História Get Out Alive. - On My Own.

Que época de minha vida estou passando agora não interessa muito, mesmo porque não estou feliz com ela. Mas já que é necessário para que este diário possa seguir seu curso e para que eu também possa lembrar deste "momento importante" de acordo com mamãe, vamos começar por aqui e agora.

Não que eu vá me importar bastante em saber isso, mas são dez horas da manhã e eu estou em uma das mesinhas de madeira da escola, onde os alunos frequentemente sentam para realizar suas refeições no recreio. Parece que hoje o lanche especial que mamãe me preparou foi Bentou. Eu gosto desse prato. Porém passei o dia tocando minha testa no lugar onde mamãe tocou com seus dedos. Ela disse que eu entenderia isso quando conhecesse papai. Vai saber, né? 

Papai, quase não se fala dele aqui na vila. Ao menos não quando estão cientes à minha presença. Chega a ser algo mais do que estranho. Mamãe sempre faz os mesmos discursos, que ele nos ama, partiu numa missão para nos proteger, que ele era uma ótima pessoa, entre outros elogios nem sempre tão convincentes. Mas se isso tudo fosse verdade, ele estaria aqui conosco quando precisássemos. 

Não gosto muito de me misturar e até agora não fiz muitas amizades. As crianças apenas apontam para mim sussurrando sobre "a garota Uchiha". Isso me tira do sério. Eu sou apenas Sarada, uma garota comum, exceto pelo fator de não conhecer o pai desde que ele partiu quando eu era um bebê. "Será que ela é um gênio?", "Ouvi bastante sobre seu clã. Foram todos massacrados pelo seu tio.", "Meu pai diz que o pai dela é rival de Nanadaime Hokage.", "Ela não é estranha? Típico dos Uchiha, meu pai disse.". E assim continuam, todos os sussurros diários que sou obrigada a escutar. Principalmente sobre uma tal de "Maldição de Ódio dos Uchiha."

Segunda Parte:

Hoje quando estava voltando para a sala de aula, meus óculos caíram. Um garoto loiro que passava na hora o pegou e entregou para mim enquanto os outros garotos sussurravam incentivando ele a fugir com eles. Porém ele apenas os olhou com desdém e me entregou os óculos. 

Fiquei chocada. O fitei paralisada enquanto ele abria um sorriso e estendia sua mão um pouco mais para cima com meus óculos. 

- Acho que isso é seu. - Ele disse. 

Resolvi sair do transe e então peguei meus óculos. 

- Você é a... 

- Sarada Uchiha. - Respondi rapidamente constrangida com os olhares alheios, enquanto ajeitava meus óculos. 

- Prazer, Boruto. - Ele disse e tentei esboçar um sorriso, mas escutei outra voz de trás da multidão. 

- Eu não disse que ela era estranha? - E saí correndo enquanto os outros voltavam a rir. 

- Espera! - Ouvi Boruto gritar, porém eu já estava longe e decidida.

Passei esta última aula cabisbaixa, com a cabeça entre os braços e um pouco mais pensativa do que o normal. Cada vez mais me sentia sozinha. Cada vez mais deslocada. Cada vez mais perdida. Mas apenas fiz minhas tarefas e abri meu livro Memória Ninja de Táticas Investigativas após o término.

Hoje não houve nada de tão especial. Apenas fiquei curiosa com Boruto. Quem é ele e por quê ele me ajudou? 

Talvez isso não importe muito agora. 

Estou cansada, acho que talvez seja melhor começar a anotar minhas memórias outra hora, ou amanhã. Mamãe disse que o jantar está pronto. Não quero que ela destrua a casa novamente. 

Um toque na testa, Sarada.