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História G.E.M (Agentes Especializados em Monitoramento) - Aquela ligação


Escrita por: Mutekai

Notas do Autor


Preparem, agora vai começar a aparecer mais personagens ou dar referências a eles.
Se tiverem sugestões, deixem nos comentários, adoraria saber sua opinião.
Adoro vocês <3
Boa leitura.

Capítulo 2 - Aquela ligação


A noite foi péssima. Um carro devia estar sendo roubado, o som do alarme era ensurdecedor. Mas não foi apenas aquilo que tirou meu sono, barulhos de sirenes, pesadelos, o universo parecia conspirando contra mim. Após tortuosas horas mal dormidas, decidi enfim levantar. Era onze e meia, devia ter dormido umas dez horas, porém sentia como se fosse apenas duas. Meu corpo estava pesado, ainda sentia um desânimo tomando conta. Me levanto da cama quase que me arrastando. Ia até o banheiro, jogo uma água ao rosto. Chegava a me arrepiar de tão fria que tava a água, imagino que a noite foi fria, por sorte meu apartamento era quente. Escovava meus dentes olhando para o espelho com minha cara de cansada, era difícil ter uma vida dupla e cheia de segredos. Acho que precisava respirar um ar puro portanto começava a me arrumar. Me arrastava até o quarto, retirava minha camisola e vestia roupas íntimas. Abria o guarda roupa pensando no que vestir, não fazia ideia. Estendi a mão pegando um vestido azul claro, não era muito curto, estamos na primavera, então de dia era mais quente e a noite mais frio. Me olhava de frente para o espelho. Uma marca roxa na minha barriga já estava sumindo, bem isso foi em uma missão, onde fui enforcar um guarda e ele deu uma dolorosa cotovelada bem ali, doeu tanto, mas por sorte estava sarando. Passava a mão em cima lembrando exatamente de como foi aquele momento. Sem enrolar eu colocava o vestido, também calçava sapatilhas da mesma cor do vestido, eles davam um certo destaque aos meus olhos. Pego uma bolsinha com meu celular, tinha minha carteira dentro com um pouco de dinheiro e alguns documentos. Trancava o apartamento e coloco a chave na bolsa.

Assim que saía do prédio, cruzava a rua, caminhando na rua da biblioteca, aquela garota loira de ontem estava segurando um notbook na frente da biblioteca, esperava ela abrir? Mas sábado ela não abria. Acho que deveria avisá-la.

-Oi.. com licença.- Subia as escadas que levavam as grandes portas da biblioteca, timidamente a garota me olhava.

-O-oi.. é a moça do restaurante né?- A voz dela soava baixo, ela nunca olhava diretamente pra mim, sempre para o lado.

-Sim. Me chamo Perla e você?- Me apoiava ao encosto da escada, de frente pra ela, nunca fui muito social, mas talvez devesse mudar um pouco.

-C-Cassidy. P-prazer Perla.- Ela segurava o notbook com força, até que era fofinha com vergonha, o que acabava me fazendo sorrir.

-Está esperando a biblioteca abrir?- Perguntei olhando a porta, não havia nenhum aviso do funcionamento do local.

-Sim. E.. você não tem que trabalhar hoje? Acho que o restaurante está aberto..- Ela olhava pro restaurante, sim estava aberto, será que ela me queria longe? Isso é suspeito.

-Eu só trabalho quando a mamãe pede. Sou meio que a quebra galho. Você sabe que a biblioteca não abre hoje né?- Cruzava meus braços focando no comportamento suspeito dela.

-S-sei sim.- Percebia ela se encolher um pouco.

-Desculpe a pergunta mas.. o que faz aqui então?- Foi quando a mesma virou de costas pra mim, ela se encolhia, estava com vergonha pelo visto.

-Tava tentando pegar wi-fi, mas está desativado.. seu restaurante tem wi-fi.. tem como me dar a senha?- Ahh então era isso, ela só queria acessar a internet, devia ser daquelas nerds viciadas em vídeos do you tube.

-Bem.. é só pra clientes, se for comer no restaurante ganha uma cartela com a senha, ela muda todo dia.- Estava com um sorriso nos lábios, mal sabia ela que estava mentindo.

-Se eu pudesse até comeria lá.- Percebia um desaponto na voz dela.

-Tá sem grana né?- Olhava para o restaurante, mamãe estava no caixa, enquanto um dos meus irmãos era o garçom, estava bem movimentado hoje.

-Não.. só não posso gastar.. tenho que economizar.- Ela também olhava pro restaurante. Olhava aquela garota estranha, estava de óculos? Será que não tinha notado ontem? Havia até uma rachadura em uma das lentes.

-Nunca te vi por aqui, é nova no bairro?- Até que conversar com ela estava me fazendo esquecer de chorar e ficar lamentando do meu amorzinho ter um marido.

-Sim.. era pra eu trabalhar na tal Diamond Corp, mas parece que eles estão tratando alguns assuntos e não posso ficar lá por enquanto. Parece que eles tem um sistema de ventilação falho, eu iria planejar e consertar tudo, me disseram também sobre um projeto no subterrâneo. Minhas notas foram tão boas na faculdade que foi a única que conseguiu vaga lá.- Sentia um frio na espinha, ela ia trabalhar na Diamond Corp, talvez fosse um sinal do destino, se resolvesse o caso talvez Rose me acharia incrível e iria se separar do marido para ficar comigo, seria ótimo.

-Interessante, soube que eles fazem coisas secretamente. Só uma dúvida.. tem certeza que tem dezoito anos? Parece tão nova.. até já fez faculdade, é inacreditável sabia?- Queria arrancar mais algumas informações dela.

-Bem.. morava em uma cidade de interior, fiz um projeto de ciências fantástico, foi onde resolveram fazer uma prova comigo. Tirei nota máxima. Como exceção me deixaram fazer faculdade de tecnologia, nosso país precisava. Depois de um tempo vim fazer intercâmbio, morava no campus da faculdade, até me formar, aí vim pra cá com emprego garantido.. sem tirar que meus pais assinaram uma emancipação quando tinha 15 anos, queriam me deixar livre pra estudar.- Ela falava bem rápido, parecia se gabar de tudo aquilo, claro que no lugar dela faria o mesmo.

-É bem prodígio mesmo. Sabe arrumar ar condicionado?- Me lembrava da mamãe gritando comigo por querer que eu arrume um técnico pra arrumar o ar do restaurante, mas eles cobravam muito caro, precisa achar um que cobrasse em torno de cem dólares.

-Sei sim, até posso...- Ela já ia se exibir por causa de algo, então a cortei.

-Mamãe paga cem dólares.- Abria um sorriso, tentando parecer gentil, não era muito bom nisso.

-Pode ser.- Agora ela me olhava e também sorria. -Mas só se me deixar usar o wi-fi de lá.- Espertinha.

-Pergunta pra mamãe. Vou falar com ela, venha comigo.- Eu descia as escadas acompanhada por ela, foi quando atravessamos a rua.

Estava conversando com a mamãe em italiano, com certeza ela não entenderia nada. Mas posso dizer que ela ainda estava brava comigo, mas concordou em deixar a garota ver o problema do ar. Estava bem abafado, por sorte não havia ninguém comendo na mesa próxima, eles haviam acabado de sair. Peguei uma escada segurando para aquela baixinha analisar o problema. Ela deixava o notbook em cima da mesa.

-O motor tá na merda. Ficou muito tempo ligado, perdeu a potência.- Ela concluiu tudo isso apenas abrindo a tampa e olhando o motor? Pra mim era furada.

-Tem como arrumar?- Perguntava fingindo que acreditava nela.

-Claro, está com pouca potência pois os fios se desgastaram com o tempo e se soltaram, mas dá pra reencaixar. Me passa aquela chave ali de cabo verde.- A caixa de ferramentas era do meu irmão, mas ele deixou ela usar. Portanto passava as chaves, a garota desmontava o motor, tirava o pó com um guardanapo.

Mamãe nos apressava, precisamos daquela mesa pra atender mais clientes, pois o restaurante estava cheio e já tinha fila. Era o restaurante mais movimentado do bairro desde que abriu. Ficava analisando o que aquela garota fazia, a blusa maior que ela estava toda suja, assim como as mãos pequenas dela. Dessa vez me sentia alta, já que ela alcançava a altura do meu ombro. Finalmente ela terminou o conserto. Colocava o motor de volta. Queria dar uma risada quando não funcionou, mas ela parecia não ter acabado. Mexia em mais algumas coisas e pronto, funcionava. Foi incrível, parecia novo, nem fazia aquele barulho chato. Ela me olhava com uma cara de quem dizia “foi fácil”. A mesma estendia a mão.

-Meus cem dólares e a senha da internet.- Ia até a mamãe, novamente conversando com ela. Foi quando a mesma me abraçou, agradecendo por aquilo. Ela nunca foi muito afetiva, sabia o quanto o restaurante era importante pra ela, então entendi o motivo de felicidade dela.

Ela me deu cem dólares, foi quando levei até a garota, parecia tão feliz por ter ganhado o dinheiro. Colocava ele ao bolso do short. Pegava um balde pra limpar a sujeira na mesa e no chão, por fim ela me ajudava. Agora o restaurante estava fresco e limpo. Anotava em um papel a senha do wi-fi e entregava a ela, toda feliz ela procurava uma mesa pra sentar.

-Desculpa mas não pode ficar em uma mesa aqui. Lá fora tem um banco, pode ficar lá se não ligar.- Um pequeno desaponto vinha ao rosto dela, acredito que ela não gostava de ficar sozinha. Foi quando cedi em ir lá pra fora com ela, sentada ao banco ela mexia toda contente em seu notbook. Estava fazendo algo estranho, não parecia visitar um site.

-O que está fazendo?- Olhava aqueles códigos que ela colocava, já estava confusa.

-Apenas pegando de volta o que é meu. Hackearam meu site, eu vendia equipamentos feitos por mim, mas roubaram o domínio do site, como foi perto da minha viagem pra cá, não tive tempo de criptografar, mudar os códigos e pegá-lo de volta.- Acho que me senti tão burra, não fazia ideia do que ela estava fazendo, mas ela dizia tão confiante que acreditava.

-Então sabe projetar coisas também?- Perguntei curiosa.

-Sim.. acredita que fiz uma prancha magnética? Ela pode flutuar, é bem leve é meio que um skate evoluído, fez muito sucesso.- Pensava um pouco, acho que já vi algo do tipo na TV, com certeza não foi ela que inventou.

-Acho que isso já existe.- Tentava mostrar meus conhecimentos a ela, não gostava de parecer burra, pois entendia de muitas coisas também.

-Pff.. aquela coisa voa a poucos centímetros do chão. Minha prancha, ela voa até por cima de prédios, tem um sistema de motor que você controla com os pés a velocidade. Expliquei tudo no manual de instruções, recomendei equipamentos de segurança e paraquedas, mas não usam. O site não se responsabiliza por acidentes devido a má conduta, apenas falha mecânica.- O jeito exibido e confiante dela chega a ser até irritante, mas pensando por um lado, talvez ela se daria bem em uma agência de espiões.

-Então deve ganhar muito dinheiro com isso.- Supunha, já que parecia ser caro.

-Infelizmente o importo do governo come quase tudo. Não sei por quê, tenho que analisar algumas leis. Devo estar fazendo algo errado, algumas mercadorias não chegam, tenho que reembolsar, tá complicado, até vou fechar o site. Esses caras que hackearam passaram muitos trotes, não sei nem como vou reembolsar os compradores e pegar os culpados.- Aquilo parecia incomodar ela, pelo visto ela não tinha dinheiro para reembolsá-los.

-Não tem como provar que roubaram seu site?- Ela começava a rir.

-Claro e entregaria também que roubei ele novamente. Hackear é um cyber crime... não quero ser presa..- Ela fechava o notebook. -Um problema a menos.- Era notável um desaponto perante a isso. Se dependesse de mim, levaria ela até Rose, mostrando o que sabe fazer, mas não posso nos expor, ainda mais se ela trabalhar na Diamond Corp. Ouvia um celular tocando, foi quando a garota atendeu o dela.

-Ahh oi.. achei que trabalhasse até as duas hoje Kanya.. ahh verdade são duas horas. Consegui uns trocados, to voltando pra casa..- Ela desligava. -Tenho que ir, até mais Perla.- A mesma caminhava rápido, virando a esquina.

Dava de ombros deixando minhas costas pousadas ao encosto do banco. Mamãe não queria minha ajuda hoje, acho que foi sorte, pois meus braços doíam depois daquela escalada. Observava as pessoas passando a rua cada um entretido em sua vida pessoal, falando em seu telefone ou até mesmo com alguém próximo. Seria ótimo se alguém ligasse pra mim agora, o único problema era que apenas meus familiares tinham meu número. Acho que meu desejo foi atendido, pois estranhamente meu celular tocava. Tratava então de atender, podia ser minha mãe, mas acredito que se fosse ela teria vindo aqui, estava perto do restaurante.

-Ciao?- Estava tão eufórica que acabei falando em italiano mesmo, esperava não ser meu irmão.

-Hey.. que bom que atendeu.. esqueci de perguntar seu nome, desculpe. Sobre ontem a noite.. me perdoe estava bêbada. E.. Ciao é seu nome?- A voz do outro lado da linha perguntava, ela puxava algumas letras, com certeza não a conhecia.

-Não.. esse não é meu nome. Desculpe, mas com quem falo?- Provavelmente foi engano.

-Violetta. Tá fazendo mistério pra dizer seu nome né? Acho isso engraçado.- Ouvia ela rindo. -Vai me dizer seu nome ou vou ter que chutar?- O jeito que ela puxava um pouco a letra “r” era engraçado, parecia uma mistura de sotaque russo com de interior.

-Perla. Err.. só pra lembrar.. o que houve ontem a noite?- Queria fingir que aquela ligação era pra mim, mas acho que ela descobriria.

-Oras.. não lembra? Estava com um baita corte na testa, fui na farmácia, você ficou me secando que nossa.. aí disse que me ajudaria, disse que sabia de medicina. Mas sabia nada, eu tive que fazer os curativos em meu corte. Aí..- Por um breve momento cortei ela.

-Por que não foi a um hospital?- Ouvia ela rir ao outro lado da linha.

-Já foi a um hospital em Brooklyn tarde da noite? É pedir pra levar um tiro.- Ela tinha uma dificuldade de falar o nome do bairro, mas deixei passar. -Então.. como a farmácia é quase do lado da minha casa, foi mais seguro. Depois dos curativos você viu que eu tinha algumas bebidas, me convidou pra beber. Acabei aceitando, apesar de achar meio esquisito a oferta, sou tola mesmo. Uma garota branca não é muito comum por aqui, pensei que fosse de fora e tal. Só lembro de ter bebido pra caramba e depois você começou a me beijar. Quis tirar minha roupa mas acabei expulsando você daqui, morri de vergonha.- Ela ria novamente. -Me desse esse número, prefiro conversar melhor antes de fazer sexo no primeiro encontro. Mas me diz aí.. quer dar uma volta hoje?- Estava levemente corada, uma garota, me chamando pra um encontro? Estava na cara que não era pra mim, talvez devesse falar na cara logo.

-Pode me dizer como se lembra que sou?- Pergunto meio sem graça. Ela ficava uns minutos em silêncio.

-B-bem.. era bem branca, cabelos longos e rosa, tinha um piercing no lábio e acho que era um pouco gordinha.. não lembro bem, estava um pouco escuro..- Claro que ela iria descobrir que não era eu, olhava para o chão, nem conhecia ela, era uma boa ideia falar a verdade.

-E se eu não for quem você pensa?- Supunha pra ela, tentado prepará-la para o que eu diria depois.

-Não penso nada de você.. apenas achei que apressou um pouco as coisas. Só queria te ver de novo sabe.. ter certeza que não estava delirando.- Ouvi um suspiro do outro lado da linha.

-Está.. err.. carente?- Perguntava tentando entender o caso.

-Não é isso.. nunca tinha beijado uma mulher antes.. mas.. queria fazer de novo, agora sóbria entendes? Não quero apressar nada, entendo se não quiser, foi a única que demonstrou interesse em mim.- Ela ficava em silêncio, como eu diria a ela que ligou enganado? Talvez devesse ir ao encontro com ela.. não... era loucura.

-Desculpa Violleta, não sei se posso ajudá-la.- Engolia em seco, mas por que estava querendo aquilo?

-Está certo, não queria forçar. Por um segundo achei que tivesse ligado errado.. esse sotaque estranho.. não lembro dele. É francês?- Talvez no fundo ela sabia.

-Italiano. Bem.. era eu sim.. estava meio.. err.. meio bêbada também, perdoe meus atos. E acho que sua memória é ruim, pois não sou gordinha.- Deixava soar um tom sarcástico, ela dava uma longa risada.

-Adoro comida italiana. Sabe.. tem um restaurante italiano no bairro vizinho de Brooklyn, quer me encontrar lá? Dizem que a comida é ótima.- Era o restaurante da mamãe, com certeza, não podia ser vista com ela, ainda mais, eu não sabia se podia ser perigoso.

-Ohh não vai dar. Conhece a sorveteria Rusa?- Ela novamente ria, será que era louca?

-Pode ser, quando vamos nos ver lá?- Minha nossa, já estava nervosa, topei um encontro? Nem dava pra acreditar.

-Err... você que sabe.- Minha voz saia um pouco trêmula.

-Daqui a uma hora. Vou me arrumar.- Escutava um barulho de chave, a voz dela parecia empolgada.

-Só pra lembrar.. como é sua aparência mesmo?- Estava um tanto curiosa.

-Cabelos platinados.. vou estar de calça jeans e uma blusa lilás, que tal?- Dessa vez ela parecia ter algo na boca, suponho que segurava alguma coisa enquanto se trocava, não sou boa em decifrar essas coisas.

-Tá certo, vou estar de vestido azul claro. Até mais Violleta.-

-Até.- Ela desligava.

Segurava meu celular soltando um suspiro, porém logo batia um arrependimento. O que Rose pensaria? Queria conquistar ela.. mas ela era casada.. e.. nem conhecia ela.. foi então que mamãe se sentou ao meu lado, pegando um cigarro do maço e acendendo.

-Quello che è successo?- Ela fazia questão de deixar claro a língua nativa dela, como sempre.

-Ahh mãe, acho que estou fazendo as coisas muito erradas.- Suspirava, ela me oferecia o cigarro, não costumava fumar, mas quando ela oferecia eu fumava.

-O que está lhe incomodando? Mamma pode ajudar.- Ela pegava outro cigarro para si e ascendia.

-É errado gostar de alguém já comprometida?- Minhas palavras soavam baixo, tragava um pouco o cigarro, soltando a fumaça para o lado.

-Não é errado, mas é perda de tempo. Então gosta de um cara que tem namorada?- Como ela era direta, mesmo que não fosse exatamente o que acontecia.

-Não é bem isso.. mãe você sabe que não curto homens.. desde meus quinze anos quando me apaixonei por uma colega de classe.- Corrigia as palavras dela, foi quando a mesma dava uma risada.

-Eu sei.. só queria ter certeza que não mudou de time. Mas bem.. já ficou com algumas garotas, já namorou algumas.. o que te impede de namorar novamente, você anda tão manhosa, tão carente, está precisando de alguém minha filha.-

-Não é tão simples.. faz tempo que gosto de alguém.. mas descobri que ela é..- Mamãe me interrompia.

-Hétero...- Aquelas palavras doíam tanto, colocava até a mão no peito.

-Acho que sim.. ela tem marido.. sabe.. tinha um amor platônico por ela.- Pendia minha cabeça para o lado, apoiando ao ombro da minha mãe, ela era ótima conselheira.

-Devia esquecer ela, amores platônicos são inalcançáveis, tente descobrir o amor em outra pessoa.- Ela deitava a cabeça sobre a minha.

-Me sinto culpada.. alguém me ligou.. quis marcar um encontro.. mas foi enganado.. eu não tive coragem de falar pra ela.. mas acho que ela parecia insegura de como era.. afinal conheceu a pessoa que deu meu número quando estava bêbada.- Não foi nessa ordem, mas quis fazer certo drama pra mamãe não me achar tola.

-Não custa tentar oras, fale a verdade para ela, recomecem, vai que essa garota seja sua cara metade? Talvez consiga esquecer aquele amor platônico que tanto te abala.- Ela apagava o cigarro na parte metálica do banco, onde era usado pra apoiar as madeiras.

-Vou tentar.. tenho medo de me machucar novamente.- Também apaguei o cigarro, jogando ele na lixeira, e não é que acertei.

-Boa garota, se der errado vamos dar uma volta no shopping, que tal?- Eu sorria abraçando minha mãe, era sempre tão prestativa. -Errei.- Olhava para o lado vendo o cigarro dela no chão. Foi onde ela separou o abraço pegou o cigarro e colocou na lata de lixo. -Acredite em si Perla, sei que pode.- Ela piscava pra mim voltando ao restaurante. Está certo, eu iria no encontro.

A sorveteria não ficava muito longe dali. Olhava o grande relógio de parede que tinha na frente dela. Fazia vinte minutos que falei com Violleta no telefone. Ao entrar na sorveteria via as donas do local. Elas sempre se davam muito bem, imagino que fossem grandes amigas. Uma sempre usava uma blusa azul enquanto a outra adorava a blusa vermelha. Ambas camisas com o logo da sorveteria, era um tipo de gelo com uma chama ao redor, mas o gelo parecia intacto sem derreter, não fazia sentido algum pra mim.

-Posso lhe ajudar?- A gentil moça de azul perguntava, ela parecia ter próximo a quarenta anos, ou mais. Os cabelos grisalhos eram eminentes, mas davam certo charme a ela, talvez ela gostasse dos cabelos naquela cor.

-Estou esperando uma amiga.- Respondia a ela. -Se importa?- Percebia ela negar com a cabeça. O mais interessante era que no inverno a sorveteria vendia cachorro quente, e era um ótimo lanche, mantinham sempre um bom lucro. Confesso que tanto o cachorro quente quanto o sorvete dali eram ótimos.

Foi então que vi uma jovem bem morena, assim como as donas. Ela era bem alta, com um corpo bem atlético, ela estava de tênis, com um short, no qual aparecia suas grossas e malhadas coxas. Uma blusa esportiva coloca ao corpo e uma faixa na cabeça, estava suada.

-Mães cheguei, trouxe as compras que pediram.- Notava ela com sacolas as mãos e um fone no pescoço dela, a mesma estava de óculos escuros.

-Essa é minha filha, sempre em forma.- Comentava a moça de vermelho, ela parecia em forma também, as duas nem ligavam de se abraçar.. espera ela disse mães? Como sou lerda.. as duas eram um casal.

-Vocês duas estão suadas. Nem acredito que abraçou ela Ray.. arghh acho que precisam de um banho.- A moça de azul dizia, nunca cheguei a perguntar o nome delas, mas conhecia elas de vista.

-Não sabia que tinham clientes.- A mais jovem e mais alta olhava pra mim, a moça de vermelho pegava as sacolas.

-Me deixe te ajudar.-

-Ela só espera uma amiga.- Disse a moça de azul. Engolia em seco.

-Desculpem, não quero atrapalhar.- Olhava pela janela, geralmente o pessoal comprava sorvete e comia pela rua apenas alguns poucos comiam no local, pra mim tanto faz.

Ouvia um barulho, a pérola em meu pescoço piscava, olhava ao redor procurando um banheiro.

-Mães volto depois.- A morena corria para fora da loja, eu apenas dava de ombros.

-Err.. tem banheiro aqui?- A moça de azul apontou para o banheiro, como não notei antes, logo corria até ele. É.. lamentaria pelo encontro, mas tinha uma missão agora.


Notas Finais


Vishhh Pearl perdeu o encontro, justo na hora. Ela conheceu Violleta, será que ela é... bem segredo :v
Cassidy mostrou seu lado "se achão" agora ela consertou o ar, pode fazer bico consertando coisas :v ela tem muitos problemas pra resolver.
Como será a missão dela? Confira isso no próximo capítulo, agradeço a todos que leram.


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