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História Garotinhas - As sereias te levarão para as profundezas


Escrita por: MarioNT

Capítulo 4 - As sereias te levarão para as profundezas


4

As sereias te levarão para as profundezas

 

– Rafaela – Tainá desceu o último degrau da escada de madeira. Ela procurou estabilizar o corpo que tremia. Podia sentir suas células se sacudindo, como se fossem se separar e ela virar uma sopa. – Que surpresa!

            – Não mais que a minha – Rafaela sorria de verdade. Estava mesmo contente por estar ali. Ela estende a mão para entregar o convite a Tainá.

A anfitriã o pega. Você vai encontrar o que mais quer esta noite. O que Rafaela tanto queria? E por que encontraria logo em sua casa? Bem na hora de sua festa? Tainá volta a olhar para a intrusa.

            – Divirta-se, linda.

            Com um toque em seu ombro, ela ver a garota partir para a área de lazer. Ela não veio com um biquíni. Usava uma bermudazinha. Rafaela estava ali para encontrar a coisa, ou quem tanto queria.

            – Eu ainda descubro quem mandou o convite para ela – Tainá se vira para Bruna e Clara.

            – Aposto que alguém estava no SPA, quando ela apareceu e ouviu a conversa de vocês – Clara poderia estar certa. Entre os presentes poderia existir um agente duplo, querendo causar uma briga entre as meninas em plena festa.

            – Mas quem poderia ser? – Tainá analisa em volta. Os convidados chegavam e muitos deles eram apenas conhecidos com quem ela estudara nos anos anteriores, ou amigos com quem já saiu.

            – Vamos descobrir – Bruna abre um pequeno sorriso na pontinha da boca. Era um jogo que as meninas inventaram, quando estavam no nono ano. Elas sabiam o quanto eram odiadas pelas outras garotas do colégio e sempre que uma fofoca a respeito delas saia, elas descobririam a sua origem, contanto que trabalhassem juntas. Era o que fariam esta noite. Chamavam o jogo de Caça a bruxa.

            Bruna abre a pequena porta de correr de vidro que dava para a piscina. O sol estava se pondo e a água deveria estar numa temperatura oscilando entre o frio gostoso e o morno para relaxar.

– Onde está Carlos? – Tainá o procura em volta do saguão da casa. Ele não estava mais ali dentro.

            – Olhe para a barraquinha dos sanduíches – Clara abre um sorriso. Carlos estava sempre com fome.

            Tainá o aprecia do canto onde estava. Será que ela o amava mesmo?

 

– Dois hambúrgueres, por favor – Maria Eduarda chega à barraquinha de comida. Estava ensopada.

– Com ou sem molho, minha querida? – pergunta o cozinheiro. Ele usava o uniforme completo de um chef. Carlos achava toda aquela caracterização muito gay, o que acabava por definir muito bem o Sr. Borges.

– Um sem molho, senhor.

Carlos se aproxima mais um pouco da garota. Ela era a nova vizinha de Tainá.

– Você devia experimentar o molho dele. É perfeito.

            – Eu não gosto de molho de churrasco.

             Maria Eduarda não o olhou nos olhos. Estava com vergonha e não conhecia ninguém naquela festa.

            – Experimente este.

            Carlos pega um frasco e coloca um pouco do molho nas costas da mão, como se fosse provar. Mas ele não iria...

            Maria se vira para o garoto. Ele era muito atraente. E estava com a mão em frente a ela, pedindo para ela provar o seu molho. Não o seu. Do cozinheiro. Ela sabia que ele não era um tarado pela cara e, com certeza, pensava que ela iria tirar a pitada da mistura em sua mão com o dedo, porém, de onde ela viera não seria considerado ousadia beber a água direto da fonte. A pele dele era macia, perfeita para ser beijada. Eduarda procurou não pensar no olhar do desconhecido sobre si, ou no do cozinheiro. Muito menos no que ele diria aos seus amigos.

            – Carlos? – Maria Eduarda solta a mão do menino de vez. Era a voz de uma garota. Ela a olha. A menina era uma morena com cabelos ondulados, como os de anjos pintados nos tetos de igrejas, e tinha um olhar ríspido, como se estivesse com... ciúmes? Ela se vira para o garoto. – Venha aqui.

            A garota o puxa. Maria Eduarda nem o ouviu dizer o seu próprio nome. Talvez fosse melhor assim. A menina que o levou podia ser a sua namorada. Eduarda esperava não ter lhe trazido problemas. No entanto, agora, também tinha suas dúvidas quanto as virtudes dele. Ele lhe ofereceu a mão, praticamente pediu aquele chupão.

            – Ei, mocinha?

            Maria Eduarda dá um pulo. O cozinheiro cutucou um pouco forte demais as suas costelas.

            – Os seus sanduíches.

            Por que ele a estava olhando estranho? Se pudesse, o homenzinho com bigode postiço a chamaria de Chupona. Mas foi ele quem lhe deu uma cutucada nas costas nuas. Este tipo de comportamento, sim, seria considerado ousado em sua terra natal.

            Um toque daquele lhe deixaria marcada por um longo tempo...

            Ao pegar o prato descartável com os sanduíches, Maria Eduarda viu o de Carlos. Ele deixou o seu sanduíche pela garota. Ela deveria ser muito importante para ele.

 

– Oi, Tainá – Carlos pára assim que se afastam da barraquinha.

            Tainá se vira para o menino.

            – Quem era aquela garota? – ela parecia zangada, talvez magoada. Carlos se alegrou um pouco por dentro, mas procurou não demonstrar.

            – A sua nova vizinha – um pequeno sorriso debochado escapou de sua boca.

            – Mentira!

            Tainá se vira para a barraquinha mais uma vez. A estranha não estava mais lá.

            – Você nem a conhece e já estava de intimidade com ela.

            – Eu não esperava que ela fosse fazer aquilo!

            Ele abre os braços do mesmo jeito que fazia quando estava incomodado, precisando de ar, e nada o trazia paz. Ou nas vezes em que estava feliz. Ele era simples de um modo que não exigiria muito de ninguém, mesmo que fosse alguém íntimo.

            – Sei – Tainá o analisa um pouco. Repara nele o tamanho. Ver os seus dedos sentindo a água da piscina que caia para fora com os pulos dos convidados. Sente vontade de roçar a sua perna depilada na dele um pouco cabeluda. Ela também nota que sua pele tem mais toque macio do que temperatura. – Bem, eu quero dançar um pouco.

            Ela volta a puxá-lo pelo braço. Carlos era muito mais forte do que Tainá. Podia continuar parado e deixá-la partir. Contudo, ele queria continuar seguindo ao lado dela.

            A pequena pista de dança foi montada em forma de gazebo. Estava anoitecendo e as pequenas luzes se acendiam aos poucos. Ainda estava um pouco claro. O DJ tocava What You Wanted, do OneRepublic.

            – Ai! – ele a segura antes que pudesse cair. Tainá deslizou entre suas pernas. Roçou suas pernas nas dele. – Meu Deus, como sou desastrada!

            – Está um pouco molhado aqui. Vamos mais para o centro.

            Carlos percebe que ela insistia em manter o toque entre suas mãos. Mesmo ele já estando ali e demonstrando querer ficar.

            – Aqui.

              Ele parou próximo a um casal conhecido. Carlos queria testar se Tainá iria ficar, ou fugir. E se ficasse? Se sentiria a vontade com a situação?

 Ela colocou a sua cabeça no peito dele. As suas mãos foram parar em seu ombro. Carlos as pegou. Elas eram menores que as dele. Ele as imaginou fechando, saberia o tamanho do coração de sua amada e também constataria que a sua palma fechada seria capaz de devorá-lo. Seria também forte o bastante para protegê-lo. Indo mais além, poderia ver todos os segredos que ela guardava.

            Tainá continuou a balançar o corpo no ritmo em que as pernas de Carlos mexiam. Ele ia abrindo um caminho confuso pela multidão. Ela ia roçando a sua perna depilada na dele, que era meio cabeluda...

            Por que ela não o amava da mesma forma que ele? Tainá tinha medo? Medo de não amá-lo como ele a ama?

            – Carlos? – ela falou baixinho. A música não chegava a estar muito alta.

            – Oi – ele havia apoiado o seu queixo na cabeça dela. Será que a estava incomodando?

            – Quero nadar um pouco.

            Tainá solta as suas mãos das dele e o encara.

            – Vamos? 

            De novo, segurando a sua mão, ela o guia para o caminho que ele já aceitara ir e para onde já sabia como chegar.

Tainá só queria sentir o seu toque...

            – No três! – ela grita. Parecia estar mais barulhento na piscina.

            – Ok – Carlos gritou em resposta. O frio de início de noite batia em seu rosto.

            – Um... – ela gargalhava alto, como se estivesse tendo um ataque de pânico. Tainá esperava que a água estivesse bem fria para poder acabar com a excitação que crescia dentro de seu corpo. Sabia de onde ela vinha, mas se negava a soltar a mão dele. – Dois...! E...

            Tchibum!   

            Carlos a puxou para piscina. Ela se jogou em suas costas. Estava com medo de doer a queda para a água. Não que fosse a sua primeira vez, porém, ainda não estava preparada.

            – Seu filho da mãe! – Tainá agarrou o seu cabelo.

            –Você está louca? Solta, solta!

            Ela continuou puxando o seu cabelo. Carlos mergulhou. A água estava morna para ficar. Queria fazer com que ela perdesse o fôlego e emergisse. Ele era um ótimo nadador.

Tainá insistia em ficar. Ela foi soltando o aperto no cabelo, que ficou mais liso com o toque na água. Carlos dobrava, quando estava perto de topar com uma perna. A morena segurava o seu pescoço, mais como um abraço do que para não cair.

            Carlos se vira para ficar cara a cara com ela. Tainá não o encarava. Estava olhando para frente e, ao sentir as bolhinhas da respiração dele baterem em suas bochechas, ela o solta. Ele a viu emergir.

            Ela chegou à superfície sem mais pisar no chão da piscina, como se evitasse estar no mesmo ambiente que ele.

            Carlos pensou que ela estivesse gostando de estar em sua companhia.

            O menino foi para mais fundo. Tocou o piso da piscina. Não se importou com o fato de poderem pisoteá-lo.

            Mesmo do fundo, ele a ouviu gritar um nome.

            O nome de um garoto. Fernando.  

           



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