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História Gato de rua - Mousse de morango


Escrita por: sunriot

Capítulo 2 - Mousse de morango



 

 

Estava frio. Frio o suficiente para Tsukishima praguejar baixo ao despertar aos poucos. A chuva havia passado totalmente, mas a temperatura parecia que permaneceria baixa por mais algum tempo. Mexeu-se na cama, inconscientemente tateando o lado onde, teoricamente, estaria Kuroo. Apenas teoricamente, pois o espaço antes ocupado por ele, estava vazio, voltou a afunda o rosto no travesseiro, puxando mais a coberta.

Começou a recapitular a noite anterior, fora agradável dormir ao lado do amigo. Calma, amigo não, conhecido. Isso! Esse era um termo mais adequado. A conversa fluíra tão naturalmente que agora arrependia-se de certas coisas que havia contado à Kuroo, tipo sobre fingir machucar a perna quando criança, apenas para ter atenção do irmão e ganhar doces da mãe ou sobre ter fugido da garota que tentou o beijar quando ainda tinha 12 anos. Eram coisas vergonhosas que nunca dividia com ninguém, nem mesmo Yamaguchi que era a pessoa que conhecia há mais tempo.

– Já está com saudades de babar na minha camisa? – Kuroo apareceu repentinamente no quarto, cortando a linha de raciocínio do loiro, que ergueu o rosto rapidamente, olhando fixamente para o mais velho, o olhar desconfiado, "será que ele contará essas coisas à alguém?". – O que foi? Toma.

Só notou as grandes xícaras que Kuroo trazia quando uma delas lhe foi entregue; sentou-se na cama, a coberta ainda o envolvendo. Era chocolate quente, apressou-se em tomar o primeiro gole, queimando a ponta da língua.

– Cuidado, assim vai se machucar. – Escutou a advertência, inflando as bochechas e recebendo em troca o riso baixo do menor. – Você não parece mais tão sério como antes. Não depois de todas as coisas que contou.

– Não era você quem estava que estava congelando ontem ou estava apenas inventando mentiras por medo de um ataque de aranhas assassinas? - Mudou bruscamente o rumo da conversa, referindo-se ao fato de Kuroo estar apenas com uma regata fina e uma calça moletom folgada.

– Eu não menti, não totalmente, mas acordei há algum tempo, então passou. – Com cuidado tomou um gole do líquido quente e aparentemente muito gostoso, os olhos fixos nas ações alheias. – Vai ficar aqui hoje?

– Hm? Claro que não, quero ir para casa o mais rápido possível.

– Sério que minha companhia é tão desagradável assim?

– Não! Não é isso! Eu só não quero preocupar ainda mais meus pais. – Apressou-se em justificasse e nem ele mesmo entendeu a atitude, do que importava se Kuroo pensasse isso? Seria melhor até, não? Assim não teria que aturar o mais velho insistindo para ficar ali e iria para casa mais rápido.

– Se esse for o problema, eu liguei para sua mãe e disse à ela que você ficaria aqui até segunda. – Sorriu amigavelmente, soprando o chocolate e continuando a tomá-lo.

– Você enlouqueceu de vez ou algo assim? – Fitou o menor por cima dos óculos, descrente do que ele dissera. – E espera, como você tem o número da minha mãe?

– Vamos, Tsukki. Qual o problema em ficar aqui esse final de semana? Não nos víamos há tanto tempo... – Tentou apelar para a manha, fazendo um biquinho com os lábios, que o mais novo achou tosco, no entanto, fofo. – E eu peguei no seu celular, você deveria colocar uma senha nisso.

O olhar correu rápido para onde havia deixado o celular, descrente que o moreno havia mexido nele. "O problema é ficar só com você." Fora o primeiro pensamento de Kei, este que não fora externado, apenas deixou um suspiro alto escapar por entre os lábios, mais uma vez se dando por vencido.

– Tudo bem, eu fico. Mas o que iremos fazer nesses dias?

– Podemos sair! – A animação do moreno era quase palpável e Tsukishima não deixou isso passar, não era algo recorrente dele. – Ir ao cinema, parque, boliche, tomar sorvete.

– Não acha que isso parece mais planos de namorados? E está frio.

– Se quiser colocar um vestidinho colado, salto alto e uma peruca... – Sorriu malicioso para o amigo, fazendo este se arrepender momentaneamente de ter aceitado tão fácil ficar ali.

– Vai se foder, Kuroo. – As bochechas do loiro tomaram um tom mais rosa, não sabendo se fora raiva ou vergonha, apenas apertou a xícara entre as mãos e desviando o olhar do semelhante.

– Não sabia que você tinha tais palavras em seu vocabulário.

– Podemos chamar Akaashi? – Ignorou completamente o comentário provocativo.

– Sabe que Bokuto vem de brinde, certo?

– Infelizmente sim... – Bokuto era o tipo de gente que ele menos gostava, lembrava muito os companheiros de time, Hinata e Tanaka, sempre com o sangue quente demais, animado demais, falando alto demais. Todos os excessos que não gostava.

– Vou ligar pra eles e marcar algo.

 

 

 

 

Tsukishima terminava de arrumar a cama quando o dono do apartamento voltou ao quarto com o celular em mãos.

– Eles disseram que às sete estão chegando por aqui.

– Tudo bem.

– Vem, vamos comer. Você já deve estar com fome. – Não havia como discordar disso, principalmente com o roncar constante de seu estômago. Olhou o relógio na pequena cozinha, só então tendo ciência de como estava tarde, já passava de três da tarde, como fora dormir tanto?

Tsukishima surpreendeu-se ao saber que que fora o ex-capitão do Nekoma fizera todo o almoço e mais ainda por estar muito gostoso, nunca imaginou que ele era capaz de algo assim, ainda mais porque morava sozinho há pouquíssimo tempo, então já devia saber quando se mudou.

– Tsukki. – O mencionado ergueu o olhar com a pequena colher de sobremesa ainda na boca, era a quinta vez que pedia pra repetir a porção do mousse de morango. – Há quanto tempo o Yamaguchi gosta de você?

– Que tipo de pergunta é essa? – Colocou o copo com o pouco que ainda restava da sobremesa sobre a mesinha a sua frente.

– Impossível não notar isso, fiquei curioso. – Kuroo estava sentando em uma almofada, apenas observando o mais novo comer, ainda nem provara da sobremesa.

– Você notou errado então.

– Você também deve gostar dele...

– Ele é homem, não viaja. – Fez questão de colocar o máximo de ênfase possível no "ele", querendo deixar claro o quanto aquilo lhe parecia loucura.

– Não vejo problema algum, você por acaso vê? – A pergunta era feita de forma tão espontânea e natural, com aquele maldito sorriso sendo direcionado à si, que fez Tsukishima repensar qual seria o real problema em dois homens se relacionarem. Nunca havia destinado um minuto de sua vida para pensar nisso, relacionamento amorosos em geral não costumavam ocupar seus pensamentos, amor parecia algo complicado demais, mas parando naquele momento para pensar sobre isso, não via problemas realmente em pessoas do mesmo sexo se relacionarem, o amor já lhe parecia complicado demais para colocar uma restrição assim.

– Acho que também não vejo nada demais... – Concluiu vagamente e voltou a ter como foco de sua atenção a sobremesa antes saboreada por si, não demorando a terminar esta e colocar o copo vazio sobre a mesa, voltando o olhar para Kuroo que parecia ainda esperar por uma resposta menos indecisa. – Mas bem, o Yamaguchi gosta de uma garota, óbvio que o idiota nunca chegará nela, ele é patético quando o assunto é isso, então se quiser algo com ele, só vá em frente.

– Meu tipo é algo bem diferente do Yamaguchi. – Apoiou as mãos sobre a mesa, aproximando-se cada vez mais de Tsukishima, o rosto ficando a centímetros do semelhante e o olhar estático do loiro deixando claro a surpresa. Acabou fechando os olhos, juntamente com as mãos em punhos fortemente ao sentir a língua úmida passar pelo canto de seus lábios, contornando todo o inferior e o sugando brevemente, não aprofundando o contato e apenas voltando a se sentar em sua almofada.

– O mousse ficou mesmo muito bom, pena que você comeu tudo. – Comentou descontraído, ignorando o olhar incrédulo sobre si.

– Por que você fez isso, imbecil? Podia ter pedido pra deixar um pouco pra você. – Quase gritou tais palavras, o nervosismo evidente em seu timbre, diferente de Kuroo, ele não era acostumado com ações como aquelas, como ele podia fazer algo assim como se fosse nada? Não via o quão estranho era?

– Esqueci... – Sorriu despretensioso, pegando os pratos usados pelos jovens durante o almoço e os colocando sobre a pia. – Me ajuda a arrumar isso pra irmos à rua comprar algumas coisas pra hoje à noite, Bokuto e Akaashi falaram que trariam jogos para ficarmos em casa, certamente também dormirão aqui e Bokuto come igual um animal sem controle.

– Uhum. Eu lavo a louça, você limpa. – Levantou-se, afastando calmamente o mais velho da pia e começando a lavar as coisas sujas.

– Tudo bem... – Falou com a voz meio cantarolada, começando a pegar as coisas jogadas pelo apartamento, não que fosse desorganizado, mas também não curtia muito ficar fazendo faxina.

Kuroo prestava a atenção no comportamento do loiro enquanto lavava a louça, sua atitude havia sido imprudente e evasiva, quis pedir desculpas de imediato, mas a reação alheia não chegou próximo ao que imaginara, então ele poderia ter gostado? Não sabia, mas ficaria atento a qualquer reação estranha, não queria estragar aquilo que tinham por impulsos seus.

Tsukishima acabou tento que ajudar na limpeza, pois o mais velho limpava como uma senhora cansada, ou acabariam perdendo a hora e ele odiava esse tipo de coisa. Foram ao mercado mais próximo e fizeram algumas compras, dentre elas muitos salgados, bebidas e doce para aquela noite.



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