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História Garotinhas - Uma Sara renovada mais do mal


Escrita por: MarioNT

Capítulo 9 - Uma Sara renovada mais do mal


9

Uma Sara renovada mais do mal

 

Em Catolé do Rocha, todo mundo parece ter uma tradição de domingo. Inclusive, Clara, que sempre chega às sete na cafeteria Gold&Sweets para comprar o seu cappuccino, usando um look leve para a ocasião: uma blusinha de seda rosa com um short de tecido puxado para o jeans, sem se esquecer, contudo, da bolsinha de mão Carmem Steffens.

            Ao cruzar a portinha de madeira e vidro da cafeteria, ela escutou o doce sonzinho do sino que avisava aos funcionários que mais um cliente chegava. Aquilo a fazia lembrar das livrarias antigas que visitara com o pai, ano passado, em Londres.

– Bom dia, senhorita! – disse uma atendente bonitinha, assim que a menina se aproximou do balcão. Ela era nova ali. Desta vez, Clara teria que dizer o que queria.

            – Bom dia! – ela fica na ponta dos pés para ver se ainda tinham, na prateleira atrás do balcão, os biscoitos de morango de que tanto gostava. – Eu queria um cappuccino com muita canela e um pacote de biscoitinhos de morango.

            – Certo – a funcionária anota o pedido na caixa registradora. Ela apita e o caixa abre. – Dez reais e vinte centavos, senhorita.

            Clara abre a bolsinha e tira de lá uma nota de vinte reais. Enquanto a menina contava o troco, ela olhou em volta, procurando por alguém conhecido e, em um dos lugares mais afastados, Clara viu Rafaela Lúcio tomando um latte. Ela estava sozinha em uma mesa para três pessoas.

            – O seu pedido sairá em alguns instantes – disse a funcionária, fazendo Clara dar um pequeno pulo.

            – Em alguns instantes? – pergunta a baixinha.

            – Isso mesmo.

            – Então, quer dizer que tenho um tempinho para conversar com a minha amiga? – Clara aponta para Rafaela. A balconista sabia que ela estava pensando em voz alta, mas não pôde deixar de achar aquela situação bem estranha.

            – Fique a vontade – a menina solta um sorriso constrangido. Esperava, com todas as suas forças, que Clara não notasse e se sentisse constrangida. Ainda estava em fase de supervisão.

            Clara pega a nota fiscal e vai em direção a loira.

            – Rafa, lindona! – Clara se joga na cadeira de madeira em frente a Rafaela, como se outro alguém pudesse lhe tomar o assento. – Que surpresa encontrar você por aqui!

            – Ah, é! – Rafaela dá uma última olhada para a janela de vidro com vista para um laguinho artificial ao lado do estabelecimento. Ela parecia estar viajando. – Eu estou...

            – Eu estou horrorizada com o que aconteceu ontem na festa! – Clara levanta os olhos para o alto, usando um pouco de seu talento de atriz. Na verdade, ela não estava nem aí para a morte de Murilo. – Gostou da festa, princesa?

            Rafaela suspira. Estava muito melhor sozinha, com os seus pensamentos.

            – Estava divertida.

            – Sim! Queria te contar que quem te mandou o convite foi Lucas para me fazer ciúmes, mas tudo bem...

            – Como? – Rafaela levanta os olhos, que até agora olhavam para a embalagem do latte, como se fosse um episódio inédito de sua série favorita.

            – O idiota queria me fazer ciúmes, ficando com você na minha frente, porque ele sabe que você não vai muito com a minha cara e nem com a de Tainá.

            – Eu não tenho nada contra você e Tainá – Rafaela a encara sem ao menos piscar.

            – Tudo bem, amor! – Clara toca a mão da garota, que recua. – Tainá não está zangada com você. Ela entende.

            – Lucas não queria ficar comigo, muito menos eu com ele. Eu só fui porque pensei que...

            Rafaela pára. Clara já estava mais próxima dela, quase se debruçando na mesa para escutar qual o real motivo para ela ir a festa. O que ela tanto queria?

            – Rafa, querida!

            As duas meninas se viram para trás. O Sr. e a Sra. Lúcio estavam esperando a filha na porta. Os dois outros lugares não estavam vagos.

            – Até mais, Clara – Rafaela se levanta de vez, deixando a morena sozinha na mesa.

            Clara olha para o lago, esperando encontrar as palavras que Rafaela quase a disse. Por que ela parou de falar? Do que ela tem medo? O que tanto queria naquela festa?

            – Pedido 27! – gritou um funcionário do balcão.

            Clara pega a nota fiscal. Era o seu. Ela se levanta para pegar o seu café da manhã.

            – Aqui – ela o entrega o comprovante.

            – Certo.

            Clara parou. Reconhecia aquela voz de algum lugar. E por que raios ele não levantava o rosto?

            Ela lê o seu nome no crachá em seu uniforme.

            – Kilmer?

            Ele levanta a cabeça.

            – Porra! – o garoto soca o balcão. Clara estava se lembrando daquele rosto.

            – Eu sei quem é você – ela chega mais perto. Não tinha como se esquecer dos aparelhos azuis. – Você é o garoto que conheci na festa.

            – Sou eu sim – Kilmer estava sussurrando.

            – Você era um dos funcionários do buffet! – Clara coloca a mão na boca, mesmo que já tenha dito em voz alta o suficiente para a funcionária gatinha escutar.

            – Sim, era eu mesmo! – ele toca o braço da menina. – Por favor, não grite.

            – Não sei – ela estava se divertindo com o desespero dele. Aquela era a sua brincadeira favorita. – O que eu ganho com o meu silêncio? – ela solta o pedido de volta no balcão.

            – O meu expediente acaba na hora do almoço. Me encontre aqui em frente.

            Kilmer sai devagar, andando de costas, com medo de que Clara grite de novo e mais alto desta vez.

            – Estarei aqui. Espero que não fuja com medo.

            Ao contrário dele, ela dá as costas e sai de cabeça erguida, como se fosse a campeã de algo muito grande.

            Tainá não estava procurando uma nova amiga. Estava procurando uma nova Sara.

 

 

 



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