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História Garotinhas - Sr. e Sra. Borges


Escrita por: MarioNT

Capítulo 18 - Sr. e Sra. Borges


18

Sr. e Sra. Borges

 

Beatriz usa uma cópia da chave da porta da frente da mansão Borges. Ela ainda não conseguia acreditar na generosidade de Henrique ao abrigá-la junto com a filha, Maria Eduarda.

            – E aí? – o Sr. Borges estava sentado no sofá, uma coberta no colo e segurando uma garrafa.

            – Oi – Beatriz sorri para o homem. Ele não era um pedaço de um mau caminho, era a torta inteira. Ela sorri com o pensamento. – Tenho novidades. A antiga dona da casa a quer de volta. Ela vai me reembolsar.

            – Que ótimo! – Henrique levanta a garrafa, que era de um champanhe muito caro. – Vamos comemorar. Sei que os franceses bebem no café da manhã, mas resolvi esperar o fim da tarde. Aceita?

            – Claro – a senhora se senta no sofá.

            O anfitrião pega uma taça e a entrega.

            – Saiba que pode ficar o tempo que precisar.

            – Obrigada – Beatriz bebe um pouco. No céu de sua boca, ela sentiu as bolhinhas estourarem.

            – Você é muito corajosa. Cuidar de uma menina sozinha... Parabéns!

            – Eu tinha uma vida muito boa na capital.

            – Em João Pessoa? – Henrique se aproxima um pouco dela.  

            – Sim. Meu ex-marido é de lá. Éramos felizes.

            O cobertor cai do colo do Sr. Borges. Fazia um friozinho naquele anoitecer.

            – O que houve? – ele poderia estar sendo intrometido, mas a mulher quem dera abertura para perguntas.

            – Ele descobriu que a minha filha não era dele e, sim, de seu melhor amigo. – Ela encara o novo amigo. – Não pense mal de mim, por favor. Ainda estávamos namorando e tínhamos terminado.

            – Jamais. Não precisa se explicar.

            Beatriz vira a taça. Ela suspira, depois, olha para o fundo do copo.

            – Pode colocar mais um pouco? – a loira parecia uma criança pedindo um doce. Henrique sorrir com a cena.

            – Claro.

            Enquanto o homem pegava o champanhe, Beatriz analisou a casa.

            – Você também faz um bom trabalho. Cuidar de dois adolescentes.

            – Não é uma tarefa fácil.

            Quando o Sr. Borges se vira para a hóspede com a bebida, ela já estava ao seu lado. Bem próxima.

            Beatriz pega a taça com uma mão, enquanto a outra repousava na coxa dele.

            – Mas é tão satisfatória.

            Henrique não se afastou do toque da mulher, como também não investiu em mais nenhum passo. Ela podia ver com detalhes as características do rosto dele. Os cabelos negros aparados, a aparência jovem, o queixo contornado, as orelhas de ponta colada à face e os músculos dos braços evidentes...

            Um ruído a faz pular, derramando a bebida na calça de tecido do cavaleiro.

            – Meu Deus! Me desculpe, Henrique! Me descul...

            Ele coloca a mão em sua boca.

            – Shh...

            Alguém mais estava na casa.

            De novo o barulho de pratos batendo.

            Henrique pega a garrafa de champanhe e, sorrateiramente, vai para a cozinha. Beatriz o acompanha a tira cola.

            – Quem está aqui? – ele acende a luz do cômodo.

            – O que é isso, Henrique? – uma mulher de cabelo descolorido na altura do queixo fecha o fogão.

            – Angélica? – o Sr. Borges solta a garrafa no balcão.

            – Eu sei, deveria ter avisado, mas você não mudou a fechadura da casa; então, decidi entrar e preparar uns cupcakes que as crianças gostam tanto. Fazer, tipo, um café da manhã no jantar. Afinal, são tempos difíceis... – ela se vira para Beatriz. – Oi!

            – Olá, sou Beatriz. A nova vizinha de Henrique.

            A convidada estende a mão para a mãe de Fernando e Tainá.

            – Henrique? – Angélica encara o ex-marido, que cerra os punhos. – Quanta intimidade! Prazer, Angélica. Ex-esposa dele – ela aponta para o Sr. Borges.

            – Ah.

            Beatriz puxa a mão de volta ao ver que ela não seria apertada pela Sra. Borges.

            – E antes que você possa ter alguma coisa com o Sr. Borges – Angélica abre o fogão para verificar os seus bolinhos –, saiba que ele é gay.

            – O quê? – a hóspede coloca a mão na boca, abafando o grito de espanto.

            – Angélica! – Henrique soca com força o granizo da bancada.

            – Esse danado conseguiu me enganar por dezessete anos! – ela o lança um olhar de reprovação, como se estivesse magoada ao vê-lo aprontar com outra mulher. 

            O celular da antiga anfitriã da mansão Borges vibra em sua calça jeans. Ela o pega. Uma nova mensagem. Angélica a visualiza. Eu sei o que você fez. Era de um número desconhecido. A matriarca se vira de novo para o ex-marido e a nova vizinha.

            – Beatriz, vai ficar para o nosso jantar café da manhã? – ela abre a geladeira para pegar alguma coisa, ou, talvez, somente para disfarçar a tremedeira nas mãos.

            A mãe de Eduarda não a respondeu. Ela encara o homem com o qual flertara há poucos minutos. Ele estava envergonhado, fugindo de seus olhos penetrantes, porque eles diziam Você é gay? E ainda aceitou as minhas cantadas?  

 

 

 

 



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