História Get It Right - Capítulo 3

Recapitulando..

POV Margarida

- Atrapalho algo?- indagou um garoto negro. Ainda mantia uma das mãos na maçaneta, enquanto a outra tratava de segurar uma mala de rodinha. Nos separamos, muito envergonhadas, mas logo voltamos ao normal.

----------

- Não! Não atrapalha não!- tratei logo de responder ele. O que tinha acabado de acontecer entre nós duas.- Tchau, Maria.- me despedi e saí do quarto.

Corri sem rumo. Aquilo não podia estar acontecendo com nós duas, principalmente comigo. Será que sou... não, não e não! Se realmente fosse, teria notado antes. Não é?

Tentava afastar esses pensamentos de todas as formas possíveis. Pensava em Paulo, mas nada adiantava. Estava tão distraída que acidentalmente trombei em um garoto loiro, um pouco mais alto que eu. Tive a impressão de já ter visto-o antes, mas ignorei.

- Desculpa.- falei, percebendo que a queda tinha trazido consequências: todos seus papéis que carregava estavam no chão agora.

- Não foi nada. Acidentes acontecem- ele falou, com um sorriso no rosto. Até então não tinha me visto.- Meu nome é Jorge. E o seu?- indagou.

- Margarida.- respondi.

- Você que é Margarida Garcia?- ele questionou surpreso, com os olhos arregalados.

- Sim. Eu mesma.- acho que a minha memória estava certa. Para ele saber meu nome, creio que já me conhecia.

- Caraca! Me falaram que você é uma das 3 mais populares do colégio!- exclamou, talvez surpreso por estar falando comigo. Creio que pensasse que eu era metida. Eu iria responder, mas escutei alguém me chamar.

- MARGARIDA.- pela voz, só podia ser Paulo. Revirei os olhos e olhei para ele. Pronto, agora iria começar com mais uma de suas crises de ciúme. Ele me encarou e se aproximou.

- Oi, Paulo.- cumprimentei-o, dando um beijo em sua bochecha. Ao ver Jorge meio desconfortável, abraçou-me pela cintura.

- Por que está falando com ele?- perguntou, franzindo a testa.- Ao menos sabe quem ele é?

- Sei, o Jorge.- respondi, normalmente.- Por quê?

- Esse garoto é um panaca!- exclamou, impaciente.

- Ei! Eu estou te ouvindo!- o loiro pronunciou-se, incomodado.

- É pra ouvir mesmo, seu imbecil que fica flertando a namorada dos outros.- Paulo gritou, partindo para cima dele. Ai meu Deus, o que eu faço agora?

- Nós só estávamos conversando, Paulo!- gritei também, mas este ignorou meu comentário.

Quando estava prestes a falar mais outra coisa, vejo alguém se aproximando. Era a diretora, com uma cara nada boa. Cutuquei Jorge e Paulo, e finalmente eles se separaram.

Estamos ferrados.

----------

POV Viviane

Fui me conformar que tinha caído em um quarto somente com meninos após um longo tempo. E não era qualquer menino não. Era ele! O garoto que tinha me tratado mal mais cedo. Tomara que ele não venha implicar comigo de novo. Dessa vez não terei argumentos para brigar com ele.

No entanto, uma coisa ainda me atormentava nessa história. Como ele sabia que meu apelido era "quatro olhos"? Teria que descobrir isso de alguma maneira, só não sei como. O bom é que terei um bom tempo para pensar sobre isso. Eu espero.

Bom, voltando ao que realmente interessa, eu fui a primeira a chegar no quarto. Já que estava sozinha, resolvi ensaiar para a tarefa da semana no Clube do Coral.

Revirei meu celular a procura de uma música que expressasse minha personalidade, mas não achava nenhuma. Caramba, conheço tão poucas músicas assim? "Calma Vivi, uma hora ou outra você acha", pensei.

Começo a cantarolar trechos de músicas aleatórias, sem perceber que alguém havia entrado no quarto. De repente, ele se aproxima de mim.

- Olá!- viro-me assustada. Meu Deus, que vergonha! Como que eu não tinha percebido ele entrando?- Qual o seu nome?- perguntou, fitando-me.

- Não tinha te visto aí..- falei, virando-me para ele.- Espera.. acho que te conheço!

- Somos do Clube do Coral!- respondeu. Ele tinha a aparência externa parecida com a minha. Usava óculos e parecia ser nerd, igual a mim.

- Ah é! Verdade.- sorri, e fui rapidamente retribuída. Confesso que fiquei encantada com o que acabou de acontecer. Eu sei, pode parecer besteira, mas pra mim não.- Meu nome é Viviane, mas pode me chamar só de Vivi. E o seu?

- Eduardo, mas pode me chamar só de Duda.- rimos.- Vi que estava cantando. Também está indecisa sobre qual música cantar?- caraca! Ele lê mentes?

- Exato. Com tudo isso, cheguei a conclusão que não tenho o mínimo de experiência musical!- olhei para baixo, envergonhada.

- Podíamos testar uma para ver se achamos inspirações!- ele propôs. Até que não seria uma má ideia. Assim poderia controlar meu nervosismo na apresentação no Clube.

- Acho uma boa ideia.- concordei.- Mas que música iremos cantar?- perguntei, voltando a procurar uma em meu celular.

- Conhece Just a Kiss, Lady Antebellum?

- Conheço, por quê?- indaguei, sem entender.

- Acho que achamos a música para cantarmos.- ele sorriu e pegou seu violão. Deus, que sorriso lindo. Sentamos em uma das camas e passamos a cantar juntos.

"Vivi:

Lyin' here with you so close to me
It's hard to fight these feelings
When it feels so hard to breathe
Caught up in this moment
Caught up in your smile

Sorri, ele sorriu de volta.

Duda:

I've never opened up to anyone
So hard to hold back
When I'm holding you in my arms
We don't need to rush this
Let's just take it slow

Ambos:

Just a kiss on your lips in the moonlight
Just a touch of the fire burning so bright
And I don't want to mess this thing up
I don't want to push too far
Just a shot in the dark that you just might
Be the one I've been waiting for my whole life
So baby I'm alright, with just a kiss goodnight

No I don't want to say goodnight
I know it's time to leave,
But you'll be in my dreams

Ele pegou em uma das minhas mãos que estava sobre a cama.

Tonight
Tonight
Tonight

Just a kiss on your lips in the moonlight
Just a touch of the fire burning so bright
No I don't want to mess this thing up
I don't want to push too far
Just a shot in the dark that you just might
Be the one I've been waiting for my whole life
So baby I'm alright, oh, let's do this right

With just a kiss goodnight
With a kiss goodnight
Kiss goodnight."

Terminamos a canção e logo ouvimos gargalhadas, provavelmente oriundas de um garoto. Olhamos para o lado e lá estava ele, rindo à toa. Thiago Moraes. Dá para acreditar?

- Que tosco! O casalzinho cantando música juntinhos, que fofinho.- zombou, continuando a rir. Espera, eu ouvi bem? Casal?

Após um longo tempo, eu finalmente descobri por que ele tinha chamado a gente de casal. Eu e Duda ainda estávámos de mãos dadas, desde aquela parte da música. Que coisa! Mais um motivo para esse mauricinho me zoar. Não só eu, mas Eduardo também.

- Quem é você?- o loiro ao meu lado perguntou ao outro garoto presente.

- Thiago Moraes, ou, se preferir, seu novo colega de quarto!- revelou, deixando Duda perplexo. Já conseguia imaginar o que passava em sua cabeça neste momento.- Espero que tenham gostado dessa agradável surpresa.- ironizou, saindo dali. Coincidentemente, outro garoto entrou no mesmo momento que Thiago saiu.

- Antes que me perguntem, eu me chamo Rubens, então esse é meu quarto, segundo a diretora.- ele apresentou-se, largando suas coisas na única cama que sobrava.

- Você não é o melhor amigo dele?- perguntei, me referindo a Thiago.- Te vi hoje mais cedo com ele.

- Brigamos quando ele descobriu que eu entrei no Clube do Coral.- falou, raivoso.- Ele diz que isso é coisa de viado.- completou, bufando.

- Esse garoto é ridículo!- Eduardo pronunciou-se, não acreditando no que tinha acabado de ouvir.

- Tenho que concordar com você.- o tal Rubens disse.- Ultimamente ele vem sendo um completo idiota.- acrescentou.

- Você disse que vai fazer parte do Clube do Coral?- perguntei.

- Não. Eu já faço.- corrigiu-me.

- Ah...- tentei me lembrar dele, mas nada me vinha na memória.

- Levei um "fora" de uma integrante hoje.- ele fez aspas com os dedos.- Creio que lembram disso.

- Eu lembro.- Duda falou, e eu concordei. A garota era Ana, uma novata.

Ficamos conversando e descobrimos várias coisas que tínhamos em comum. Achei que fossem me julgar quando eu contasse que trabalhava para sustentar minha família, mas nada disso aconteceu. É, escola. Acho que finalmente encontrei amigos de verdade.