lá e se serve com um copo de água logo depois me oferecendo.

- Vem, vamos dormir mais um pouco enquanto não trocam de turno e te expulsam daqui...

- Pode dormir, eu irei ficar aqui! - Ela finge me ignorar e pega uma revista a folheando, o sono que achava não ter me pega de surpresa e acabei dormindo novamente, mas agora sem sonhos. Acordei com Natasha se mexendo, ao abrir os olhos ela estava com o tronco debruçado sobre a maca usando os braços como travesseiro.

- Bom dia casal! – Ouço, logo que levanto o rosto vejo Pepper entrando acompanhada de Tony, Thor, Jane, Bucky, Wanda, Laura e Clint.

- Bom dia! – Dizemos quase ao mesmo tempo e ela ainda esfregava os olhos tentando despertar, todos começaram a entrar e a vejo se esgueirar para dentro do banheiro. Fiquei tentando me lembrar se de fato Bruce tinha aparecido na porta do quarto durante a madrugada ou eu tinha sonhado com aquilo, em ambos os casos eu estava com sérios problemas! Ela sai uns vinte minutos depois do banheiro de roupa trocada já que Pepper lhe trouxe uma bolsa com algumas coisas e logo ela começa a conversar com Pepper e Clint.

- Como você está? – Thor pergunta batendo no meu ombro com força desnecessária para quem teve um pulmão perfurado..

- Bem, mas não graças a você! - Digo com a voz esganiçada pela dor e Jane lhe dá uma tapa no braço.

- Thor ele acabou de sair de uma cirurgia, não pode dar um tapa no ombro dele assim! - Ele faz cara de inocente.

- Vocês nos deram um baita susto! – Diz Laura fazendo a conversa ficar mais aberta.

- Ainda bem que só ficou nisso, susto! – Brinca Thor e todos sorriem aos poucos eles começaram a conversar bobagens e Natasha já parecia mais com ela mesma agora, leve, brincalhona e descontraída. Uma enfermeira veio pedir silencio e por duas vezes as enfermeiras saíram sem dizer nada ao perceberem o cirurgião chefe lá.

- Stark tem muita influência pra inflar seu ego! - Diz Natasha.

Depois de horas conversando bobagens e rindo das palhaçadas de Clint todos foram embora permanecendo lá apenas Eu e Natasha, pouco depois Bucky veio e nos informou que eu havia recebido alta.

- É melhor ir lá pra casa, você não ta podendo nem ir pra cadeira de rodas sozinho cara! – Diz Bucky implicando comigo por ter que quase me carregar para a cadeira de rodas.

- Não me desafie que ainda ganho de você na queda de braço!

- Menos, por favor? – Diz Natasha vindo até mim com uma roupa limpa, ela me leva até o banheiro e me ajuda a vestir a roupa normal e tirar a bata hospitalar.

- Você virá comigo certo?

- Amanhã irei novamente visitar Foggy para ver o que faremos daqui pra frente e depois eu vou lá?

- Não faça isso...

- Não estou fazendo nada Steve! - Ela aproveita que está concentrada em me auxiliar com a roupa e tenta disfarçar. 

- Não! Você vai comigo pra casa do Bucky, não vou deixar que vá ficar em casa sozinha, ta doida? – Ela mostra-se irritada, mas fica tão linda irritada que me segurei para não sorrir. Não respondeu mais nada, mas também não se recusou a ir comigo.

Ao chegar à casa de Bucky e Wanda, somos recebidos com um jantar farto que Wanda fez e as conversas foram bem amenas talvez ainda estivessem com receio do que conversar. Algumas horas depois já no quarto de hospedes tomo um banho e me deito na cama, tudo com ajuda de Natasha.

- Me sinto um encosto... - Ela ri.

- Não sou macumbeira, então pode ficar tranqüilo! - Ela vestia roupas da Wanda já que não teve como passar em casa, até mesmo porque a casa dela agora também estava sendo investigada por conta duma história de um urso com uma câmera escondida que ela encontrou. Ela deita pouco depois a meu lado e a puxo para meu preito.

- Lembra do que te perguntei ontem antes de dormir? – A pergunto sentindo meu estomago revirar de nervosismo.

- Não, o que me perguntei ontem antes de dormir? – Ela se aconchega mais quase como se buscasse se aquecer com meu corpo. Respiro fundo e fecho os olhos antes de continuar a conversa.

- Te perguntou se gostaria de ter uma família comigo. – Abro os olhos ao sentir seu movimento, ela estava me encarando com um sorriso de lado. 

- Foi?

- Foi!

- E?

- É o que você quer? De verdade? O que espera daqui pra frente, digo... Não quero te forçar a nada, mas... - Ela ri de meu nervosismo e me interrompe.

- Calma Steve! - Ela sorri, mas então fica séria e volta a recostar a cabeça em meu peito desviando de mim o olhar. - Era o que eu queria há alguns anos atrás, foi o que me motivou a apressar as coisas e me precipitar em cada mínima decisão que tomei, não sei se faria isso novamente, pelo menos não de forma tão precipitada.

- E se não for precipitado? E se apenas... Não sei... Fossemos morar juntos... – E lá se vai o coração querendo pular fora do peito.

- Isso não já era algo certo? – Paro por um instante prendendo a respiração involuntariamente, eu entendi correto o que ela disse?Ela levanta o rosto novamente para me encarar. – A caixinha de presente, eu vi o conteúdo e a chave já está presa ao meu chaveiro, então não venha dar pra trás agora.

- Eu não sabia que tinha visto, pensei que em meio a tudo isso ela tivesse se perdido ou algo assim.

- Está comigo, na minha bolsa. – Ela sorri e me da um leve beijo que logo foi deixando de ser leve para ficar bastante caloroso. Desde que ela trocou de roupa que fiquei de certa forma evitando a admirar muito, as roupas de Wanda conseguiram ficar pequenas nela o que deixava seu corpo mais marcado que o normal. Nossos corpos tão próximos ajudavam um pouco puxo sua perna tentando fazer com que ela fique sobre mim, mas o movimento me fez soltar um gemido de dor, ela nem chegou a pesar sobre mim, mas só o esforço que fiz foi suficiente para sentir uma espada transpassando meu peito onde a costela foi quebrada.

- A costela... – Diz ele se assustando com minha reação, mas minha preocupação era em conseguir respirar devagar para amenizar a dor.

- Me perdoe amor! – Digo a vendo sentar na cama assustada, para novamente ficando praticamente imóvel como se isso fosse levar a dor embora.

- Eu vou ligar pro Stark...

- Não precisa se preocupar é só que dói um bocado... – Abre os olhos e acabo rindo da cena patética que devo estar fazendo, já que ela olhava pra mim com pavor nos olhos. – Essa cara de quem me matou? Calma! É normal que eu sinta dor com apenas alguns dias de uma cirurgia, só vamos precisar deixar as coisas mais calmas entre nós por enquanto ok?

- Você está bem mesmo? – Balanço a cabeça confirmando e a puxo levemente para voltar a se deitar em meu peito.

- Vem, vamos dormir! – Depois de um longo beijo, mas não permitindo ficar quente de mais, nos acalmamos para dormir.

...

Três meses se passaram e é chegado o momento do julgamento de Bruce, ele foi acusado por seqüestro, perseguição, e lesão corporal grave.

- Está nervosa? – Pergunto ao notar Natasha muito calada durante o percurso de carro até o tribunal.

- Não! Só um pouco preocupada! – Natasha vestia um terno cinza com saltos baixos, ela estaria sendo representada por Math, e eu testemunharia para a acusação, portanto também estava vestido formalmente com um terno e gravata.

- Com o que? – Estranhei ela dizer que estava preocupada, Bruce não tinha como escapar dessa vez. – Ele com certeza será condenado Nat, existem provas irrefutáveis de que foi ele quem cometeu os crimes, o julgamento será uma mera formalidade para impor à pena...

- Eu sei! E é isso que me preocupa...

- Não entendo!

- Betty veio me procurar ontem...

- Porque não me disse nada? Eu fiquei sabendo que ela está tentando ajudar a defesa com alegações que Bruce sofre de algum transtorno e por isso não tem total controle do que faz, se eles conseguirem isso, ele irá ficar preso por bem menos tempo e provavelmente será em um manicômio ou coisa assim...

- Ela não está errada Steve! Eu sempre soube que Bruce tinha problemas que fugiam do seu controle, eu presenciei momentos em que ele estava perfeitamente bem e em segundos de uma discórdia sobre o sabor do suco preferido ele estava com os punhos fechados como se segurasse uma ferra enraivecida. Não acredito que tudo aquilo tenha sido conscientemente planejado ou arquitetado por ele em sã consciência... – Natasha olha na direção do anel de noivado que estava ali a pouco mais de uma semana e começa a rodá-lo na circunferência do dedo anelar. Eu não pude deixar de me irritar com sua teimosia em querer defender o responsável por tanto estrago nas nossas vidas.

- Então, o que ela queria com você? - Pergunto tentando disfarçar um pouco meu incomodo.

- Que eu testemunhasse a favor dele.

- E fará?

- Não! Eu disse a ela que irei contar a verdade e que qualquer pergunta que o advogado de defesa ou acusação perguntar irei responder sem pestanejar e deixarei na mão do júri decidir o que fazer.

Fico em silencio e me atenho a estrada a nossa frente, mas Natasha percebe que não tinha ficado tão bem com a conversa, toda vez que eu pensava no nome desse cara lembrava da cena que vi ao entrar naquele casebre e imaginava um milhão de coisas que poderia ter acontecido se eu chegasse lá minutos depois. Ao pensar nisso aperto o volante deixando os nós dos dedos esbranquiçados pela excessiva força. Sinto a mão de Natasha sobre a minha em uma leve caricia, me esforço pra obter algum controle e alivio o aperto no volante. Pego a mão dela dando um beijo no dorso.

- Eu não vou apóia se é esse seu medo.

Minutos depois chegamos ao tribunal.