História Gêmeas - Capítulo 1. Carmen Estrabão e Melody Morgado.

Capítulo 1. Carmen Estrabão e Melody Morgado.

— Tia Vero — a pequena já não tão pequena aproximou se da mais velha, que lhe sorriu de lado, simplesmente adorava aquela garota como se fosse sua filha de sangue. Viu os olhos verdes brilharem em sua direção.
— Mel — beijou o topo da cabeça da menina, acariciando as costas dela. — Ela vai ficar bem, querida.
— Eu sei, ela está em um lugar melhor agora, não é mesmo? — perguntou vendo sua mãe ao longe despejar mais uma quantidade de terra sobre o corpo da velha cachorra.
— Tem a Tauriel, ela está prenha, você pode ficar com um dos filhotes dela — Vero tentou confortar a pequena menina que se encolha em seu peito.
— Obrigada tia — agradeceu a garota.
— Agora entre, você não pode pegar um resfriado. Eu vou cuidar daquela velha ali — apontou em direção a mãe da garota, conseguindo lhe arrancar um singelo sorriso.
A garota deixou um beijo na bochecha da tia e rumou em direção a sua casa, deixando assim sua madrinha e sua mãe no quintal.
Verônica caminhou com as mãos dentro da calça social, ajustando-a ao corpo. Analisou a postura da velha amiga, aquela cachorra havia a acompanhado diversas vezes nas alegrias e nas tristezas da sua vida.
— Acho que a Mel está lidando melhor com o fato do que você — chutou um pouco de terra no pequeno amontoado.
— Ela não sabe da metade da história dessa cachorra — Lauren respondeu azeda como sempre arrancando uma risada baixa de Verônica.
— Por que não conta? — Lauren parou de mexer com a pá e então encarou por fim a amiga.
— Você veio bêbada pra minha casa de novo? — perguntou arqueando uma sobrancelha. — Lucia deveria parar de te expulsar de casa quando isso acontece, eu não posso ficar te hospedando aqui.
— Não, hoje eu estou bem sã — coçou a ponta do nariz. — E agradeço a sua hospitalidade.
— Aproveita — virou-se de costa a amiga e voltar a fazer o que vinha fazendo.
— Ela precisa saber, faz parte da história dela também, é a vida dela que está em jogo — Vero não iria desistir daquele assunto tão fácil, porque querendo ou não aquele assunto também lhe dizia respeito, ela com a sua menininha que estavam mexendo.
— Eu não lhe digo como educar a Mandy — olhou para a morena que ainda continha um sorriso de lado.
— Porque eu sou uma excelente mãe, não tem do que se preocupar, mas… — Lauren não a deixou terminar.
— Não é uma coisa tão simples assim. Não posso simplesmente acabar com tudo que construí, Verônica eu sei que ela tem o direito, mas eu sou egoísta quando se diz respeito a ela — Lauren agora com a voz um pouco mais cansada dizia a amiga.
— Você nunca teve coragem de conhecer a outra? — perguntou curiosa.
— Muita, mas Melody supri todas as minhas necessidades, eu sei que elas se parecem isso me conforta — de maneira sofrida deixou a pá por ali mesmo e rumou em direção a sua casa, limpando sua mão suja de terra em sua calça branca, arrancando uma careta de Verônica.
— Agora entendo porque ninguém consegue ficar com você — Lauren virou-se confusa. — Você é suja, palmito.

— Sinta o cheiro, olhe — Normani encarou a garota a sua frente que avaliava junto dela a pequena flor começar a desabrochar.
— É lindo, dinda — sorriu doce observando a pequena flor florescer.
— Sim, esse é só mais um dos lindos espetáculos que a natureza nos proporciona — acariciou o topo da cabeça da menina.
— Quando nós vamos acampar novamente? — pediu analisando a tia, aproximar-se dos outros vasos as regando.
— Assim que o Nick sarar da gripe nós vamos comemorar — a menina alargou ainda mais seu sorriso.
Ao longe Camila estava sentada no pequeno sofá da casa das melhores amigas, Dinah estava toda esticada encarando a amiga.
— Ela vai para o acampamento semana que vem, e eu vou pra casa dos meus pais — disse passando as mãos sobre as coxas.
— Hum, um grande avanço você está deixando a empresa, e agora vai dizer a verdade para eles? — perguntou curiosa.
— Não há verdade para contar. As sessões estão sendo ótimos, mas eu não quero reviver um passado, sem contar que não tem apenas minha vida ou a dela, e sim de outras duas pessoas.
— Por isso mesmo que necessita que seja feito — disse como se fosse óbvio, sentando sobre o sofá e encarando a amiga.
— Não é tão simples — respondeu com descaso.
— Somente porque você complica, Mila. Eu já teria resolvido isso e ido ser feliz.
— Ela quis assim — seus olhos estavam perdidos em lembranças das mais diversas, enquanto a amiga tentava entender de alguma forma qual era o problema em ter a verdade revelada.
— Ela aceitou ir ao acampamento? — referiu-se a sua afilhada.
— A princípio ela não queria me deixar só, mas então eu a convenci que estaria com os avós e a tia Sofi — respondeu.
— Ela apenas quer cuidar de você, sempre foi assim — Dinah esticou a mão sobre a da amiga lhe oferecendo um sorriso.
— E eu quero mantê-la distante de toda essa bagunça  — Camila disse.
— Mãe? Mamãe, olha! — Carmen vinha com una minhoca em mãos na direção de sua mãe.
Não contava que a mais velha tivesse medo de bichos desse tipo, quando pode ver o que a filha possuía em mãos, simplesmente apavorou-se em levantar do sofá e tentar manter-se o mais longe possível da filha, a mesma sorriu abertamente em sua direção. Dinah já do outro lado da sala, colocava suas mãos sobre a barriga e ria como se não houvesse amanhã.
Aquela não era exatamente a família que havia pedido, mas apenas ter o sorriso da sua pequena já lhe alegrava demais.