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História Garotinhas - A carinha que mora logo ali


Escrita por: MarioNT

Capítulo 2 - A carinha que mora logo ali


O primeiro aviso que a mãe de Maria Eduarda, Beatriz, lhe deu assim que se mudaram para antiga propriedade dos Tomas foi não ligar o som muito alto para não incomodar os vizinhos. Contudo, no primeiro fim de semana em que passam na nova casa, o Sr. Borges enche a rua com as playlits do DJ que chegara antes do horário combinado para a festa. E a dona Beatriz só não ligou para a polícia de imediato porque ele fizera o favor de convidá-las para a festa na piscina, que aconteceria naquele sábado, ao fim da tarde.

            – Algum problema, mãe? – Maria Eduarda a faz pular da beira da janela, onde estava sentada. Dona Beatriz estava muito interessada nos caminhões que chegavam com barraquinhas para sanduíches e bebidas. Mesmo não podendo sentir o aroma, ela podia ver a fumaça da carne de churrasco vindo da área de lazer da mansão.

            – Nenhum, filha – ela se vira para a menina assim que se recompõe. Ela passa a mão pelo estofado da pequena escora da janela. Beatriz havia amado aquela velha construção que comprara a um preço de banana. Tinha uns defeitos, claro, mas ela cuidava aos poucos. Já até contratara alguns pedreiros para contorná-los. – Mas vai ser uma festa e tanto a dos nossos novos vizinhos.

            – Eu sei – Maria Eduarda cruza as pernas no pequeno sofá que trouxeram da antiga casa, mesmo estando de short curto. Estava sozinha em casa com a mãe, de qualquer modo. – Ontem, no shopping, só falavam nela.

            – E nós fomos convidadas...

            – Mãe, eu ainda não me decidi.

            – Ah, filha, por favor! – Beatriz corre para o sofá. – Você precisa se enturmar. E lá vai ser a sua grande chance. Imagine quantos colegas de sala vão estar lá! – ela segura as mãos da menina e as coloca junto da sua bochecha, como uma criança.

            – Mãe, fomos convidadas apenas por educação – Eduarda alisa os cabelos com luzes de Beatriz.

            – E não é assim que começa? A amizade vem depois, com a convivência – ela solta as mãos da criança. – Eu queria que você tivesse um bom recomeço.

            – Eu não estou deprimida e nem nada – Eduarda aperta as coxas da mãe. – Eu só não quero chegar logo na agitação total, entendeu, parceira? – a menina cruza os braços, como faziam os meninos, há dois anos, para parecerem maneiros.

            – Idiota – Beatriz dá um tapinha de leve na perna da filha. De um modo inconsciente e constante, se sentia culpada pelo divórcio.

            Maria Eduarda ri. Aquele sorriso descontraído com os aparelhos cor de rosa expostos e os cabelos rebeldes castanhos caindo sobre os olhos escuros.

            – Você poderia até arranjar um paquera...

            – Mãe! – Eduarda fica vermelha, mas não pára de rir. Além de mãe, Beatriz também ocupava a função de melhor amiga.

– Tente. Comigo.

            Eduarda suspira.

            – Certo.

            – Ai, que show, linda! – Beatriz pula do sofá. – Podemos ir com aqueles biquínis combinando que compramos no fim de semana que passamos com sua tia... Ou você quer ir sozinha? – ela morde o lábio inferior. Queria ir também.

            – Não. Eu quero ir com você. Combinando.

            Maria a puxa pelo braço.

– Vamos procurar os biquínis.

            Antes de sair da sala, Beatriz reparou numa mancha d’água no canto inferior da parede, próximo ao pequeno piano que herdou da avó. Deveria ser um problema num dos canos que vinham do porão. Depois que os pedreiros terminassem o trabalho no quintal dos fundos, ela pediria para eles verem aquilo. Mas onde ficava a entrada para o porão?

            Os Tomaz deveriam ser muito desorganizados. Não cuidaram bem da casa. Ela estava em péssimo estado. Se não fosse pelo estilo vitoriano, Beatriz não a compraria. Muito menos se soubesse a história do filho dos antigos proprietários da casa, Murilo, que a corretora escondeu dela.

            Se Maria Eduarda soubesse, não cruzaria as pernas nesta casa, como cruzou há pouco tempo.

 



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