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História Ghost [Meanie] - Shutted Eyes.


Escrita por: changaylix

Notas do Autor


Quando você acha um ship foda e junta isso àquele plot jogado na gaveta há meses...

Bom, espero que gostem, e lembrem-se sempre: Meanie is real!

Tory Xx

Capítulo 1 - Shutted Eyes.


Há uma parte da minha infância que sempre foi como um vulto para mim, que é o período entre meus nascimento e os meus quatro anos. A maioria das pessoas não se lembra desse tempo mesmo, mas no meu caso, é um pouco diferente – eu me lembro, porém tudo parece uma memória perdida, como se nada daquilo fosse fazer algum sentido tempos depois. De fato, nunca fez, ao menos não depois do que aconteceu... De qualquer forma, prefiro não falar sobre isso agora, ou ao menos não dessa forma, sem saber se essa história poderá ser contada até o fim ou não.

Sobre minha infância – ou ao menos a parte razoavelmente boa dela – , eu nunca fui um garoto lá muito ativo, preferira sempre a companhia de um livro à de outras crianças e o silêncio de um sótão ao alarido de um playground. Estranho para um garoto de 4 anos? Talvez, mas essa fora uma coisa com a qual eu me acostumei cedo: estranheza. Aprendi a lidar com a minha quase tão cedo quanto quanto aprendi que a mente das pessoas não era o melhor lugar para se guardar segredos, e que, se possível, você deveria esconder eles até de si mesmo. Ainda assim, por vezes minha mãe tentava me fazer interagir com outros garotos e brincar um pouco com eles, até que um dia, ela parou de tentar.

Era uma tarde fria de outono, as ruas estavam pouco movimentadas de carros e como de costume, isso fazia com que ela se povoasse de crianças, em sua maior parte, munidos de carrinhos de rolimã e bicicletas. Uma dessas crianças era meu primo, cujo nome imitava o som de um gato engasgando-se e eu prefiro não me recordar qual era, com seu carrinho de lomba gasto pelo tempo de uso e suas cicatrizes nas pernas. Eu não queria ter ido lá, queria ter ficado em casa, mesmo assim, ela insistiu que eu deveria tentar. E eu fui. Temeroso, me sentei naquela pequena prancha de madeira e rezei pra qualquer Deus que eu conhecia, senti quando meu corpo curvou-se para trás com a velocidade e o ar gelado golpeando meu rosto e arrancando lágrimas dos meus olhos pequenos, mas, eu realmente não senti quando meu crânio se chocou com força contra o chão, nem quando minha pele liquefez-se contra asfalto, pois milésimos antes do acidente, eu soube o que aconteceria, e como um instinto, fechei os olhos.

Quando os abri novamente, cerca de uma dezena de pessoas estavam ao meu redor, e, ajoelhada aos meus pés, minha mãe, que soluçava, murmurando “Abra os olhos, Wonnie, fique aqui com a mamãe”. Eu sacudi a cabeça, zonzo, e ela sorriu, e me abraçou como se eu fosse o último paraquedas em um avião em queda. Na época, eu ainda não sabia que aviões caíam,  também não sabia do quão doloroso podia ser sequer imaginar a pessoa que você ama simplesmente deixando de existir para sempre em questão de segundos. Ela perguntou se eu estava sentindo dor, e eu respondi que não. Então eu olhei para minhas mãos e joelhos. Estavam sangrando. Foi como se uma pontada me atingisse naquele instante e eu gritei. Agora doía.

Depois daquele dia, nunca mais cheguei perto de carrinhos de lomba ou de garotos com cicatrizes nos joelhos – mesmo que agora eu fosse um – , e também, aprendi uma lição importante: o que os olhos não vêem, o coração não sente. Se eu não tivesse olhado, não teria sentido, e não teria doído, ainda que as cicatrizes inevitavelmente fossem aparecer com o tempo. Eu aprendi a fechar os olhos quando a dor se torna uma certeza.

Mesmo depois de alguns eventos que me fizeram abandonar essa máxima, a vida sempre acabou trazendo de volta a mim a necessidade de praticar o dogma novamente, o que fez com que eu nunca de fato abandonasse meu velho truque. Agora, porém, eu me sentia frio. Com meus olhos fechados, era carregado em uma maca na velocidade da luz por um corredor de hospital, médicos gritavam por passagem e meu coração gritava por respostas. Por quê? Eu não sei, amigo, eu não sei.

Embalado a um movimento semelhante ao daquele carrinho de rolimã, eu me sentia caindo ladeira abaixo, mas mantinha os olhos fechados, pois compreendia: assim como a vida e o amor, a morte também tem suas formalidades, e uma delas, era o clássico filme. Sem passá-lo, ela não poderia te levar, então, eu não deixava que ela me mostrasse quem eu fui, me mantendo a criar dentro de mim mesmo um alguém diferente, quem sabe até um pouco melhor, confundindo-a a cada instante. A única coisa que me machucava – não doía, mas feria por dentro sem piedade – era o fato de que, melhor ou pior, tanto fazia, os meus caminhos sempre terminariam me levando ao mesmo ponto de colisão.

Mingyu.

Naquele momento, eu só me perguntava uma coisa: será que o filme das nossas vidas é capaz de nos mostrar quem nunca fomos capazes de ver?

Porque eu o vi, naquele último instante, antes da queda, da colisão, há algumas horas atrás, eu o vi. E eu soube que era ele pelos olhos tristes, de quem sabe que não fez o suficiente. Mesmo nunca tendo o visto, eu soube que era ele. Mesmo não sabendo se ficaríamos juntos em breve, se as coisas mudariam ou se tudo não passara de um sonho.

Porque ele era a minha vida, e era por isso também que agora o meu coração gritava insistentemente – que eu descumprira a nossa promessa, que não fora capaz de manter meu juramento.

Em que ponto deixei que ele passasse a significar tudo para mim?


Notas Finais


E aí? Gostaram? Se sim, comentem aí, divulquem pra caralho e favoritem!

Por hoje era isso, mas dependendo do feedback, eu já tenho o segundo capítulo pronto, viu?


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