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História GAY - Novas Confusões (versão alternativa) - UnmAsked



Notas do Autor


*Divo-Matt usando armadura e escudo enquanto todos os leitores apontam armas e tochas para ele*
Oi, gente. Sei que todo mundo quer matar a mim e Wesley por termos demorado 8 meses e uma semana para atualizar a história (como o tempo passa rápido, nem acredito que desde o início do ano não atualizamos) e sentimos muito por isso. Diversas coisas ocuparam nosso tempo, incluindo outros projetos. Mas nós prometemos não abandonar a história e ela já está concluída. Depois deste capítulo, só mais um e... fim :(

E galera, pra quem não sabe (Wesley que me lembrou disso) hoje faz 2 anos que postei NC! Gente, dois anos e ainda não terminei essa história, chega a ser crime kkkkkk

Okay, chega de blá blá blá. Antes só quero avisar que deixei o link de uma música nas notas finais para vocês ouvirem durante uma cena lá no final do capitulo. Boa leitura :)

Capítulo 16 - UnmAsked


Derick observava o movimento na praça, sentado na sombra de uma árvore, a mesma árvore onde se assumira gay para as amigas no início do ano, após a confusão entre Tati e Caroline. Ouvia Within Temptation enquanto esperava Lionel aparecer. Ele pensava sobre tudo o que aconteceu até ali: quando chegou ao Dom Pedro I e logo fez amizade com Tati e Lizi, o estranhamento entre Kaio e ele quando foram buscar os livros para a professora, as amigas apresentando os grupinhos da turma, quando foram ao parque de diversões e se divertiram muito, a noite no pub e o acampamento de férias. E os mais especiais: seus momentos com Lucas; a primeira vez que se encontraram na roda gigante onde também cantaram Legião Urbana juntos, o primeiro beijo surpresa atrás da casa-fantasma, sua primeira transa no carro, a noite em que ambos se divertiram na boate e depois tiveram sua segunda transa, quando Lucas, no acampamento, disse que terminou com Caroline e se declarou para ele e os dois assumiram namoro.

E tudo isso se foi. As férias acabaram e as aulas retornaram, e coisas desagradáveis arruinaram esses momentos, começando pelo jantar desagradável com os pais e os sogros de ambos – que não sabiam que os filhos eram gays. Piorou mais ainda quando Derick, muito triste ao ouvir Adelaide mencionar Caroline e querer que o filho voltasse com ela, pediu a Lucas um tempo no namoro e ainda lhe deu um passe livre. Foi o maior erro de sua vida. Isso fez com que Lucas fosse atrás de Caroline novamente e o desejo de sua ex-sogra foi realizado. Mas nada disso se comparava com o que ouvira sair da boca de Lucas: “pena que eu não te amo mais”. Lembrava-se das palavras cruéis vinte e quatro horas por dia, inclusive em seus sonhos. Derick ainda sofria com o término. Ele ainda amava Lucas.

O que havia de errado com ele, afinal de contas? Por que decidiu voltar com Caroline? Seria para superar o fim do namoro? Uma vingança? Para fazer ciúmes? Ele não só o traiu, como também traiu a confiança de seus amigos. Lucas por acaso esqueceu que desde sempre Caroline torturou Tati, uma das melhores amigas de Derick? E que foi por causa dele que Tati foi agredida e que correu o risco de ser humilhada novamente diante de todo o colegial? Afinal de contas, o que Lucas viu em Caroline? Ela nem era tão bonita assim, na turma tinha garotas muito mais interessantes que ela. E Derick uma vez já se perguntou se algum dia ele chegou a amá-la, mas achava impossível alguém conseguir amar uma garota tão nojenta como ela.

Derick pensava também em Lionel. Ele era gentil, bonito, o consolou quando precisou muito. E ainda teve o beijo. Um beijo muito bom. Mas... Lionel não era Lucas. Derick sentia-se atraído por ele, mas não chegava a ser algo mais que isso. Por este motivo marcou o encontro, queria esclarecer as coisas para ele. Verificou as horas em seu celular. Estava ali esperando há quinze minutos. Além de Lionel, também esperava Tati. Ela, mais cedo, enviara-lhe uma mensagem dizendo que precisava falar com ele urgentemente, parecendo aflita. Ele perguntou o que era, mas Tati disse que só poderia explicar pessoalmente. Derick pediu que fosse encontrá-lo ali na praça.

Tati chegou antes de Lionel. Quando Derick se levantou, ela correu para os braços dele aos prantos, preocupando Derick.

- Tati, Tati, calma. Calma, amiga. – pediu, afagando suas costas – O que aconteceu?

- Foi o Kaio! Foi ele!

- Como assim? O que ele fez? – perguntou, preocupado. Ele e Tati se sentaram, a jovem parou de chorar para contar o que aconteceu entre ela e o namorado.

- Kaio me traiu, Derick.

- O quê? Não pode ser verdade.

- Mas é. E ele mesmo veio confirmar isso pra mim hoje de manhã. – disse, tirando os óculos e fungando. Ela limpou as lentes na blusa e os pôs de volta ao rosto. – Ontem eu estava indo para o estacionamento e vi ele abraçando a ex-namorada dele.

- Cricia?

- Conhece mais alguma com quem ele tenha me traído? – ela perguntou, um pouco rude – E aí ela entrou no carro dele e foi embora com ele! Ele nem sequer havia ido se despedir de mim ou... Ele hoje foi lá em casa, disse que ficou bêbado e acha que dormiu com ela. Que droga, como eu odeio ele! – gritou, voltando a chorar.

- Não acredito que ele fez isso. – Derick sussurrou.

- E por que não faria? Ele não é o único, é? – ela olhou sério para ele, e logo se arrependeu do que acabara de dizer. – Me desculpa, eu não devia ter dito isso.

- Não. Você tem toda a razão. Se Lucas, que dizia que me amava, me traiu com a ex dele, por que Kaio seria diferente? – Derick disse. Mas ele realmente não esperava isso vindo de Kaio.

- E ainda bancou o santinho dizendo que a aquela vagabunda falou pra ele que você e eu tínhamos ido juntos para a festa da Beth. Da Beth!

- E ele acreditou nisso? Ele sabe muito bem que nós não gostamos da Beth. Não seríamos idiotas de ir à uma festa na casa dela.

Tati fungou mais uma vez.

- Eu sempre desconfiei da Cricia, Derick. Desde o dia em que Lizi e eu fomos pro salão de beleza e ela veio toda simpática, com aquele papinho “estou arrependida”, “você e Kaio merecem ser felizes”, “vamos ser amigas”. Eu senti que aquilo tudo era falso. Agora tive a prova.

- Essa Cricia também é uma cretina. Também, olha com quem ela andava. – resmungou Derick. Ele também não gostava do jeitinho de Cricia e achava toda aquela simpatia dela forçada e fingida demais.

- Sinceramente, quem nesse mundo quer ficar amiga da atual namorada do ex-namorado? – Tati deu um riso triste.

- Eu sinto muito, amiga. Sei exatamente pelo que está passando. – ele apertou a mão de Tati, ela o puxou para um abraço.

- Você falou sobre isso com a Lizi? – Derick perguntou.

- Não. Não falei com ela desde que discutimos ontem. Eu a vi no jogo, ia até falar com ela, mas ela estava com a Cricia, então nem me aproximei. E você tinha que ver o modo como ela estava vestida.

- Nem quero imaginar.

- Ela estava chorando ontem.

- Chorando? Por quê?

- Não sei, Derick. Eu disse que não falo com ela desde a discussão, lembra? – Tati penteou seus cabelos com os dedos e pôs as mechas atrás das orelhas. – E como ela não procurou a mim, a melhor amiga dela, num momento em que precisava de um ombro amigo, que fosse chorar no ombro daquela vaca. Eu perdi minha melhor amiga para uma das minhas piores inimigas.

- Não diz isso, Tati. Sei que você e Lizi continuam melhores amigas. Meninos vem e vão, mas as amizades verdadeiras são pra sempre. – Derick sorriu para ela.

- Não é como nos contos de contos de fadas, não é, Coelhinho? – Tati disse, deitando a cabeça sobre o ombro dele.

- Não. Não é.

- Nem acredito que vou dizer isso, mas... sinto falta de como as coisas eram antigamente. Antes do acampamento, quando nós três não tínhamos namorados. E eu apenas sonhava que era Tatiane, a Rainha do Colegial.

Os dois deram uma risada triste.

- Acho que até eu sinto falta disso. – falou Derick – Tudo estava tão menos... complicado.

Os amigos ficaram em silêncio observando algumas crianças jogando migalhas de pão para os patos no lago. E então Lionel chegou à praça. Derick pediu licença a Tatiane e respirou fundo. Era a hora da verdade.

- Oi. – Lionel o cumprimentou, sorrindo. Derick retribuiu com um meio sorriso.

- Vem comigo, Lionel.

Os rapazes caminharam até um banco, onde poderiam conversar sem muita gente perto, e se sentaram.

- Lionel, irei direto ao ponto. Você tem sido um bom amigo pra mim. Me ajudou quando precisei e

eu sou muito grato por isso.

- Mas? – Lionel indagou, já percebendo como seria o fim daquela conversa.

- Mas... não é você quem eu amo.

Lionel olhou para baixo, chateado. Era o que ele temia.

- Você ainda ama Lucas. – ele disse, cabisbaixo.

- Sim. Eu ainda amo ele.

- Como pode ainda amar ele depois de tudo o que ele fez pra você? – Lionel ergueu a cabeça e perguntou olhando bem nos olhos de Derick.

- Eu sei o que ele me fez. Mas não posso evitar. Apesar de tudo, eu não deixei de amar ele. Lucas foi meu... primeiro amor. E continua sendo.

Lionel ficou magoado. Ele estava começando a gostar de verdade de Derick.

- Lionel, eu não quero chatear você nem nada. Eu gosto de você. Mas apenas como amigo.

Lionel ficou com um olhar triste. Esperava que após terem se beijado e ficado mais íntimos, Derick passasse a gostar dele também. Gostava dele desde a primeira vez que o viu, no acampamento de férias. Quando seu amigo Mickey começou reparar no grupinho de Derick e se interessou, inicialmente por Tatiane, ele pediu que um dos amigos fosse falar com ela para encontrá-lo e pudessem se conhecer melhor. Lionel ofereceu-se, apenas como desculpa para olhar Derick de perto e ao menos dizer um “oi”. Lionel queria pegar amizade com ele e, se tivesse sorte, ficar com ele. Os dois desejos se realizaram, mas de nada adiantaram. O rapaz estava pensando até em pedi-lo em namoro, mas Derick não lhe correspondia. Acabara de sofrer uma desilusão.

- Tenho que ser honesto com você. Você é uma boa pessoa e não merece ser enganado. – continuou Derick.

Alguns segundos de silêncio depois, Lionel diz:

- Eu sou mesmo um grande idiota, não é? – ele riu e se levantou para ir embora. Derick o seguiu e impediu que continuasse.

- Você não é idiota. É um ótimo amigo.

- “Amigo”. – Lionel repetiu. Era torturante ouvir Derick o chamando disso.

- Sim. Um amigo. É tudo o que posso te oferecer. Consegue entender isso?

Lionel olhou para Derick enquanto pensava: por quê? O que o Lucas tem que eu não tenho? Por que não o esquece? Eu posso te fazer feliz. Eu nunca trairia nem magoaria você como ele fez. Mas fazer isso seria como apelar. Então, tudo o que disse foi:

- Sim. Entendo.

Derick deu um meio sorriso e estendeu a mão para Lionel, que a apertou suavemente e aproveitou os três segundos daquele toque – já que não poderia mais segurar aquela mão outra vez.

- Eu tenho que ir agora. Preciso fazer umas coisas em casa. – falou Lionel, querendo fugir dali.

- Tudo bem. A gente se vê depois.

- Uhum. – Lionel murmurou e lhe deu as costas.

- Ei – Derick o chamou e o amigo virou-se para ele – Você é um cara muito legal. E bonito. Logo você vai encontrar alguém que goste de você.

Lionel deu um pequeno sorriso.

- Obrigado. Boa sorte, Derick. Espero que o Lucas perceba o erro que cometeu ao deixar uma pessoa tão especial como você.

E assim Lionel se foi, sem olhar para trás. Derick o observou afastando-se cada vez mais dele.

Quando voltou para Tati, ela parecia confusa. O amigo tratou logo de explicar toda a história para ela. Tati ficou chocada. Jamais imaginou que Lionel gostasse de garotos e muito menos que Derick havia ficado com ele.

- Que ano cheio de surpresas, hein? – ela murmurou.

- Pois é. E algo me diz que vem mais coisa por aí.

***

Os dois decidiram ir até uma sorveteria perto do parque e compraram dois sorvetes de casquinha, o de Tati era de chocolate e o de Derick de baunilha. Depois voltaram para o parque conversando sobre séries de TV para distraírem-se um pouco do assunto “namorados traidores”. Ao retornarem para a mesma árvore em que estavam antes, deram de cara com Lizi. Porém... a antiga Lizi! Os cabelos, anteriormente platinados, estavam de volta ao tom castanho natural; não estava usando maquiagem alguma no rosto e usava roupas simples.

- Oi, gente. – ela os cumprimentou, mas não deixou que respondessem. – Me desculpem por ter brigado com vocês. E também por ter mudado. Percebi o erro que fiz. Eu... me transformei em outra pessoa, uma pessoa que não era eu! Mas, como podem ver, eu sou eu de novo. – ela riu. – E aí? Vocês me desculpam?

Derick e Tati se entreolharam, depois olharam sério para Lizi durante alguns segundos. Ela já achava que não ia conseguir o perdão dos amigos. Mas logo eles sorriram e a abraçaram, deixando-a muito contente. O trio estava reunido outra vez.

- Eu fico muito feliz com o retorno da velha Lizi. – disse Derick a ela.

- Eu também. – Lizi respindeu. – Me sinto muito melhor agora. Principalmente porque vocês me perdoaram por ter sido tão grossa e chata ontem.

- Tranquilo. Você é chata o tempo todo, eu geralmente sou a grossa. – Tati fez piada. Lizi mostrou a língua. – E o Mickey, o que disse?

O sorriso de Lizi se desfez.

- O Mickey terminou comigo ontem, antes do jogo.

- O quê? – Derick e Tati perguntaram ao mesmo tempo? Lizi também levara um fora do namorado?

- Era por isso que eu vi você chorando ontem com a Cricia? – Tati perguntou.

A expressão de Lizi muda de triste para carrancuda.

- Sim. Por isso mesmo.

- Por que faz essa cara? – Derick perguntou.

- Tati, e o Kaio? Cadê ele? – Lizi perguntou à amiga.

- Não sei. – respondeu séria – O Kaio me...

- Você terminou com ele porque ele possivelmente te traiu, não foi?

- Como você sabe disso? – Tati perguntou de olhos arregalados, assim como Derick.

- Sei de tudo e muito mais. E vocês também precisam saber.

- Saber do quê? Para com esse suspense, menina! Ta me deixando mais ansioso que Pretty Little Liars enrolando pra revelar a identidade de -A! – Derick disse, nervoso.

- Tati, você tinha toda a razão sobre Cricia. Estava certa em desconfiar dela. O tempo todo.

- Fale o que você sabe, Lizi. – Derick pediu.

- Sei o porque de nossos namoros terem dado errado. Sei que nada do que aconteceu desde o retorno às aulas foi por acaso.

UMA HORA ANTES...

A mãe de Cricia fez o desconto para as meninas e elas saíram da loja carregando diversas sacolas de compras. Eram garotas muito materialistas, compraram muitas peças de roupas: blusas, jeans, vestidos, minissaias, shorts, meias-calças, sapatos e maquiagens. As três adoravam se exibir para todos no colégio, achando-se as garotas perfeitas e que todas as invejavam e queriam ser elas.

Ao chegarem no carro de Beth, o celular de Cricia tocou. Ela recebera uma mensagem. Ao verificar, revirou os olhos quando viu que o remetente era Lizi.

- Affe, aquela tapada me mandou uma mensagem. Disse que precisa da minha ajuda urgentemente.

- O que ela quer? – Caroline perguntou.

- Ela não disse. Mas dane-se, vou mandar essa bobona pastar agora mesmo. – falou, começando a digitar uma resposta grosseira para Lizi, mas Caroline tomou o celular de suas mãos antes que ela enviasse.

- Não, não faz isso! – Caroline digitou uma outra mensagem para Lizi – “Ta bom, amiga. Chego aí logo, logo”.

E enviou.

- Caroline, por que enviou isso pra ela? Já derrotamos os três patetas. Ou seja, não preciso mais fingir ser amiga dessa garota.

- Eu tenho ideia melhor – Caroline deu um daqueles de seus sorrisos diabólicos de quando uma ideia malvada surgia.

- Hum, fiquei curiosa. O que está tramando dessa vez? – Beth indagou.

- É o seguinte, Cricia – explicou Caroline – você vai lá na casa da demente e vê o que ela quer. Finja ser amiga dela por mais um tempinho. Assim podemos descobrir mais segredos sobre o mineiro viado e a Nerd-ladra-de-namorados. E aí a gente acaba mais com a vida deles.

- Ideia genial! – parabenizou Beth.

- Ah. – Cricia resmungou – Quer dizer que vou ter que aturar aquela chata por mais tempo? Que droga. Mas quer saber? Vai valer a pena. – as três gargalharam juntas.

As garotas entraram no carro e foram em direção à casa de Lizi cantando Make Me..., de Britney Spears, que tocava ao radio. Cricia foi deixada na esquina que dava para a rua onde Lizi morava. Andou até chegar à casa dela. Respirou fundo, preparando-se psicologicamente para aturar uma das garotas que achava mais insuportável do Dom Pedro I. Antigamente Cricia até simpatizava com Lizi, mas quando se aproximou dela fingindo ser sua amiga, achou-a muito chata e tagarela. Perguntava-se como que foi preciso a armação dela para que Mickey terminasse o namoro.

Cricia tocou a campainha e fez aquele seu sorriso de falsa amiga quando Lizi veio atendê-la.

- Amiga, olha só isso! – Cricia lhe mostrou a meia calça nova que comprara, as duas estavam no quarto de Lizi. – Você tem que ter uma dessas. Se você usar no colégio, todos os garotos vão fazer fila pra ficar com você. O Mickey vai ficar cheio de ciúmes e arrependido de ter te chutado... quero dizer, terminado com você. – ela fingiu ter ficado sem graça, mas por dentro sorria vitoriosa.

- Cricia, eu agradeço, mas não quero usar isso. E eu quero também que leve isso de volta pra loja da sua mãe. – falou Lizi, entregando-lhe a sacola com as compras que fez com ela no dia anterior.

- O quê? Você quer devolver as roupas? Elas não serviram em você? – E como serviriam, numa desengonçada como ela?, pensou maldosamente.

- Eu não quero mais essas roupas, Cricia. Não quero nada disso.

- Ah, deixa de bobeira. – riu falso novamente – Você ontem amou as roupas. É por causa do Mickey? Esquece isso, ele não gosta porque não entende nada de moda. Homens. – revirou os olhos. – Mickey tem que gostar de você pelo que você é, Lizi.

- Ele gostava. Gostava de quem eu era. Não nisso que me tornei. – disse, entristecida – Por isso que quero devolver essas que eu não usei ainda. A roupa que usei ontem no jogo também está aí, as maquiagens, tudo. Se não tiver como devolver, pode ficar.

- Se é o que você quer. – Cricia deu de ombros e pegou a sacola da mão dela. São fashion demais pra serem usadas em você mesmo. Ficariam muito cafonas em você.

- E tem mais um favor que quero te pedir.

- Qual? – Cricia perguntou. Ela estava começando a ficar impaciente e queria dar o fora dali logo.

- Então, eu liguei pro salão de beleza querendo marcar uma hora pra hoje, mas a recepcionista disse que está muito cheio lá e não tem nenhum horário disponível. Será que você poderia pintar meu cabelo?

- Não acho que precise de um retoque ainda.

- Não quero retocar. Quero tirar essa cor falsa do meu cabelo. – Lizi foi se olhar no espelho e examinou uma mecha. – Pensando bem... loiro não combina nem um pouco comigo. Onde eu estava com a cabeça? Fiquei muito estranha com essa cor. Então? Pode me ajudar a voltar a ser morena?

Cricia deu mais um sorriso falso.

- Claro. Pra que servem as amigas, não?

***

- Pra mim você estava melhor loira. – mentiu Cricia.

Lizi nada respondeu. Ela olhava sua aparência no espelho do banheiro.

- Eu tenho que ir agora, Lizi. – falou Cricia – Minha mãe pediu que eu limpasse a casa hoje. – na verdade, era uma desculpa para sumir dali.

- Tudo bem. – Lizi sorriu. – Obrigada pela ajuda, amiga.

Lizi a acompanhou até a saída. Elas se abraçaram e depois Cricia foi embora. Lizi voltou para seu quarto. Olhou-se no espelho mais uma vez e sorriu, gostando do que via: a verdadeira Lizi. Não devia ter mudado nada, ela era bonita do jeito que era. Era dessa Lizi que Mickey e seus amigos gostavam. E ela iria falar com eles agora. Precisava se desculpar e mostrar pra eles que a Lizi maluqinha e não patricinha estava de volta.

De repente, ela ouviu um som que parecia ter vindo de um celular. Verificou se era alguma mensagem no WhatsApp, mas não foi o seu. E ouviu de novo. O barulho vinha do banheiro do andar de cima, que ficava ao lado de seu quarto. Lizi foi até ali e encontrou um celular na pia. Era de Cricia. Ela deve tê-lo esquecido ali na hora em que tingia seus cabelos loiros artificiais de castanho novamente.

Lizi ficou curiosa, imaginando quem estaria enviando as mensagens. Seria algum crush? Ela pensou em ler, mas desistiu. Não podia ler as mensagens de sua amiga, era errado. Mas espera, elas eram amigas, assim como Tati e ela, que sempre liam as conversas uma da outra e ainda mandavam print. Cricia não se importaria, amigas não tem segredos. Ela deslizou o dedo pela tela – o celular de Cricia não tinha senha. As mensagens vinham de um grupo. O nome era Poderosas. Ela abriu a conversa e as mensagens foram enviadas por...

- Caroline e Beth? – indagou para si mesma. Mas como assim? Cricia disse que não falava com elas desde o trote contra Tati. Por que ela estava num grupo com as duas?

Caroline: Ainda na casa da songamonga? Kkkkkk

Beth: Pobre de você tendo que aturar essa vozinha nojenta dessa mula (emoji revirando os olhos).

Estavam falando dela? Não. Não podia ser verdade. Cricia não faria... Faria? Mas elas eram amigas. Não eram? Confusa, Lizi digitou uma mensagem fingindo ser Cricia.

Cricia: Quem é a songamonga mesmo? O_o

Caroline: Kkkkkk muito engraçado, Cris. Ou ta se fazendo de Beth? (emoji de risos)

Beth: Ei, eu to aqui, hein? To lendo isso! (emoji de muita raiva)

Caroline: Betinha, não me leve a mal, mas acho que você foi adotada. Você e Lizi são irmãs, são iguaizinhas kkkkkk

Beth: Credo não me compara com esse estrupício não! Eu, toda linda, ser parente daquela magrela? Deus me livre!! Sou muito mais linda (emoji de unhas)

Caroline: Monamour, qualquer uma, né? Aquela lá se acha porque ta loira. Ridícula.

Cris, quê que a tonta queria? Qual era a “urgência”?

Estavam mesmo falando dela! Falando mal dela pelas suas costas! E Cricia era uma delas! Por quê? Quer dizer então que a amizade era uma farsa total? Ela a chamava daquelas coisas horríveis junto aquelas duas? Lizi decidiu subir as mensagens e ver o que mais Cricia falava com aquelas duas víboras. Foi até alguns dias atrás, quando ela criou o grupo. Leu boa parte das mensagens, ficando chocada.

- Aquela falsa. – sussurrou, magoada e zangada ao mesmo tempo.

Ali dizia, resumidamente, que Cricia havia descoberto sobre Derick e Lucas, o pedido de desculpas falso à Tatiane, o plano de afastar Lizi dos amigos, Caroline chantageando Lucas, Cricia dizendo que iria embebedar Kaio e fazê-lo trair Tatiane com ela e o namoro deles acabar. Elas ainda pretendiam fazer Derick e Tatiane se desentenderem de alguma forma e ele não ter nenhum amigo no colégio para depois arruinarem sua reputação revelando a todos que ele era gay.

Caroline: Vai ficar só visualizando? Vai falar não, garota?

Lizi decidiu não ler mais nada e desligou os dados móveis do celular. Ela chorava, de tristeza e de raiva. Aquelas garotas eram muito cruéis. Ela brigou com seus melhores amigos e os três tiveram seus relacionamentos arruinados por causa delas! Por causa de três garotas fúteis e invejosas! Qual era o problema delas, afinal? Eram tão infelizes assim? Por quanto tempo duraria aquela perseguição? Mas Lizi não deixaria barato, não mesmo. Cricia, Caroline e Beth iriam pagar por terem aprontado com eles novamente. Ela correu até seu quarto e enviou uma mensagem no WhatsApp para Tati.

Tati, eu preciso falar com você! Me liga agora!

Cinco minutos se passaram e nada de Tati ficar online. Estava sem creditos no celular, até tentou ligar a cobrar para a amiga, mas a chamada não completava. Rapidamente ela enviou uma mensagem a Derick, mas ele também não a recebeu. Ela xingou alto. Correu para o primeiro andar da casa, pegou o telefone fixo e ligou para a casa de Derick. Chamou várias vezes, Lizi já estava nervosa achando que não conseguiria falar com ele, até que foi atendida.

- Alô? – era Janaina.

- Oi, tia. É a Lizi.

- Oi, Lizi, tudo bem?

- Sim. – mentiu – O Derick está?

- Não, ele saiu há alguns minutos.

Puta merda!

- Você sabe para onde ele foi?

- Acho que ele disse que ia para o parque encontrar um amigo dele.

- Ah. Muito obrigada, tia. Tchau.

- Tchau.

Lizi guardou o celular de Cricia no bolso de seu short e correu até a garagem, onde pegou sua bicicleta e foi pedalando apressadamente até o parque.

ATUALMENTE...

Tatiane e Derick estavam mudos, lendo a conversa do grupo. Quer dizer então que tudo de ruim que aconteceu foi por causa... das três falsianes promiscuas?! Caroline chantageou Lucas para que ele terminasse com Derick e voltasse com ela?! Se ela não fosse mulher, Derick acabava com a raça dela.

- Todo esse tempo eu achei que o Lucas não me amava mais. – Derick falou baixo – Mas o que ele queria era nos proteger.

- E agora eu sei que o Kaio não me traiu. Quero dizer, não intencionalmente. Foi uma armadilha. – falou Tati.

- Aquela vaca! – Derick disse alto – Gente, temos que contar ao Lucas. E ao Mickey e Kaio.

- E o que estamos fazendo aqui? Vamos à casa do Lucas logo! – Tati falou.

(ouvir musica Wherever You Will Go, do The Calling, please. Link nas notas finais)

Lizi pegou sua bicicleta e os três foram andando apressadamente até a casa de Lucas. Derick estava nervoso e ao mesmo tempo feliz, sentia vontade de chorar. Lucas o amava. Ele teve que magoá-lo para protegê-lo. Foi doloroso demais, mas havia prova de amor maior que essa?

Tatiane tentava telefonar para Kaio, mas ele não atendia. Se Kaio transou ou não com Cricia, ela agora sabia que não foi ele o culpado. Seu namoro conto de fadas não foi arruinado.

Ao chegarem à casa de Lucas, Derick sentiu seu coração bater aceleradamente, sua respiração fraca, suas pernas tremerem. Tatiane tentou mais uma vez ligar para Kaio, quase perdendo as esperanças, até que ouviu a voz dele.

- Tati?

- Kaio, eu sei de tudo! Sei que você não me traiu, foi tudo uma armação da Cricia junto com a Beth e a Caroline!

- O quê? Do que ta falando?

- Olha, é complicado. Vem até a casa do Lucas pra que a gente possa explicar?

- Casa do Lucas? Mas o que você ta fazendo aí?

- Vem logo, Kaio! Derick e Lizi também estão aqui. Vem depressa!

- Tudo bem, tudo bem. Tati?

- O quê?

- Eu te amo. Nunca faria isso com você. Eu sempre te amei.

Tati se emocionou e uma lagrima caiu de seu olho.

- Também amo você.

A ligação foi encerrada. Lizi entregou um lencinho a amiga, ela secou as lagrimas que começaram a cair. Derick e Lizi a abraçaram. Uma parte já foi resolvida. Lizi tocou a campainha e Adelaide veio atendê-los.

- Oi, Derick. Que bom vê-lo outra vez. E essas moças, quem são? – sorriu simpática.

- Lizi e Tati. – Derick as apresentou. – Lucas está?

- Sim, podem entrar.

Adelaide deu passagem para os três e eles entraram. Derick sentiu-se um pouco triste lembrando-se da última vez em que esteve naquela casa. Mas agora ele sabia que aquilo tudo que Lucas disse era falso.

- Lucas, seus amigos estão aqui! – Adelaide o chamou – Eu estou de saída, crianças. Divirtam-se.

Adelaide saiu, deixando a casa livre para os jovens. Derick respirou fundo e fechou as mãos em punhos com força. Estava muito nervoso.

- Está tudo bem, amigo? – Tati perguntou. Derick fez que sim com a cabeça.

Passos foram ouvidos de alguém que descia as escadas. Os três viram um rapaz que era desconhecido para Derick, mas que Lizi e Tati achavam já terem visto pelo colégio.

- Quem é você? – Derick perguntou.

- Sou Demian. – ele respondeu – Você é o Derick, não é? – Demian o avaliou da cabeça aos pés e deu um meio sorriso. Lucas tem bom gosto. Até eu, se fosse ele, trocaria a Caroline por esse gatinho, pensou.

- Sou a Tati, essa é a Lizi. – Tati apresentou a si e a amiga. – Você é o quê do Lucas?

- Cunhado de mentira. – Demian sorriu. – Derick, hoje é seu dia de sorte.

Antes que Derick perguntasse o que Demian sabia, mais passos de alguém descendo as escadas foram ouvidos. O coração de Derick parou uma batida ao ver Lucas. Ele estava desnudo na parte de cima, mas vestiu uma camisa sem mangas preta enquanto descia. Se encararam por cinco segundos. E então Lucas correu até ele e o agarrou pelos ombros e tomou seus lábios. Derick foi pego de surpresa. Todo o seu nervosismo foi embora ele abraçou Lucas e retribuiu o beijo, que era cheio de paixão e necessidade. Como sentiram falta do sabor dos lábios um do outro. Lizi, Tati e Demian observavam sorrindo. Sem dúvida, eles eram o melhor casal do Dom Pedro I.

Derick se sentia a pessoa mais feliz do mundo. Lucas era dele novamente. Melhor ainda: Lucas sempre foi dele.


Notas Finais


Link da música: https://www.youtube.com/watch?v=iAP9AF6DCu4

Por enquanto é isso, meus queridos. Em breve @Wesley-Thomas postará a continuação (e final T_T). E haverá uma surpresa pra vocês também.
Por favor, deixem seus comentários favoritem fic. Um beijão e até o próximo capitulo. S2


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