História Ghost Town - Mentiroso

Já estávamos andando á uns 5 minutos, em silêncio. Geralmente quando eu tinha esses momentos de loucura, quando eu quebrava regras, meu corpo parecia se mover a adrenalina. O medo de ser pega, o medo da bronca que levaria depois... tudo me deixava agitada. 
          Andamos mais um pouco até eu consegui ver o lago, cintilante, a água era transparente as flores na borda coloridas, mais a única que chamava a minha atenção era a Azaléia na outra borda... Dei um passo para frente, e meu lembrei que ali o sol era forte e que minha pele ficaria quase transparente se chegasse mais para frente. Quando olhei para trás, onde deveria estar o Daniel, só vi o seu tênis, a camisa e a gravata da escola. Olhei para os lados o procurando, estava começando a ficar assustada quando ouço um estalo vindo das árvores. Quando olho para cima lá está ele: só de calça em cima da árvore, corpo definido e branco em contraste com as cores fortes do lugar. 
          -O que você está fazendo?!-Gritei. Ninguém iria nos escutar de qualquer forma.-Você vai se machucar!
          -Você acha que eu tenho o que? Cinco anos de idade?-Ele gritou de volta. 
           Antes que eu pudesse responder ele pulou do galho caiu no meio do lago. Idiota. Ele não sabia que o lago era fundo? De repente ele colocou a cabeça para fora da água perto da borda. 
           -Você não vai entrar?
           -Por que eu entraria?-Eu não podia entrar ali a não ser que estivesse de noite.-Bom, eu vou pra casa. Adeus.
            -Anni!-Ouvi ele me gritando e quando me virei para ver o que ele queria não o encontrei. Eu senti o desespero se espalhando por todo o meu corpo quando vi seus braços se debatendo na água, a cabeça dele apareceu do lado de fora água apenas por um instante.-Anni!
           Pulei no lago do jeito que estava e fui até onde ele estava. Peguei seu braço e comecei a puxa-lo para a borda. Só o soltei quando estava raso o bastante para encostar os pés no chão. 
          -Daniel? Olhe para mim você está bem?!-Estava assustada e preocupada mas, quando ele levantou a cabeça e começou a sorrir toda essa preocupação se foi e deu lugar a raiva.
           -Viu? Não foi tão ruim...-Antes dele conseguir completar a frase dei um tapa forte no seu rosto. Ele me olhou sem entender mas antes que ele dissesse uma palavra eu já estava voltando pela trilha.

            Ele não me seguiu. Então assim que cheguei em casa subi par o meu quarto, ignorando o olhares na minha direção. Tomei banho e dormi. Nem sabia que horas eram. Eu só sabia que aquilo havia sido um erro. Ele não era meu amigo, não era nem um colega. E não significava nada para mim. Naquela noite com os gritos da minha irmã mais nova e os meus próprios gritos de desespero.

             Não falei com Daniel pelo resto da semana, nem olhei para ele. Ninguém comentou sobre nossa fuga. Quando a aula acabou fui para casa fiz os deveres, comi, ajudei minha irmã com o dever dela, jantei e fui para o quarto dormir. Mas quando fui fechar a janela reparei que havia uma folha grudada na janela onde estava escrito, com letras bem grandes: "ME ENCONTRE NO LAGO".
              Eu iria ignorar o bilhete. Me deitar e dormir. Mais quando me deitei pensei melhor. E se fosse algo importante? E se ele só quisesse se desculpar? De qualquer forma as coisas não haviam terminado muito bem. Coloquei um casaco e desci até o porão.