A sala estava silenciosa. Todos esperavam pacientemente que o mais velho se pronunciasse. O mesmo avisara pouco antes que queria os irmãos presentes para conversar, o que era estranho, pois quase nunca se falavam e muito menos a mando do loiro. Este se encontrava em pé – mais uma raridade -, com os olhos costumeiramente fechados e braços cruzados, pensando em como começar a explicar a repentina reunião.
- Então, para que tudo isso? – O mais velho dos trigêmeos perguntou, já impaciente com a demora do irmão. Afinal, ele tinha mais o que fazer, e se juntar para conversar com a “família” não era lá um de seus passatempos preferidos. Vendo o enorme suspiro do loiro, Ayato se jogou no sofá, colocando as pernas em cima de uma almofada empoeirada.
- É ela. – Shu disse apenas, fazendo todos se entreolharem. – Ela voltou. Tenho certeza.
- Impossível. – Murmurou Reiji ajeitando seus óculos. – Esta garota é muito diferente. Não pode ser ela.
- Eu tenho certeza. – O mais velho entreabriu os olhos e fitou o irmão, irritado.
- É mesmo Teddy. Shu pode sentir o sangue dela. – Kanato conversava com o urso macabro com os olhos arregalados, todos voltaram sua atenção para ele, calados, mentalmente concordando com o garoto. Então Laito desencostou-se da parede e caminhou lentamente até o centro da sala, levantando o chapéu para que pudessem enxerga-lo com clareza.
- E como explica a nova aparência dela? Isso nunca aconteceu antes. – Pouquíssimas vezes era possível o ver tão sério, mas dessa vez ele parecia entender a gravidade da situação.
- Eu não sei. – Shu olhou para o irmão por parte de mãe. – Esperava que alguém pudesse explicar.
- Espera que eu entenda essa maldição? – Reiji falou irônico. – Quem está aprisionado a ela são vocês dois.
- Ela não pode ter voltado. – Subaru pronunciou-se, atraindo a atenção dos irmãos. Ele mantinha um semblante deprimido, encostado em um pequeno móvel próximo ao enorme sofá.
- Mas as datas coincidem. – Ayato murmurou. – E o sangue dela é realmente mais doce. Claro que não posso senti-lo tão intensamente quanto o Shu, mas há uma diferença.
- Você a mordeu?! – O loiro cerrou os punhos, assustando os outros. Ele nunca se irritava, a não ser quando se tratava dela, se tinha aquela garota envolvida o loiro era capaz de qualquer coisa e não sabia se controlar. Ele bufou, e tentou se acalmar, cantando apenas em sua mente a antiga canção que ela tocava para ele no piano da sala de música.
- Calma, eu não sabia que era ela. – O ruivo se defendeu, levantando as mãos.
- E o que você pretende fazer? – Laito perguntou. – Certamente algo mudou dessa vez. – O silêncio voltou a se estabelecer no local. Os olhares variavam do albino para o loiro, indecisos de quem deveria receber mais atenção, ou de quem surtaria primeiro. Provavelmente o mais velho, que parecia estar pronto para arrancar a cabeça de alguém a qualquer momento. Não era como se ele estivesse triste pela volta dela, mas o incomodava saber que teria que passar por tudo aquilo novamente. Que ela teria de passar por aquilo. Tudo que o loiro queria nesse momento era matar o desgraçado que lhes amaldiçoou com estas vidas infinitas, mas sabia que não podia, precisava descobrir o que havia de errado, não podia se iludir achando que haveria algum tipo de erro. Aquele homem nunca errava.
- Por ora apenas não se aproximem dela. – Finalmente disse ríspido. – Ela é minha. – Seu olhar se encontrou com o de Reiji, silenciosamente os dois travavam uma guerra entre si, planejando matar um ao outro. Mas foram interrompidos pela voz cautelosa de Ayato.
- Shu, você lembra que não importa o quanto tente afastá-la ou fazê-la te odiar, ela sempre vai se apaixonar por você, não é? – Ele deu uma pausa, um pouco melodramática para o gosto do loiro e continuou. – Talvez já esteja acontecendo. – Shu ficou quieto, pensando em todas as tentativas falhas de mantê-la longe dele, de fazer com que ela sobrevivesse. Nunca dava certo. Era como um imã entre eles, uma força maior, a garota sempre voltava, não importa o que acontecesse. Foi condenada a isso.
- Hum. – O primogênito assentiu, sentindo-se derrotado, então acrescentou: - Avisem a eles. - E sumiu.
Shu.
Estava em meu quarto, deitado em minha cama escutando as melodias maravilhosas de Yo Yo-Ma. A reunião de mais cedo havia sido estressante, falar com meus irmãos em si já me deixa cansado, mas quando se trata dela é ainda pior. Ela está diferente agora, sua personalidade, sua aparência. Está triste, como se não visse mais sentido em nada, e é estranho, pois quem dava alegria a esta casa era ela. Agora seus cabelos estão da cor rosa, os olhos azuis e a pele ainda mais pálida. Para mim ainda mais bonita do que antes. Me pergunto se a morte a tornou fria como tornou a mim. Esse era meu maior medo.
Escutei a porta abrir e pude sentir sua presença, que de certa forma me acalmou. Os passos cuidadosos até o lado da minha cama e seu corpo sentando-se ao chão.
- Shu? Está acordado? – A voz ao menos era a mesma. Aquela doce voz que cantava a mais bela canção que já ouvira em toda a minha vida. Ela suspirou, pesadamente. – Sei que está... Ei, o que está acontecendo comigo? – Abri os olhos devagar e a vi sentada ao meu lado, em cima das pernas com uma postura perfeita, as mãos no formato de uma concha apoiando-se em suas coxas. Fiquei tonto com sua silhueta ainda mais bela do que me lembrava. – Faz poucos dias que cheguei aqui, mas é como se tivesse alguma coisa em você que... Não me deixa ficar longe. – Droga. – Sabe, eu te vi com aquela garota na sala de música, eu não sei porque, mas fiquei muito triste. – Pensei um pouco no que ela poderia estar falando, não lembro de... Ah! Como era mesmo o nome dela? Não sei, mas não era para Miya ter visto aquilo.
- Está estragando a música. – Disse apenas, tentando fazê-la ir embora, e talvez tenha dado certo, a menina se levantou e pude ouvir seus passos se distanciando, mas então senti um peso do outro lado da cama e abri os olhos para ver. Ela se deitara ao meu lado, fitando-me, seu cabelo rosa se espalhou pelo meu travesseiro e pude sentir o cheiro doce que eles emanavam. Seus lábios estavam entreabertos e suas bochechas vermelhas. Olhei bem para todo o corpo de Miya, as pernas uma por cima da outra, as coxas grossas e a cintura fina, os seios estavam maiores e parecia mais magra. Tão linda que nem parecia de verdade. Suspirei, levantando-me. Pude escutar seu coração acelerado diminuindo de ritmo em decepção e a respiração voltando ao normal.
- Para onde vai? – Não respondi, apenas entrei no banheiro e deixei-a sozinha em minha cama.
Miya.
Não sei o que deu na minha cabeça. Sou idiota? Foi como se algo me atraísse para perto dele, eu não tinha controle sobre minhas pernas, apenas percebi o que estava fazendo quando me deitei ao seu lado. Como um imã. Isso! Uma espécie de ligação entre nossos corpos que não me permitia ir para longe.
O que está acontecendo comigo?
Suspirei, de alguma forma exausta. Me levantei da cama e caminhei para fora do quarto, pisando lentamente tentando não fazer barulho. A casa estava como sempre silenciosa, todas as portas fechadas e apenas a luz do sol entrando pela janela.
Caminhei até o meu quarto que ficava pouco depois do de Shu, cantarolei algumas músicas e comecei a pensar em como convenceria os meninos a irem comigo para a tal festa e a deixar Nana vir aqui na mansão. Era praticamente impossível, eu havia acabado de chegar, e se eu falasse para eles que não iria fugir, que eu não quero fugir, eles nunca acreditariam. Eu realmente, definitivamente, não quero ir embora, e eu não sei porquê. Alguma coisa me prende a este lugar. Alguma coisa me prende a ele.
No fim do corredor um certo ruivo de chapéu estava parado, olhando pela janela, perdido. Ele murmurava algumas coisas e eu me aproximei devagar. O vi colocar a mão no cabelo, e abaixar a cabeça, tristemente. Algo o incomodava. Rumorejava sobre alguém, dizia que “ela” havia voltado, mas declarava seu eterno amor a pessoa com quem “falava”.
- Quem está aí? – Sua voz mudou drasticamente, assustando-me. Ficou firme e assustadora, como se a qualquer momento fosse me atacar. Me aproximei dele um pouco constrangida, e de algum modo pouquíssimo amedrontada.
- Desculpe, não era minha intenção escutar... – Primeiramente Laito permaneceu sério, mas logo abriu um sorriso, como se amasse me ver ali.
- Você não escutou muita coisa certo? – Neguei com a cabeça, rapidamente. – Tudo bem então. – Ele suspirou, de olhos fechados. - Normalmente eu te puniria, mas infelizmente fui proibido de tocar em você. – Franzi o cenho e o olhei.
- Proibido? E quem te proibiu? – Então o ruivo riu novamente e virou, apoiando os cotovelos na janela.
- Segredo.
- Ah, agora temos segredos? – Cruzei os braços, fazendo minha melhor voz de comediante, mas dava para perceber que na verdade eu estava com bastante raiva.
- Não. Eu tenho um segredo, não você. – Bufei, fazendo bico, e ele riu ainda mais. Rolei os olhos e me aproximei, ficando ao lado dele, na mesma posição. Olhei as copas das árvores extremamente verdes e bem cuidadas, vi o rio, e o cemitério da mansão. Tudo era tão mórbido e ao mesmo tampo tão bonito, é como se eu já conhecesse tudo aquilo. Não consigo explicar.
- Você gosta daqui? – Perguntei. – Quero dizer, da mansão e tudo o mais.
- Ah. – Ele deu de ombros. – Tenho algumas lembranças. – Laito me olhou. Obriguei-me a me contentar com esta resposta vaga. – E você?
- Sinceramente, eu não sei. Vocês são todos muito estranhos. – Eu ri e ele fingiu ficar ofendido. – Mas é bem melhor que o orfanato. – Estremeci, lembrando de alguns momentos ruins/péssimos que passei lá. Suspirei e deitei a bochecha na palma da mão, o sol estava se pondo e agora tinha pouca luz entrando no ambiente. – Você tá diferente hoje. Aconteceu alguma coisa? – O vampiro pensou um pouco, então balançou a cabeça e sorriu.
- Não. – Murmurei um “okay”, e decidi não tocar mais no assunto, até porque não tem nada a ver comigo. Então, como num estalo, lembrei da tal festa no sábado, e do autoconvite da Nana para se arrumar aqui em casa.
- Ei, Chapeleiro! Você soube da festa que vai rolar sábado né? – Indaguei animada, pulando para mais perto dele, que fez uma cara de surpresa.
- Ah, sim, umas garotas da escola me chamaram. Por quê?
- Bom... É que eu queria muuuuito ir. Então pensei que-
- Não. – Ele disse.
- O que?
- Eu falei que não.
- Isso eu entendi. Mas por que não? – Coloquei as mãos na cintura.
- Por que se você for vou ter que dar um de babá. Sabe, pro caso de você tentar fugir e tudo o mais. – Ele falou calmamente, levantando as sobrancelhas como se fosse óbvio.
- Não precisa não. Eu não tentaria fugir, quer dizer, meu Deus, pra onde eu iria? Assim que colocasse os pés no orfanato minha cabeça voaria. – Gesticulei bastante, e provavelmente parecia que eu daria um tapa na cara dele a qualquer momento, mas eu apenas estava nervosa. – Por favorzinho. – Implorei, com as mãos apertadas sobre o peito. Laito pareceu pensar um pouco, mas fez uma careta e negou com a cabeça.
- Não, de jeito nenhum. Ele nunca vai deixar. Se soubesse me esfolaria. – Franzi a testa.
- Quem?
- Shu.
- O que o Shu tem a ver com isso? – Perguntei irritada.
- Digamos que ele é quem está responsável por você. E sabe, ele é bem forte, prefiro não correr o risco. – O ruivo riu. – Se quiser mesmo ir, fale com meu irmãozinho. – Suspirei, derrotada. Aquele lá nunca vai me deixar ir. Droga.
- Certo. Desisto. – Laito me deu um sorrisinho e voltamos a olhar a paisagem pela janela. – É tão bonito que nem parece ser assustador. – Murmurei. – Esse lugar me traz uma sensação estranha. – O vampiro voltou o olhar para mim.
- Como assim? – Perguntou.
- Ah. – Dei de ombros. – Sei lá. Parece que eu tenho uma ligação com tudo isso... Com vocês. – Ficamos em silêncio, nos encarando, comecei a ficar constrangida pois ele não falava nada, e pensei que talvez o que eu disse tenha sido muito idiota. – Esquece. – Laito se virou, um pouco confuso.
- Tá. – Novamente nos calamos, mas aquilo não me incomodava realmente. Mesmo ficar sem falar nada com ele não me constrangia, nem era algo chato, na verdade sentia que podia ficar o dia todo apenas encostada na janela com ele. – Você está mesmo diferente. – O ruivo murmurou, provavelmente pensando alto, ainda observando o lago e as árvores.
- Ham?
- Nada. – Falou rapidamente, então apenas fiquei quieta.
Alguns minutos depois Laito disse que iria dormir, e eu falei que comeria alguma coisa. Quando nos separamos comecei a caminhar novamente pelos corredores. Ainda não estava completamente familiarizada com os caminhos da mansão, do quarto até a cozinha, da cozinha até a sala e da sala até o jardim; eu sempre acabo me perdendo. Dessa vez não foi diferente. Já estava ficando irritada por não conseguir encontrar as escadarias, mas uma porta cheia de cadeados me chamou atenção.
Escutei vozes me chamando lá dentro: “Miya... Miya.”
Involuntariamente me aproximei, as sombras se aglomeraram ao meu redor, agitadas e se debatendo. As correntes partiram-se no meio, caindo no chão. Empurrei a porta e a cada segundo tudo parecia ficar ainda mais rápido, até que tudo parou. Olhei bem para o quarto, como se tentasse memorizar cada detalhe dele, mas parecia que eu já sabia onde estava cada coisinha. Me direcionei a penteadeira, e abri a primeira gaveta. Flashes começaram a passar pela minha cabeça, bombardeando-me.
Uma garota sentada, olhando-se no espelho e penteando seus longos cabelos brancos. A pele extremamente alva e os olhos acinzentados. De repente ela parou e sorriu, ainda segurando a escova cor de rosa. Virou o olhar para a porta e alguém entrou, fazendo-a ficar cada vez mais feliz. Pude ver que era um homem, mas seu rosto estava escondido pela claridade. Conseguia sentir toda a felicidade dela se esbanjando em meu corpo. E ele disse, como a voz mais familiar possível: - Mily.
Mas depois tudo ficou escuro, o que era alegria virou tristeza, o homem agora de costas, olhava para um túmulo velho, com algumas flores mortas ao redor. Pude ver apenas leves tons de loiro em seu cabelo.
Quando consegui respirar novamente, voltei a enxergar o quarto. O ar entro em meus pulmões como se estivesse o rasgando. Olhei ao redor e não vi nada de diferente, peguei um caderno que estava dentro da gaveta, tinha uma capa grossa e marrom, com enormes letras garrafais: Diário de Mily. Mily! O nome da garota que eu vi.
Me apressei em abrir o livro antigo e empoeirado. As folhas estavam gastas e velhas, já sendo comida por algumas traças. Tossi com a enorme quantidade de poeira e tentei afastá-la com a mão. Comecei a ler uma página aleatória, escrita por uma letra bem desenhada e preta.
Hoje cantamos aquela música outra vez. Mas de repente ele ficou estranho e foi embora, mandando-me esperar no quarto. Claro que não lhe obedeci, apressei-me em descer as escadarias correndo e espiei todos os irmãos na sala de estar. Tive a maior das insatisfações ao ver aquele homem comparecido em nossa casa, senti vontade de me aproximar, mas, tive medo de me expulsarem. O escutei falar de uma garota, sobre a qual parecia guardar certo rancor, e então pronunciou-se enfurecido que a queria morta. Não entendi muito mais coisas, mas pude perceber que ninguém havia se satisfeito muito com a informação. Meu amor pareceu notar minha presença, e antes que eu pudesse ouvir pouco mais da conversa, ele levou-me ao meu quarto e trancou a porta com cadeado. Parece que foi remédio santo para minha falta de sono escrever-te, diário.
Pulei para a página seguinte, apressada e levemente assustada por não entender o que está acontecendo.
Finalmente começo a recordar-me de algumas coisas, mas nada que realmente me ajudará a descobrir o que está acontecendo comigo. Apenas sei que tem algo a ver com aquele homem e sua última visita à nossa mansão.
Dei um pulo da cadeira quando senti a presença avassaladora dos irmãos no cômodo. Fechei o livro rapidamente, fazendo subir poeira e o joguei na escrivaninha. Eles me olhavam irritados, e talvez meio melancólicos.
- Você tinha que vir logo para este quarto, Algodão-doce? – Ayato perguntou, em tom baixo e intimidador. Me encolhi e virei a cabeça.
- O que tem de mais aqui? – Indaguei, meio indecisa se deveria, pois eles pareciam bastante chateados, e sem vontade nenhuma de me dar algum tipo de explicação. Reiji pegou o diário e o colocou debaixo do braço, ajeitando seus óculos.
- Apenas não volte mais nesse quarto. Ou haverá uma punição, entendido? – Nesse momento Shu olhou para o irmão com uma cara não muito boa, e percebi que eles começariam a brigar bem ali.
- De quem era esse quarto? – Perguntei. – E esse diário? Ele fala coisas estra-
- Esqueça isso Miya. – Laito falou, rispidamente. – Não é nada demais.
- Humanos são tão curiosos, certo Teddy? – Escutei Kanato dizer para o seu urso de pelúcia, e comecei a me irritar profundamente com essa atitude infantil que ele tem. Quero saber o que eles estão escondendo de mim! Nenhum dos seis parece querer me dizer alguma coisa, é como se fosse um assunto proibido.
- Chega, vocês me cansam. – Shu se levantou do móvel em que estava encostado e caminhou lentamente até o meu lado, de olhos fechados. – Você. – Ele disse, finalmente abrindo os incríveis olhos azuis e me olhando pelo canto. – Fique longe daqui. – Estremeci com o tom autoritário com que ele falou e engoli em seco, assentindo. – Vá para o seu quarto.
- Mas-
- Sem “mas”, garota insolente, apenas obedeça às minhas ordens! – Ele me cortou, falando de modo não apenas autoritariamente, mas também aborrecido. Bufei, e saí pisando forte do quarto, deixando todas as minhas dúvidas serem novamente trancafiadas.
Não consigo entender, mas algo naquele lugar me atraia e muito, como se todas as respostas que eu preciso estivessem lá, e agora tenho a necessidade de entrar lá novamente, pois se eles não querem me explicar o que está acontecendo, descobrirei sozinha.
Vi Subaru no fim do corredor, encostado em uma parede próxima à porta do meu quarto. Ele mantinha os braços cruzados e cabeça baixa. Me aproximei dele, e as vozes e sombras de repente se calaram, como sempre acontece quando me aproximo de Shu, o que achei estranho.
- Ei. – Falei. – Precisa de alguma coisa? – O albino me olhou e deu impulso na parede para se aproximar de mim.
- O que você leu no diário? – Ele perguntou, olhando intensamente para mim, o que me deixou nervosa.
- Ahn... Nada demais... Só sobre um homem e uma conversa esquisita. – Era verdade. – Não entendi muito, vocês chegaram antes. – Disse a última parte um pouco triste, e Subaru percebeu, mas pareceu ficar aliviado, o que me deixou ainda mais intrigada.
- Ótimo. – Ele disse. – Obedeça e se afaste de lá. Para o seu bem. – Franzi a testa e coloquei as mãos na cintura, andando até a porta do meu quarto e ficando de costas para ele.
- O que tem de tão perigoso ou importante lá que vocês têm tanto medo que eu descubra? – Perguntei, provocando-o. Ele apenas virou-se para mim, com um semblante sério e um pouco chateado, então suspirou.
- Apenas seja inteligente e fique no seu canto. – Em questão de segundos o vampiro sumiu, fazendo-me bufar, odeio quando fazem isso. Entrei em meu quarto e me joguei na cama.
Preciso descobrir o que eles escondem, tenho certeza que está relacionado às coisas que acontece comigo ultimamente, e ao fato de eu não lembrar se quer do meu sobrenome. Vou descobrir esses segredos nem que seja a última coisa que eu faça.
Então eu ouvi, um sussurro em meu ouvido:
“Fique longe dele”
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