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História Laços Sombrios - Um Livro Aberto


Escrita por: daemyrax

Notas do Autor


Yoo, olha quem voltou.
Bom pessoal, como eu estive tempo demais fora não vou enrolar vocês aqui, então até as notas finais. Estarei explicando minha ausência, boa leitura.
Xoxo ♡

Capítulo 12 - Um Livro Aberto


Fanfic / Fanfiction Laços Sombrios - Um Livro Aberto

 

Sakura

 

Os primeiros raios de sol atravessaram a vidraça da janela trazendo uma quentura suave sobre minha pele, abri os olhos com uma certa dificuldade por conta do latejar forte em minha cabeça. Eu tentava pensar em como fora parar em meu quarto, sendo que a última cena que me veio a mente foi de uma aberração dizendo que eu corria perigo. Pensando melhor, eu realmente deveria estar pirando, enlouquecendo geral.

Meus cabelos se rebelavam para todos os lados quando cambaleei até a suíte. Depois de um banho rápido, vesti o tradicional suéter preto da Shodleine ainda tentando entender a suposta aparição da tarde anterior, na verdade eu procurava uma resposta para tudo. Aquela moça, ela poderia ocupar perfeitamente o lugar da moça em meus sonhos, os cabelos claros, olhos..

Descendo a escadaria para o saguão, avistei Kabuto, que fora rápido em abrir um sorriso, ele descia como de costume corredor à baixo rumo ao laboratório lembrando-me do castigo, demorado e tedioso castigo. Teria de ser rápida aquela manhã pois a semana de provas se aproximava e de acordo com minhas teorias, minhas notas iam de mau a pior. Apressei-me ao passar pelos portões da cantina, a escola naquela manhã estava até movimentada demais.

Konan e seu grupo no logo se mostraram, mas dessa vez não fora suas roupas ousadas ou salto bico fino de provavelmente trinta centímetros que chamaram atenção e sim madeixas negras quanto a noite. Aquele homem, ele era familiar até demais, uma camiseta preta de botões subia até o pescoço cobrindo o cós da calça também preta, aquele homem não era um aluno qualquer, mas por mais que forçasse minha mente a lembrar a única coisa em que pensava era sobre sua semelhança com Sasuke, eles eram parentes? Nem em Nova Zelândia aquilo poderia ser negado.

Sentei-me concentrada em tomar meu café, eu certamente necessitava de uma boa dose de cafeína para conseguir aturar Kakashi naquela manhã, - que pegava cada vez mais no meu pé graças a minha adorável tia. 

- Sakura.. Hm.. Será que poderíamos conversar por cinco minutos?

Por uma exata fração de segundos eu ordenei a mim mesma que respirasse. A primeira pergunta foi: Como ele sabia meu nome. A segunda se organizava em: como ele estava frente à frente comigo sendo eu não havia visto sequer ele se levantar da mesa de Konan.

Respire Sakura, seja educada ao menos. Pensei.

- Ah, hm, é claro. Gostaria de se apresentar primeiro? - Perguntei, no segundo seguinte me praguejei pela grosseria oculta.

- Oh, perdão. - Ele ergueu a mão. - Sou Itachi Uchida, eu sou irmão mais velho de Sasuke. - Disse sentado-se. - Você provavelmente não se lembra de mim, eu estava ausente quando conheceu meu irmão.

- Lembro-me de tia Mikoto contar histórias sobre suas travessuras quando novo, isso explica muito sua semelhança com Sasuke aliás. - Ele sorriu. - É um prazer Itachi, eu sou Sakura Haruno. Sobre o que quer falar comigo?

- Será que poderíamos dar uma volta? Digamos que.. Paredes tem ouvidos.
 

[...]

Itachi me levou até uma área da Shodleine na qual eu ainda não havia visitado - que parecia mais uma capela abandonada. Ele parecia quase calmo demais apenas falando coisas sobre o dia a dia, o que já começava a me deixar nervosa. Eu provavelmente havia perdido o primeiro horário.

- Eu gostaria de lhe perguntar algumas coisas. - Falou sério.

- O que quer saber?

- Sakura, tem acontecido algo de diferente, assim, algo que esteja lhe incomodando?

Meu cérebro gritou alerta. Por um momento quis contar sobre todas as coisas bizarras da última semana, mesmo que algo dentro de mim gritasse anunciando que era uma roubada na certa. Itachi parecia confiável, não se parecia com as sombras gelatinosas e deformadas que andavam me atormentado. Sem contar que não me faria mal, Itachi era irmão de Sasuke.

- Poderia específicar diferente? - Perguntei.

- Escute, é difícil de explicar. Eu jurei..

- Sakura?! Aí está você sua tampinha. - A voz aguda de Karin interrompeu Itachi e por um momento eu o imaginei socando-a fortemente, sua feição frustrada o entregou na lata. Enquanto eu apenas questionava o que significava aquela cena toda. - É.. E-Eu não sabia que estava acompanhada mas preciso que venha comigo, é urgente ou sua tia vai querer sua cabeça em uma bandeja.

Após me arrastar o suficiente para a entrada do saguão ela freou retomando a postura que eu conhecia bem: cobra. Karin me fitava com certa preocupação, seus olhos percorriam meu corpo e conclui que ela buscava por ferimentos - o que me deixou levemente apavorada.

- Você está bem?

- Estou, na verdade muito bem, apenas confusa, que merda foi essa que acabou de acontecer? - Perguntei arrumando pela milionésima vez o rabo de cavalo. - Você é doida ou o quê?

- Foi Sasuke, ele mandou buscá-la. - Disse ela, meu coração bateu tão rápido que prendi a respiração. - Sasuke não quer você perto de Itachi, ele viu quando saíram.

- Onde ele está? Karin, eles são irmãos. O que diabos há de errado nisso? Não acho que seja por causa de Itachi que eu corro perigo.

Ela ficou tão pálida quanto as nuvens daquele dia. 

- Então era mesmo de você que ela falava.. - Falou. - I-Isso não pode ser.

- Ela quem? Karin, me diga,o que está acontecendo?

- Sakura, sei que não confia em mim e tem motivos para isso mas, vá agora para seu quarto e não saia de lá até que Sasuke dê quatro batidas na  porta. - Ela pediu dando meia volta. - Agora!

[...]

- Sou eu. - Ele falou após bater. - Pode abrir.

A silhueta alta de Sasuke atravessou a porta e ele a fechou. Estava vestido totalmente de branco, coisa inédita de se ver por ali, sua mão larga subiu ao meu rosto acariciando as maçãs e me dei conta de o quanto eu sentia falta daquilo, do seu cheiro, seu toque, da proximidade de Sasuke. - Você está bem? - Ele perguntou, e sim eu estava. Eu estava mais do que bem só por poder senti-lo ali. Ultimamente Sasuke estava tão gentil que eu chegava estranhar tal comportamento.

- Me diga o que está acontecendo, Sasuke, eu quero saber. - Ordenei solenemente.

- Eu também não sei, você vai entender em pouco tempo, Sakura. Apenas aguarde, algumas coisas estão confusas e outras estão.. Irritadas.

- Irritadas.. Está falando daquela coisa que vimos na floresta?

- Também.. - Ele respirou fundo, parecia procurar aspalavras. - Eu não sei como explicar isso tudo mas sei que algo está altamente errado. - Disse.

Ele caminhou de um lado para o outro no quarto, lá fora a brisa farfalhava um vento suave para dentro arrepiando levemente cada parte do meu corpo. Perto de Sasuke, eu não conseguia pensar nas coisas fantasmagóricas que estavam acontecendo, apenas Sasuke tinha um dom de trazer uma calma inigualável para o meu corpo, para a minha mente. Cada vez que se aproximava eu me perguntava o quanto já estava tomada, sabia que não negaria por muito tempo, afinal tudo que ele precisava fazer era se aproximar e minha barreira indiferente desmoronava.

- Eu só não quero que nada lhe aconteça. - Prosseguiu. - Sakura, você tem feito uma bagunça enorme aqui e acho que eu não consigo..

- Não consegue o quê, me diz?

- Não aguento outra perda. Não dá. - Ele andou lentamente até janela, para o parapeito, seus ombros pareciam pesar toneladas e só então notei que assim como eu, Sasuke estava cansado, estava atordoado. - Não você, você é.. - Ele corou levemente. - Importante demais, para todos aqui claro mas, especialmente para mim, Sakura. Eu preciso de você, não posso perdê-la outra vez.

Eu definitivamente estava sonhando, naquele momento orei à todos os santos que não acordasse, se meu coração pudesse ser algum objeto, a naquela hora ele séria fogos de artifícios. Ele seria um vulcão descontrolado em erupção. Ele se virou para mim e vi o sorriso mínimo porém mas terno até então. Eu tinha certeza de três coisas.

Primeira, eu corria perigo e algo de muito bizarro poderia me acontecer.

Segundo, eu estava muito bem acordada.

E terceiro, eu estava perdidamente apaixonada por Sasuke Uchida e seu sorriso canalha.

- Terei cuidado. Não se preocupe, nada irá me acontecer. - Disse eu, certificando-me de não gaguejar ou derreter até o chão.

- Prometa-me que ficará longe de Itachi e meus primos. Pelo menos até que eu converse com ele, Itachi anda muito reservado e isso está me preocupando um pouco. - Falou. - Quero também que mantenha distância de Orochimaru e Kabuto. Sakura, aquele homem é louco e.. Há boatos que ele faz coisas absurdas naquele laboratório.

- Eu tenho castigo, toda segunda, quarta e sexta. Levei o pato por fugir da escola.

 Eu ri, mas ri de verdade. Fugi da escola, peguei um castigo e ainda quase fui o assunto da semana por causa de Utakata, comportamentos esses nada típicos de Sakura Haruno. - Enfim, por que Karin me mandou vir para cá e por que de uma hora para outra ela resolve ser legal comigo?

- Karin é rabugenta mas tem um bom coração, ela não tem nada contra você.

- Imagina se ela tivesse, ela só é assim porque é apaixonada por você e sabe que eu..

- Que você? - Ele sorriu, ótimo outra vez ele havia me encurralado. - Ela sabe que você o que?

- Nada, esquece.

- Ela sabe que não pode competir.. - Ele disse quase calmo demais. - Sakura, ela sabe. - As palavras de Sasuke me atravessaram com uma onda elétrica, naquele momento eu não sabia se queria chorar ou dar pulos de alegria.

- Eu queria poder te dar um soco, um soco bem forte mesmo. - Não pude esconder o sorriso que mostrava de cara que eu já transbordava felicidade. - Mas infelizmente eu tenho que ir para o castigo.

- Tome cuidado, por favor. - Ele tocou outra vez meu rosto. - Me encontre no saguão às 20:00, vou lhe mostrar uma coisa.

- Já me mostraram todos os lugares legais daqui e o toque de recolher..

- Seria ótimo que fosse aqui mas, se trata de outro lugar. 

Seus lábios selaram os meus com ternura e suavidade. Ele me puxou pata mais perto, eu me sentia maravilhada com aqua sensação. Sorriu e então go seguida estava apenas eu naquele quarto escuro e frio.

[...]

Limpava a quadragésima mesa quando os auto falantes inundaram meus ouvidos. Aula de Educação Física. Apenas uma aula por semana mas o suficiente para fazer até seus órgãos chorarem.

Eu ainda tinha duas prateleiras inteira para organizar e tirar toda a poeira, enciclopédia por enciclopédia. Naquela tarde eu ficaria sozinha ali, Kabuto teria uma conferência e seu pai estava em reunião com algum conselho idiota de escola particular. 

A segunda prateleira era imensa, tanto para os lados quanto para cima, cheia de livros empoeirados e papéis velhos, ignorando a lógica segui a curiosidade, havia várias pastas mas a com o nome familiar até demais fora a que me chamara atenção.

• Madara Uchida, 1948.

• Experimento n° 32, A Cura.

• Experimento n° 34, Os sombras.

• Experimento n° 57, Mutação.

A única coisa em que eu conseguia pensarera era: Que merda era aquela. Sasuke dissera que Orochimaru era maluco mas não pensei - em hipótese alguma - que ele mexia com células, células humanas.

Mutação, até onde eu sabia aquilo era coisa de filme ou algum livro sobrenatural. Aquilo não existia. Outro livro chamou minha atenção, porém me fez também quase cair morta quando o toquei abrindo algo como uma passagem. Definitivamente, eu estava apavorada, se sofresse de problemas de coração, aquela seria a hora em que eu caia dura feito pedra no chão.

Era tudo empoeirado, mesas e frascos espalhados por todo lugar. Aquele não era um cômodo grande, mas também não parecia tão pequeno, havia prateleiras e papéis sobre as mesas, nas prateleiras mais uma centena de frascos com um líquido gosmento. Eu estremeci assim que a sensação gelatinosa percorreu meu corpo, alguma coisa estava errada. O que diabos aquele homem fazia ali, um ritual satânico?

- Que merda é essa.. - Disse eu, na verdade me praguejava mentalmente por ainda sequer estar ali, eu sem dúvidas estaria encrencada se fosse pega.

A direita notei que havia um microscópio e vencida outra vez pela curiosidade eu segui até lá. Mais células, aquelas eram diferentes, do pouco que eu entendia, sabia que aquelas células estavam danificadas. Eram diferentes de qualquer uma outra que já vira.

- Sakura.. - Ele chamou, a sensação gélida dessa vez praticamente deu-me um soco. - Você não deveria estar aqui.

O professor me fitava sério, estava tão pálido quanto as paredes daquele lugar.

- M-Me desculpe, eu não queria.. E-Eu não estava bisbilhotando, apenas fui limpar as prateleiras como mandou e.. Abri isso aqui. - Eu tentei explicar mas estava tão ferrada que mal conseguia pensar. - O que são essas células danificadas.. O que está fazendo?

- Você viu coisa demais.. - Ralhou ele. - Serei altamente prejudicado se contar a alguém.

- Não contarei. - Disse, e não contaria. Na verdade eu fugiria para o mais longe dali. - Prometo que jamais farei isso.

- Ah doce menina, você não contará mesmo. - Ele riu amargo.- Sakura você não vê? Você é o que faltava para a conclusão de mestre Madara, e tudo que fez foi apressar as coisas para mim.

- Conclusão? - Perguntei.

- Srta. Haruno, você é a última Senju sangue puro.

[...]

Quando finalmente voltei a enxergar, sentir que não poderia me mover, era como se uma barreira de aço estivesse sobre mim impedindo qualquer movimento. Minha visão não focava por muito tempo e era como se eu pudesse ouvir cada músculo, cada partícula do meu corpo. Eu não sabia o que estava acontecendo tampouco sabia onde estava, tudo que lembrava era de Orochimaru se aproximando, e quando o líquido amarelo em suas mãos tocaram meu rosto, senti apenas meu corpo ir com brutalidade contra o chão.

- Está acordando. - Ele falou. - Como se sente minha flor?

- Vá para o inferno, o que eu lhe fiz para passar por isso? - Perguntei. - Por favor.. Professor por favor me solte!

- Sakura, eu esperei por anos e anos por sua volta, sua mãe, ela foi muito esperta em tirá-lhe daqui, mas ela não foi esperta para prever aquela brincadeirinha que fiz.

- V-Você.. Não..

- Sim. Eu precisava que voltasse, você é a única que suportará aos procedimentos.

- Me deixe ir, Orochimaru, por favor.

Eu implorei, meu corpo parecia fraco, incapaz de seguir qualquer ordem que eu desse. Uma onda de choque o percorreu inteiro com violência e só então notei que não estava na Shodleine, ele não seria capaz de tal ato debaixo do nariz de minha tia.

- Você será diferente de qualquer outro, Sakura. - Disse ele. - Você é pura, digna da Mutação.

- O que diabos quer comigo?

- Apenas aguente. É a minha última cobaia.

O choque fora tão forte que meu corpo se contorceu por completo, então era aquilo, Orochimaru era um maluco obcecado por ciência prestes a usar meu corpo como cobaia para sua próxima experiência? Meu coração apertou, eu estava na fila da morte e ela estava sorridente esperando por mim.

Ele mexia em uma espécie de computador enquanto as agulhas apenas se aproximavam de mim, naquele momento eu praguejei todas as obscenidades possíveis. Ela penetrou cortando toda a carne, eu sabia que estava nas últimas, a escuridão cobriu meus olhos, mais densa do que antes. Como uma venda grossa, firme e rápida. Cobrindo não só meus olhos, mas todo o meu eu com um peso esmagador. Era exaustivo lutar contra aquilo. Eu sabia que seria muito mais fácil ceder, deixar que a escuridão me empurrasse para baixo cada vez mais fundo, até um lugar em que não havia dor, cansaço, preocupação e nem medo. Meu corpo estremeceu uma última vez e tudo que vi foi seu sorriso, tanto diabólico quanto terno de felicidade, então apaguei por completo.

[...]

Lembro-me de fatos que marcaram minha vida até ali, as lembranças vinham a minha cabeça descontroladas - na verdade eu estava descontrolada. Imagens de uma época que eu mal lembrava, de meus pais jovens e de uma bebê entretida com brinquedos de berço, lembro-me dos primeiros passo, de falar "mamãe" e fazê-la chorar por uma tarde inteira. Lembro-me também da primeira vez em que falara comigo ainda em seu ventre mas, naquele momento, a dor era atordoante. Exatamente isso – eu estava atordoada. Não conseguia entender, não conseguia perceber o que estava acontecendo. Meu corpo tentava rejeitar a dor, e eu era sugada repetidas vezes para uma escuridão que apagava segundos ou, talvez, até minutos inteiros da agonia, tornando ainda mais difícil acompanhar a realidade. 

Tentei separá-las. A não realidade era escura e não doía tanto. A realidade era vermelha e me trazia a sensação de estar sendo serrada ao meio, atropelada por um ônibus, nocauteada por um campeão de boxe, pisoteada por touros e mergulhada em ácido, tudo ao mesmo tempo. A realidade era sentir meu corpo se retorcer e saltar quando eu nem ao menos conseguia me mexer, devido à dor.

A realidade era saber que havia algo infinitamente mais importante do que aquela tortura e não conseguir lembrar o que era. A realidade chegara rápido demais, em um momento, tudo era como devia ser. Eu estava cercada das pessoas que amava. De sorrisos. De certo modo, por mais incrível que fosse, parecia que eu estava prestes a conseguir tudo por que vinha lutando, a paz. E, então, uma coisa mínima e inconsequente dera errado.

Eu vira meu corpo tombar, o sangue escuro se derramando e manchando a mesa branca perfeita. Dentro de mim, algo se moveu rasgando. Rompendo. Agonia. A escuridão havia tomado conta de mim, depois dera lugar a uma onda de tortura. Eu não conseguia respirar – já havia me afogado antes, mas aquilo era diferente; minha cabeça estava quente demais. Tudo estava quente demais.

Poderiam ter sido segundos ou dias, semanas ou anos, mas por fim o tempo voltou a significar alguma coisa. Três coisas aconteceram simultaneamente, surgindo uma da outra de modo que eu não sabia dizer o que veio primeiro: o tempo voltou a passar, o peso e a quentura diminuiu e eu fiquei mais forte, sentia que era capaz de derrubar um tanque de guerra ou até mesmo um edifício de vinte andares usando apenas as mãos. Eu tinha força suficiente para ficar ali, imóvel, enquanto era queimada viva. Minha audição estava cada vez mais clara, e eu podia contar o batimento frenético do meu próprio coração para marcar o tempo.

Podia sentir o controle de meu corpo me voltando progressivamente, e esses foram meus primeiros sinais da passagem do tempo. Soube disso quando fui capaz de contrair os dedos dos pés e fechar as mãos. Eu soube, mas não fiz nada disso. Eu ainda estava acorrentada, estava presa na água gélida e gelatinosa mas de forma alguma sentia-me fraca ou incapaz. Na verdade, nunca em minha vida estivera tão forte e confiante - e presa daquela forma.

Lembrava-me de Tsunade e das piadas pervertidas do meu tio. Lembrava-me de Sasuke mas parecia que havia se passado anos e anos, eu não sabia ao certo há quanto tempo estava ali, mas tudo estava diferente.

Ele me observava dia após dia, calado e anotando cada movimento, cada acontecimento. Obrigando-me a pensar em uma escala de fuga. Por mais que tudo estivesse queimando dentro de mim, nenhuma dor se comparava a dor de estar ali, vulnerável e exposta.

O fogo diminuiu, concentrando-se naquele único órgão que eu ainda podia sentir bater frenéticamente, em uma última e insuportável onda. Recebida com um baque profundo oco. Meu coração falhou duas vezes, e então bateu novamente, baixinho outra única vez. Não havia som. Nem respiração. Nem mesmo a minha. Por um momento, a ausência de dor era tudo que eu podia compreender. Então abri os olhos, com um baque eu não o vi, não o senti. O vidro se quebrou e senti ser jogada sobre o chão frio.

[...]

Ino

O dia amanhecera nublado e frio, e todos na casa - pelo menos nos últimos dias - se encontravam inquietos e exaustos. Sakura havia desaparecido há mais de um mês sem deixar qualquer pista que fosse. 

Incontáveis foram as noites em que Tsunade ligara para polícia atrás de qualquer notícia que fosse, ela chorava ao telefone com Nawaki ao seu lado. Pessoalmente, me encontrava em estado de choque comportamentos como aquele não se encaixavam a Sakura e seu paradeiro ficava cada vez mais misterioso. Nawaki e todos os parentes mais próximos já haviam mexidos todos os pauzinhos possíveis com detetives, polícias particulares e até mesmo uma equipe especial como Neji dissera.

Como esperado, o alvoroço fora grande quando a notícia se espalhou pela Shodleine. Espalharam boatos e mais boatos, e como esperado, Konan fora a suspeita número um porém descartaram a hipótese por até mesmo a polícia achar ela apenas uma garota arrogante e mimada. Por outro lado, Sasuke parecia cada vez mais tenso, Itachi e a dupla maravilha não foram mais visto com frequência assim como Karin. O círculo apenas se fechava me trazendo mais e mais preocupações.

Após agradecer pela carona recebida por Jiraiya, desci do carro as pressas. Seria mais uma segunda-feira tensa e demorada. Os alunos caminhavam com uma letargia anormal, Kabuto ao lado de Shizune acenavam dando seu melhor para desejar um bom dia - o que obviamente não seria.

- Alguma notícia? - Naruto se aproximou. De todos, ele era o que mais estava abalado. - Não consegui dormir na noite passada.

- Ninguém consegue não é. - Suigetsu murmurou. - O Sasuke fica andando de um lado para o outro falando coisa sem sentido no quarto. 

- Sui, pega leve com o cara. Sakura está desaparecida então obviamente Sasuke não está tendo seus melhores dias. - O loiro alterou-se. - Aliás, Karin procurava por você.

- Por mim? - Isso sim, era uma novidade de verdade. - O que ela quer?

- Disse que precisa da sua ajuda, qual seu primeiro tempo?

- Tenho história e você também, então a menos que não queira um castigo daqueles, acho  melhor nos apressarmos.

[...]

Após sessenta demorados minutos de aula, finalmente Kakashi entrou na sala, atrasado como já era seu costume. Minha barriga roncou alto avisando-me que não havia tomado café. Uma maravilha já que teríamos mais uns sento e vinte minutos ou mais de aula. À frente do quadro branco, Kakashi explicava um slide quando parou subitamente pelas batidas fortes na porta, assim  como todos na sala. 

Ele ficara estático, pálido como palmitos quando uma cabeleira rosada - agora bem mais curta. - atravessou a porta. Meu coração palpitava a mil quando seu olhar caiu sobre mim, Sakura estava pálida, com o suéter da Shodleine e calças claras. O ar pareceu pesar ali. Ela caminhou e passos lentos até a carteira a direita da janela sem pronunciar quaisquer palavras que fosse e assim como eu, Naruto parecia em choque. Uma aura densa e fria inundou a sala quando Kakashi se ausentou as pressas para comunicar Tsunade enquanto todos permaneciam apenas em cochichos.

Eu me perguntava o que diabos estava acontecendo. Como uma pessoa desaparece sem dizer qualquer coisa e um mês depois volta como se nada tivesse acontecido? Sakura realmente estava pirando como os boatos rondavam a escola ou o quê? 

Ela levantou-se graciosamente caminhando até mim o sorriso não dispensou sua face um segundo sequer, seus olhos, sim, olhos. Eles não eram os mesmos, estavam opacos e em um tom que não consegui decifrar. 

A respiração parou na garganta.

Quando sua mão tocou a minha eu pude ver a pura agonia, eles ficam negros como a noite, famintos, eu podia sentir sua pulsação aguda sobre a minha mão enquanto me desesperava silenciosamente. As outras pessoas pareciam não ver aquela cena - mais que horrenda. - e só então notei a marca. Ela sorriu soltando minha mão, então finalmente meus lábios se abriram.

- Sakura..
 


Notas Finais


Digam que vocês vibraram tanto quanto eu quando escrevi. Omggg

Gente, eu gostaria de pedir as mais sinceras desculpas por passar tanto tempo ausente, deixe-me explicar o que houve: Eu fui assaltada.
Eu já tinha vários capítulo escritos para as três estórias e perdi todos. Mas depois de muita conversa consegui um acordo com meu irmão.
Gostaria também de agradecer todos os favoritos, comentários lindos e todo o amor de vocês por essa Fanfic, vocês são muito incríveis!! Eu não pude comentarmas amei todos. Enfim, eu espero que tenham gostado e um recado: Se preparem, o próximo capítulo, ele está fodástico e promete grandes revelações, está incrível e vai sair em breve -dessa vez falo sério heheh.

Então é isso, até o próximo, bjs da Mari ♡


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