História Garotas Más Não Vão Pro Céu - Prologue - my story

           Jamais pensei que meu futuro seria assim. Nesta casa. Com eles. Poderia dizer que este é meu inferno particular, e talvez seja mesmo. Mas gosto de pensar que tudo é um sonho. O primeiro amor e tudo mais. Eu estou machucada, cheia de marcas e mais marcas pelo meu corpo, e todas elas doem ao ponto de me fazerem não querer mais abrir os olhos após fechá-los.  

Não que eu sinta falta de minha antiga vida, apenas sinto que todo o caos que gira em órbita em mim ainda não foi embora. Porque continuo sentido dor e angústia, e coisas que nunca experimentei antes. Amor. Será ele bom ou ruim? Eu não sei. Ah, como já sofri por este maldito sentimento. Apenas alguns dias foram suficientes para fazer com que eu me apaixonasse perdidamente por um ser assustador e sem alma. Jurei a mim mesma que conseguira descongelar o gelo que cobre seu coração, mas está cada vez mais difícil.

 As vezes sento no canto do meu quarto, abraço minhas pernas e deixo as lágrimas rolarem pelas minhas bochechas. Preciso de calmantes para conseguir dormir. O passado ainda me assombra, e agora que descobri toda a verdade de minha existência insignificante - ou nem tanto assim - não sei o que vou fazer. Lembro daquela noite com tanta claridade e detalhes que é como se estivesse acontecendo tudo novamente. Não consigo fechar os olhos sem me desesperar. 

Todos os meus demônios ainda me atormentam, consigo escutar as vozes deles em minha cabeça. Estão tão perto.  Sinto que vou desmoronar e meu mundo imperfeito vai cair sobre minha cabeça enquanto estou em prantos.                                                                                  

Quero ele ao meu lado para me acalmar, quero me perder naqueles olhos azuis e intensos como o céu e o oceano, quero tocar nos fios loiros e macios e beijar os seus lábios. Preciso dos braços dele em volta da minha cintura, ou vou cair, provavelmente do último andar de minha torre de emoções e palavras simplórias. Mas ele sempre me segurou, e agora, sem tê-lo do meu lado, fui solta e levada pelo vento. Ainda espero que ele entre pela porta e diga que me perdoa. Por todas as mentiras, por todos os dias que chorei e o preocupei, por ter gritado coisas arrogantes, cuspindo todos os sentimentos egoístas para fora de meu corpo frágil. E principalmente, por ter feito com que ele fosse fraco. Eu fui uma fraqueza. Em todos eles.

Minha vida é apenas repetição. As mesmas roupas, as mesmas pessoas, os mesmos pensamentos, o mesmo olhar cabisbaixo, a mesma dor. E a culpa é minha, porque me acostumei a monotonia. Me arrependo de muitas coisas na minha vida. Menos dele. Desisti de tanto apenas para ficar com ele e provavelmente essas foram as melhores e mais inteligentes escolhas que um dia tive a audácia de tomar. Fomos - e espero que ainda voltemos a ser - o casal mais confuso e autodestrutivo de todos, perdi a conta de quantas vezes alguém precisou me ajudar a levantar e secar minha lágrimas. Quantas vezes eu não gritei e pensei que morreria pelo vazio que sua falta me fazia. 
                 

  Queria poder sorrir sem pensar nele, dormir sem sonhar com ele. Vê-lo todos os dias e não poder tocá-lo é devastador, sinto que vou perder o ar. Minha cabeça dói com mais um abandono. 

Talvez eu tenha sido uma pessoa má. Mentiras, fugas, tudo que eu escondia. Meu passado me persegue e condena o meu presente. Garotas más não vão para o céu, mas eu prefiro ficar no inferno se for ao lado dele.

Vou contar como conheci esses seres assassinos da noite. Como minha vida foi entregue como um alimento para eles. Como sobrevivi, e achei amigos onde seriam meus piores inimigos. Como me apaixonei por um deles. E como virei a presa dos caçadores.

 Esta é a minha história. Bem-vindos ao meu inferno particular.