Quando completou seus 27 anos, Victor Nikiforov deixou a equipe de patinação russa para se dedicar aos treinos de Yuri Katsuki, um patinador do Japão que, segundo Georgi, não tinha nada de excepcional para oferecer aquela altura da carreira. Na verdade, mesmo que não estivessem mais juntos e tivessem também superado os picos de sofrimento e extrema necessidades um do outro já por um longo tempo, a repentina partida de Victor, unido ao objetivo de se dedicar ao japonês, foi o ponto final de qualquer mínimo resquício de esperança que tivesse sobrado daquele relacionamento.
Lembrou -se das vezes em que teve a dura rotina de enfrentar Victor nos ringues. Desde sua adolescência, sempre pensou que competir com Victor, sendo ele o melhor patinador da época, fosse algo surreal. Mas, estar ali, o vendo de fora daquele mundo, onde tudo começou, conseguia ser ainda pior.
Algum tempo após a partida de Victor, o rapaz se convenceu de que realmente teria que seguir adiante. Mas seu mundo sempre se resumiu a Victor e a patinação. Como a primeira opção se perdeu, agarrou-se a segunda.
Começou a namorar Anya, uma bela moça que fazia parte desse seu mundo gélido. Anya era uma experiente patinadora, que costumava competir em duplas. “ A oportunidade perfeita para recomeçar!”, pensou Georgi.
Mas o romance com a patinadora começou a ruir em poucos meses.
Como a jovem competia sempre em duplas, ficava difícil treinarem juntos, pois além de Georgi não ser o seu par, eles tinham estilos totalmente diferentes. A garota dançava coisas como “Curtindo a Vida Adoidado”, ou um “Poker Face”, temas que certamente não significavam nada para Georgi.
Fora dos ringues, tudo parecia ainda mais complicado. Anya passava horas grudada no celular, nas redes sociais falando com pessoas que Georgi nem queria saber, e quando estavam realmente juntos, era só sexo.
Por falar em sexo, foi justamente em uma noite dessas que o casal se desentendeu, dando um fim definitivo ao relacionamento.
Georgi não conseguia se adaptar ao jeito frágil que a moça se revelava na cama. Tudo era demais para ela; rápido demais, forte demais, estranho demais. Chegaram ao ponto em que, a jovem, revoltada ao ser tocada em um lugar nada convencional, dentro do relacionamento que mantinham, desferiu um forte tapa na cara de Georgi.
“ O que pensa que está fazendo, seu doente? Acha que eu sou igual aquele viado que você comia escondido por ai?”
Um tapa, por mais forte que fosse, jamais o teria machucado tanto quanto a ouvir falar daquela forma sobre Victor. A moça soube do seu passado com o patinador, Georgi tinha certeza disso, mas ela nunca havia tocado no assunto antes. Georgi teve que se conter ao máximo para não devolver a bofetada; não por ele, mas por Victor.
Depois disso, eles nem mais se falaram. A garota rapidamente arranjou um outro namorado, e Georgi voltou a sua velha solidão. Pelo menos, agora não tinha que arrastar aquele monte de mentiras que vivia com Anya.
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